Abraço do dia

Do Jornal Pequeno

O nosso abraço desta terça-feira vai para o artista plástico Fransoufer, que comemora 40 anos de carreira, na Galeria Trapiche Santo Ângelo, com a exposição “De São Francisco a Corisco, de Lampião a Plutão”. O novo trabalho do artista transita pelas culturas universal e popular, contemplando personagens reais e mitológicos através de um eio atemporal. A mostra fica em cartaz e aberta gratuitamente à visitação pública até o dia 29 de junho, das 14h às 19h.

Galeria Trapiche comemora 40 anos da arte de Fransoufer

“De São Francisco a Corisco, de Lampião a Plutão”, vernissage acontece nesta sexta-feira, às 19h.

“De São Francisco a Corisco, de Lampião a Plutão”, vernissage acontece nesta sexta-feira, às 19h.

Para comemorar 40 anos de carreira do artista plástico Fransoufer, a Galeria Trapiche Santo Ângelo recebe, nesta sexta-feira (14), a exposição “De São Francisco a Corisco, de Lampião a Plutão”, com um coquetel de abertura às 19 horas. A mostra reúne 35 obras de temática variada, com telas de dimensões de 1,60m x 1,60m, na técnica acrílico sobre tela.

O novo trabalho do artista transita pelas culturas universal e popular, contemplando personagens reais e mitológicos através de um eio atemporal solidificado nas pinceladas de cores fortes, estilo peculiar do artista. A inspiração de Fransoufer para a nova exposição veio de leituras e do sincretismo religioso, e o período tem pertinência com a época junina, uma vez que os trabalhos retratam símbolos da cultura popular maranhense, e vão além, permeando temas como a religião e a mitologia grega.

“Não me prendi ao regionalismo. Busquei temas com os quais me identifico, como a mitologia grega, os santos e também elementos da nossa cultura popular”, justifica o artista.

A mostra permanece em cartaz e aberta gratuitamente à visitação pública até o dia 29 de junho, das 14h às 19h. A Galeria Trapiche fica localizada na Avenida Vitorino Freire, s/n, Praia Grande (em frente ao Circo Cultural Nelson Brito). A Galeria é um equipamento cultural vinculado à Fundação Municipal de Cultura (Func).

40 anos dedicados às artes

Fransoufer é o nome artístico de Francisco Sousa Ferreira, que nasceu no povoado de Mojó, em Bequimão, mas que logo veio para São Luís, para dar início aos estudos. E, foi nesta oportunidade que o artista teve seu primeiro contato com as artes. Logo cedo começou a utilizar a matéria-prima nativa para a composição de suas obras. Iniciando-se com pinturas de cunho surrealista, sucedidas por imagens inspiradas no folclore timbira, lembranças de seus tempos de menino, Fransoufer foi construindo um universo plástico de grande envergadura ao longo destes quarenta anos dedicados às artes plásticas.

Inquieto, Fransoufer se transferiu para Brasília em busca de novos ares e de aperfeiçoamento estilístico. Ali e em Goiânia, participou de exposições coletivas e realizou as suas primeiras exposições individuais. Em 1977, de retorno ao Maranhão, Fransoufer entrou em contato com Nagy Lajos, pintor húngaro que muito o influenciou, ajudando-o a se livrar das amarras de um estilo ainda acadêmico. Sua temática, contudo, manteve-se fiel ao retratar de forma figurativa o ambiente regional no qual nasceu. O artista pintava violeiros, boizinhos, vaqueiros, pregoeiros diversos, empinadores de papagaio, dentre outros temas.

Na década de 80, Fransoufer enveredou pelas colagens, feitas com chitas coloridas, e visitou o figurativo, no qual expunha na tela cachos de juçaras, babaçus e tucuns. Dono de uma carreira promissora, o artista manteve nesse período ateliês em Brasília e em São Luís, expondo a sua arte em Belém, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Cuiabá, e Imperatriz, além de Brasília e Goiânia. A partir desse momento, começou a sua fixação por um santo, São Francisco. Dessa forma, produz dezenas de telas nas quais retrata o santo de Assis na Baixada Maranhense, sempre em defesa dos animais ameaçados pela degradação ambiental, numa clara alusão às suas preocupações ecológicas. Nas telas, eiam jaçanãs, japiaçocas, socós e caramujos, fauna que, na tela, lembra a temática trabalhada pelo poeta Manoel de Barros.

Nas pinturas, as figuras humanas vão adquirindo o traço peculiar do artista, no qual se vislumbram os olhos oblíquos, que exprimem várias emoções de acordo com a forma como estão pintados no rosto, o nariz é reduzido a um simples traço e o estilo de Fransoufer, desde então, se torna inconfundível. Maduro, dono de uma obra sólida, a partir do início da década de 90 visita a Europa e frequenta inúmeros museus (Prado, Louvre), e trava contato com a raivosa obra escultórica de Pablo Picasso. De volta ao Brasil, Fransoufer trabalha no atelier de cerâmica da escultora Mônica Kuhner, e desde então nasceu nele o ceramista.

Nessa época, retornou a Bequimão e montou na sua terra uma oficina, agregando jovens do município, dando origem ao grupo Cerâmica Jaburu, que rendeu várias exposições nas quais as obras daí advindas foram comercializadas. Pesquisador constante, Fransoufer mergulhou recentemente no universo da mitologia greco-romana, daí nascendo em suas pinturas faunos, ninfas, harpias, sátiros, e as famosas Helenas, clara alusão à Helena de Tróia.

Serviço

Evento: Coquetel de lançamento da exposição: “De São Francisco a Corisco; de Hades a Lampião”

Dia: 14 de junho

Hora: 19 horas.

Local: Galeria Trapiche Santo Ângelo (Av. Vitorino Freire, s/n, Praia Grande, em frente ao Circo Cultural Nelson Brito)

Entrada Franca

Religião na arte de Fransoufer

Fransoufer abre hoje, na Galeria Maggiorasca, a exposição Santosacro, em cartaz até o dia 8 de janeiro; mostra é uma retrospectiva da carreira

Carla Melo
Do Alternativo / O Estado do Maranhão

imgBinaryUma retrospectiva da carreira do artista plástico Fransoufer por meio de suas pinturas é o mote da exposição Santosacro, que ele inaugura hoje, às 19h30, na Galeria Maggiorasca (Av.Litorânea). A mostra fica em cartaz até o dia 8 de janeiro.

São 30 quadros provenientes do acervo pessoal de Fransoufer que narram a trajetória do artista desde a década de 1970, quando iniciou sua carreira com o estilo figurativismo regional ao qual se mantém fiel até hoje. As telas foram selecionadas pelo artista, que tem em sua casa um acervo de quase 400 quadros. “Sou organizado com minhas coisas e costumo guardar todos os quadros que não vendo, construindo, assim, um acervo pessoal que dá uma mostra de minha carreira”, diz Fransoufer.

Para que o expectador possa ter uma amostra dos 40 anos de trabalho do artista, a exposição reúne telas como Mudanças, pintada em 1974. O quadro, em óleo sobre tela, remete ao início da carreira do pintor, que também é escultor. “Esta tela é uma das primeiras pinturas que expus”, relembra Fransoufer.

Desta mesma década está a tela São Francisco, também em óleo sobre tela, datada de 1978. O santo, aliás, é constantemente retratado pelo artista, que o caracteriza com contornos mais nordestinos, ora salvando os animais em extinção, ameaçados pelas queimadas, levados pelas enchentes, ora protegendo-os da sanha dos caçadores. “Antes de nascer, minha mãe pediu a São Francisco um parto tranquilo e se o filho viesse com saúde, colocaria em mim o seu nome. E assim foi feito”, relembra o pintor, justificando sua devoção franciscana.

Dos anos 1980, destaque para a obra São Gonçalo e o bumba meu boi, de 1982, cuja técnica é colagem e óleo sobre tela. “Alguns de meus trabalhos são feitos em técnica mista, mas a maioria das telas dessa exposição é feita em óleo sobre tela”, diz Fransoufer.

Com mais de 100 exposições individuais no currículo, o artista começou a carreira aos 15 anos, quando fez a primeira mostra em São Luís. Desde então, o trabalho foi sendo aprimorado e hoje Fransoufer considera que seu trabalho atingiu o amadurecimento. “Tenho um estilo próprio, mas não estagnei, fui evoluindo meu trabalho de forma muito natural, como acontece com a maioria dos artistas”, acredita o pintor.

Durante a sua trajetória, o maranhense eia com desenvoltura por duas principais temáticas que estão presentes não só em suas telas, mas também nas esculturas. Trata-se da cultura popular e da religiosidade. Esta última foi a escolhida para compor esta exposição pelo fato da proximidade com o Natal.

Trajetória – Fransoufer nasceu Francisco Sousa Ferreira, no município de Bequimão, Baixada Maranhense. Morou em Brasília, onde se tornou amigo do pintor Jô Campos, que o orientou na busca por um estilo diferente, mais compreensível e aceitável pelos seus conterrâneos, que ele acreditava serem potenciais compradores.

Cenas do folclore maranhense que povoam as recordações da infância vivida no interior, bem como o catolicismo popular que ganhava forma em meio às ladainhas e procissões, tomam forma pelas mãos do artista que faz questão de manter os laços que o une a sua gente. “Tudo isso faz parte de minha vida e desde pequeno traduzo isso por meio da arte”, comenta Fransoufer, relembrando que as primeiras exposições foram mostras coletivas ao lado de outros jovens artistas.

Ainda na década de 1970, de volta ao Maranhão, conheceu o pintor húngaro Nagy Lajos, “que influenciaria decisivamente sua carreira, ensinando-lhe o manusear do pincel e da espátula, a dosar as cores, a usar a luz, a desvencilhá-lo das formas anatômicas, atreladas ao estilo clássico e libertá-lo das amarras das escolas, seguidas pela maioria dos colegas maranhenses, adotando um estilo próprio por meio do qual pudesse melhor expressar-se”, escreve, em texto sobre o artista publicado em 2011, pela escritora Moema de Castro Alvim.

Temas como procissões de romeiros, casamentos na roça, violeiros, vendedores de pamonha e figuras ligadas ao universo do bumba meu boi são comuns em sua obra, que apresenta cores fortes a exemplo do azul, vermelho e dourado. Cidades como Brasília, Goiânia, Cuiabá, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Belém, Teresina e Imperatriz já receberam exposições de Fransoufer.