Cuidar da saúde das crianças

Por Flávio Dino

Com muito esforço e coragem, estamos corrigindo erros do ado na gestão da saúde. A verdade é que, durante os últimos anos, os princípios e leis que regem o Sistema Único de Saúde foram abandonados para favorecimento de interesses privados dos poderosos e dos seus amigos. Isso pode ser demonstrado por uma série de exemplos: perseguição a municípios; desperdício de dinheiro em obras inexplicáveis e superfaturadas; fraudes em voos de helicópteros que deveriam estar servindo aos pacientes, entre muitos outros absurdos.

A correção de rumos que estamos fazendo pode ser ilustrada pela prioridade que estamos dando a problemas emergenciais antes esquecidos, como a radioterapia dos pacientes com câncer na região Tocantina ou a assistência aos maranhenses que ainda precisam ir a Teresina. Do mesmo modo, quero destacar a nossa luta, com o decisivo engajamento da bancada federal do Maranhão, para minimizar o subfinanciamento do nosso sistema de saúde.

Na nossa meta de combater as injustiças que se acentuaram ao longo de décadas no Estado, o tratamento igualitário e o fim das “portas fechadas” para atendimento de pacientes de certos municípios são premissas pelos quais prezamos diariamente. Agora, não existem mais “pacientes do município” ou “pacientes do Estado” porque todo e qualquer maranhense que necessite está tendo atenção do Estado, no limite da legalidade e dos recursos financeiros disponíveis.

Neste conjunto de mudanças na saúde, quero destacar o foco que estamos garantindo às questões atinentes às crianças. Decidimos ajudar a prefeitura de São Luís com R$ 10 milhões para ampliação e reforma do Hospital da Criança, com a meta de termos tudo concluído em 10 meses. A este recurso, serão somadas parcelas do Governo Federal e da própria prefeitura, numa prova de que a parceria é o melhor caminho para que mais ações positivas possam ocorrer.

No leste maranhense, em Timon, visitei as obras do Hospital Alarico Pacheco, que estavam paralisadas por omissões como a ausência de projetos e licenças. Já corrigimos esses problemas e as obras estão avançando. Determinei prioridade aos leitos de UTI, inclusive UTI Infantil, para que as crianças possam ter mais cuidados. Ainda em Timon, autorizei o ree de recursos para a conclusão da maternidade do Parque Alvorada, para melhorar o atendimento das mães e dos seus bebês.

Já em Caxias, colocamos fim ao disparate de uma cidade inteira ser perseguida pelo delírio

ditatorial reinante no ado. Com investimentos de R$ 9 milhões, a Maternidade Carmosina Coutinho, que serve a Caxias e a dezenas de municípios, pode agora contratar mais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e reequipar a unidade. Ao mesmo tempo, o Governo do Estado está auxiliando na capacitação das equipes que lá trabalham na pediatria.

Em médio prazo, a cidade de Alto Alegre será uma referência forte no Centro Maranhense para o tratamento pediátrico, com Hospital Materno Infantil de Risco Habitual, que contará com uma Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) e Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa), seguindo as diretrizes do Sistema Único de Saúde.

E muito mais será feito, pois temos compromisso verdadeiro com as crianças, com suas famílias e com as leis que regem o atendimento público de Saúde no Brasil. Por isso, já pudemos apresentar novos investimentos que vão contribuir para diminuir o caos instalado no setor. Só lamentamos que uma obscena dívida de R$ 180 milhões na saúde, que herdamos do governo ado, tenha impedido ainda mais medidas concretas.

Demos muitos os em poucos meses para enfrentar essa vergonha de termos uma mortalidade infantil que é o dobro da média nacional. Não fechamos os olhos para a realidade porque temos ciência do tamanho do desafio à nossa frente, que é tão gigantesco e belo como a vida de uma única criança. Lutamos para que, até o final do nosso governo, todas as crianças possam se sentir melhor cuidadas. Meu coração pertence a essa causa.

Advogado, 47 anos, Governador do Maranhão. Foi presidente da Embratur, deputado federal e juiz federal

Cuidar das crianças

Flávio Dino

FDCriançasUma das agens mais populares da Bíblia é quando Jesus está caminhando e alguns fiéis vêm lhe trazer filhos para que Ele os conhecessem. Conta o Evangelho de Lucas, capítulo 18, versículo 15, que os apóstolos repreenderam os fiéis e pediram que as crianças fossem afastadas, para não O incomodar.

Ao que Jesus reagiu: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”. Com essas palavras, ensinou que devemos encarar o mundo com coração límpido, livre do pecado da ditadura dos interesses materiais.

Conforme as palavras de Cristo, as crianças são um exemplo a ser seguido e um tesouro a ser guardado entre nós. Devemos cuidá-las como o que há de mais sagrado e precioso em nossa sociedade. São os portadores do futuro que tão duramente trabalhamos todos os dias para construir.

Para que sejam felizes e possam se desenvolver em harmonia, precisam de um ambiente saudável e de incentivos. Educação, cultura, esporte e lazer são direitos elementares, hoje infelizmente negados para a maioria das crianças do nosso Maranhão. Para garantir esses direitos a todas as crianças, não bastam os esforços contínuos de cada família. O Estado – em todas as esferas: federal, estadual e municipal – tem de aportar recursos, estruturas e o trabalho de homens e mulheres.

Da parte do governo federal, um programa importante foi o da construção de creches. Mais de 1.100 foram entregues e outras 3.000 estão sendo construídas em todo o país. Em São Luís, a Secretaria Municipal de Educação, por orientação do prefeito Edivaldo, está priorizando o programa, e 9 novas creches já estão garantidas, com o início das obras ainda neste ano.

A creche é um ambiente essencial para as famílias nos dias de hoje. Com o importante ingresso das mulheres no mercado de trabalho, ou a ser essencial para as famílias conseguir um lugar adequado para deixar seus filhos. E não qualquer lugar, mas uma creche que cada pai e cada mãe possam ter segurança de que estão deixando seus filhos com bons cuidadores, que os alimentarão e educarão bem.

Também o Estado se faz necessário nos poucos, porem muito tristes casos, em que uma família não é capaz de cuidar de uma criança. Ou quando ela é exposta a situações de violência psicológica ou mesmo vítima de abusos inomináveis. Nesses casos, o trabalho valoroso dos Conselhos Tutelares é essencial. Somente os conselheiros tutelares têm o preparo e, ao mesmo tempo, a autoridade para intervir em situações complexas em que a saúde física ou mental de uma criança está colocada em risco. Com satisfação, tenho acompanhado muitas prefeituras, com o apoio do governo federal, estruturarem mais adequadamente os Conselhos, instrumentos fundamentais para que o Estatuto da Criança e do Adolescente possa ser integralmente cumprido.

Nos casos mais graves, em que o cidadão tem conhecimento de alguma situação de abuso, ele pode ligar para o Disque 100, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Lá o cidadão é orientado sobre o que ele pode fazer para denunciar determinada situação de risco. E se a pessoa preferir, a Secretaria de Direitos Humanos também disponibiliza um aplicativo de celular chamado Proteja Brasil, em que é possível localizar o local mais próximo à sua residência para fazer uma denúncia.

O estagio civilizacional de uma sociedade pode ser medida pela forma como cuida de suas crianças. Portanto, não bastam dinheiro e novos bens de consumo para fazer de nós um país melhor. O zelo pelas crianças há de ser, desde os ensinamentos de Cristo, uma de nossas principais missões na terra, na busca eterna do Reino de Justiça, o Reino de Deus.

Presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal

Escola precisa estimular criança a ler

por Ana Cássia Maturano

2111_ilustra1Uma garotinha de oito anos chegou bastante chateada da escola. Havia recebido as notas de algumas atividades. Entre as altas e as não tão altas, uma delas estava um pouco abaixo da média, fato novo em sua vida. A avaliação em questão era de interpretação de texto.

A mãe, agindo de maneira adequada, consolou a criança – não ficou brava e nem a humilhou. Juntas foram rever a atividade para que pudessem entender o que havia acontecido. E assim, tentariam sanar as dificuldades.

O primeiro o foi ler o texto. Qual não foi a surpresa da mãe ao se deparar com uma escrita confusa, frases mal construídas, vocabulário envolvendo palavras desconhecidas até dos adultos – sem o glossário para ajudar – e termos repetidos sem a mínima necessidade (algo que ensinamos a todos que escrevem para não fazer). Ou seja, o texto não tinha qualidade.

Além disso, ele era inadequado para as características cognitivas e o nível alfabético de crianças nessa faixa etária, cursando o terceiro ano do ensino fundamental. Época em que uma escrita bem elaborada, com frases em ordem direta e palavras do cotidiano, faz toda a diferença. Elas ainda não têm o domínio da leitura, tornando a atividade penosa e pouco atraente.

É necessário que nossas crianças sejam estimuladas a ler. Mas parece que não é isso o que nossas escolas andam fazendo. Basta observar o quanto os pequenos não gostam desta atividade, assim como muitos adolescentes.

O pior, no entanto, era o conteúdo – referia-se ao preconceito de uma menina em relação à outra por uma característica física, a obesidade. Ora, não há problema em tratar do tema, desde que haja discussão e reflexão sobre ele. Ainda mais em tempos em que muito se fala do bullying e da necessidade de se tratar isso nas escolas. O texto simplesmente foi jogado para os alunos.

Isso é um exemplo isolado de como as escolas estão tratando seus alunos. Parecem vê-los sempre além de suas capacidades cognitivas. Esquecem-se de que são crianças, com características intelectuais e emocionais próprias. Aqueles que fazem parte do imaginário das instituições não existem – são super alunos, desejados por elas para conseguirem boa colocação nos índices nacionais, como o Enem.

Geralmente essas escolas são caras e fazem propostas bastante atrativas para os pais. Porém, elas estão se perdendo em sua vaidade. Consideram forçar os alunos para que eles sejam o que não são, à custa de muito sofrimento e frustração.

E nossas crianças, como ficam? Correndo atrás do desejo da escola.

Precisamos repensar a educação em nosso país.

Criança precisa de limites para o exagero na satisfação do que quer

Por Ana Cássia Maturano

O Dia das Crianças é uma daquelas datas em que o comércio aproveita para vender. Os pequenos a esperam ansiosos. Junto do Natal e do aniversário, é quando oficialmente ganham presentes. Oficialmente, pois o que se tem visto é que a prática de presenteá-los tem se dado sem critério algum.

As pessoas têm comprado muito. Isso se deve a alguns fatores, como a grande variedade de produtos, preços íveis (encontramos bonecas por R$ 9) e facilidades de pagamento.

Há uma preocupação de que está se formando uma geração de consumistas. Em verdade, essa geração já existe na figura dos pais, que consideram que coisas materiais vão fazer seus filhos e a si próprios felizes. A maioria acredita nisso e adquire bens materiais exageradamente. Alguma coisa ficou perdida no meio do caminho – o que realmente é preciso ter.

Para muitos, não possuir algo é estar numa posição abaixo do outro. Geralmente, o desejado é aquilo que o outro tem, não necessariamente o que é visto nas lojas ou propagandas – a grande vilã para muitos. Basta questionar uma criança sobre a razão de querer determinado produto. O referencial acaba sendo externo.

Os pais, temerosos de que seus filhos se frustrem, acabam atendendo seus pedidos, por vezes indo além do que o orçamento familiar permite. A frustração faz parte da vida e nos impulsiona a ir em frente, na busca daquilo que falta. Por exemplo, aprendemos a falar pela necessidade de nos fazermos entender. Algumas mães, na urgência de atenderem seus filhos pequenos de modo a não frustrá-los, acabam traduzindo o que querem mesmo antes que o digam, o que pode atrasar o desenvolvimento da fala. Que necessidade a criança tem de falar se só pelo olhar o outro já o compreende? Caso não seja atendido, ela procurará meios para isso, como se expressar pela fala.

O que chama atenção, no entanto, é que estão sempre querendo mais e nunca se satisfazem. Por que será que isso ocorre? Muito provavelmente por não serem coisas materiais que necessitam. Suas necessidades são outras, mas interpretadas dessa forma.

As crianças precisam de mais atenção, carinho e orientação dos pais do que de outras coisas. E limites claros e consistentes. Inclusive para o exagero na satisfação de seu querer. Lembrando aquela velha máxima – querer pode, ter já é outra história… e está condicionado a parâmetros reais, como se é necessário e se cabe no bolso dos pais.

Então, quer dizer que agora não devemos presentear mais os pequenos? Pelo contrário. Devemos sempre presentear, mas sem exageros. O melhor jeito de se fazer é evitar dar presentes a qualquer tempo, limitando-os às datas oficiais – Dia das Crianças, Natal e aniversário.

A quantia a ser investida é questão essencial. Desde cedo as crianças devem saber o valor das coisas. Ela não deve exceder às possibilidades financeiras da família – tanto para não trazer problemas óbvios, como dívidas, quanto para não assinalar à criança que não há um limite na vida. No caso de todos estarem de acordo da necessidade de um produto de valor maior, pode-se fazer um pacote, juntando os presentes de duas datas oficiais em um só.

Escola e família devem se unir para o bom desenvolvimento da criança

Ana Cássia Maturano

Alguns pais se queixam quando a escola os chama diante de alguma questão com os filhos. O discurso é pautado por críticas e árido de elogios. Às vezes, os problemas são trazidos muito tardiamente, depois de meses, quando já não há muito o que fazer. Muitos sentem que as escolas veem os alunos como inimigos.

A relação entre instituição de ensino e família sempre foi confusa. Por um lado, existe a expectativa do aluno ideal que vai simplesmente aprender; por outro, a impossibilidade de enxergar o filho como ele é, inclusive com seus eventuais problemas. Cada uma a seu modo, ambas idealizam a criança, impossibilitando qualquer parceria que possa existir entre família e escola.

Ao receber um aluno, a escola deve ter claro que ele não é só um aprendente, ele é um ser em suas várias dimensões. Tem desejos, medos, reações, interesses, necessidades… É único. Alguns vêm com problemas que transcendem o ambiente escolar e que podem estar relacionados a uma situação de vida específica.

Ela, por sua vez, também não é só aquela que ensina, mas é uma figura de autoridade. Empurra o indivíduo para a realidade, para a responsabilidade e as regras. A relação entre eles pode ser ambígua, principalmente na adolescência, abrindo espaço para conflitos.

O ambiente escolar é privilegiado em possibilidades de percepção de vários aspectos da criança e de maneira mais neutra. É lá que ela a grande parte de seu tempo, às vezes mais do que com sua família.

Diante do surgimento de qualquer problema com o aluno, é obrigação da escola comunicar os pais, sem grande demora. Só assim as coisas podem mudar seu rumo. Não dá para esperar que eles percebam espontaneamente. Às vezes, o que é explícito para uns, não é para outros. Tomar consciência de algo também depende de nossas condições emocionais.

Porém, elas também barram na dificuldade dos pais ouvirem o que têm a dizer. Fica impossível para muitos verem seus filhos como eles realmente são, com seus problemas. Ao itirem isso, enxergam-se falhos em seu papel de pai ou mãe – mas não necessariamente são.

Se uma escola perde o precioso tempo em apenas criticar o aluno e pouco ajudar, talvez ela não seja a indicada para ele. É preciso também estar atenta para os aspectos positivos de seus estudantes. Muitos são reduzidos a imagem de encrenca. Determinam para eles o lugar de problema, que eles ocupam. Os professores e coordenadores estão sempre lembrando os pais disso. Se uma criança traz muito problema, algo há. Família e escola precisam estar juntas, cada uma em seu papel.

Para isso, uma terá que confiar na outra. E saberem se ouvir mutuamente para estarem unidas em prol do desenvolvimento da criança. Caso se vejam como inimigas, é hora de desfazer essa parceria. Tendo em mente o porquê a desfizeram, para que as próximas sejam diferentes.

Quem lucra? Ora, todos. Mas principalmente a criança que estará sendo assistida em seu crescimento por duas figuras importantes – família e escola.