Deu no JN: CNJ visita presídio onde 58 detentos foram assassinados em 2013

Segundo as investigações, a violência no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, é consequência da briga pelo poder entre quadrilhas rivais.

Em São Luiz, uma comissão do Conselho Nacional de Justiça visitou nesta sexta (20) o presídio de Pedrinhas, onde 58 presos foram assassinados em 2013.

Os juízes fizeram uma vistoria nos pavilhões onde os presos foram assassinados. Para entrar no presídio, tiveram que negociar com os detentos.

“Foi necessário obter uma autorização deles para que nós entrássemos. Nós vamos fazer um relatório e encaminhar ao ministro Joaquim Barbosa”, explica o representante da CNJ Douglas Martins.

A penitenciária de Pedrinhas tem capacidade para 1,7 mil presos, mas abriga 2,2 mil. Segundo as investigações, a violência é consequência da briga pelo poder entre quadrilhas rivais.

O governo do Maranhão decretou situação de emergência e requisitou forças federais, mas mesmo com a presença da Força Nacional de Segurança cinco presos foram assassinados nesta semana.

A Organização dos Estados Americanos deu um prazo de 15 dias para que o governo brasileiro informe que medidas serão tomadas para acabar com as mortes na Penitenciária de Pedrinhas. Os organismos internacionais estão preocupados com o desrespeito aos direitos humanos no Maranhão.

A procuradoria-geral da República também pediu explicações ao governo do estado. O juiz da Vara de Execuções Penais de São Luís diz que, para diminuir a lotação do presídio, pretente mandar para casa os presos que apresentarem bom comportamento.

“Seria a única saída que tem é a liberação em massa de apenados, daqueles que teriam cometido crimes menos graves, já condenados. E a concessão de medida cautelar de prisão domiciliar para aqueles que estão respondendo também por crimes menos graves”, aponta Roberto de Paula.

Em nota, o governo do Maranhão declarou que irá responder às solicitações da procuradoria-geral em 15 dias.

CNJ aprova prioridade a processos relacionados à saúde

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Requerimento foi apresentado por Flávio Dino

A decisão do CNJ definiu que fosse recomendado aos Tribunais de Justiça que as varas de fazenda pública deem prioridade ao julgamento de casos relacionados ao Direito à Saúde e que orientem os magistrados que atuam na área a se especializarem no assunto.

“É um o importante para dar maior velocidade aos cerca de 300 mil processos por ano que tratam do tema, além de dar maior qualidade às decisões”, afirmou Dino.

O argumento principal utilizado no requerimento de Flávio Dino é o de que o Judiciário já possui órgãos especializados em muitos assuntos, como questões trabalhistas, de consumidores, ambientais, violência contra mulher, entre outras. Por isso, deve dedicar a mesma atenção ao maior problema nacional apontado em pesquisas: o mau atendimento, ou negação de atendimento, nas redes pública e privada de saúde.

O relator considerou que o tema do direito à saúde, pela complexidade e especificidade que exige, merece a criação de uma equipe específica. O CNJ também aprovou que conhecimento sobre o direito à saúde será cobrado nos concursos públicos para ocupar cargos no Poder Judiciário.

“O cenário normativo envolvido na questão é vasto e exige do magistrado e servidores envolvidos na decisão desse tipo de demanda certa especialização na matéria”, afirma parecer do CNJ, anexado à decisão. “A especialização de varas de saúde pública pode garantir maior especialização dos magistrados e servidores, decisões mais adequadas e tecnicamente precisas”.

Em voto proferido hoje, a conselheira Maria Cristina Peduzzi concordou com a necessidade. “A implementação dos direitos sociais – e do direito à saúde em particular – também é da competência do Poder Judiciário, que tem por missão constitucional assegurar que cada cidadão seja tratado com igual consideração e respeito”.

O acolhimento do pedido teve o apoio do Ministério Público Federal e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Histórico do Caso Marcelo Dino
Em janeiro do ano ado, o garoto Marcelo Dino morreu após ser atendido no Hospital Santa Lúcia, o maior da rede privada de Brasília. Marcelo havia tido uma crise de asma no colégio. Levado ao hospital, ficou em observação até o dia seguinte à crise, em bom estado . A aplicação incorreta de um medicamento chamado Solumedrol provocou parada respiratória no garoto de 13 anos. A única médica disponível para atendimento, Izaura Costa Rodrigues Emídio, estava fora da UTI infantil, auxiliando em um parto. Com o atraso no atendimento, Marcelo veio a falecer. O caso encontra-se hoje no Superior Tribunal de Justiça (STJ).