O prestígio do governador

Editorial Jornal Pequeno – 27/02/15

Governador Flávio Dino em audiência com a presidenta Dilma Rousseff

Governador Flávio Dino em audiência com a presidenta Dilma Rousseff

O recente périplo do governador Flávio Dino por Brasília, à busca de soluções para os reais problemas desse Estado, inclusive graves pendências deixadas pelo governo anterior, só demonstra o quanto o Maranhão precisava de governo, de alguém que, no governo, se sentisse, de fato, disposto a governar. O povo maranhense sabe, finalmente, a que nível de acefalia se encontrava a istração pública e a quantas andava a falta de prestígio do grupo Sarney na esfera federal.

O prestígio do governador Flávio Dino, recebido por nada menos que 12 ministros em apenas uma semana, é a conseqüência natural do grau de idoneidade, de honestidade com que trata a coisa a coisa pública. Escreve-se, enfim, uma nova história no Maranhão, de credibilidade nacional, porque os encontros do governante desse Estado e seus secretários, agora, são com ministros e não com doleiros e não são fortuitos, acontecem às claras, como tudo deve ser claro quando se trata de istração.

A rota do governo do Maranhão mudou de Las Vegas para Brasília, dos cassinos milionários para o centro de decisões do país e, muito em breve, como, aliás, nesse pouco tempo já acontece, o povo sentirá os efeitos positivos de ter um governo realmente preocupado com a população.

Flávio Dino esteve em Brasília para apresentar programas e projetos governamentais; esteve para tratar de educação, de saúde pública, de segurança, de combate ao crime organizado, para repor o Maranhão no visor do Governo Federal. Governar também é isso e o povo maranhense já havia esquecido o que é governar.

Ao ministro da Casa Civil o governador solicitou mais celeridade nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento, à presidente da República, Dilma Roussef, reivindicou investimentos para o Estado, garantiu a instalação de unidades culturais junto ao Minc e até apresentou projeto substitutivo à falida Refinaria . Como sempre, o foco principal do governo, em todo esse périplo, foi o combate às desigualdades sociais e aos desastrosos indicadores socioeconômicos do Maranhão.

A herança desses cinqüenta anos é desastrosa, faminta e humilhante. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar que o Maranhão tem a pior renda per capita (por pessoa) do país, míseros 461 reais. Essa é a realidade que o governador Flávio Dino se propõe a mudar, uma realidade construída em meio século da mais completa inoperância, de evidente descaso para com o povo desse Estado.

Dos 12 ministros que receberam o governador, pelo menos 5 deverão vir ao Estado até a próxima semana, dentre eles os da Educação, da Saúde e Cultura. E nunca é demais lembrar que já há algum tempo ministros não pisavam no Maranhão. Isso só aborrece a finda oligarquia que se descredenciou moralmente no Brasil.

E pensar que a imprensa de Sarney gastou tanta tinta inutilmente para fazer crer aos maranhenses que faltava ao governador prestígio junto ao Governo Federal. Mentira tem pernas curtas, mas essa nem pernas tem.

Dialética e memória

Editorial JP, 7 de fevereiro de 2015

Bastou um mês. O fundo de reserva do sarneisismo assistiu à implantação do plano Mais IDH, à convocação de 1.000 novos policiais para garantir a segurança da população, à redução dos índices de criminalidade em comparação a janeiro de 2014 e deve ter deduzido: “Como nós fomos incompetentes”!

Assistiu, em apenas um mês, ao seletivo que está colocando mais mil professores em sala de aula, à prorrogação dos contratos de outros 4 mil professores, ao projeto que vai por fim às escolas de taipa e palha, ao encaminhamento de uma solução para a Defensoria Pública, à parceria entre Estado e Prefeitura para recuperação asfáltica e intervenções em ruas e grandes avenidas da capital, dentre outras ações do governo Flávio Dino, e deve ter deduzido: Nós realmente esquecemos de governar”.

O editorial de ontem do EMA é um primor do escamoteamento dialético. Falam que em campanha o governador convenceu 2 milhões de eleitores de que teria a receita e o remédio certos para todos os males do Maranhão. Mas os males que eles causaram e deixaram são tantos – caso de falência múltipla dos órgãos do Estado – que nem com a concorrência de 10 mil laboratórios e um milhão de farmácias seria possível curar dentro de um mês.

E o governador Flávio Dino deve estar realmente cansado. De conferir dívidas e rombos. A dívida de R$ 30 milhões com a Cemar, o calote de R$ 184 milhões na Saúde, as 17 mil cédulas de identidade que sumiram do Viva Cidadão, o rombo de mais de R$ 1 bilhão na Refinaria , a farra institucional com dinheiro público na Fundação da Memória Republicana e por aí vai.

Se, como dizem, as estatísticas mostradas por Flávio Dino em palanque não são reais, que desmintam eles o IBGE, a ONU, a Fundação Getúlio Vargas e todos os institutos que já aferiram a derrocada sócio-econômica do Maranhão sob o poder dos Sarney.

Discursar, para quem ou a vida estudando, é realmente muito fácil; para quem ou a vida em mesas de pôquer e pif paf, onde o silêncio é praticamente obrigatório, sempre será mais difícil. E também é correto dizer que a crise pessoal com a dialética entre o falar e o fazer é bem mais leve que a crise pessoal que vem com a dúvida entre o ficar e o fugir.
Como podem ter a cara de pau de falar em Portal da Transparência depois de descobertos os atos secretos que esconderam os principais gastos do governo Roseana Sarney, é alguma coisa digna do The Blues Brothers. Pior ainda é reclamar de violência, de homicídios, depois de transformarem São Luís numa espécie de Faixa de Gaza do Nordeste brasileiro.
Aquele editorial é o sarneisismo se olhando no espelho e tentando entender a própria derrota. Extrapola qualquer nível de cinismo que falem sobre nomeações de parentes e apaniguados quando confiscaram as instituições e tomaram de assalto todos os cargos estaduais e federais do Maranhão durante 50 anos.

E, falando em provérbios, que tal este: “Nada é tão irável em política quanto uma memória curta”. (John Kenneth Galbraith)

“Água, violência e indecência”: Editorial do Jornal Pequeno

O Maranhão é como um país à parte do Brasil. Um país sem rede de esgoto, um país sem água e sem segurança pública. Um país sem banheiros, se é possível acreditar que esse tipo de situação ainda possa persistir. Um país cujos indicadores sociais, as aferições de pobreza e abandono das classes menos favorecidas nos remetem aos princípios de um século que já ou.

A atormentada campanha política que começou no domingo – e atormentada porque nela já se registram ataques à família, crueldade no tratamento de tragédias familiares, insultos e sopapos trocados entre candidatos – registra o fato inédito e singular para quem chegou no século 21, de um candidato ao governo, Flávio Dino, apresentando 65 propostas, entre elas o “Pacto pela Vida”, um projeto de redução da violência e “Água Para Todos”, neste caso específico porque falta água para muita gente no Maranhão.

Na proximidade de shoppings e prédios públicos suntuosos como os do Tribunal de Contas do Estado, Ordem dos Advogados do Brasil, Assembleia Legislativa, Secretaria Estadual da Saúde, o Bairro Jaracaty sofre com a falta de saneamento básico. E se aqui, em área nobre de capital, é esta a situação, podemos imaginar o que acontece nos longínquos municípios do interior do Estado.

Se atingirmos a pior qualidade em quase todos os serviços que se esperam do Estado, se continuamos a erguer o cetro de campeões de pobreza, é que o modelo político fundado e mantido durante quase 50 anos pelos Sarney governou exclusivamente para as elites, para os grandes negócios e esqueceu o lado social mais necessitado. Somos um país à parte em que a distribuição de água tratada é um dos principais compromissos de uma campanha política. Somos um país à parte do Brasil, porque, no limite de todas as infidelidades sociais, o Maranhão não tem banheiros!

E é neste país sem rede de esgoto, sem água, sem segurança pública, que a indecência política praticada através de parte da imprensa avança sobre a família, propõe uma guerra moral lamentável e é despropositadamente cruel com os sentimentos de um pai que tragicamente perdeu um filho. E sabe Deus o tamanho da dor de perder um filho prematuramente. Por esse caminho, o caminho do vale-tudo, o caminho do linchamento pessoal, o Maranhão, mais uma vez, será exemplo de vergonha para o Brasil.

E assim caminha o Maranhão. Falta água, falta saneamento, faltam banheiros e sobram violência e indecência política.

* Editorial publicado no Jornal Pequeno

Meca da Bestialidade Humana Mundial

Editorial do Jornal Pequeno

Toda a movimentação oficial no presídio de Pedrinhas tem um significado ainda mais surpreendente. O de que era possível evitar toda a violência desmedida que eclodiu nos últimos dias em São Luís. O governo dispunha de R$ 131 milhões para investir no Sistema Penitenciário. Só vai investir agora. Havia como separar os detentos de boa conduta dos chefões do crime organizado. Só estão fazendo isso agora.

Existiam vagas nos presídios federais para os carniceiros, de formas a impedir a comunicação entre estes e as gangs sangrentas que ainda estão fora das grades. A Polícia Militar dispunha de homens e meios para circular na madrugada reduzindo o risco de assaltos a ônibus.

Todas essas medidas poderiam ter sido tomadas desde o primeiro levante carniceiro, desde quando pela primeira vez degolaram presos, desde que a primeira vez a cidade inteira foi se esconder em casa diante do terror dos ônibus incendiados e das ruas ocupadas por bandidos. Mas aconteceu mais de uma vez, independente da comoção popular, independente de ver o Maranhão se transformar no pior gueto de horror e bestialidade do século.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) já haviam exigido isso do Brasil, já haviam exigido isso do Maranhão, já haviam punido o Brasil por isso. E ouviram apenas desculpas, apenas promessas e mais gritos e mais fugas e mais sangue e mais horror.

Que vergonha! Que imagem tresloucada! Segundo o Jornal Pequeno, todos os principais jornais dos Estados Unidos, Europa e América do Sul repercutiram a barbárie ocorrida no Maranhão. Mas a culpa por ser o estado visto hoje como a Meca da Bestialidade Humana Mundial não é de quem tinha o dever e não tomou providências. Querem que seja da imprensa que divulgou os fatos, inclusive o vídeo com a esbórnia sangrenta festejada e filmada pelos próprios monstros. Falta só que queiram culpar a quem assistiu ao vídeo daquela criança andando em chamas na Vila Sarney.

Pobre Maranhão. Uma ONG que atua em 90 países está dizendo que jamais viu tamanha barbárie. O Jornal Pequeno tinha dito a mesma coisa desde a primeira carnificina. Se mais a ONG soubesse diria que jamais viu também tamanha incompetência, tamanha leniência e omissão do poder público. O governo do Maranhão não viu por três vezes, nem sequer percebeu o peso desse espetáculo de horror na consciência da sociedade brasileira e mundial. Quanta burrice, quanta estupidez!

E as autoridades que permitiram a repetição desses fatos, o governo que não agiu estarão nas ruas do estado, a partir de agosto, com centenas de carros de som, torrando os bilhões do BNDES e outros bilhões menos íveis, pedindo o voto do povo. Um povo que não sabe o que é ONU, que não sabe o que é OEA e que não tem consciência de que também teve sua imagem degolada na Penitenciária de Pedrinhas. Também teve sua imagem incendiada no corpo de uma criança na Vila Sarney.

Afaste-se, governadora

Editorial do Jornal Pequeno

Rose-desesperada-2-893x1024Não vamos aqui defender a pena de morte, nem pregar que os chefões do crime organizado sejam eliminados nas caladas da noite. Mas, sinceramente, tem gente que não merece viver. Quem é capaz de incendiar crianças merece ter um destino cruel, sofrer dores terríveis, arder no fogo de todos os infernos.

A gente liga a televisão nos canais de maior repercussão nacional e sai da sala com a impressão de que é tudo inútil, que o Maranhão chegou ao fundo do poço e não há mais nada a fazer; que não adianta ter esperança, nenhuma forma de esperança. Nem que venha da política, nem que venha do Poder Judiciário. O Estado caiu em desgraça, e o que se vê são medidas paliativas e algumas sem pé nem cabeça, como a construção de uma delegacia dentro da penitenciária. É de se pensar que pretendem fichar e prender os presos que já estão presos e condenados.

Nunca nestes quatro séculos pudemos sequer imaginar que São Luís se tornaria o que é hoje: uma praça de sangue e horror, com uma população ameaçada noite e dia pela incompetência, a ingerência, a devassidão nos negócios públicos. Todo bandido se sentirá bem num lugar assim, como se premiado com o paraíso que tomou às mulheres, crianças e aos homens de bem.

Não se discuta mais que temos um governo, não tenham mais o desplante de gastar milhões em órgãos de comunicação para dizer que o governo é bom. Roseana fracassou, a Justiça fracassou, a polícia está sendo metralhada nas ruas e as crianças estão pegando fogo dentro de ônibus. Junte-se ao faroeste das drogas, a devassidão dos crimes de colarinho branco e estará construído o inferno que ninguém deseja. De que vale toda a nossa cultura, toda a diversidade das folias populares e esse arquipélago arquitetônico construído pela História, se não conseguimos mais dormir e qualquer um pode morrer a qualquer momento?

Governados de dentro de um presídio, sob toque de recolher é um absurdo tão grande para nossas tradições de paz e solidariedade, que, mais uma vez repetimos, só nos resta rezar e continuar perguntando, estupidificados, o que foi que aconteceu aqui. No fundo do poço, sem saída como no filme, perturbados e confinados por mentiras eletrônicas, metralhadoras e garrafas de coquetel molotov. Quem diria!

Afaste-se, governadora, é o que de melhor pode fazer por esse povo. Os que governam o Maranhão governam há tanto tempo que sofrem de estafa, de lassidão, de insuficiência pública. Permitiram que aqui se instalassem todos os cancros humanos, como a agiotagem, a pistolagem, a crueldade inominável de quem queima crianças, destruindo famílias, como aconteceu com a família dessa garota indefesa que ardeu em chamas dentro de um ônibus atacado em seu percurso diário. Morreram a menor, o bisavô, e a mãe está hospitalizada, correndo risco de morrer também. Destruíram uma família. Estamos tristes. O povo do Maranhão está apavorado e decepcionado. E é uma gente que só está preocupada em viver.

Eles não sabem governar

Editorial do Jornal Pequeno – 11/05/13

Os Sarney governam o Maranhão há mais de 18 mil dias. É tempo demais. É tanto tempo que daria até para fazer alguma coisa, se assim o quisessem. Como de alguma forma ajudar São Luís, em vez de atrapalhar as istrações da cidade.

Não tiveram disposição, por exemplo, para combater o analfabetismo no Maranhão, e, muito especialmente, o analfabetismo funcional. Mas conseguiram instalar aqui o pior Sistema Estadual de Educação do país.

Eles governaram nos tempos da ditadura e estão agora governando a Agiotagem. Eram governantes quando ganhamos o título de campeões de mortalidade infantil, de campeões de corrupção, processos por improbidade e assaltos aos recursos da merenda escolar. Os Sarney governam há tanto tempo que esqueceram o que é governar. Eram governantes quando a falta de estradas inviabilizou o escoamento da produção e eram também quando a maioria das pontes caiu e cidades inteiras ficaram isoladas. Governaram a Indústria da Seca e o Distrito Industrial das Enchentes no Maranhão.

Lemos agora que dizem cobras e lagartos dos 120 dias da istração Holanda Júnior em São Luís. Fizeram o mesmo com Jackson Lago, o mesmo com Tadeu Palácio, o mesmo com João Castelo, com todo mundo que lhes fez oposição, através da imprensa que… também governam. Eles já governaram tanto que cansaram, e só o que sabem agora é vigiar as istrações alheias. Eles eram governantes quando nos tornamos o estado mais pobre da Federação, quando a pistolagem tomou conta do estado, quando a grilagem se apropriou das terras do Maranhão.

Eles governaram e ainda governam crianças sem escolas, lavradores expulsos de suas terras, juventudes sem futuro. Eram governantes quando o aeroporto caiu, as BRsdesminlinguiram e as MAs desapareceram na fumaça da preguiça governamental. Eles governam, ainda hoje, uma estatística de horror nos índices de criminalidade e homicídios de São Luís. Parecem sócios de tudo ou, como já sabe o povo, gostam de misturar o público com o privado.

Eles governam gente que vive com meio salário mínimo e governam também o pior Produto Interno Bruto per capta do Brasil. Eles governam muito. Governam o maior índice de desemprego, governam a maior concentração de pessoas em condições de extrema pobreza e mais os que estão abaixo da linha da miséria.

Eles governam a pior rede de saneamento básico do mundo e deve ser também por isso que, 18 mil dias depois, tanto falam mal do jeito de governar do novo prefeito de São Luís. De apenas 120 dias de istração. Porque até hoje não sabem governar, só sabem pedir empréstimos. E tiveram todo tempo do mundo para aprender. Com apenas 120 dias de istração, Edivaldo Holanda Júnior já começa a assustar os 18 mil dias do grupo Sarney, que se não aprendeu a governar até agora não vai aprender nunca mais.

Máquina de fritar cérebros

Editorial / Jornal Pequeno

A televisão é um veículo de comunicação absurdamente perigoso, instalado nas salas de nossas residências, quase com vontade própria, posto que a programação é decidida ao sabor de interesses comercias, empresariais e políticos. Se manipulada corretamente, essa máquina pode alienar multidões, deformar a opinião pública, mentir, esconder intenções rasteiras, criar ídolos de pés de barro e vilanizar moralmente a quem interessar possa.

A classe quase média que ainda toma café nas feiras e barracos, que ainda aprecia um bolo de milho caseiro, um cuscus e um beiju, está ouvindo o diabo da boca do povo sobre os deputados maranhenses depois que o Sistema Mirante de Comunicação, com auxílio da Rede Globo, divulgou matéria sobre o aumento nas ajudas de custo dos deputados. Só falam nas 18 casas do deputado Manoel Ribeiro e os mais inteligentes dizem que os reajustes podem ser legais, mas são imorais.

As comparações com a miséria e os salários do povo são inevitáveis. A expressão menos ofensiva que se ouve é que não am todos os deputados de “um bando de vagabundos que não trabalha”. A precisa imagem que quis e logrou construir o Sistema Mirante sobre os deputados do Maranhão.

Não sabem que por trás dessa matéria está o interesse do grupo Sarney em manter sob controle os bilhões do Estado e que esse auxílio moradia nada representa diante da fortuna incalculável enfurnada nos cofres públicos cujo controle o grupo Sarney não pretende perder. Não sabem que isso é troco para um governo que transfere mais dinheiro para o Sistema Mirante de Comunicação, de propriedade da governadora Roseana Sarney, que para a Agricultura e, sabe Deus, para o próprio Sistema de Segurança Pública Estadual.

A impressão que ficou é que cada habitante de São Luís assistiu ao heróico “furo de reportagem de uma imprensa séria e comprometida com os valores éticos da democracia e com a honestidade no trato da coisa pública”. E com direito a imagens e entrevistas que fazem isto real. É terrível.

A máquina na sala de nossas casas “vazou” os cérebros de uma forma tal que se houvesse hoje uma eleição para governador ninguém se arriscaria a votar num deputado estadual do Maranhão. A mesma TV que foi utilizada para dividir a oposição no período pré-eleitoral, vigiando e desconstruindo par e o a istração João Castelo, e que hoje vigia 24 horas por dia a istração Holanda Júnior, em cada rua, cada escola, cada prédio público, cada documento assinado, proposta e projeto, se voltou contra a Assembléia Legislativa a dois dias atrás.

Nos cafés da feira percebe-se que o governo conseguiu o que queria. Afinal, estamos diante de uma máquina de fritar cérebros super poderosa. Calcula-se que existem mais televisões que fogões e geladeiras nas residências do país; mais de 98% dos lares possuem uma ou mais televisões. O mais grave é que para a grande maioria a televisão é a única fonte de informação e é disso que se vale o governo.

O problema é tão sério que existe uma pesquisa indicando que 44% das crianças que assistem TV não sabem mais diferenciar a vida real da vida virtual. Sob o controle de políticos, esse é um poder imensurável, supra-humano, talvez só comparável ao dos semideuses. A Assembléia do Maranhão sentiu contra ela o peso e a fúria desse poder agora. E não pode fazer nada. Se reagir, vai ser bem pior. Um beiju de feira para Roseana. Ela conseguiu mais uma vez.