A governadora Roseana Sarney deu mais uma estocada nos pulmões do Partido dos Trabalhadores e no vice-governador Washington Luiz ao nomear Olga Simão para a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, apesar dos apelos públicos recorrentes do vice-governador. O PT ainda ensaiou uma proposta de candidatura própria que se esvaziou após a nomeação.
Por falta de ar, este será o único motivo pelo qual o PT deixará a base aliada do governo, tamanho é o apego ao poder. Na semana ada, um grupo de 84 petistas históricos fez circular na cidade um panfleto, assinado inclusive pelo professor Dimas Salustiano e pelo Superintendente do Incra, José Inácio, que lança o Manifesto Por Um Novo PT. No documento, os signatários manifestam o forte desejo do PT de se despir “das vendas que sempre teimam, à esquerda e à direita, em nossos olhos grudar”. Solenemente pregam que o novo PT é um coletivo local com atuação específica no Maranhão, cujos integrantes podem participar ou ter simpatia não uniforme com as tendências mais ajustadas com o desenvolvimento nacional, inclusão social, erradicação da miséria, objetivos estratégicos, segundo eles presentes nos governos Lula e Dilma. “Isso tudo introduz novos acordes no nosso PT em substituição à cantilena de sempre”, afirmam.
O excesso de semântica, os estragos de filosofia presentes no documento servem apenas para ocultar o fato de que uma parte considerável do partido não sabe para onde vai, não sabe se quer ser governo ou quer ser oposição. Vá lá que esse tal “Novo PT” lute por liberdade, igualdade, democracia e socialismo, mas estas são ideias que não vingam no governo Roseana, cujo principal objetivo é a manutenção de uma ditadura tecnocrata e familiar ao correr dos séculos no Maranhão.
O “Novo PT”, composto de gente exclusivamente velha na política do Maranhão, fala em limpar as coisas sujas da política, “embora sejamos conscientes de que sapos e lagartos e uma boa dose de poeira e um tanto de lixo às vezes é necessário deglutir”. Difícil precisar a quem eles se referem, se o lixo é o governo ou são os petistas grudados ao Palácio dos Leões. Mas sente-se no manifesto a ausência de propostas claras quanto aos destinos do PT. Quem sabe cansaram dos salões de mármore e estão pretendendo, de fato, voltar aos braços dos trabalhadores rurais, dos quilombolas, dos funcionários públicos. Aliás, referem-se mesmo à reforma agrária, aos operários que lutam por melhores condições de trabalho nas fábricas, aos professores e bancários, servidores públicos, profissionais liberais, pescadores, artistas e militantes culturais. Enfim, a gente que construiu o PT no Maranhão, mas não o fez para entregá-lo nos braços de seu principal inimigo.
Esse documento, se analisado à luz da História do PT, é muito mais perigoso que a aliança das oposições com Sarney, porque, sem assumir posições claras, deixa mais dúvidas que certezas quanto ao futuro do partido no Maranhão. Reitera que, apesar dos sangrentos golpes de Roseana, o apego ao poder só os fará rever a equivocada posição que adotaram quando faltar o ar na garganta e não mais for possível respirar