De mentiras e publicidades

Do Jornal Pequeno

O próprio Goebbels, principal artífice da propaganda do regime nazista que levou à morte mais de 45 milhões de seres humanos durante a segunda guerra mundial, poderia não entender. No Maranhão, noticia o Blog do Garrone, esse minúsculo e miserável pedacinho de planeta, o governo do Estado conseguiu gastar, em tempos de paz, 54 milhões de reais em propaganda no prazo de apenas 10 meses.

Sem contar cinco novas prorrogações de contratos com empresas de publicidade, em valores desconhecidos, publicadas no Diário oficial de 21 de outubro. A maior parte desse dinheiro, afirma Garrone, foi parar nos cofres do Sistema Mirante de Comunicação que detém quase toda a fatia do bolo publicitário do governo Roseana Sarney.

E precisamos de uma pausa para respirar, para tentar entender o que diabos o governo tanto divulga se não há nada para divulgar. E mesmo que houvesse, esse dinheiro todo está sendo sacado do bolso do contribuinte que, certamente, preferiria ver seus tributos aplicados em educação, agricultura, segurança pública e não nas contas do monopólio de comunicações da família Sarney.

Mirar a Mirante como bem público para injetar recursos de estrita propriedade do povo maranhense é um vício de iniciativa, por sinal histórico, dos governos da doutora Roseana. Não podemos continuar pagando essa bacanal midiática que serve tão-somente para promover alienação e lavagem cerebral, querendo convencer a todos de que o inferno é o paraíso.

O nome disso é corrupção. Trata-se de um crime em família coonestado pelo marketing da mentira e da empulhação. A propaganda oficial mente para ofender e se defender dos adversários políticos, mas mente mais ainda para se defender do povo; esse povo tão cansado de assaltos ao patrimônio público. Mas, a bem da verdade, não há muito o que se dizer quando a mentira custa R$ 54 milhões no mais miserável estado do país. E trata-se de mentiras elaboradas por profissionais tão caros quanto um Duda Mendonça da vida.

Edmar Bulla, publicitário com especialização pela Harvard Bussiness School, afirma que a mentira, a omissão do teor publicitário de ações e conteúdos são práticas usadas por agências mal intencionadas, aceitas por produtores imaturos ou deslumbrados ou de péssimo caráter mesmo. E sabemos que a carapuça cabe na cabeça de muita gente.

Mentiras e pirotecnias infestam as casas dos maranhenses através da TV, do rádio e mesmo da mídia digital sobre a qual o monopólio de comunicações do senador Sarney já estendeu seus tentáculos. E o Sistema Mirante de Comunicação, enriquecido ilegalmente, solta fogo pelas ventas sempre que uma verdade põe em cheque a relutante honestidade de seus proprietários. O povo sofre todas as fomes, mas acaba não resistindo ao espetáculo de luzes criado e programado em agências de publicidade pagas com o suor desse mesmo povo para enganar, iludir e mentir.

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