Filho deve ser o que realmente é, não o que os pais gostariam que fosse

por Ana Cassia Maturano

mnp

Ilustração sobre pôster de “O mar não está pra peixe 2 – Tubarões à vista”

Dia desses, fui assistir ao filme “O mar não está pra peixe: Tubarões à vista!”. A história é a de um peixinho que, após expulsar um tubarão do recife onde mora com seus amigos e familiares, tem novamente seu espaço ameaçado pelo inimigo, agora mais forte e acompanhado de outras feras. Sabendo disso, uma sábia tartaruga o aconselha a mudar sua estratégia de luta, indicando-lhe a necessidade da ajuda de todos. Muito vaidoso por ter conseguido sozinho expulsar o tubarão da primeira vez, o peixinho reluta. Porém, acaba treinando seus amigos para lutarem como ele.

Sem conseguirem acompanhá-lo, os outros peixes o abandonam e se ligam a um tubarãozinho que se infiltra no grupo com a intenção de atrapalhar o plano deles. Sua proposta é a de fazerem um show para atrair a atenção dos humanos. Para tanto, cria um espaço para que cada um apresente um número artístico, como um show de talentos. Com isso, todos se envolvem e acabam desenvolvendo alguma habilidade.

Esse filme é para crianças. Como muitas produções destinadas a esse público, traz lições interessantes. No caso, a ideia é dar chance para as pessoas serem o que realmente são e não aquilo que querem que elas sejam.

Não raro, isso costuma acontecer nas relações familiares, quando os pais esperam e cobram que seus filhos tenham que ser de determinada maneira. Alguns são tão exigidos que acabam perdendo a referência de quem realmente são, além de desenvolverem o sentimento de serem inadequados e incapazes.

Um exemplo clássico é a interferência da família na escolha profissional. Em alguns lares, o filho só terá valor se seguir determinada carreira (as mais comuns são medicina ou direito), geralmente aquelas exercidas pelos seus anteados.

Sem dúvida, não há problema em os pais desejarem algo para o filho. Bem como não há contra indicação em seguir os os dos pais. Porém, a escolha deve ser de quem vai exercer o ofício. Caso contrário, haverá frustração e a crença de que nunca conseguirá ter algum sucesso.

Outro exemplo são as notas escolares. Alguns pais fazem da vida dos filhos um inferno por eles não tirarem dez em tudo, mesmo tendo boas notas. Ou por exigirem a prática de um esporte ou de um instrumento musical só porque acham bonito. Esquecendo-se de ver as reais potencialidades dos filhos, seja para terem melhores notas ou praticarem algo.

Além da frustração que essas pessoas podem viver, há o risco de se distanciarem de seus familiares, por não se sentirem aceitos por eles, e virem a se ligar a pessoas nem sempre adequadas, como o tubarãozinho. Mas que, como ele, conseguem reconhecer aquilo que as pessoas realmente são ou podem ser. Algo fundamental para todos – serem reconhecidos, principalmente pelos pais.

Criar filhos é possibilitar-lhes que desenvolvam potencialidades e características próprias – que sejam aquilo que queiram e possam ser. Como bem diz o ditado, criamos os filhos para o mundo e não para nós mesmos.

Afeto, confiança e diálogo ajudam afastar jovem das drogas

por Ana Cássia Maturano

A chegada da adolescência é sempre uma época que preocupa os pais. Considerada difícil, essa fase é marcada por transformações e conflitos, gerando sofrimento a todos. É uma prova de fogo para o relacionamento familiar. Muitos temem perder seus filhos, principalmente para as drogas.

Essa é a época em que as pessoas a experimentam, seja por curiosidade, facilidade ou simplesmente para aliviar as tensões vividas. Mesmo sabendo dos riscos (amplamente divulgados), os jovens não parecem considerá-los. Vivem numa ideia de terem poder e controle sobre as coisas, e de serem donos de seu nariz.

A ideia é essa. O momento é de serem independentes e autônomos, em que não mais seguem as regras dos pais. Pelo contrário, querem quebrá-las e sentem fazerem isso ao se drogarem.

Na procura por outras normas de conduta, encontram no grupo de iguais uma possibilidade – compartilham as mesmas angústias e se livram da solidão. É aí que encontram forças para romperem com padrões e ousarem, sendo onde geralmente começam a experimentar essas substâncias. O que leva muitas famílias a culparem os amigos do filho pela sua situação de drogado.

Sem dúvida o grupo tem influência no comportamento de drogadicção. Apesar da ideia de que o jovem usa droga para não ficar de fora, para ser igual, nem todos entram nessa barca: eles são capazes de pensar e de fazer escolhas. Uma delas é a de não se envolverem com pessoas que se drogam.

Aí entra a família. A chegada da adolescência não exclui toda a história vivida por uma pessoa. Suas vivências, principalmente as familiares, vão ter forte influência em como as coisas se darão pela vida.

O modo como uma família se estrutura, pode criar ou não condições para que os filhos se desenvolvam de maneira saudável. O que a pelo relacionamento estabelecido entre pais e filhos. Quando esse é pautado pela confiança e pelo afeto, em que o vínculo entre eles é forte, tudo tende a caminhar melhor.

Inclusive, favorece a possibilidade dos pais orientarem sua prole nas questões da vida. Quantas vezes, ao abordarem algum assunto, os filhos são recebidos com recriminações e gritos, impedindo qualquer comunicação entre ambos? Com atitudes assim, momentos preciosos são perdidos – os mais velhos poderiam ouvir e orientar seus filhos. A chance é grande de irem discutir determinados temas, como as drogas, lá fora. Sabe-se lá com quem.

Infelizmente as drogas estão por aí. Trancafiar os adolescentes não dá. Confiar na educação que foi dada a eles é necessário, mas sempre lembrando que estão num momento turbulento. Apesar do desprezo que muitas vezes mostram pelos pais, ainda precisam muito deles.

Considerar que tudo é culpa do mundo, é reduzir a importância da família. Ou ao menos eximi-la de qualquer responsabilidade pelo que os filhos são. Se ela perdeu seu valor, algo de atrapalhado existe nessa história. Quando há afeto, confiança, respeito e cada um sabe bem qual é o seu papel, a chance das coisas darem certo é maior.

Criança precisa de limites para o exagero na satisfação do que quer

Por Ana Cássia Maturano

O Dia das Crianças é uma daquelas datas em que o comércio aproveita para vender. Os pequenos a esperam ansiosos. Junto do Natal e do aniversário, é quando oficialmente ganham presentes. Oficialmente, pois o que se tem visto é que a prática de presenteá-los tem se dado sem critério algum.

As pessoas têm comprado muito. Isso se deve a alguns fatores, como a grande variedade de produtos, preços íveis (encontramos bonecas por R$ 9) e facilidades de pagamento.

Há uma preocupação de que está se formando uma geração de consumistas. Em verdade, essa geração já existe na figura dos pais, que consideram que coisas materiais vão fazer seus filhos e a si próprios felizes. A maioria acredita nisso e adquire bens materiais exageradamente. Alguma coisa ficou perdida no meio do caminho – o que realmente é preciso ter.

Para muitos, não possuir algo é estar numa posição abaixo do outro. Geralmente, o desejado é aquilo que o outro tem, não necessariamente o que é visto nas lojas ou propagandas – a grande vilã para muitos. Basta questionar uma criança sobre a razão de querer determinado produto. O referencial acaba sendo externo.

Os pais, temerosos de que seus filhos se frustrem, acabam atendendo seus pedidos, por vezes indo além do que o orçamento familiar permite. A frustração faz parte da vida e nos impulsiona a ir em frente, na busca daquilo que falta. Por exemplo, aprendemos a falar pela necessidade de nos fazermos entender. Algumas mães, na urgência de atenderem seus filhos pequenos de modo a não frustrá-los, acabam traduzindo o que querem mesmo antes que o digam, o que pode atrasar o desenvolvimento da fala. Que necessidade a criança tem de falar se só pelo olhar o outro já o compreende? Caso não seja atendido, ela procurará meios para isso, como se expressar pela fala.

O que chama atenção, no entanto, é que estão sempre querendo mais e nunca se satisfazem. Por que será que isso ocorre? Muito provavelmente por não serem coisas materiais que necessitam. Suas necessidades são outras, mas interpretadas dessa forma.

As crianças precisam de mais atenção, carinho e orientação dos pais do que de outras coisas. E limites claros e consistentes. Inclusive para o exagero na satisfação de seu querer. Lembrando aquela velha máxima – querer pode, ter já é outra história… e está condicionado a parâmetros reais, como se é necessário e se cabe no bolso dos pais.

Então, quer dizer que agora não devemos presentear mais os pequenos? Pelo contrário. Devemos sempre presentear, mas sem exageros. O melhor jeito de se fazer é evitar dar presentes a qualquer tempo, limitando-os às datas oficiais – Dia das Crianças, Natal e aniversário.

A quantia a ser investida é questão essencial. Desde cedo as crianças devem saber o valor das coisas. Ela não deve exceder às possibilidades financeiras da família – tanto para não trazer problemas óbvios, como dívidas, quanto para não assinalar à criança que não há um limite na vida. No caso de todos estarem de acordo da necessidade de um produto de valor maior, pode-se fazer um pacote, juntando os presentes de duas datas oficiais em um só.

Escola e família devem se unir para o bom desenvolvimento da criança

Ana Cássia Maturano

Alguns pais se queixam quando a escola os chama diante de alguma questão com os filhos. O discurso é pautado por críticas e árido de elogios. Às vezes, os problemas são trazidos muito tardiamente, depois de meses, quando já não há muito o que fazer. Muitos sentem que as escolas veem os alunos como inimigos.

A relação entre instituição de ensino e família sempre foi confusa. Por um lado, existe a expectativa do aluno ideal que vai simplesmente aprender; por outro, a impossibilidade de enxergar o filho como ele é, inclusive com seus eventuais problemas. Cada uma a seu modo, ambas idealizam a criança, impossibilitando qualquer parceria que possa existir entre família e escola.

Ao receber um aluno, a escola deve ter claro que ele não é só um aprendente, ele é um ser em suas várias dimensões. Tem desejos, medos, reações, interesses, necessidades… É único. Alguns vêm com problemas que transcendem o ambiente escolar e que podem estar relacionados a uma situação de vida específica.

Ela, por sua vez, também não é só aquela que ensina, mas é uma figura de autoridade. Empurra o indivíduo para a realidade, para a responsabilidade e as regras. A relação entre eles pode ser ambígua, principalmente na adolescência, abrindo espaço para conflitos.

O ambiente escolar é privilegiado em possibilidades de percepção de vários aspectos da criança e de maneira mais neutra. É lá que ela a grande parte de seu tempo, às vezes mais do que com sua família.

Diante do surgimento de qualquer problema com o aluno, é obrigação da escola comunicar os pais, sem grande demora. Só assim as coisas podem mudar seu rumo. Não dá para esperar que eles percebam espontaneamente. Às vezes, o que é explícito para uns, não é para outros. Tomar consciência de algo também depende de nossas condições emocionais.

Porém, elas também barram na dificuldade dos pais ouvirem o que têm a dizer. Fica impossível para muitos verem seus filhos como eles realmente são, com seus problemas. Ao itirem isso, enxergam-se falhos em seu papel de pai ou mãe – mas não necessariamente são.

Se uma escola perde o precioso tempo em apenas criticar o aluno e pouco ajudar, talvez ela não seja a indicada para ele. É preciso também estar atenta para os aspectos positivos de seus estudantes. Muitos são reduzidos a imagem de encrenca. Determinam para eles o lugar de problema, que eles ocupam. Os professores e coordenadores estão sempre lembrando os pais disso. Se uma criança traz muito problema, algo há. Família e escola precisam estar juntas, cada uma em seu papel.

Para isso, uma terá que confiar na outra. E saberem se ouvir mutuamente para estarem unidas em prol do desenvolvimento da criança. Caso se vejam como inimigas, é hora de desfazer essa parceria. Tendo em mente o porquê a desfizeram, para que as próximas sejam diferentes.

Quem lucra? Ora, todos. Mas principalmente a criança que estará sendo assistida em seu crescimento por duas figuras importantes – família e escola.

Família de Décio Sá cobra Roseana Sarney, que permanece omissa

Do Blog do Luis Cardoso

Vice - governador conversa com Vilanir Sá

Durante a eata pela Paz e pela Justiça, hoje pela manhã na avenida Litorânea, em homenagem a Décio Sá, a irmã do jornalista Vilanir Sá voltou a cobrar da governadora Roseana Sarney ações mais efetivas na elucidação do crime. Sá foi executado por pistoleiros no dia 23 de abril, em um restaurante da avenida Litorânea.

Ela lembrou que a oligarquia Sarney existe há 40 anos, a quem Décio serviu. “Mas que amigos são esses que nem aqui estão?”, cobrou.

Para a irmã do jornalista, a presença da governadora na eata seria uma demonstração de amizade. Hoje, não havia nenhum membro da família Sarney no evento e nem de Ricardo Murad, que se considera irmão de Décio Sá.

A preocupação da família do jornalista reside no fato de que as investigações caminham de forma misteriosa e não enxergam empenho da governadora.

Na primeira cobrança,Vilanir Sá lembrou que Décio Sá publicava aquilo que muitos não tinham coragem, se referindo aos amigos do poder. “E onde eles estão agora?” indagou.

Roseana, por exemplo, não foi ao velério, enterro, missa e muito menos de longe só para olhar a eata.