Com comida, mas sem emprego: ‘capital’ do Bolsa Família teme por futuro do programa

Daniel Gallas

Correspondente de Economia da BBC para a América do Sul

Mãe de seis filhos, Ana Rita de Jesus está preocupada com o futuro da presidente Dilma Rousseff.

Ela trabalha em uma cooperativa de mulheres artesãs na comunidade rural de Itamatatiuá, no Maranhão.

“Eu vi na televisão que eles querem tirar Dilma do poder e acabar com o Bolsa Família”, disse à BBC Brasil. “Se isso acontecer, talvez eu precise me mudar para uma cidade maior, porque não tem emprego aqui.”

O Bolsa Família – implantado em 2003, no primeiro governo do PT – é o maior programa de transferência de renda do mundo. Um total de 47 milhões de brasileiros inscritos, quase um quarto da população, recebe dinheiro mensalmente.

Sem ele, Ana Rita de Jesus estaria na pobreza extrema, mesmo com o salário que ganha com seu trabalho na cooperativa de artesanato.

Sua renda mensal fica em torno de R$ 65 – a depender de quantas peças de cerâmica a cooperativa vende. Do Bolsa Família, ela recebe R$ 237.

Programas sociais do governo mudaram paisagem de comunidade quilombola no Maranhão

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Casas ‘de verdade’

Toda a comunidade de Ana Rita foi transformada pelo programa. Itamatatiuá foi formada há cerca de 200 anos por quilombolas – descendentes de afro-brasileiros que fugiram das fazendas onde trabalhavam como escravos.

Até a década ada, a vida no local era marcada pela pobreza extrema. “Depois do ex-presidente Lula, nossa comunidade ficou muito melhor”, diz a líder local Neide de Jesus.

“Naquela época, o dinheiro não era o suficiente para a gente comprar coisas – só tínhamos o suficiente pra comer. As pessoas hoje têm geladeiras, fogões, televisões. Começamos a estudar e a ter casas de verdade.”

O assunto mais comentado na cooperativa atualmente é o futuro do Bolsa Família. Quase todas as mulheres da comunidade dependem financeiramente dele.

Famílias que estão abaixo da linha de pobreza – que no Brasil é de R$ 164 reais por mês – recebem, em média, R$ 176 por mês do governo.

Em troca, elas precisam manter seus filhos na escola com pelo menos 85% de presença em sala de aula e com a vacinação em dia. Não há requerimentos para famílias sem filhos que ficam abaixo da linha de pobreza.

‘Livre mercado’

Para lidar com a pior recessão em mais de duas décadas no país, a presidente Dilma Rousseff vem promovendo cortes drásticos no orçamento do governo no último ano. Mas apesar disso, ela afirmou que protegeria o Bolsa Família e outros programas sociais dos cortes.

A presidente argumenta que os supostos crimes fiscais dos quais ela é acusada em seu processo de impeachment – as chamadas “pedaladas” – eram procedimentos com o objetivo de, em parte, proteger estes programas.

Ana Rita de Jesus teme cortes no Bolsa Família, responsável pela maior parte de sua renda

Ana Rita de Jesus teme cortes no Bolsa Família, responsável pela maior parte de sua renda

O Bolsa Família também se tornou um dos argumentos de Dilma Rousseff nas últimas semanas, antes da votação sobre o início do julgamento de impeachment no Senado, contra o processo.

No início deste mês, ela disse a uma multidão de manifestantes que o vice-presidente, Michel Temer, removeria 36 milhões de pessoas do programa e as jogaria “no livre mercado, forçando os pobres a se virarem”.

Dias antes da votação, ela aumentou o valor do benefício em 9% e moveu a linha de pobreza para cima, para englobar mais pessoas no programa.

O discurso da presidente atingiu em cheio as mulheres em Itamatatiuá e muitas beneficiárias do Bolsa Família em todo o país. Elas temem que o benefício seja cortado em uma possível istração Temer.

A cooperativa de cerâmica lucra, em média, R$ 800 por mês, valor que é dividido entre seus 12 membros.

Mas a maior parte da renda das mulheres daqui não vem da venda de cerâmica. O Bolsa Família acaba valendo mais a pena financeiramente do que istrar um negócio ou conseguir um emprego, quando conseguem encontrar um.

Sucessos e fracassos

Itamatatiuá é uma das 207 pequenas comunidades em Alcântara, cidade maranhense que ilustra os sucesso e fracassos do Bolsa Família.

A cidade tem um IDH de 0,573, que ainda assinala um baixo padrão de vida, mas seu índice subiu 40% durante a última década.

Agora, as pequenas comunidades têm estradas que as conectam ao centro da cidade.

Quase 80% de Alcântara se beneficia do Bolsa Família, mas cidade não desenvolveu economia independente

Quase 80% de Alcântara se beneficia do Bolsa Família, mas cidade não desenvolveu economia independente

Outros programas sociais implementados pelo PT, como o “Minha Casa, Minha Vida”, construíram casas de tijolos onde haviam moradias de taipa.

Mas apesar das melhorias, a economia local ou a depender fortemente do dinheiro que vem do governo federal.

Em uma cidade de 21 mil moradores, impressionantes 78% deles recebem dinheiro do Bolsa Família. Na semana do pagamento, longas filas se formam diante do centro em que o dinheiro é distribuído desde as primeiras horas do dia até a hora do fechamento.

Algumas das mulheres da comunidade dizem querer uma melhor qualidade de vida, mas afirmam que não conseguem encontrar empregos.

Muitas delas simplesmente desistiram da ideia de trabalhar e se viram em melhor situação por terem muitos filhos e viverem do benefício.

O prefeito de Alcântara, Domingos Araken, do PT, ite que, após 13 anos de Bolsa Família, a cidade não conseguiu construir uma economia sustentável.

“Ao longo dos anos nós não conseguimos que nossa economia caminhasse com as próprias pernas – mas os programas sociais nos permitiram gastar mais em infraestrutura, como estradas e casas, e investir em educação. Espero que isso dê frutos agora e que nós não dependamos tanto do Bolsa Família no futuro”, disse à BBC Brasil.

Ele acredita que cortar gastos do programa pode forçar milhares de pessoas a migrar de cidades menores para grandes centros urbanos, em busca de empregos.

Futuro

O futuro do Bolsa Família será um desafio para a sociedade brasileira e para o novo presidente – seja o vice Michel Temer, caso Dilma Rousseff sofra impeachment, seja um novo mandatário eleito.

O PT diz ter ajudado a tirar 36 milhões de pessoas da pobreza e ter reduzido drasticamente a desigualdade.

O programa também recebeu elogios do Banco Mundial e foi copiado em muitos outros países.

Foto: Daniel GallasImage copyrightDANIEL GALLAS Image caption Mulheres de Itamatatiuá trabalham em cooperativa de cerâmica, mas renda depende de vendas

Foto: Daniel GallasImage copyrightDANIEL GALLAS
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Mulheres de Itamatatiuá trabalham em cooperativa de cerâmica, mas renda depende de vendas

No entanto, o déficit no orçamento brasileiro é alto e a dívida pública do país está em um caminho insustentável. Com o aprofundamento da recessão, aumentos de impostos já não parecem alternativas viáveis e o governo tem cortado gastos onde pode.

O vice-presidente, Michel Temer, e pessoas próximas a ele dizem que o Bolsa Família continuaria no topo da lista de prioridades de um novo governo, mas afirmam que nenhum programa social estaria imune a cortes.

Depois de uma década se beneficiando do crescimento econômico do Brasil, famílias em muitas comunidades pobres no país, como Itamatatiuá, agora temem que suas vidas possam mudar para pior.

Na cooperativa de cerâmica, Ana Rita de Jesus não acredita que seu salário será suficiente para sobreviver.

“Preciso de dinheiro do governo. Não é todo dia que conseguimos vender nossas peças de cerâmica, mas eu sei que posso contar com o Bolsa Família todo mês”, afirma.

Prefeitura de Alcântara e Incra firmam convênios para construção de estradas

Do Jornal Pequeno

O prefeito Domingos Araken (PT) e o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/MA), José Inácio Rodrigues, am na tarde desta sexta-feira, 27, na sede do Instituto, em São Luís, convênio para a construção de 31 km de estradas e sete pontes de concreto, que interligarão os povoados de Raimundo Su, Bituba, Portugal, Crôa, Monte Sinai, Ponta Raimundo Su, Leôncio, dentre outros.

As novas estradas vão interligar essas comunidades rurais de Alcântara ao Assentamento PA Padre Paulo, no município de Bequimão, ando pelo Rio Carrapicho. Mais de 230 famílias da região serão beneficiadas, a exemplo da comunidade quilombola de Juraraitá. O Prefeito Domingos Araken agradeceu a parceria do Incra e destacou que a importância do convênio para o desenvolvimento da região.

As novas estradas vão melhorar o o aos povoados, o transporte de pessoas e da produção rural. “Estamos muito felizes com mais esta importante parceria com o Incra. Estamos interligando por estradas e pontes de concreto os povoados da região de Raimundo Su até comunidades de Bequimão, estimulando o desenvolvimento da região. O Superintendente do Incra/MA, José Inácio parabenizou a Prefeitura de Alcântara por mais este trabalho em defesa do desenvolvimento dos povoados e da região da Baixada.

Menina encontrada morta em Alcântara

Do idifusora.com

AlcantarapraiaO corpo de uma menina foi encontrado no município de Alcântara. Ela estava desaparecida deste ontem. A última vez que teria sido vista foi na praia de Mamuna, no município.

Louhane, 13 anos, estava sob a guarda do Conselho Tutelar após ser constatado que sofria maus tratos da mãe. Ela teria ido para um eio com outras duas meninas.

O corpo está sendo submetido a exame cadavérico para identificar a causa da morte. Em seguida deve seguir para o município de origem, Bequimão, para que seja sepultado.

Nesta terça-feira (08), testemunhas devem comparecer à Delegacia de Alcântara para prestarem depoimento.

Adolescente desaparece em praia de Alcântara

Uma menina de 13 anos, moradora do bairro do Balandro, morreu neste domingo (6) na praia de Mamuna, no município de Alcântara. A adolescente estaria sob os cuidados do Conselho Tutelar de Bequimão.

De acordo com depoimentos de testemunhas, a garota estava na praia juntamente com outras pessoas do mesmo bairro, que faziam um pique-nique, quando desapareceu.

Até o momento, o corpo da menina não foi encontrado. O Corpo de Bombeiros deverá reiniciar as buscas na manhã desta segunda-feira (07).

Com informações do Blog do João Filho

Primeiro satélite do País será lançado até 2013 de Alcântara

Do Terra

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, diz que o Brasil pode lançar até 2013 o primeiro satélite espacial brasileiro na Base de Alcântara, no Maranhão. A informação foi divulgada pelo Itamaraty após conversas mantidas entre o ministro brasileiro e o representante dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Kostyantyn Gryshchenko.

De acordo com Patriota, a parceira do Brasil no projeto, a Ucrânia, também avalia positivamente o lançamento até 2013. Gryshchenko diz que a Ucrânia tem cooperado para que o projeto seja bem-sucedido. “Conversamos muito sobre esse projeto. Nosso objetivo é fazer em 2013 o primeiro lançamento a partir da base de Alcântara”, afirma.

Mantidos contratos de professores do município de Alcântara

Da Assessoria de Comunicação do TJMA

A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhãio, por maioria, negou recurso do Ministério Público Estadual (MPE), que pedia a imediata demissão de professores contratados pelo município de Alcântara sem concurso público, sob a alegação de que estariam sendo mantidos de forma ilegal.

O MPE ajuizou Ação Civil Pública pedindo a demissão dos contratados e a imediata nomeação de aprovados em concurso público, realizado pelo município em 2008 para provimento de 284 cargos. Em liminar, o juízo da comarca acatou parcialmente o pedido, determinando que a prefeitura encaminhasse as folhas de pagamento e a lista de todos os professores contratados e concursados.

O Município alegou que os cargos estão sendo providos gradativamente, a depender da disponibilidade de recursos, com 87% dos aprovados no concurso já convocados, tendo sido o certame prorrogado até maio de 2012.

A relatora do recurso, desembargadora Nelma Sarney, em sessão na última terça-feira (20), entendeu estarem ausentes os requisitos necessários para afastar os professores imediatamente, uma vez que eles trabalham na zona rural do município lecionando de 1ª a 4ª séries, para as quais não há professores aprovados no concurso.

A magistrada destacou que ao Poder Judiciário não cabe obrigar o município a nomear ou desligar servidores, sob pena de fazer as vezes do e adentrar a seara reservada à apreciação de oportunidade e conveniência do Poder Executivo.

O voto de Nelma Sarney foi seguido pelo desembargador Raimundo Cutrim, contra o voto do desembargador Marcelo Carvalho, que acatou os motivos do recurso do MPE.