Nenhum ato, de qualquer governador, em qualquer época prejudicou tanto o estado quanto uma reforma “revolucionária”, feita por Roseana Sarney depois de reeleita governadora em 1998. Por trás havia o desejo secreto de entregar a direção do governo a Jorge Murad, seu marido.
Trocou o nome dos órgãos para gerências (?) e extinguiu órgãos centenários e fundamentais a qualquer istração como o DER e a Secretaria de Agricultura prejudicando violentamente a população. Além da extinção de outros na área do desenvolvimento e da tecnologia. E transferiu todo o poder para a Secretaria de Planejamento, praticamente subordinando todas as outras a ela e nomeou o próprio marido como secretário. Na prática delegou o governo a ele. Que arrecadava, planejava e pagava. Mais poderoso que qualquer governador.
O resultado todos nós sabemos. O estado afundou no empobrecimento. O setor rural, sem apoio, foi um dos que mais sofreu a ação predatória do governo. A produção agrícola caiu muito sem assistência técnica, sem sementes, sem crédito. O resultado foi o aumento da pobreza no campo. A pecuária completamente abandonada viu o Ministério da Agricultura classificar o Maranhão como “Risco Desconhecido” na aftosa. O gado não podia ser vendido fora do estado.
Os pecuaristas viram seu negócio murchar e a consequência foi a redução de quase metade do rebanho bovino do estado que chegou a pouco mais de 4 milhões de cabeças de gado.
Quando assumi enfrentei imediatamente a questão. Mas as consequências foram duras para o estado e uma das piores foi o êxodo de jovens maranhenses que foram em busca de emprego em outros estados como Amapá, Pará, Acre, Rondônia, Roraima e tantos outros. Imigraram cerca de um milhão de maranhenses.
A pobreza instalou-se para ficar. A educação foi uma das mais sacrificadas. Não existia ensino médio em 159 municípios, substituído pelo tele ensino do segundo grau da Rede Globo e os professores trocados por uma televisão e um orientador a um custo astronômico na época. A escolaridade caiu e quase chega ao chão na área rural. Foi um furacão do atraso que ou por aqui.
Mais as consequências desse governo não ficaram nisso. Estenderam-se a outros setores da economia, todos com graves consequências.
Tudo o que foi feito, no meu governo, para consertar o desastre, como as Casas da Agricultura Familiar, a Aged, o Prodim, e a luta e o apoio do governo para que os pequenos agricultores tivessem o aos empréstimos do Pronaf é hoje apenas uma lembrança do que fizemos no governo. Não existem mais ou estão sem meios de funcionar bem.
Mas, a ação danosa também atingiu profundamente outros setores. Na infraestrutura rodoviária os danos foram profundos e o prejuízo acumulado é de bilhões de reais. Sim, pois essa foi a consequência da extinção do DER-MA, que aconteceu também na “reforma”.
O DER era um órgão muito estruturado e composto por excelentes engenheiros e técnicos rodoviários. Esse pessoal era muito capacitado em pavimentação, construção, projeto e fiscalização de rodovias. E precisa ser assim, pois esse é um ramo da engenharia muito especializado. Se a rodovia não for construída dentro das especificações de projeto a sua vida útil será pequena em relação ao que poderia ser. Portanto a fiscalização tem que ser rigorosa e a construção acompanhada de perto. Senão o empreiteiro não cumprirá as especificações e a rodovia acabará cedo. É por isso que construímos rodovias cada vez mais caras e piores.
O DER além de pessoal competente tinha muito equipamento. Existiam três patrulhas de construção equipadas de tal modo que podiam executar qualquer estrada. As rodovias eram conservadas em toda a sua vida útil. Havia nove residências de conservação, distribuídas regionalmente, todas com engenheiro e maquinário de conservação. Quando o projeto era contratado ava por uma análise técnica rigorosa para ser aprovado.
Isso tudo acabou na tal reforma istrativa e o resultado era esperado, pois sem fiscalização séria as estradas se acabam logo. Hoje tudo é contratado com empresas e a fiscalização é praticamente inexistente. É por isso que as estradas não aguentam um inverno chuvoso. Logo se enchem de buracos. Tudo é malfeito ao ponto de um deputado da base do governo declarar que estava horrorizado com o que estava sendo feito em uma estrada que visitou e que pediu ao secretário que mandasse fazer uma fiscalização, pois nitidamente a estrada não prestava. Dinheiro, muito dinheiro, posto fora.
Herança de Roseana Sarney e do seu jeito irresponsável de governar…
E o senador José Sarney comanda uma frente midiática para querer fazer crer que o estado está indo muito bem. Fizeram uma festa no jornal da família, domingo ado, querendo dizer que o Maranhão teve um crescimento do PIB extraordinário, mas eles mesmos dizem que o Maranhão é o 16° estado brasileiro considerando o tamanho do PIB. Mas, me explica então, ele ou de 16° para 16°? Que enorme crescimento é esse? Só se for para a oligarquia ver…
Em 2008 o nosso PIB era R$ 38,4 bilhões e agora é de R$ 52,1 bilhões, crescimento de 73,7%. Em 2002 nosso PIB era R$ 16,2 bilhões e em 2008 era de R$ 38,4 bilhões, crescimento de 137,0%. Portanto perdemos força, crescemos menos do que poderíamos. Se mantivéssemos a mesma força de crescimento o nosso PIB deveria ser em torno de R$ 70 bilhões. Que crescimento…
Quanto ao PIB per capita O IBGE diz que dividimos o último lugar, 26° lugar com o Piauí. Ligeiríssima vantagem para o Maranhão com R$ 7. 852 e o Piauí com R$ 7. 835 Somos os últimos e abaixo da média da região ( R$ 10.379) com menor PIB do Brasil. O Distrito Federal é o primeiro com R$ 63.020. Rondônia por exemplo tem R$ 17.659. Estamos péssimos.
Para lembrar, evolução do PIB per capita anual entre 2002 e 2009- Taxa Geométrica de Crescimento – Maranhão 16,2%; Nordeste 11,8%; Brasil 11,3%; Norte 11,9%; Sudeste 10,9%; Sul 10,8%; Centro Oeste 14,7%; Salário Mínimo 13,3%. Ou seja, crescemos mais que todo o Brasil, em todas as regiões. Não foi porque todo mundo cresceu que acompanhamos.
Resultado de um período seguido de crescimento por vários anos e não de um ano ou outro. Período meu e de Jackson Lago. Depois o Maranhão só regrediu por anos seguidos no governo Roseana.
Isso só quer dizer uma coisa. Ninguém segura o desenvolvimento do estado. Só eles.
Imaginem quando não estiverem mais no governo e não tivermos mais ninguém segurando…
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras