ROMANCEANDO O FRACASSO

José Reinaldo Tavares

Foi de uma ridiculez ímpar a entrevista de Roseana Sarney ao final da sua tresloucada viagem aos Estados Unidos como convidada pela presidente Dilma. Juntou os jornalistas que emprega em sua empresa, e deitou a falar abobrinhas. Não tinha mesmo nada a dizer depois da sua desastrada participação na viagem e se dispõe a fazer romance de quinta categoria, cheio de ‘clichês’. Só mesmo falando para seus empregados poderia dizer tanta bobagem sem ser contestada.

A viagem começou de maneira inexplicável para todos. Certamente para ela não, pois esnobou o avião presidencial e a companhia da presidente, onde teria tempo para conseguir o apoio federal para algum projeto de interesse do estado como o combate à pobreza, educação, refinaria, duplicação da BR-135, reconstrução do aeroporto, enfim, qualquer um, se isso tivesse importância para ela.

Mas para surpresa geral, ela embarcou dia 4 de Abril, 5 dias antes de Dilma, e não foi para Washington, sede do Banco Mundial, e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, aproveitando para discutir projetos de interesse do estado com essas entidades importantes. Mas isso é trabalho e ela preferiu se divertir. E foi para a capital da diversão, Miami, de onde sumiu e só apareceu no dia 9 em Washington. Além de Miami, há outras cidades inteiramente dedicadas à diversão, como New Orleans, Las Vegas, Lake Tahoe e outras, que são certamente paraísos para quem quer apenas se divertir. Será que Roseana foi a algum desses lugares? Ninguém sabe, pois ela sumiu e não fala desses dias.

Ceará, Pernambuco e Bahia am contratos da ordem de 500 milhões de dólares com o Banco Mundial e outros 2 bilhões de dólares foram divididos entre 5 estados. Apenas uma unidade da federação nada levou: o Maranhão. Sabem por quê? Porque quando o presidente do Banco Mundial esteve em Fortaleza, no Ceará, em reunião com todos os estados do Nordeste para receber os projetos de combate à pobreza, o único estado da região que não enviou representante e tampouco apresentou projetos foi o Maranhão. Roseana afirmava que o nosso estado não tinha pobreza absoluta e portanto não se apresentou.

Essa era a única participação dos governadores na agenda de viagem e daí para frente, em sede de justificativa do deslocamento, seu jornal começou a divulgar que Roseana discorreu para Dilma e empresários sobre educação e teve participação ativa na viagem presidencial. O único jornal que se referiu a Roseana foi o dela. Nos jornais do sudeste nenhuma linha foi escrita sobre a presença da governadora em qualquer lugar.

Então podemos parar e refletir: o que Roseana falaria sobre educação? Que exemplos teria para dar? Afinal, ela terminou dois anos de mandato deixando 157 municípios sem ensino médio e agora se notabiliza por fechar outras. Ou seriam os “notáveis” resultados de Enem e do Saeb? É muito difícil imaginar o que ela poderia dizer…

Com efeito, ela chegou e deu essa formidável entrevista aos seus jornalistas e foram de arrepiar as tentativas de mostrar a importância da sua presença na comitiva. Inicialmente disse que a presidente a teria distinguido com uma espécie de quota para o programa de bolsas que o governo federal criou para permitir que alunos brasileiros possam concluir seus cursos nas melhores universidades, como o MIT (Massachussets Institute of Technology) e Havard, ambas de Boston.

Roseana encontrou dois maranhenses e quis tirar proveito disso, falando muito deles, como se ela ou o estado tivessem tido qualquer participação nisso, quando todos sabem que não é assim e depende apenas do mérito individual desses alunos, sem importar o estado de origem, pois eles terão que se submeter aos rigorosos testes dessas universidades para serem itidos.

Depois disse que encontrou um maranhense que é funcionário da prefeitura de Boston e já anunciou que vai fazer um convênio de cooperação técnica com a prefeitura americana para a urbanização de São Luís. Vai ver que ele era o prefeito e ela não sabia. Mas sem ter o que falar, qualquer coisa serve…

Por fim, sem dizer como conseguiu aferir a informação, ela disse que notou nesses cinco dias, em que não diz onde estava, que o povo americano estava descontente com o presidente Obama e que o candidato do partido republicano levaria vantagem nessa disputa. Ela não esteve com Obama, mas se estivesse com ele, certamente que o presidente americano, sabendo da história de Roseana, ficaria tentado a aprender um pouco com ela a receita para vencer as eleições. Seria natural imaginar que ele perguntasse a ela o que ele deveria fazer para ser reeleito. O diálogo poderia ser mais ou menos assim:

Ela do alto da sua experiência ensinaria: “Primeiro você tem que constituir uma oligarquia e fazer favores a todos os seus membros como empregos para a família e cargos de chefia em repartições de grande orçamento. Depois, fazer uma lei especifica para licitações onde qualquer obra poderia ser entregue a amigos se for considerada de urgência. Além disso, nomear ministros nos tribunais superiores e principalmente montar um sistema de comunicação que só divulgasse notícias favoráveis, desprezando as desfavoráveis. Mas principalmente bater muito nos adversários, inventando motivos, se necessário. O importante é bater neles. E não esquecer: é necessário fechar um grande numero de colégios para que o povo não fique muito sabido. Garanto que se isto for feito é quase impossível perder eleições.”

Obama certamente enfartaria com uma conversa dessas.

Fechando o assunto, ela agora fala que vai buscar emprestado R$ 500 milhões de reais para combater a pobreza. Disse que já tem um estudo do IPEA que diz que o foco e causas da pobreza estão nos plantadores de mandioca e nos plantadores de arroz.

Não deve ter entendido que o problema maior é a péssima educação no meio rural e o abandono dos pequenos agricultores, deixados sem nenhum apoio ou assistência técnica. E tudo isso foi agravado em seus governos anteriores, quando ela acabou com a Secretaria de Agricultura e quase liquidou o estado. Para tirar da pobreza é preciso melhorar as condições de vida no meio rural, disponibilizando água tratada, esgoto sanitário, o a assistência de saúde, boa educação e assistência à produção. Não é problema da mandioca ou do arroz e sim da penúria e abandono em que vivem.

E para concluir, um arinho me contou que recente pesquisa qualitativa realizada no estado mostra que a rejeição a Roseana ultraa a sua aprovação; que Flávio Dino está 30% acima do segundo colocado para governador; e que a população pensa o seguinte: querem Lula distante de Sarney; negam-se a permitir que a oligarquia dirija a prefeitura da capital e o governo simultaneamente; quer o fim da oligarquia Sarney e afirma que qualquer político que represente a continuidade dessa oligarquia não terá seu voto.

O povo sabe o que quer!

QUE SERÁ, QUE SERÁ

Do Blog do Zé Reinaldo Tavares

Da música de Chico Buarque de Holanda:” O que não tem governo, nem nunca terá, porque não tem juízo…”
Sinceramente, a governadora Roseana Sarney parece que não está se importando com o que acontece no Maranhão e com a população maranhense nesse momento.

Nosso estado regride a olhos vistos, a infraestrutura estadual se acaba e a governadora pega o avião e sai de férias, vai bater papo com Chaves na Venezuela como se nada tivesse importância.  A população sofre sem estação de ageiros no aeroporto por um tempo interminável e a recuperação segue devagar para desespero dos funcionários dedicados das empresas aéreas e da Infraero obrigados a ar o desconforto e o stress todos os dias. E ninguém se arrisca a dizer quando tudo isso vai se normalizar.

Sem aeroporto, que virou motivo de piadas entre os ageiros, principalmente os visitantes, a impressão de quem chega ao Maranhão é de quem esta chegando a um país africano, dos mais atrasados. Um prejuízo enorme para todos. E o que faz a governadora? Nada! Primeiro porque ela ali não pisa desde anos atrás. No hangar em que ela pega seu avião está tudo em ordem. Ela não se dignou em momento nenhum a ali fazer uma visita de inspeção, coisa que só faria se estivesse interessada em resolver. Tudo indica que não está.

Se não temos aeroporto, tampouco temos estrada. O o a São Luís pela BR-135 virou um grande problema e um enorme risco para quem precisa sair ou chegar à ilha. É raro o dia sem acidentes ali, quase sempre com vítimas fatais. O governo federal desde o ano ado autorizou a tão sonhada duplicação, mas premido pelo enorme poder político da oligarquia, fez o que não devia e delegou aos órgãos no estado a execução do projeto da obra. O estado queria, além disso, a delegação para execução da construção e pavimentação da estrada, ficando com o DNIT a obrigação de rear os recursos. Mas com tudo o que aconteceu no Ministério dos Transportes, o TCU entrou em ação e constatou que no edital estava embutido um sobrepreço de dezenas de milhões de reais e comunicou ao Ministério dos Transportes. Ali, quem havia assumido era um homem muito sério e de absoluta confiança da presidente Dilma, que, alertado e tomando conhecimento da enorme lambança embutida no edital, não teve alternativa senão anulá-lo, certamente com o conhecimento da Presidência da República. Ele não tinha alternativa. Aqui o choro foi grande, mas as coisas estão diferentes no governo federal.

Assim a lambança custa, mais uma vez, muito caro à população que sonha com a duplicação. Roseana certamente estava informada de tudo, acredito, e recebeu o ministro protocolarmente apenas para mostrar seu empenho em governar…
Mas o fracasso governamental se estende para todos os lados. Para agradar o pessoal da Ponta da Areia, e lógico, os construtores – Jorge Murad, o marido, construiu no mínimo dois prédios no local –  resolveu realizar um projeto antigo, do prefeito Tadeu Palácio, sem se dar ao trabalho de verificar se as premissas daquele projeto continuavam válidas nos dias de hoje. Sim, porque com a construção da barragem do Bacanga, o aterro do Bacanga, e as intervenções quase rotineiras no Porto do Itaqui, as correntes na baía de São Marcos sofrem grande influência que lhes altera profundamente. Basta ver que os pilares da ponte José Sarney estão cobertas de lama e os canais que avam ali só existem na maré cheia. Há poucos dias uma senhora caiu da ponte e mesmo com a maré seca, ela nada sofreu, pois sua queda foi amortecida pela lama, e em que pese a grande altura da queda, a lama que continua a aumentar no local, amorteceu e acolheu a sua queda. A croa, um banco de areia que surgia na maré vazante e que servia de campo de peladas para a diversão de muitos ludovicenses, hoje não existe mais. É só lama.

Assim, sem cuidado nenhum, ela faz uma licitação, vencida, naturalmente, por um amigo e gastou R$ 18 milhões na construção acelerada do Espigão da Ponta da Areia. E, é claro, fez tanta publicidade do tal quebra-mar, que os críticos, sabendo que a parte maior dessa publicidade é destinada a TV Mirante, que é dela mesmo, brincam que ela gastou R$ 18 milhões na construção e R$ 40 milhões na propaganda. Vá lá saber se é verdade…

Verdade mesmo é que, conforme extensas reportagens do Jornal Pequeno, que ouviu os barraqueiros e moradores, o espigão não funciona e não impede a erosão das praias do local, que continua a aumentar. É no mínimo irresponsável o governo que nem se abala para explicar o que está acontecendo. O espigão que mandei construir em São José de Ribamar para acabar com a erosão que derrubava as barreiras, lançando ao chão casas inteiras, foi um sucesso, mas tudo ali foi estudado em modelo reduzido efetuado pela Portobras.

É, e como se não bastasse, a ação deletéria do governo se estende a todos os setores. Os CETECMAS estão fechados há quase um ano e cerca de 600 técnicos e funcionários que trabalhavam nesses centros há mais de nove anos foram postos para fora sem nada receberem, pois hoje estão todos fechados. Um absurdo que só um governo sem compromisso com nada, nem com os direitos dos funcionários, é capaz de perpetrar.

Os emblemáticos 72 hospitais que ela prometeu inaugurar no final de 2010 e até hoje inacabados só serviram mesmo para fazer dispensas de licitação de centenas de milhões de reais e fazer a festa de empreiteiros amigos. Em compensação, Roseana fechou quase todos os que funcionavam, sobrecarregando os Socorrões da Prefeitura de São Luís. Um primor de descaso, incompetência e má-fé.

Das promessas de campanha nada foi feito. Nada de refinaria, nem gás, nem celulose. Nada de Via Monumental ou Ponte do Quarto Centenário. E agora, para culminar a completa balbúrdia do governo, sem se importar com a extrema gravidade do quadro caótico de insegurança no Maranhão, e depois da briga sem sentido com os delegados, a governadora agora parece querer desmerecer a Polícia Militar, sempre ordeira e dotada de oficiais e praças bem formados, negando-lhes qualquer atendimento à justíssimas reivindicações da corporação. Nem sequer dialoga com os militares. O clima está pesado e quem sofrerá mais uma vez será a desprotegida população do estado.

E assim os índices de criminalidade atingem números alarmantes, a população está apavorada e a governadora continua ausente.

O governo atual do Maranhão é um fracasso em tudo.