Herdeiro do clã Sarney, Edinho Lobão amplia bens em 384%

Da Veja

Patrimônio do senador Lobão Filho (PMDB-MA), que ficou com a cadeira do pai e agora vai disputar o governo do Maranhão, aumentou 384% desde 2010

Gabriel Castro, de Brasília

EM CAIXA – O senador Edison Lobão Filho, do PMDB do Maranhão: patrimônio se multiplicou ano a ano (José Cruz/Agência Senado)

EM CAIXA – O senador Edison Lobão Filho, do PMDB do Maranhão: patrimônio se multiplicou ano a ano (José Cruz/Agência Senado)

Candidato do clã de José Sarney ao governo do Maranhão nas eleições deste ano, o senador Lobão Filho (PMDB-MA), filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, aumentou seu patrimônio declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 384% desde 2010.

Lobão Filho ocupa desde 2011 uma cadeira no Senado Federal na suplência do pai. O salário é de 27.000 reais. Ainda assim, chama a atenção como o patrimônio do parlamentar aumentou desde 2010: há quatro anos, o peemedebista declarou possuir 2,57 milhões de reais. Hoje, são 9,88 milhões.

Na relação dos bens entregue à Justiça Eleitoral, ele informa ter 85.000 reais “em caixa”, lista dezessete imóveis, duas lanchas – e 50% de outras duas –, um helicóptero “acidentado” e ações de aproximadamente vinte empresas. Entre elas, cinco emissoras de rádio.

O salto patrimonial, entretanto, se deve principalmente ao surgimento de 4,3 milhões de reais em uma “Aplicação no FI”, provavelmente em referência a algum fundo de investimentos. Em 2010, a única aplicação que o parlamentar possuía somava 196.000 reais.

À revelia – A assessoria de imprensa de Lobão Filho diz que a aplicação é decorrente de uma desapropriação de terras feita pelo governo maranhense para a construção de uma via expressa em São Luís. Embora o senador tenha contestado na Justiça o valor oferecido pelo terreno (ele diz que a área vale pelo menos 12 milhões de reais), o depósito foi feito à revelia.

Além disso, de acordo com a assessoria, Lobão Filho obteve da Caixa Econômica Federal um empréstimo de 1,2 milhão de reais para a construção de um prédio em São Luís. Isso ajudaria a explicar o aumento no valor declarado.

Revista IstoÉ diz que Edinho Lobão deve perder a eleição no primeiro turno

 

 

 

lobao

Sob o título “Sobrenome não garante mais eleição”, a revista IstoÉ desta semana analisa a eleição de herdeiros de políticos famosos e conclui que a campanha aos governos estaduais mostra que os caciques perderam a influência de outrora. No caso do Maranhão, IstoÉ diz que o candidato Edison Lobão Filho (PMDB) corre sério risco de ser derrotado pelo adversário Flávio Dino (PCdoB) ainda no primeiro turno.

Leia a seguir a íntegra da reportagem, assinada pela jornalista Izabelle Torres:

“Aparentemente um caso isolado, a aposentadoria de José Sarney, depois de as pesquisas indicarem altos índices de rejeição ao seu nome e ao da filha, a governadora do Maranhão, Roseana, mostra que a política pode estar vivendo um momento um tanto quanto inusitado, ou pelo menos caminha para isso. Pesquisas para as disputas estaduais realizadas até agora revelam que herdeiros de políticos conhecidos, donos de sobrenomes famosos, não vivem uma situação tão confortável como em eleições adas. Embora ainda detenham um vasto patrimônio, incluindo empresas na área de comunicação, e contem com o poder e a influência dos parentes nos diretórios regionais dos partidos, eles precisarão suar a camisa se quiserem triunfar no pleito deste ano.

Os exemplos se espalham pelo País. No Maranhão reside o caso mais nítido do enfraquecimento das dinastias. A candidatura de Lobinho (PMDB), filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, representava a esperança de que o poder se mantivesse ao menos próximo do grupo político de Sarney, que submergiu depois de longos 50 anos no comando do Estado. Mas o senador Edison Lobão Filho corre sério risco de ser derrotado pelo adversário Flávio Dino (PCdoB) ainda no primeiro turno.

Em Roraima, a influência do senador Romero Jucá (PMDB) não tem sido suficiente para fazer deslanchar a chapa da situação, composta pelo seu filho Rodrigo, que é candidato a vice-governador. Diferentes pesquisas feitas até aqui mostram que a impopularidade do atual governador do Estado, Chico Rodrigues (PSB), companheiro de chapa de Jucazinho, deixa o grupo com percentuais que não chegam a 25% das intenções de voto. A principal adversária é Ângela Portela, do PT, que ostenta o dobro. No Estado, Jucá, o pai, mantinha poder inabalável havia décadas e sempre colocou sua influência a serviço da projeção política do filho. Até agora, no entanto, esse empenho não surtiu efeito.

Ciente do ocaso dos coronéis País afora, o filho do senador Jader Barbalho, Helder Barbalho, tentou ser mais esperto para não perder votos. Candidato ao governo do Pará, ele preferiu não usar o sobrenome Barbalho na campanha, apesar de sobreviver politicamente graças à influência da família no Estado. Mas é quase impossível desvincular o nome dos dois. A maior parte do eleitorado paraense conhece a trajetória familiar de Helder. E o pai está mais próximo do que nunca da campanha do herdeiro. Para viabilizar o filho, Jader Barbalho usou seu prestígio para levar o ex-presidente Lula à convenção do partido, na última segunda-feira 30. Por ora, nas recentes pesquisas, Helder aparece tecnicamente empatado com o atual governador Simão Jatene (PSDB), candidato à reeleição. Ou seja, a disputa está acirrada e, se quiser vencer nas urnas, Helder, com ou sem o “Barbalho”, terá de mostrar mais do que padrinhos de peso.

Renan Filho, herdeiro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), talvez seja a experiência mais bem-sucedida, pelo menos até agora, da tentativa de uma família de manter a influência regional. Mas dificuldades para isso nem de longe poderiam ser vislumbradas anos atrás. Com o diretório estadual do partido nas mãos e uma lista de favores concedidos aos governos Lula e Dilma Rousseff, o senador conseguiu colocar Renan Filho na dianteira das pesquisas. A margem, porém, é apertada. Como poucas vezes aconteceu na sua carreira política, Renan Calheiros vem tendo trabalho para costurar as alianças em torno do filho. Para o lamento do cacique alagoano, que nunca precisou fazer campanha no Estado para vencer eleição, a força do sobrenome já não é mais a mesma.”

 

Convenção de Edinho tem distribuição de panfleto contra Flávio Dino

Do Maranhão da Gente

Panfleto apócrifo distribuído durante a convenção de Edinho Lobão. Prática configura crime eleitoral

Panfleto apócrifo distribuído durante a convenção de Edinho Lobão. Prática configura crime eleitoral.

A convenção que deve homologar o nome de Edinho Lobão como candidato do grupo Sarney ao governo do Estado teve a presença de carro oficial da Secretaria Estadual de Saúde, comandada pelo cunhado da governadora Ricardo Murad, e a distribuição farta de panfletos apócrifos contra Flávio Dino, pré-candidato do PC do B e líder das pesquisas de intenção de votos.

No estacionamento do Centro de Convenções da UFMA, a reportagem do site Maranhão da Gente encontrou um carro da Secretaria Estadual de Saúde, com o slogan “Uso Exclusivo em Serviço”. Também durante a convenção foram distribuídos diversos panfletos apócrifos contra Flávio Dino, (PC do B), pré-candidato da oposição ao governo do Estado e líder das pesquisas de intenção de votos.

A prática de ataques ao pré-candidato da oposição tem sido uma marca da pré-campanha de Edinho Lobão, no ato de lançamento da pré-candidatura do senador, militantes da juventude do PMDB entoaram xingamentos a Flávio Dino.

As últimas pesquisas de intenção de votos, divulgadas com aval do Tribunal Regional Eleitoral, apontam o pré-candidato do PC do B com uma vantagem superior a 30 pontos percentuais para Edinho Lobão. A distribuição de panfletos apócrifos com ataques contra adversários políticos é uma prática vedada pela legislação eleitoral, que proíbe este tipo de atitude.

A legislação brasileira veda a distribuição de panfletos apócrifos, que além de se constituírem em prática de crimes contra a honra( injúria, calúnia e difamação) previstos no Código Penal, também são consideradas como um prática de propaganda eleitoral irregular

Distribuição de panfletos que constituam propaganda eleitoral negativa e com informações inverídicas e degradantes, além de configurarem crimes contra a honra (injúria e difamação eleitorais), também se configuram em propaganda eleitoral negativa irregular, pois não estão presentes os requisitos legais para a propaganda por meio de panfletos e folhetos.

Edinho Lobão não quer que se saiba quem são os donos de emissoras

Do IG

polvoA Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado aprecia nesta terça-feira (26) um projeto de lei de autoria do senador Pedro Taques (PDT-MT) que torna obrigatória a divulgação dos nomes dos donos das emissoras de rádio e televisão. O relator da matéria, senador Lobão Filho (PMDB-MA), rejeita o Projeto de Lei do Senado (PLS 275/2012), que será votado pela comissão na manhã de hoje. Lobão é sócio de emissora de televisão afiliada ao SBT no Maranhão.

Taques argumenta que seu projeto “busca desenvolver mecanismos que possibilitem maior transparência sobre o controle e a propriedade dos veículos de comunicação, facilitando sua fiscalização tanto pelos órgãos públicos quanto pela sociedade em geral”. Para isso, as emissoras deveriam publicar em sites e veicular na sua grade de programação o nome de seus proprietários.

O contra argumento de Lobão Filho é que a exigência de veiculação da composição acionária no horário comercial das rádios e televisões pode gerar prejuízos às emissoras, uma vez que “a principal fonte de recursos é a comercialização de espaço publicitário”. “Ao se exigir inserções diárias com a divulgação da razão social das entidades titulares das respectivas outorgas retira-se, na prática, tempo que poderia ser convertido em anúncios, diminuindo receitas dessas empresas”, afirma em relatório Lobão Filho.

No caso dos sites, Lobão Filho afirma que boa parte das emissoras concessionárias são comunitárias e não teriam como arcar com uma despesa extra para divulgar o nome de seus sócios.

Afiliada SBT

O senador Lobão Filho, que assumiu o cargo como suplente do pai, o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão (PMDB-MA), detém 24,6% das ações da Rádio e TV Difusora do Maranhão – conforme informado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A emissora é afiliada do SBT no Estado e a rádio Difusora FM detém os maiores índices de audiência em São Luís, capital do Estado.

Além de Lobão Filho, aliados políticos como a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), detém cotas de participação em empresas de mídia, segundo a Anatel. Roseana maranhense é proprietária de cerca 33% das cotas da TV Mirante, afiliada da Rede Globo em seu estado.

Dados referentes a 2011, apontam que pelo menos 56 deputados e senadores são sócios ou mantém vínculo de parentesco com emissoras de rádio ou TV. Embora a Constituição Federal proíba a posse emissora de rádio e televisão, falta regulamentação. O governo já manifestou intenção de regular a norma por meio de um projeto de lei sobre a modernização das comunicações. O anteprojeto de lei foi elaborado pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Franklin Martins, mas por pressão das emissoras ainda não chegou ao Congresso.

O iG revelou, em janeiro, que o deputado federal Abelardo Camarinha (PSB-SP) reou R$ 160 mil da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) para sua própria emissora de rádio em Vera Cruz, cidade a 430 quilômetros de São Paulo.