Carta dos Policiais Militares aos Quilombolas, Indígenas e Sem-Terra do Maranhão: a luta por dignidade nos faz irmãos!

Do Blog Diário de Luta

Carta aberta à população brasileira

Hoje, quando a nossa categoria está em greve em todo o Maranhão, está chegando a São Luís grupos de quilombolas e de lavradores sem terra. Eles, que após sucessivos acampamentos, vem novamente à nossa capital, desta vez para tratar com o presidente nacional do INCRA.

Sabemos que, historicamente, a relação entre a Polícia Militar e as organizações populares em nosso país não é boa. Porém, neste momento importante da história, onde lutamos por dignidade e melhores condições de trabalho, achamos oportuno falar desta outra luta, travada pelos homens e mulheres do campo.

Primeiro, temos que lamentar pela violência, oriunda dos conflitos de terra. Infelizmente ela acontece e nós, ao longo do tempo, tivemos nossa parcela de responsabilidade neste problema. itimos os nossos excessos e, agora, pedimos desculpas por eles.

Por outro lado, agora, quando grande parte da sociedade maranhense está sendo solidária conosco, queremos também deixar clara a nossa solidariedade com a luta dos quilombolas, dos índios, dos sem terra! Somos o mesmo povo, vítimas da mesma opressão, da mesma exploração que se alastras pelos quatro cantos do Maranhão!

É importante, antes de tudo, reconhecer que nós somos todos irmãos!

Hoje, nós estamos acampados na Assembléia Legislativa, querendo condições de trabalho para sustentar nossas famílias, enquanto eles querendo a terra, também para comer e sustentar os seus filhos. É nosso desejo que – nesta circunstância absolutamente atípica – se possa tentar inaugurar um novo momento entre os servidores públicos militares do Maranhão e as organizações sociais do campo e da cidade.

Achamos importante dar este  exemplo para o Brasil, mostrando o verdadeiro valor do nosso povo, a grandeza da nossa gente e gritando bem alto que hoje, no Maranhão, não se consente mais esperar!

São Luís, 29 de novembro de 2011
Associação dos Servidores Públicos Militares do Maranhão

CAMPONESES ASSENTADOS, QUILOMBOLAS E POVOS E INDÍGENAS DO MARANHÃO SÃO DESRESPEITADOS PELO GOVERNO FEDERAL

Do www.viasdefato.jor.br

Por ocasião da última ocupação da sede do INCRA – MA, dos dias 25 de agosto a 01 de setembro deste ano, o presidente do INCRA Nacional, Celso Lacerda, assumiu o compromisso de vir ao Maranhão hoje, dia 30 de setembro, para apresentar um plano de trabalho do órgão no estado.

Infelizmente, na noite de ontem, dia 29 de setembro, segundo o superintendente do órgão no estado José Inácio Sodré Rodrigues, o presidente do INCRA Nacional informou que não viria a audiência no Maranhão, com nós assentados, acampados, quilombolas, indígenas.

Essa atitude do governo federal demonstra seu descaso com a política agrária, com a titulação e a garantia do direito das famílias que atualmente ocupam os territórios de povos indígenas. O fato é, também, mais uma demonstração de submissão deste mesmo governo federal, ao autoritarismo e desmandos da máfia do Sarney, o velho oligarca, recentemente vaiado durante o festival de rock, no Rio de Janeiro.

Como foi dito hoje pela manhã no auditório do INCRA, toda esta situação é uma molecagem e um profundo desrespeito com todos nós por inúmeras pessoas que saíram de suas casas, para um encontro marcado há um mês.  O que também é grave é o fato do superintendente do INCRA, José Inácio, dizer, em alto e bom som, diante de um auditório lotado, que o Maranhão “é discriminado pelo governo federal”. Enquanto o INCRA não se entende (permanecendo sob a pressão da oligarquia local) o povo segue sendo assassinado em diferentes regiões do Maranhão.

Moquibom
MST
Indígenas