Por: José Reinaldo Tavares
Na semana ada abordei os problemas da oposição que são decorrentes da eleição de prefeito em São Luís, principalmente brigas internas, ou seja, nada que muita conversa e entendimento não possa resolver.
Problemas grandes são o da oligarquia, que está em ritmo de inventário, típicos de quem está saindo do ramo devagarinho. As coisas começam a acontecer sem controle, pois as pessoas começam a pensar mais em si próprias do que no grupo, do qual começam a duvidar da longa sobrevivência.
Roseana Sarney, enfadada no exercício do cargo, não preparou sua saída do governo. Agora a nova ordem parece ser a de uma candidatura dela ao senado para cuidar dos interesses da família, que teme ficar sem proteção política. É preciso um Sarney para defender os interesses maiores da família, que são muitos e diversificados. De toda a ordem, inclusive pessoais. E isso só pode ser feito com mais força por uma senadora do bloco do governo.
Com efeito, não é mais prioridade máxima manter o governo para o comando do clã. E na família só ela mantém chances reais de se eleger para o senado.
Dessa forma, o que era prioridade antes, já não é mais, e o que não era antes, agora é. Parece então definido que ela não ficará até o fim do mandato no cargo, o que seria importante para a eleição do governador.
Recapitulando, a eleição para governador a a ser prioridade dois e a de senador agora é um. Isso não quer dizer que não se empenharão muito para eleger o seu candidato ao governo. Não entregarão os pontos.
Por isso, confusão é grande e Luís Fernando balança e ficará sabendo que o que importa sempre é o interesse da família. O atual secretário da Casa Civil como candidato, na verdade, divide o grupo. Lobão torce o nariz, assim como Ricardo Murad e muitos outros. O senador Sarney não parece ser grande fã dessa alternativa e agora parece não contar mais com o empenho de Roseana Sarney, que, se acontecer assim, terá que sair do governo para se desincompatibilizar.
Com a saída de Max Barros da Secretaria de Infraestrutura – a iniciativa parece ser toda dele e não uma determinação de Roseana – a governadora resolveu escolher logo Luís Fernando para o lugar, o que mostra a todos que já não se importa tanto com a candidatura dele ao governo. É claro que o candidato não poderia assumir esse cargo, pois a consequência é que terá que dizer não a grande maioria dos prefeitos, pois não dá para atender a todos, que querem asfaltar a sua cidade, além de outras obras.
O risco é grande nesse cargo e em vez de ganhar apoios, pode-se perdê-los, o que é muito ruim para o candidato. Ele sabe disso, tanto que tentou indicar para esse cargo outro secretário do atual governo, esse disposto a ar por cima de tudo para ajudá-lo, mas para sua surpresa a governadora não aceitou a indicação. Convenhamos, não é tratamento que se dê a um candidato tão badalado. Portanto, a confusão está implantada no seio do governo. E o candidato, meio desnorteado.
Max resolveu sair para não se aborrecer em cargo de tanta responsabilidade, com as inevitáveis pressões – algumas indecorosas – que lhe cairiam no colo se permanecesse secretário durante a campanha. Preferiu se resguardar, pois o seu perfil sempre foi o de seriedade. Não combinaria com o seu caráter. E preferiu sair.
Fica indefinido quem assumirá o governo após a desincompatibilização de Roseana seis meses antes do pleito no ano que vem. Washington, que tem o direito de assumir o mandato, está sendo tentado a aceitar uma vaga no TCE. Usam o PT, mas dar o governo a ele, nem pensar. Podem querer colocar as mágoas de fora e isso nem pensar. Então a vez é de Arnaldo Melo, presidente da Assembleia e segundo na sucessão. Eles também têm o pé atrás com Arnaldo, mas como tirá-lo? Pediriam para algum outro conselheiro da corte de Contas ir para casa, a fim de também oferecerem uma vaga para Arnaldo Melo? Possível, mas complicado. E ele aceitaria e perderia a chance de ser governador de fato e de direito? Um coroamento em sua carreira?
Tudo muito desarrumado e complicado. Como será?
Nesse quadro caótico, eu tenho uma quase certeza: o candidato do senador José Sarney ao governo do Estado será seu amigo de longas datas, senador João Alberto. Acostumado à luta e com trânsito na classe política vai para o que der e vier e, em caso de derrota, tem ainda quatro anos de mandato de senador.
Tudo muda, se Lobão tiver condições de concorrer. Tem a preferência do senador José Sarney, embora não a de Roseana e de Jorge Murad. Mas tem a de Ricardo Murad, o homem ativo do governo.
Enfim, não há dúvidas de que o governo tem muito mais problemas graves a resolver do que a oposição para a eleição de 2014.
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras