Por José Reinaldo Tavares
Há poucos dias, encartado em um jornal da família Sarney, recebi uma revista chamada O Maranhão e a nova Década. Luxuosa e com excelente feição gráfica – certamente muito cara – não era mais que uma dispendiosa amostra do desvario do governo de Roseana. O texto é em português e inglês.
Certamente permite o entendimento de que a revista foi feita para ser mostrada a bancos internacionais em busca de novos empréstimos. Mas a verdade é que, quando muito, só servirá mesmo para enganar estrangeiros, visitantes e quiçá o governo federal. Mas não deixa de ser uma pena que não e de enganação…
Olhem o que contém a revista: no início há o título ‘Década de Oportunidades e Desafios’. Relaciona alguns projetos, todos da iniciativa privada, e como não podia deixar de ser começa com a refinaria de petróleo I, de capacidade gigantesca – 600 mil barris por dia – que será a quinta maior do mundo e a maior do Brasil, como é descrita na revista. Contudo, omite a informação de que nem no orçamento da Petrobras o empreendimento consta e que nada foi feito. Em seguida mais descrições de projetos privados, quase todos parados e cita também o píer IV da Vale e a duplicação da ferrovia da empresa de uso quase da companhia.
Depois fala de terminais portuários da refinaria, também não existentes, ampliação da refinaria da Alumar (uma empresa sem contato com a economia local), nas termelétricas do grupo Eike Batista – que produzirão energia para mercados externos ao Maranhão e pelo menos a planta de São Luís é altamente poluidora e prejudicial ao meio ambiente.
Menciona ainda a Hidrelétrica de Estreito e a implantação de parque eólico da empresa Bioenergy, ainda em projeto. Relaciona a usina de Laminados de Açailândia do grupo Ferroeste, a fábrica de celulose da Suzano, paralisada, e outros projetos como ampliação de fábrica de cerveja e da Coca-Cola. Na lista, entra até a Base de Lançamento de Alcântara…
Enfim, a maioria esmagadora dos projetos são privados, a maior parte não existe, e tudo veio para cá antes de Roseana assumir o governo, naquele fatídico episódio que foi chamado um dia de ‘golpe de estado jurídico’.
Não a de propaganda.
O difícil é explicar porque o Maranhão perde mais empregos do que cria e porque os hotéis de São Luís registram as mais baixas taxas de ocupação dos últimos anos e os empresários apelam, sem resultado, ao poder público por mais estímulo ao setor. A nota da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, seção do Maranhão, diz que ‘a rede hoteleira está em pânico’. E olha que esses dados de janeiro e fevereiro foram meses de férias e de carnaval. Vejam onde chegamos!
Esses dados são confirmados pela Infraero, ao informar que em fevereiro os embarques e desembarques de ageiros no Aeroporto Cunha Machado de São Luís, foram de 127.842 ageiros, enquanto no mesmo mês de 2012 foram 189.107, ou seja, uma queda de 16,6%. No acumulado dos dois meses já neste ano, foram 300.470 contra 342.538 no mesmo período de 2012.
E não adianta culpar o Ministro do Turismo Gastão Vieira, porque com todas as praias poluídas, com a criminalidade correndo solta, com o aeroporto de Barreirinhas fechado, porque não fazem o muro ao seu redor, com o Centro de Convenções sem cumprir a sua finalidade (que é de abrigar grandes convenções, grandes feiras e mostras setoriais, e quando abre as portas é para receber eventos do governo estadual) e sem a vinda de empresários que antes vinham acreditando no factoide da refinaria, e agora sabem que não é para valer e ainda com os outros badalados projetos parados, o baque foi grande.
Não bastasse isso, agora o Brasil todo conhece a forma com que o governo apaga incêndios no Maranhão – uma modernidade e inovação desse governo, que a rede Globo mostrou ao país – o uso do conteúdo de um caminhão limpa-fossas que levou o líder do governo na Assembleia, na ânsia de defender o governo da indignação dos deputados, a fazer a infeliz afirmação de que ‘é melhor se salvar fedendo do que morrer cheiroso’, uma frase que correu o mundo. Evidentemente isso não ajuda muito na motivação e desejo das pessoas para conhecerem a maravilha que o nosso estado se tornou com essa maneira ímpar de governar de Roseana Sarney. É um estado decadente, na verdade.
Chegamos ao fundo do poço da desmoralização do Maranhão. O que falta acontecer?
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras