Troféu macabro

Por Eliane Cantanhêde / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA – Segundo a governadora Roseana Sarney e seus aliados, o problema do Maranhão é que está “mais rico”, tem o 16º PIB do país e cresceu 10,3%, a maior taxa do Nordeste. O Maranhão, porém, disputa com Alagoas o troféu de pior em tudo. Vejamos.

Feudo dos Sarney, o “rico” Maranhão tem a pior renda per capita (R$ 360) da Federação. Depois vêm Piauí e a onipresente Alagoas.

O efeito óbvio é no IDH estadual, que mede o desenvolvimento humano e o bem estar das pessoas. Aí, Alagoas “vence” e fica em último. Maranhão, em penúltimo.

Em número de miseráveis, Maranhão e Alagoas se alternam no primeiro e no segundo lugar. Pelo PNUD, a taxa de pobreza extrema no Maranhão é de 22,5%.

Saneamento e educação: 96% das casas do Maranhão não têm saneamento decente e quase um quinto dos maranhenses acima de 15 anos não sabem ler nem escrever.

E o desastre nos testes de aprendizado? Pelo Pisa, programa internacional de avaliação de estudantes, o Maranhão ficou em penúltimo em leitura, matemática e ciências, as três áreas consideradas, e só não tirou o troféu de pior do país porque foi “vencido” por Alagoas.

Não custa lembrar que educação e desempenho escolar apontam para o futuro. Ou seja: ruim está, melhor nenhum dos dois vai ficar.

Há uma diferença, entretanto, entre os lanterninhas brasileiros. Alagoas, hoje governado pelo ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB Teotonio Vilela, é vítima de oligarquias que fatiaram aquele lindo Estado e vêm-se alternando no poder desde sempre. Já o Maranhão é propriedade de uma única família há meio século.

Sarney carimbou seu nome em escolas, hospitais, vilas e avenidas, mas isso é só ilustração. O pior foi eleger testas de ferro para o governo: seu médico particular, seu carregador de malas… Todos comem lagosta e caviar. O Estado virou isso.

Governo Roseana Sarney faz licitação para comprar 80 kg de lagosta

Noticia divulgada pela Folha de São Paulo indica ainda que gastos com alimentos para o Palácio dos Leões e casa de praia usada pela governadora são estimados em R$ 1 milhão

Do Maranhão da Gente

lagostaEm entrevista concedida ao jornal O Estado do Maranhão, de propriedade da sua família, a governadora Roseana Sarney disse que o estado é pobre e não tem condições de ficar custeando a construção de presídios, porém no item alimentação palaciana, a preocupação com os gastos não atinge o mesmo nível.

Na coluna de hoje o jornal Folha de São Paulo revela que o governo do Estado esta realizando uma licitação para comorar 80 kg de lagostas e outras iguarias que devem abastecer tanto a residência oficial quanto a casa de praia da governadora.

A lista inclui ainda uma tonelada e meia de camarão e 750 kg de patinha de carangueijo, duas toneladas de peixe e mais cinco toneladas de carne bovina e suína. 50 caixas de bombons e trinta pacotes de biscoitos champagne,

A previsão dos gastos com estas iguarias, no melhor estilo “ caviar”, as quais a maioria da população maranhense nunca viu nem conhece ou só ouve falar, como dizem os versos de uma canção de Zeca Pagodinho são estimados em R$ 1 milhão.

E o primeiro pregão destinado a aquisição de todo este suprimento destinado a abastecer a rica dispensa da residência oficial da governadora está agendado para amanhã com o valor de R$ 617 mil.