DANOS MORAIS

Por José Reinaldo Tavares

O prejuízo é imenso para todos os maranhenses. Hoje a palavra ‘Maranhão’, em qualquer parte do mundo está associada à barbárie, ao primitivismo, à pobreza, ao atraso, à incompetência, às oligarquias e à corrupção.

A situação que vivemos aqui, antes de conhecimento apenas local, hoje é de conhecimento mundial. De modos que o que acontece aqui nas cadeias e fora delas sem nenhum controle espantou e revoltou a ONU, a OEA, a Organização dos Direitos Humanos e (por que não dizer?) a população mundial.

É óbvio que isto mancha e turva a própria imagem do Brasil, que tanto se esforça para ser reconhecido como um dos mais importantes do mundo e que persegue o reconhecimento de ser nomeado Membro Permanente do Conselho de Segurança da ONU. Temo que agora isso se transforme em apenas mais um sonho, afastado pela realidade do que se a no Maranhão e pela crueza de imagens terríveis que descrevem o que acontece há mais de dois anos nas cadeias maranhenses, sob a vista grossa dos oligarcas que dominam o estado há tanto tempo.

A presidente Dilma sabe e sofre com isso, algo que sem dúvidas deve deixá-la revoltada com tanta incúria e incompetência, mas que absurdas conveniências políticas a manietam e a impedem de explodir em cólera contra os atuais mandatários do Maranhão. E o pior é que ela sabe o quanto ganharia no eleitorado brasileiro, se jogasse fora as conveniências políticas e eleitorais e se declarasse enojada com o que acontece aqui. Se assim agisse, cresceria muito mais no conceito dos brasileiros. Mas a amizade do ex-presidente Lula com o senador José Sarney a segura.

Contudo, a revolta é tão grande que a Ministra dos Direitos Humanos, não se conteve e condenou severamente o governo estadual, recomendando que Roseana Sarney agisse como governadora e não ficasse tentando se esquivar de sua responsabilidade, jogando a culpa no governo federal, na justiça, nos bandidos, no ex-secretário de Justiça. Aqui para nós, só faltaram figurar na lista o Sampaio Correia e o Papa. Todos culpados, menos ela.

E a nossa imagem perante o mundo? Imaginem um jovem querendo fazer intercâmbio ou tentar uma vaga em universidade estrangeira ou um emprego e sendo olhado de esguelha ao dizer que é do Maranhão. Não sou advogado, sou engenheiro, mas esse prejuízo à imagem dos maranhenses, mesmo dentro do país, me pergunto, não configuraria o que é tipificado como ível de gerar danos morais? Já pensaram se pudéssemos fazer essa extrapolação? Seriam milhares de ações cobrando indenização pelos prejuízos causados a imagem da população do Maranhão… Não seria justo?

Digam-me qual o maranhense que não está muito prejudicado em sua imagem pela irresponsabilidade de Roseana Sarney?

Não bastasse isso, é de dar pena a insólita argumentação da governadora, ao querer explicar à sua maneira o descalabro que é o seu governo. Até o ministro da Justiça, Luiz Eduardo Cardoso, demonstra isso ao escutar uma intervenção dela em uma pergunta dirigida por uma repórter a ele.

E o pior é que, tentando justificar as mortes e a violência reinante no estado, Roseana tenta convencer a todos de que nunca tem responsabilidade sobre nada. Sem preparo ou competência, ela acaba por dizer sandices, mas desta vez foi demais. A governadora ofereceu uma resposta tão inverossímil que serviu apenas de galhofa em todo o país. E, claro, de mais desmoralização. Ela atribuiu a onda de violência e a barbárie dentro e fora dos presídios do estado à grande riqueza que o estado agora experimentava no seu governo e ao consequente aumento populacional por esse fato motivado.

Será que surtou com o estresse? Que resposta mais maluca foi essa! Na realidade que ela parece não viver mais o estado está cada vez mais pobre e com indicadores sociais (todos eles!) ficando piores a cada ano. Nenhum melhorou. Esse tipo de conversa só serve de atestado de indigência mental para todos os maranhenses que a têm como governadora. Hoje nem vou repetir esses indicadores aqui…

E aquela ridícula entrevista em sua TV, dizendo que está indignada, quando o seu semblante mostrava tudo menos indignação? Indignada mesmo Roseana? Ficou chocada com o quê? Como é que pode ter sido surpreendida, se o fato vem se repetindo ha anos, desde 2011, sem a menor reação, sem providência nenhuma para evitar a repetição?
Isso é mais do que uma evidência da alienação da governadora e sua equipe próxima, que pouco se importam com nada e creem que a atuação do sistema de comunicação próprio seria suficiente para abafar o problema e evitar a responsabilização da ilustre governadora.

O processo de deterioração da autoridade governamental é tão sério que Roseana está sendo comparada a Maria Antonieta, rainha sa que morreu decapitada e que ficou famosa por uma frase (que hoje se sabe que não a proferiu) em que dizia à população que se não tivesse pão, que comessem brioches.

Não poderia ser diferente, já que, diante do caos em que o estado encontra-se envolvido, vem à tona uma inoportuna licitação com o objetivo de adquirir lagostas, caviar e champanhe, entre outros itens para a mesa do palácio. A pilhéria então é tão grande que se comenta até mesmo sobre a frase real a ser modificada pela governadora. Seria assim: “se não têm água, que bebam champanhe!

Perdeu a noção!

Continuando os bordões, poderíamos citar o famoso e bem sucedido filme brasileiro Tropa de Elite, estrelado por Wagner Moura no papel do Capitão Nascimento, um oficial duro e honesto que, quando testava novos soldados para integrar o BOPE e os considerava inadequados para essa difícil função, interpelava o pretendente e dizia : “pede para sair, pede para sair!”

Pede para sair, Roseana!

E para terminar: Só temos aqui 4.663 presos. Uma das menores populações carcerárias do país. Mas tivemos 60 mortes em presídios estaduais em 2013. Isto compreende quase um terço de todas as mortes ocorridas no país em 2013 nos presídios. O segundo estado em mortes é o Ceará, com 32, contudo o estado possui 19.392 presos. São Paulo vem em terceiro com 22 mortes, mas com uma população carcerária de 210.677 presos. Pernambuco, por fim, tem 10 mortes para 29.704 presos. Eis alguns dados estatísticos que nos ajudam a formular uma ideia mais concreta sobre o completo descontrole do Maranhão neste e em muitos outros setores…

Não há explicação, Roseana. Aliás, há.

Trata-se de incompetência e falta de trabalho.

O que festeja Roseana Sarney?

Por José Reinaldo Tavares

É claro que natal e ano novo são datas festivas, a primeira é uma comemoração religiosa, o nascimento de Jesus, uma comemoração para se ar em família em clima ameno e festivo de confraternização. O Ano Novo é uma data marcante, que celebra a esperança de um novo ciclo melhor para todos, comemorada em bailes e festas com grande número de pessoas. É uma alegria geral, em todo o mundo.

Portanto, como disse acima, são datas festivas, próprias para celebrações. E vejo pelos jornais a comemoração da governadora Roseana Sarney, na Casa de São Marcos, com políticos aliados, secretários e amigos. Até aí nada demais. É uma tradição. É normal.

No entanto, leio também nos blogs da família que “A governadora Roseana Sarney vive um dos melhores finais de ano dos últimos tempos. E demonstra isso no dia a dia pessoal e do governo. Seu estado de espírito é mais leve, brilhante”. Isso é ótimo! É sempre bom esse sentimento, quando motivado pela sua vida pessoal, familiar. Mas não deve ser pelo governo que faz… Imagino que nem ela está satisfeita com o seu governo e a situação de decadência total pela qual a o estado – pior, ou quase pior, em todos os indicadores sociais.

Seria possível pensar assim, só se ela desconhecesse completamente a realidade em que vive a população maranhense e acreditasse e lesse apenas os seus jornais e blogs. Mas será que desconhece que a imensa maioria da população, mesmo na capital, não tem água em suas casas? Que a ilha está toda poluída, o que já acontece com as praias, já que no estado a carência de saneamento básico e tratamento adequado de efluentes sanitários são realidades pungentes?  Que educação pública oferece um ensino de matemática e ciências classificado como os piores do planeta? Que não temos ensino técnico ou profissional e que, se qualquer empresa ou indústria de grande porte vier para cá, terão que importar todos os técnicos de fora?

Que a saúde é o pior problema que a população enfrenta, dito por eles mesmos em pesquisa do IBOPE? Que a violência não livra lugar nenhum e que presos são degolados todos os dias, sem reação e tampouco providências do governo? Que temos, no país,  o pior o à justiça e a maior quantidade de casas inadequadas? Que as estradas recém-construídas já estão esburacadas antes mesmo da inauguração?   Que o Piauí, um estado “teoricamente” muito mais pobre do que o Maranhão, em dois anos no exame do PISA, ou de 21° para 11° lugar entre os estados brasileiros, com ensino de nível de qualidade comparado ao da Argentina?

Que a Organização dos Estados Americanos (OEA) abriu processo contra o Brasil por causa da mortandade nas cadeias istradas pelo governo do Maranhão? Que o Ministério Público Federal deu 15 dias para a governadora explicar o que acontece e quais as providências que está tomando para acabar com a matança?

Infelizmente, podem ter certeza, nem a OEA e nem o Ministério Público Federal vão conseguir fazer com que esse governo trabalhe…

Portanto, estimados amigos,  Roseana Sarney deve estar muito feliz e contente com a sua vida privada, porque o seu governo não dá a ela esses motivos. Nem a ela e nem a nenhum maranhense.

Para concluir, desejo boas festas a todos os meus amigos e a todos os meus queridos leitores que estiveram comigo todas as terças-feiras aqui no Jornal Pequeno. Que prevaleçam momentos amenos e bons sentimentos.

E que, esperançosos, torçamos por um 2014 que nos traga a mudança que o povo do Maranhão tão urgentemente necessita e quer.

Um forte e fraterno abraço.

CHAMEM OS CHINESES!

Por José Reinaldo Tavares

A governadora Roseana Sarney parece ter uma fixação por chineses. Na hora em que a realidade se sobrepõem ao virtual, ela apela para os chineses.

Sem saber o que dizer sobre a refinaria, que nunca foi um projeto da Petrobras, ela declarou que irá em busca dos chineses, para que eles invistam no empreendimento e salvem o que foi apenas um factoide político para reelegê-la governadora em 2010. E ela, que nunca deu bola para a paralização do projeto, que já vem de tempos atrás, agora, desperta do seu torpor, com a chiadeira generalizada por parte daqueles que acreditaram e investiram no projeto e que só acumularam prejuízos e diz que vai buscar investidores no exterior. Pura conversa fiada!

Essa refinaria nunca foi um projeto para valer. Serviu apenas para a sua eleição e dos senadores. E isso foi denunciado à época, mas a mídia de enganação da oligarquia repetia sem parar que ali estava surgindo um outro Maranhão, uma locomotiva de progresso carregada com 400 mil empregos. Um sonho, uma quimera…

E haja cursos de treinamento para a mão de obra que seria empregada no empreendimento, um aporte para uma vida melhor. Pena que era só uma enganação eleitoral.

Sergio Gabrielle, o ex-presidente da Petrobras, um mês antes de vir aqui junto com a comitiva do presidente Lula, composta por ele e mais a então ministra Dilma Rousseff, o ministro Lobão, o senador Sarney, a governadora Roseana e de toda a oligarquia para anunciar a refinaria, respondeu em depoimento na Câmara dos Deputados ao ser inquirido pelo deputado Carlos Brandão sobre a refinaria no Maranhão: com franqueza, informou que o negócio da Petrobras não era refinaria. Era prospectar e extrair petróleo que exigia muitos recursos. E que um projeto de refinaria levava mais de cinco anos para ser feito, inclusive com estudos de viabilidade econômica e financeira. E que não existia esse tipo de projeto em prateleira para o Maranhão, e que fugia das prioridades da empresa. Que no mundo havia capacidade de refino disponível e repetia não era a finalidade da empresa.

Mas o projeto era político e o presidente da Petrobras poucos dias depois fazia parte daquela encenação destinada a eleger Roseana Sarney. Com isso, ela teve 43% dos votos de São Luís, o que lhe ajudou na apertadíssima vitória que teve. Esses votos lhe foram dados pelos que acreditaram no emprego.

Na eleição, o projeto cumpriu a sua finalidade e, portanto, não se viu em nenhum momento qualquer membro da família Sarney reclamar do governo federal por esquecer a refinaria. Como reclamar, se todos sabiam que aquele não era um projeto para valer?

A Petrobras na verdade não tem a menor possibilidade de realizar tal projeto. Ela busca recursos desesperadamente para recuperar sua produção de petróleo, em queda por falta de investimentos para recuperação de seus poços e para a exploração de novos.
Só neste ano a companhia já perdeu R$ 53 bilhões em valor de mercado, o que é mais do que a perda de todo o ano ado, que foi de R$ 36 bilhões. E está reestudando todos os seus projetos.

Não bastasse isso, o líder do governo na Assembleia disse desanimado que esse projeto era um esqueleto desidratado. Ele exagerou, pois em Bacabeira não há esqueleto nenhum, pois nada foi construído, apenas uma terraplanagem interminável está por concluir, e quase parando. Só isto já consumiu três anos.

Agora o que se vê é uma tentativa de colocar a culpa no ministro Lobão, mas é fácil aduzir que as responsabilidades são na verdade da oligarquia e de seus chefes.

Esse negócio de chamar os chineses já deu em grande confusão por aqui. Em 1998, Roseana era governadora, como sempre, e teve mais uma das suas ideias mirabolantes. Resolveu fazer em Bacabeira uma fantástica fabrica de confecções que iria gerar uma quantidade enorme de empregos, mudar a região e para isso acreditou nas mágicas de um chinês muito esperto. A fábrica era localizada quase em frente ao terreno hoje destinado à refinaria. Os futuros empregados am papéis, sem saber o que estavam assinando, e que na verdade eram empréstimos para comprar os equipamentos. O resultado foi lastimável, pois a fábrica só funcionou no dia da inauguração e nunca mais. Ficaram anos com o crédito sujo, vivendo com dificuldades, sem poder ter contas em bancos e o pior: sem emprego nenhum.

Como a inauguração precisava ser badalada, ela conseguiu trazer o então presidente Fernando Henrique Cardoso para fazer parte da pantomina.

Agora, segundo ela, outro chinês virá salvar a refinaria.

Estamos bem entregues.

Educação no Maranhão: a destruição sistemática de gerações

Do Blog do Kenard

Em 2002 José Reinaldo Tavares foi eleito governador do Maranhão, ainda pelo Esquema Sarney. O resto é sabido: veio o rompimento por conta de Roseana Sarney (mesmo eleita senadora, ela ainda queria mandar no governo) e de Fernando Sarney (este ou a usar os meios de comunicação da famiglia para agredir o governador por causa de uma dívida de 700 mil reais de publicidade, que, no entanto, o governador dizia não existir).

Foi aí que José Reinaldo Tavares abriu a caixa-preta do governo. E o conteúdo não era bom de ver, embora boa parte já constasse nas denúncias dos pouquíssimos jornalistas independentes.

Um exemplo grotesco: de 217 municípios maranhenses, somente 57 contavam com ensino médio. Em oito anos de governo Roseana Sarney foram construídas apenas três escolas. Não ira que o Estado amargasse o último lugar nos índices educacionais do país.

Roseana Sarney

O que ninguém sabia até 2002, é que Roseana Sarney pretendia se candidatar a presidente do Brasil. Isso explicaria por que o Governo do Maranhão fechou um contrato milionário com a Rede Globo para ter o direito de usar nas salas de aula o programa tele-ensino. O Esquema Sarney contava que o contrato servisse para blindá-la na Globo. Ledo engano. Veio o escândalo da Lunus (empresa de Roseana Sarney e do marido Jorge Murad, onde a Polícia Federal encontrou uma pilha de notas que somadas avam de 1 milhão de reais, tudo de origem obscura) e a Globo, que já levara a bolada do contrato, tratou de transformar a candidata num picolé, na feliz expressão do jornalista Palmério Dória.

A historinha do contrato com a Globo mostra bem como a educação era vista por Roseana Sarney.

Derrota de Roseana – Em 2006, Roseana Sarney disputou o Governo do Maranhão. Foi derrotada no segundo turno pelo médico Jackson Lago (PDT). Em 2009, o TSE amigo devolveu à filha do coronel o comando do estado. Lago teve o diploma cassado num dos julgamentos mais esdrúxulos da história da mais alta Corte eleitoral.

A derrota de Roseana Sarney em 2006 se transforma em 2009 na derrota da população.

É que o Maranhão havia conquistado, de 2004 (justo quando José Reinaldo Tavares rompe com os Sarney) a 2009 (portanto, até a queda de Jackson Lago) valiosas modificações nos seus índices sociais negativos.

Por exemplo: em encontro promovido pelo Ipea e o Sebrae, o pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, apresentou trabalho intitulado “A Dimensão e a Medida da Pobreza Extrema no Brasil- O Caso do Maranhão”. Isso foi em 2011.

Ali Rafael Guerreiro Osório mostrou, baseado em dados do Pnad, que entre 2004 e 2009, o Maranhão reduziu a pobreza extrema em 47%. “A queda do número de pessoas vivendo em pobreza extrema do Nordeste foi pouco menor que a do Brasil, mas a do Maranhão foi maior. No período entre 2004 e 2009, o Brasil teve reduzida a pobreza extrema de 8% para 5%, ou menos 42%. No Nordeste, a redução foi de 19% para 11%, ou menos 40%. E no Maranhão, a redução foi de 27% para 13%, ou menos 47%”, esclareceria Osório. Era o Maranhão sem Roseana Sarney.

Em números redondos: em 2004 havia 1 milhão e 600 mil pessoas vivendo em extrema pobreza e em 2009 esse número havia sido reduzido para 827 mil, a maior redução do país.

Na saída de Roseana Sarney do segundo mandato, o ensino médio só existia em 57 dos 217 municípios. Em 2009, ao voltar pelas mãos generosas do TSE, ela encontrou o ensino médio nos 217 municípios. Encontrou também o programa Saúde na Escola, que cuidava da saúde das crianças no próprio colégio. Hoje não existe mais.

Washington: PT no governo

Em 2010, agora na companhia do PT, Roseana Sarney se reelege, novamente em eleição posta sob suspeição. O caso se encontra no TSE. Roseana Sarney e o vice do PT Washington Luiz pediram para que fossem ouvidas testemunhas. Um juiz amigo segura o caso até hoje. ninguém foi ouvido, se é que alguém um dia será ouvido.

Também em 2010, o então deputado federal Flávio Dino (PCdoB) denunciava na Câmara dos Deputados os lamentáveis índices da educação no Estado. Reveja aqui.

Bem, como nos três mandatos anteriores, em 2010 Roseana Sarney e o PT não tinham nenhum projeto para a educação no Maranhão. Com a ligeireza de sempre, Roseana Sarney entregou a pasta da educação ao PT. O vice-governador Washington Luiz indicou Anselmo Raposo, homem de sua mais alta confiança, para ser o secretário de Educação.

As denúncias de corrupção começaram a pipocar dia sim e no outro também. Da ausência de licitações a contratos milionários com empresas que não tinham o que oferecer na área de educação, tudo de ilegal aconteceu. Era o jeito petista aliado ao jeito oligárquico de istrar o dinheiro público.

Dino denunciou descaso

Cálculos tímidos apontam que 100 milhões de reais escorreram pelo ralo. A coisa sob a batuta do PT chegou a níveis tão grotescos, que até Roseana Sarney – vejam só! – chegou a se assustar. Anselmo Raposo foi demitido.

Mas Washington Luiz não indicou Anselmo Raposo por ingenuidade. Impossível que ele não soubesse do currículo extraclasse de Raposo na Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Também houve irresponsabilidade da governadora Roseana Sarney: como ela aceitou o nome indicado por Washington e não procurou saber de quem se tratava?

Eis como Décio Sá, blogueiro e repórter do jornal da famiglia Sarney, noticiou a demissão de Raposo:

“O afastamento de Anselmo foi decidido nesta quinta-feira (12/11/2010) depois de uma reunião da qual ele participou com a governadora. Foi iniciada às 15h e encerrada por volta das 18h. A gota d´água para a exoneração foi o fato de Anselmo ter apresentado, em audiência na Assembleia Legislativa, um plano educacional para os próximos quatro anos sem conhecimento de Roseana.

A governadora vinha recebendo muitas denúncias de irregularidades na pasta. O blog chegou a denunciar um edital de dispensa de licitação com o desconhecido Imecap (Instituto Maranhense de Educação Continuada e Planejamento) no valor de R$ 17,3 milhões. A primeira parcela de R$ 8,5 milhões chegou a ser paga. O Imecap tem patrimônio de apenas R$ 12 mil. Roseana mandou suspender o contrato, mas o Imecap ainda não devolveu um centavo do valor recebido (reveja).

Semana ada a governadora mandou suspender uma compra de R$ 40 milhões em livros que a secretaria iria fazer. Além disso, teve o movimento dos índios Guajajaras que interditaram a BR-226 reclamando da falta de ree de rescursos do transporte escolar”.

Pé na jaca – Mas o PT não tirou o pé por completo da Secretaria de Educação. O atual secretário-adjunto, responsável pela istração financeira, digamos assim, é outro homem de confiança do vice Washington Luiz. É o presidente do PT de São Luís, Fernando Silva. Anselmo Raposo não ficou ao Deus dará, nada disso. Foi contemplado com uma assessoria na vice-governadoria, onde nunca lhe viram mais gordo. A dúvida: ganhou a assessoria por saber demais ou pelos bons serviços prestados ao vice-governador?

A Educação? Bom, vai cada vez pior, colecionando vergonhas nos sucessivos exames nacionais. E assim permanecerá, enquanto o PT e Roseana Sarney estiverem governando o Maranhão.

O Amapá é a salvação

Do Jornal Pequeno

Por: José Reinaldo Tavares

O senador José Sarney deve ter se divertido muito com a história das ‘vozes’ que contou em uma missa de celebração no Convento das Mercês no dia 30 de dezembro último. O senador celebrava a lei da Assembleia proposta pela sua filha, a governadora Roseana Sarney, que transferiu ao estado do Maranhão as despesas e dívidas da Fundação da Memória Republicana. Como todos sabem, a entidade, mais conhecida como Fundação José Sarney, não conseguia equilíbrio financeiro e esteve ao longo dos últimos anos envolvida em escândalos por falta de prestação de contas dos recursos recebidos de vários órgãos do governo federal e inclusive sob investigação pelo Ministério Público. Com a revelação das vozes, ele evitou que o foco ficasse nas críticas a apropriação do prédio, verdadeiro palácio de valor inestimável, que hoje praticamente pertence ao patrimônio de José Sarney. Todo mundo só falou das vozes…

Sarney em seguida, lançou um vídeo em que revelou, para surpresa geral, que é torcedor do Flamengo, certamente inspirado pelo exemplo de Lula, que hoje é confundido com o Corinthians Paulista. Quer fazer o mesmo com o Flamengo, que divide com o time paulista grande parte da torcida brasileira, e isso, quem sabe, poderia trazer-lhe alguma simpatia, tão mal amado que é.

Só que há um detalhe muito importante, pois Lula sempre foi aos estádios e Sarney nunca foi visto em nenhum, nem ninguém jamais o ouviu discutindo futebol ou comentando os resultados dos jogos. Não vai ‘colar’. Além disso, ser flamenguista não é apenas decorar o time de 44, que ele, atrapalhado, falou que era o de 45, nem falar o nome dos notórios Ronaldinho Gaúcho e Tiago Neves. É esperteza demais para dar certo, e ele deve achar que tudo vale à pena para conquistar um pouco de simpatia. Até o risco do ridículo. Só falta agora vestir uma camisa do Flamengo e ir ao Engenhão assistir a um jogo e ser anunciado nos alto-falantes…

Mas tudo tem uma explicação. Vamos a ela: o mandato do senador José Sarney pelo Amapá se encerra em 2014. No último pleito a que concorreu, a duras penas venceu a disputa eleitoral pelo cargo com a atual deputada estadual Cristina Almeida e, para tanto, teve que mobilizar Lula, que esteve no Amapá por diversas vezes durante a campanha. Não bastasse isso, contou ainda com a valiosa colaboração do empresário Eike Batista, que prometeu mundos e fundos aos amapaenses, principalmente investir pesado no estado, onde não faltariam empregos.

Assim mesmo, Sarney teve que fazer de tudo, inclusive dançar músicas do folclore local na televisão, tentando demonstrar que ninguém era mais amapaense do que ele. Ganhou por pouco, levou um baita susto, um verdadeiro trauma, e naquele momento decidiu que aquele seria seu último mandato, pois mesmo com apoio total do governador e do governo do Amapá, ele sabia que enfrentar Cristina de novo seria demasiadamente arriscado e ele, nem pensar, não poderia se arriscar a ser derrotado em sua última eleição. E no Maranhão, pior ainda! Isto naturalmente a despeito – e por isso mesmo – de ter a própria filha como governadora do estado.

Ele sabe que, sem um mandato no senado, esgota-se sua fonte de poder junto ao governo federal. Viraria um ‘general de pijamas’, sem tropas para comandar, igual a tantos outros políticos importantes que, sem mandato, definham. No Maranhão isso significaria o fim do seu grupo político, que manda há cinquenta anos no estado, pois Roseana não tem prestígio e nem talento para sucedê-lo. Muito menos disposição! Um dilema e tanto para o experiente senador. Entretanto, no final do ano ele viu uma luz no fim do túnel. E a luz estava no Amapá. Não notaram que na missa referida acima ele disse que a tal voz tinha lhe instruído a perdoar os inimigos? Pois bem, depois que seu grupo político se desfez no Amapá, por conta de muita corrupção, ele perdeu força local e, sem campo de manobra, ponderou que lhe faltava o mínimo de chances de vitória na próxima eleição para senador. Lá, quem ele considera inimigos são o senador João Capiberibe, a deputada Janete Capiberibe e o filho deles, o atual governador Camilo. Porém, todos sabem que na verdade é o contrário, pois Sarney conseguiu cassar o mandato anterior do senador Capiberibe, levando junto na cassação o mandato de Janete, numa história do arco da velha que só a justiça eleitoral brasileira é capaz de acreditar, quando quer. Eles nunca fizeram nada a Sarney. O que ocorre é que eles apenas – e isto é pecado supremo para o senador – tinham coragem e disposição para enfrentá-lo. Isto é mais do que suficiente para se tornar um inimigo e tanto. Então, aquela frase, como vamos ver, não foi por acaso.

Vejam que Capiberibe e Janete tiveram ratificado no Supremo Tribunal Federal o direito de exercerem os mandatos para os quais foram eleitos. Janete rapidamente teve o direito respeitado pela Câmara dos Deputados e cedo foi empossada. No senado, contudo, Sarney demorou a dar posse ao senador Capiberibe. Levou meses e meses e, quando o empossou, já havia armado o palco que lhe convinha no futuro próximo. Capiberibe não desconfiava, mas pela vontade de Sarney, tinha um papel importantíssimo no futuro do senador. Era a velha raposa lutando pela sobrevivência…

Depois das dificuldades, Capiberibe só encontrou gentilezas. O governador Camilo, seu filho, esteve duas vezes visitando Sarney em seu gabinete e saiu elogiando o espírito público do anfitrião. Sarney tinha um plano e o seguia, sem desvios. Prevendo o futuro, providenciou um processo de cassação do mandato de Cristina, pretendendo tirar seus direitos políticos para que não possa enfrentá-lo em 2014.

No final do ano ou três dias em Macapá, em cuja estadia visitou o governador no palácio, onde se demorou e posou à vontade para muitas fotografias. No entanto, Sarney não foi lá apenas para as fotografias e sim para dizer ao governador que ele poderia ser um aliado muito importante junto à presidente Dilma e ao governo e poderia ajudar a levar para o estado muitos recursos, a fim de que Camilo pudesse fazer uma ótima istração.

Por exemplo, o senador Capiberibe andou fazendo comentários contrariados de Lobão, já que este não resolvia a federalização da companhia de energia do Amapá, deficitária e em maus lençóis, de modo que seria um grande alívio financeiro para o estado, se fosse encampada pelo governo federal. Com Sarney como aliado, o assunto poderia ser resolvido rapidamente, assim como muitos outros. O governador conhece bem o senador, mas deve ter ficado tentado.

E agora a fatídica pergunta: o que quer Sarney?

Ora, como ele não pode enfrentar ninguém sem correr um enorme risco de ser derrotado – e isso nem pensar! – pois reduziria mais ainda a sua biografia, ele quer, imaginem só, ser candidato único, dos Capiberibe e também do PMDB, agora na oposição. Assim, conforme vislumbra o senador, não haveria riscos a enfrentar e ele, com o mandato, continuaria com poder junto ao governo federal até 2022. Mega-Sena da virada!

Enfim, José Sarney voltou para o Maranhão achando que o jogo foi bem jogado e eis o porquê de sua felicidade, cujos eflúvios permitiram-lhe fazer graça ao dizer que ouviu vozes. Só faltou dizer que a tal voz lhe pediu que não fizesse fogueiras, mas sim, que continuasse na política…

Capiberibe já fez um acordo com Sarney no ado e até hoje dói em sua cabeça a paulada que recebeu depois. Só ele pode decidir se cairá ou não novamente nesse canto da sereia. Mas Sarney com poderes, anotem aí, vai acabar por defenestrar seu filho Camilo do governo. Quem viver verá!

Com isso, a oposição maranhense precisa ter muito juízo e não se afobar. Se jogar errado em 2012, queimará suas chances de vitória, chegando fraca em 2014 e permitindo, no mínimo, mais oito anos de domínio da oligarquia, para liquidar de vez o Maranhão.

Lembrem-se de que Sarney poderá estar renovando o seu poder em 2014.

Não podemos errar!

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Biografia e equívoco

Por: José Reinaldo Tavares

Nos acostumamos a ver os esforços repetidos do senador José Sarney, a fim de tentar criar uma explicação convincente para a terrível situação do Maranhão, expressada nos piores indicadores socioeconômicos do Brasil. Nenhuma unidade da federação apresenta indicadores tão ruins, mostrando que a realidade do estado é de pobreza, de carência de ausência de infraestrutura social básica para a população. É um dos estados mais abandonados pelo poder público.

Sarney já tentou de tudo, desde justificar o atraso com imaginária indolência do povo – esta justificativa de tão sem sentido foi até mesmo abandonada – e, como não pode lançar mão de secas catastróficas, geadas, terremotos, tsunamis e outras calamidades do mesmo porte, porque inexistem aqui, ele se concentrou ultimamente em acusar a oposição de inventar dados que seriam fictícios sobre os indicadores sociais negativos do Maranhão. O que Sarney negligencia, no entanto, é que tais dados são todos oriundos do IBGE, Ipea, Enem, Saeb, instituições que, embora públicas, estão acima do jogo político, seja ele nacional ou estadual.

A pobreza que teimam em não reconhecer é afrontosa, basta ir à periferia das cidades maiores ou às próprias cidades menores do interior.

O único período em que isso mudou foi quando governei o estado, seguido por Jackson, até este ser sacado do poder por um golpe de estado jurídico. O Ipea enviou técnicos a São Luís para informarem essa boa nova em seminário, evento ao qual Roseana fez questão de não mandar representantes. Então, isso significa que há um modelo bem-sucedido que o atual governo abandonou totalmente. E não será cortando recursos do programa de combate a mortalidade infantil, tal como a governadora acabou de fazer, que vai mudar a calamidade que está em curso com a completa inoperância do governo. Clique aqui e continue lendo.