A República no Maranhão

Por Flávio Dino

Nesta última sexta-feira, comemoramos 124 anos de um grito de “basta!” dado pela sociedade brasileira. Um “basta” ao Estado autoritário, que não ouvia seus cidadãos, e patrimonialista – ou seja, usado por uma pequena elite para aumentar seu patrimônio pessoal. Esse grito não foi o começo, muito menos o fim, da luta contra o Estado arcaico. Foi precedido de inúmeras revoltas por todo o Brasil, como a Balaiada aqui no Maranhão. E, principalmente, foi sucedida de uma luta constante para estabelecer uma máquina pública democrática – que atenda às demandas da maioria da população – e republicana – que trate a todos os integrantes da sociedade como iguais.

A queda da Monarquia foi um avanço institucional importante, apesar da República ter nascido sob o domínio de oligarquias regionais, pouco ou nada comprometidas com valores autenticamente republicanos. Assim também foi em nosso estado, como narra Barbosa de Godóis em sua História do Maranhão.

Essa luta, que já dura mais de um século, segue sendo um capítulo a ser vencido em nosso estado. A máquina governamental continua tomada por uma oligarquia, a mesma que domina nosso estado por quase metade do período republicano. No ano que vem, mais uma vez, eles enfrentarão o julgamento das urnas. O custo de seu domínio é bem claro: a transposição de recursos que deveriam servir ao cidadão para a manutenção do grupo no poder e para a sustentação de grupos empresariais pertencentes à oligarquia.

O julgamento do próximo ano abrangerá capítulos tristes da história maranhense, como os que vivemos nas últimas semanas. Os tiros, disparados por uma facção criminosa contra um posto da Polícia Militar no último fim de semana, matando o soldado Francinaldo Sousa Pereira, compõem o terrível quadro dos quase 700 homicídios já ocorridos na ilha de São Luís, somente este ano.

Números normais? Não, no ano ado, São Luís já havia aparecido como a 7ª capital mais violenta do país no Mapa da Violência, elaborado pelo Centro Brasileiro de Estudo Latino-Americano. Obra do destino? Não, é resultado do Maranhão ter o menor índice de policiais por habitante do país. E diante dessa grave situação, o que decide o grupo que atualmente governa o Maranhão? Reduzir os recursos para segurança pública na proposta orçamentária de 2014.

Tenho defendido que o caminho correto é duplicar o efetivo policial de nosso estado, garantindo, assim, segurança à nossa população e condições de trabalho dignas aos policiais.

Mas a solução para a violência não a apenas por mais policiais. Para combatê-la, também é preciso investir em educação, como forma de garantir opções concretas de vida a nossos jovens, bem longe da criminalidade. Pois também nessa área, o grupo que governa o Maranhão optou por um corte de R$ 23 milhões.

É chegada a hora de, aqui no Maranhão, proclamarmos a nossa República e dar um “basta” a essas situações. Quase 7 milhões de maranhenses não podem ficar submetidos aos caprichos de uma pequena elite obcecada por apenas dois temas: a manutenção do poder para além dos seus já 50 anos e a sobrevivência financeira de suas empresas.

Do lado de fora dos planos oligárquicos, está a imensa maioria dos maranhenses, e por isso mesmo está chegando a hora dessa imensa maioria ter o direito de decidir e trilhar um novo caminho.

Maranhão produz um Carandiru por mês e governadora nada diz

Da Redação Portal Vermelho

foto-PM-1-blog-John-Cutrim-2-291x300Em meio a um final de semana de terror no estado, Flávio Dino cobrou do Governo do Estado solução imediata para por fim à insegurança em que vivem os maranhenses. “O Maranhão está produzindo um Carandiru por mês e a governadora não demite o secretário, nada faz, nada diz,” comentou Flávio Dino (PCdoB), líder da oposição no Maranhão.

O massacre do presídio de Carandiru é conhecido internacionalmente pela brutalidade e teve como saldo final a morte de 111 detentos. Na comparação entre os dois eventos, Flávio Dino fez referência apenas aos mortos na região Metropolitana de São Luís. No mês ado, foram 108 pessoas assassinadas apenas na capital e cidades vizinhas.

A inércia do Governo do Estado frente à crise na Segurança Pública tem mudado a rotina das pessoas em todo o estado, que reclamam da insegurança ao andar pelas ruas. Dino lamentou o silêncio das autoridades, que não apresentam soluções para o problema. “Inissível silencio da governadora Roseana Sarney em meio a centenas de mortes causadas pela crise do sistema de segurança,” disse.

A crise no sistema de Segurança Pública do Maranhão preocupa a toda a sociedade. No sentido inverso, o Governo do Estado não tem apresentado soluções para o problema e chegou a cortar investimentos no setor. A proposta de lei orçamentária enviada por Roseana Sarney retira da Segurança Pública mais de R$ 178 milhões – enquanto houve um grande aumento no total do orçamento para o estado de mais de R$ 1 bilhão.

Com um caos de insegurança instalado no estado, os maranhenses não ouvem sequer uma palavra da governadora Roseana Sarney, que parece estar alheia ao problema. Um mês após a rebelião no maior presidio do Maranhão e que desencadeou o debate sobre o tema da Segurança Pública, nenhuma atitude efetiva foi tomada pelo governo.

 

Maranhão: caminhão descendo a ladeira e sem freios

José Reinaldo

É muito difícil para qualquer um, por mais experiente que seja, falar de coisas em que não acredita. Acaba por se trair. Foi o que aconteceu com o experiente deputado Sarney Filho, quando tentava mostrar em discurso na Câmara que o Maranhão governado por sua irmã Roseana Sarney estava “bombando” de tanto progresso. No fim de sua fala, contudo, acabou cometendo um sintomático “ato falho”, usando o bom jargão psicanalítico, quando, muito empolgado, comparou o estado a um caminhão descendo uma ladeira. Sem freios, completou a oposição.

Tudo começou com uma palestra do ministro Ricardo Paes de Barros em São Luís, formulada para tentar atender a uma solicitação do senador José Sarney, que busca há tempos uma desculpa para a terrível situação do Maranhão, pior estado da federação em todos os parâmetros sociais. O ministro é persona mui grata, velho colaborador da família, para quem trabalhou como consultor contratado por diversas vezes.

Com efeito, Paes de Barros na verdade fez uma análise de pretensos resultados da Bolsa Família, programa inteiramente do governo federal. E ou por cima de uma polêmica, ao afirmar que uma renda de R$ 70 por mês tira o cidadão da extrema pobreza. Esse dado não é muito bem aceito pelos estudiosos, já que é oriundo de uma leitura ultraada de uma definição dada pela ONU, em que uma renda de 50 dólares por mês separaria a extrema pobreza da pobreza. O problema é que, quando isso foi estabelecido, a quantia de cinquenta dólares equivalia a R$ 70 e nunca mais foi corrigido ou atualizado. Se fosse, esse valor seria de R$ 110, já que o dólar equivale hoje a mais ou menos R$ 2,20.

Resultado disso é que muitas dessas pessoas na verdade continuavam na situação de pobreza absoluta e estariam ganhando com o Bolsa Família menos que o equivalente aos cinquenta dólares, comparados ao paradigma dos R$ 70 que querem ar-nos como verdade.

Apenas marketing. A situação não se alterou em nada porque os indicadores não mudaram. É incrível a falta de seriedade que domina o país. Se não concordar, tente viver com R$ 70 por mês…

Vejam o que disse um grande estudioso do assunto ao tomar conhecimento desse discurso:

“Ricardo Paes, se fez um pronunciamento desses, está muito mais preocupado é em preservar o emprego. Uma pena que use a inteligência para mostrar informações que não encontramos. Não sei de onde saíram essas informações. A Pnad não desce a detalhes assim. Informações de municípios somente são disponíveis nos Censos Demográficos. E lá, mostra a realidade que lhe ei naquele texto que vai ser publicado em livro. O rapaz, deputado, está delirando. O amigo conhece melhor esses números de estradas e de hospitais do que eu e tem mostrado que tudo isso não a de falácia. Dois leitos por mil habitantes é delírio. Até porque os hospitais quando foram construídos, não têm como funcionar.

Ele fala no potencial agrícola do Maranhão, mas a secretaria que trata da agricultura familiar virou penduricalho de uma Secretaria de Ação Social e os agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas am o tempo todo cadastrando pessoas para o Bolsa Família. Assistência técnica inexiste. Produção de alimentos em curva descendente.

Agora os culpados pelo atraso do Maranhão são os cearenses, paraibanos, baianos, potiguares que migraram para aí por causa da seca. Isso aconteceu ainda nos anos 1960 e 70. Agora são os maranhenses que abandonam o estado. Um desfile de fantasias.”

É isso que dar tentar criar factoides e pretensas estatísticas a favor de uma tese. O senador José Sarney luta desesperadamente para conseguir mostrar – na televisão, pelo menos – que o Maranhão está muito bem e que o que é divulgado pelo IBGE, Ipea, Pnad, Enem, Ideb etc. é apenas uma formidável invenção da oposição do Maranhão. Não dá, senador, porque em nenhum dos dados estatísticos disponíveis existe qualquer base para afirmações como essa de Ricardo Paes de Barros! Para isso é preciso trabalhar, ter projetos, planos, desejo de mudar. Coisa inexistente no governo de Roseana.

Na verdade, todos sabem, é apenas mais uma tentativa de mostrar um Maranhão que não existe. E, se não existe, é porque sufocaram o estado trazendo para cá uma política de dominação e medo. Acharam que isso seria suficiente, já que são donos de poderoso sistema de comunicação. E nunca tentaram ao menos conhecer e estudar os nossos problemas, para que pudessem mudar essa realidade.

Enfim, falando da realidade, ela é mesmo tal qual a que o deputado Sarney Filho descreveu no seu ato falho. Estamos cada vez mais descendo a ladeira, cada vez piores e mais pobres. Foi apenas uma coisa ridícula.

E para concluir, denuncio mais uma vez o gravíssimo problema da falência da segurança no Maranhão. Já aconteceu o que todos temiam: no mês de outubro o número de assassinatos na região metropolitana, não só atingiu o número cem, mas ultraou por larga margem, chegando a cento e oito mortes violentas. Uma corrida macabra patrocinada pelo governo do Estado que, para não deixar dúvidas de sua irresponsabilidade, corta profundamente o orçamento da Segurança Pública para 2014. Será que não conseguem enxergar as coisas estapafúrdias que fazem? Se este fosse um governo responsável, veríamos números aumentados e atitudes condizentes.

É caso perdido mesmo.

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

A maior tragédia estatística do Brasil

Por Flávio Dino

O suíço Jean Piaget, há quase um século, mudou a forma como as escolas educam as crianças quando propôs algumas teorias sobre o ensino. Uma de suas teses é de que o incômodo é o ponto de partida para o aprendizado. O exemplo clássico é do bebê que, diante de dor no estômago, chora. A mãe o amamenta e ele a a associar que, diante da fome, pode pedir comida. Aprende a superar a dor e alcançar o conforto da saciedade.

Ignorar o incômodo e deixar de “denunciá-lo” por meio do choro não resolveria o problema do bebê. Em um adulto, o silêncio seria um erro ainda mais grave. Os psicólogos chamariam tal atitude de negação – tipificada pela psiquiatra Anna Freud como o mecanismo de defesa psíquica mais ineficaz, por tratar-se de simplesmente ignorar uma realidade.

Corresponderia a alguém que, diante da queda de um objeto, em vez de agarrá-lo para evitar que caísse, asse a questionar a Lei da Gravidade. Portanto, é chocante ter lido no domingo ado o senador José Sarney, figura tão experiente e com carreira política tão longeva, gastar laudas para negar uma realidade escrita na pele de quem aqui vive.

Consideremos somente o estranho argumento de falta de validade do IDH, principal instrumento da medição feita pela ONU do grau de desenvolvimento dos povos, chancelado no Brasil por um órgão federal da excelência do IPEA. Pois faltaria espaço nesta página para elencar o total de rankings em que o Maranhão ocupa a última ou penúltima posição: pior índice de extrema pobreza do país, menor índice de policiais por habitante, o menor índice de médicos por habitante, menor abastecimento de água, o penúltimo estado do Brasil em expectativa de vida, e tantas estatísticas que enchem nossa alma de tristeza.

Infelizmente, esta longa lista não é obra de uma antipatia dos algarismos pelo nosso estado, tampouco de uma fantástica conspiração de todos os institutos de pesquisa do país e do mundo contra nosso querido Maranhão. É apenas a tradução, em números, da absurda realidade que os maranhenses enfrentam todos os dias com tanta coragem e altivez.

Para destacar coisas positivas de nosso estado, não é necessário tentar revogar o IDH ou a lei da gravidade. Basta citar a longa lista de indicadores que traduzem nosso imenso potencial. Temos o segundo maior litoral do Brasil, localizado próximo aos Estados Unidos, à Europa e ao canal do Panamá, que dá o ao mercado asiático; gás e ouro; agricultura, pecuária e pesca, com bom regime de chuvas; indústrias; um extenso território cortado por ferrovias, rodovias e um dos maiores complexos portuários do Brasil; rios e lagos; imenso potencial para o ecoturismo e para o turismo cultural.

Mas mesmo belas estatísticas despertam tristeza, já que contrastam justamente com a brutal negação de direitos que marca a vida da maior parte dos maranhenses. E como tanta riqueza é capaz de gerar tanta pobreza?  Como o estado que é o 16º mais rico do Brasil tem a penúltima posição quando se fala em distribuição de riqueza? Como um estado que produz mais de R$ 40 bilhões de reais em riquezas, todos os anos, tem em seu território uma em cada cinco pessoas vivendo abaixo da linha de extrema pobreza?

Talvez porque nem a riqueza – nem o martelo e o prego que a produzem – consigam chegar às mãos dos que trabalham. Denunciar essa realidade não é desamor pelo Maranhão. Esse argumento, de inspiração fascista e semelhante aos da ditadura militar, tenta negar o direito de a oposição se manifestar livremente. Não tenho ódio pessoal contra ninguém, mas sou imbuído de uma profunda indignação com tantas injustiças, e defenderei eternamente o nosso direito de lutar por um Maranhão que não veja a sua riqueza ser subtraída em tenebrosas transações, como canta Chico Buarque.

Brasil e Maranhão andando para trás

José Lemos*

Nunca duas istrações, no âmbito federal e estadual, foram tão parecidas, como essas do Maranhão e do Brasil. Por coincidência, a coalizão partidária que a os dois governos é a mesma. Também são idênticas entre essas duas senhoras as dificuldades de formar raciocínio lógico e concatenar ideias. Com a diferença que a gerentona tem um sotaque mineiro piorado, daqueles falados nos botecos depois de muitas ‘lapadas de pinga’.

A coincidência das ‘capacidades’ de ambas as fizeram realizar o que parecia impossível. Mas como no Brasil e no Maranhão, o que é ruim sempre pode piorar, não temos muito a estranhar. Os resultados pífios eram previsíveis. Conquistas de votos, em que o poder político, a pressão econômica, e a propaganda enganosa com o nosso dinheiro, lá e cá, fizeram-se prevalecer.

Brasil e Maranhão retroagem na evolução da riqueza. O Maranhão agora detém o pior PIB per capita do Brasil. Foi impiedosamente ultraado pelo Piauí que, até o ano de 2009, detinha este ‘troféu’ indesejável.

O Brasil tem a sua produção praticamente estagnada, haja vista que as previsões de crescimento da riqueza agregada para este ano não devem ser muito diferentes do ‘pibinho’ de 2012.

A taxa de desemprego no Brasil é relativamente baixa, por causa da avalanche de empregos públicos sem concurso. Cabos eleitorais, a maioria sem qualificação para qualquer função. Estão no serviço público como gafanhotos. Como resultado os níveis de produtividade da força de trabalho é baixa e, em consequência, a renda continua baixa, agora corroída pela inflação que recrudesce a olhos vistos. Mas a propaganda oficial mostra um país surreal. Aquele que trocou o tanque de lavar roupas com as mãos pelo elétrico. Endividando as pessoas? Isso não importa. Os telejornais estão aí para mostrar donas de casas felizes com a geringonça que pagarão junto com outras, com outras, com outras… Indefinidente!

Contudo, a catástrofe maior no, Brasil e no Maranhão, foi na educação. Não obstante o contorcionismo feito pelo principal telejornal do Brasil na última sexta-feira para mostrar o contrário, a quantidade da população analfabeta maior de 15 anos, pasmem, se elevou entre as contagens das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011 e de 2012.

Olha só o que o governo da ‘presidenta’ conseguiu. Em 2011, a população de analfabetos maiores de 15 anos do Brasil somava 12.865.551 infelizes dotados de almas que, com quase ‘certeza absoluta’, votaram nela, pois devem fazer parte do grupo que o atual governo diz proteger com a Bolsa Família.

Pois bem, a esses desafortunados de 2011, podem acreditar, agregaram-se mais 297.432 analfabetos, elevando o total para 13.162.983, que também devem ter votado nela em 2010 e, pelo andar da carruagem, devem continuar cativos em 2014. Uma tragédia! Não tem outra definição.

Os analfabetos funcionais, ou aquela população maior de 10 anos que tem no máximo quatro anos de escolaridade (outro grupo cativo de eleitores dessa gente) soma a incrível marca de 58.604.400, ou 41,3% da população desta faixa etária.

O desastre não para aí. A escolaridade média que vinha se arrastando em os de cágado, mas crescendo, tendo atingido 8,9 anos em 2011, deu um o de caranguejo (que me perdoe esse simpático crustáceo, que nós humanos destruímos de forma voraz), caindo para 8.2 anos.

O governo, que conseguiu impor na sociedade brasileira a lógica de que pobres e negros para entrarem nas universidades precisam de tratamento diferenciado para baixo (eu que sou de origem humilde e com ascendência negra me recuso a itir isso) não consegue, ao menos manter um ritmo, ainda que lento, mas de avanço, num item fundamental para o desenvolvimento de um país.

Como podemos pensar noutro Brasil com indicadores de educação como estes? E o nosso Maranhão? Ora nosso estado conseguiu superar-se, mais uma vez em retrocesso.

A nossa taxa de analfabetismo que, em 2001 era de 22,8%, a partir de 2002 entrou em regressão, lenta para o meu gosto, mas sustentada até 2008, último ano de um governo de oposição, em que os analfabetos maranhenses representavam 17,6% da população maior de 15 anos. Em 2009 houve o golpe jurídico que apeou o governador legitimamente eleito. Mas ao golpe jurídico acoplou-se o golpe maior sobre a população maranhense.

Além do PIB per capita despencar, como falado acima, a taxa de analfabetismo dos maranhenses, maiores de 15 anos, saltou para 20,8% em 2012. Temos 988.931 maranhenses analfabetos. Notícia ruim sempre vem acompanhada.

A sobrevivente de domicílios cuja renda total domiciliar varia de zero a dois salários mínimos (os vulneráveis à renda) que em 2008 somavam 55% do total, em 2012 saltaram para 61,2%. Desta informação depreende-se que maranhenses ‘migraram’, forçadamente, de estratos de rendas mais elevados para os mais baixos. Não é por acaso que o Maranhão tem, em termos relativos, o maior contingente de população beneficiada com os programas de transferência de renda do governo federal.

Também não deve ser debitado na conta do acaso o fato de está no Maranhão o maior contingente relativo de eleitores dessa gente. Pelo andar da carruagem, não será diferente em 2014, porque a oposição oficial do Brasil está deitada solenemente em berço esplêndido. Ela, a oposição, parece também não ter nada com isso. Uma lástima! E as manifestações que nos deram um alento em junho, pararam.

*Professor associado na Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected]; www.lemos.pro.br.

Tragédias e o Maranhão da Mentira

Wagner Lago*

A tragédia do desabamento da construção em São Paulo, que matou dez operários, enlutando-lhes as famílias e entristecendo a Barra do Corda, remete-nos a comprovação da persistente miséria maranhense: dos 10 mortos 08 são da Barra do Corda, que migraram em busca de sobrevivência do Sudeste. No ado, quando o Maranhão produzia abundantemente algodão, arroz, óleos, milho etc. o nosso homem do interior, principalmente, não saia para ganhar a vida lá fora.

Ao contrário, recebia nossos irmãos nordestinos, expulsos pelas secas inclementes. Estes retirantes nordestinos ajudaram muito na grande produção maranhense. Entretanto, nos últimos 50 anos, com a entrega das terras públicas para os “projetos agropecuários”, (Lei 3.002 de 13/10/1970, iniciativa Governo Sarney), com incentivos fiscais da Sudene e da Sudam, o cenário da economia maranhense mudou.

Deu-se a expulsão do trabalhador rural para priorizar os tais projetos, que, pela influência maléfica de políticos governistas, todos vinculados a ditadura militar reinante, e cobrança de comissões de até 30% nas captações dos incentivos, levaram a falência e ineficácia dos mesmos. Hoje, o Maranhão – que no ado foi grande exportador agrícola – nada produz. Tudo compra de fora. Por ironia, até do Ceará frutas, legumes e verduras.

O nordestino não migrou mais para o nosso Estado sem seca, com rios perenes e terras férteis – dádivas maranhenses – pois os Estados deles, apesar das prolongadas estiagens, tiveram governos eficientes, legítimos e de gestões competentes. O Ceará, por exemplo, produz quase tudo o que consome e exporta. A maioria dos retirantes da seca, no ado, eram cearenses.

Aqui, o Maranhão da Mentira foi instalado, com muita mídia produzindo um Estado fictício: o dos milhares de empregos em fábrica de confecções inexistente, em refinaria inexistente, em hospitais e escolas que não funcionam – as procissões de ambulâncias continuaram transportando doentes para a capital. Produção? Só de governos corruptos e ilegítimos, quase todos.

A atual “Governadora” chegou – num de seus quatro mandatos “adquiridos” em “arranjos judiciais”, por ação e/ou omissão – a extinguir a Secretaria de Agricultura e todo o sistema do setor primário. A produção maranhense nos últimos tempos tem sido só de escândalos e enriquecimentos ilícitos de testas de ferro do grupo dominante.

Por ação, o Brasil assistiu, estarrecido, o golpe judicial que providenciaram para entregar o governo– do legitimamente eleito Jackson Lago – a quem perdeu a eleição. O Padre Vieira tinha razão quando se referia à mentira no Maranhão. Imaginem se vivenciasse a atualidade…

Não foram apenas as vítimas de Barra do Corda os retirantes maranhenses. Fazem parte de mais de um milhão de conterrâneos que migraram pela sobrevivência.

Êxodo de grande parcela da nossa população. No ado, a grande produção do ouro branco (algodão) do Maranhão trouxe até firma sa, a Cotoniere, para investir na sua produção. Sobretudo na Barra do Corda – onde meu pai foi gerente – que, hoje, exporta, como todo o Estado, apenas mão de obra barata e, as vezes, escrava, para os canaviais, construção civil do Sudeste e garimpos da Amazônia. Porque, há décadas, com raras exceções, o Maranhão não tem tido governo.

Os “governos”, ilegítimos, só conseguiram uma proeza: endividar nosso estado e seu povo miserável em vários bilhões de reais – não se sabendo a destinação – e conseguir colocar o Maranhão, potencialmente rico, na condição do mais pobre e com os piores indicadores sociais do país. Isto vai acabar no próximo ano, com a Primavera Política que se aproxima. O Padre Victor Asselin, que homenageamos postumamente, foi antes da libertação, mas trabalhou muito por ela. Seu livro, sobre corrupção e grilagem é o legado para a compreensão da miséria no campo maranhense. Que Deus o tenha.

*Wagner Lago é ex-deputado federal; exerceu três mandatos

Cerca de 13 mil leitos do SUS desativados no Maranhão

Do Blog Marrapá

Números do CFM desmascaram o discurso falacioso de Ricardo Murad sobre o Saúde é Vida.

Números do CFM desmascaram o discurso falacioso de Ricardo Murad sobre o Saúde é Vida.

Quase 13 mil leitos foram desativados na rede pública de saúde desde janeiro de 2010. Naquele mês, o Sistema Único de Saúde (SUS) contava com 361 mil leitos, número que, em julho deste ano, caiu para 348.303.

As informações foram apuradas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. O período escolhido levou em conta informação do próprio governo de que os números anteriores a 2010 poderiam não estar atualizados.

Em números absolutos, os estados das regiões Sudeste e Nordeste foram os que mais sofreram redução no período. Só no Rio de Janeiro, por exemplo, 4.621 leitos foram desativados desde 2010. Na sequência, aparece Minas Gerais (-1.443 leitos) e São Paulo (-1.315). No Nordeste, foi no Maranhão o maior corte (-1.181).

Na outra ponta, apenas nove estados apresentaram números positivos no cálculo final de leitos ativados e desativados nos últimos dois anos e meio: Rondônia (629), Rio Grande do Sul (351), Espírito Santo (239), Santa Catarina (205), Mato Grosso (146), Distrito Federal (123), Amapá (93), Roraima (24) e Tocantins (9).

Profissão Repórter desmonta farsa do Saúde é Vida

Do Blog Marrapá

O Profissão Repórter, da Rede Globo, esteve nas cidades de Tutóia, Paulino Neves e Sucupira do Riachão para denunciar mais uma vez a farsa do programa Saúde é Vida.

Dos 72 hospitais prometidos pela governadora subjudice Roseana Sarney para o fim de 2010, apenas 23 foram inaugurados. Destes, a metade não funciona por irresponsabilidade do governo estadual, que entregou a istração deles para prefeituras que não têm condições de mantê-los funcionando, como é o caso das unidades de Lago do Junco, Benedito Leite e Tufilândia.

Veja a reportagem

O jornalístico mostrou a precariedade do posto de saúde de Tutóia, cidade de 50 mil habitantes, que não possui nem aparelho de raio-x. Enquanto isso no município mais próximo, Paulino Neves, o hospital é todo equipado, mas não atende a população pela falta de recursos para a contratação de médicos e pessoal.

Em Sucupira do Riachão o hospital sequer funciona.

O repórter Victor Ferreira também denunciou o caso da médica Erlandia, obrigada a dar plantão de 52 horas para atender a demanda de pacientes da região de Tutóia.

400 milhões poderiam melhorar o IDH do Maranhão

Flávio Dino

FlavioDNo último domingo, falei aqui sobre a urgência de medidas que melhorem a qualidade de vida dos maranhenses, elevando nosso posicionamento no ranking brasileiro do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Lá, figuramos nos últimos lugares há décadas. Outros estados nordestinos têm melhorado a situação de suas populações nos últimos anos, melhorando seu posicionamento. Nós, no entanto, mesmo com o gigantesco aporte de recursos federais, não temos conseguido evoluir. Uma situação, aparentemente, de difícil solução.

Pois a notícia que tomou conta dos jornais, blogs, rádios e tevês nesta semana mostra que, sim, há muitos recursos disponíveis para melhorar a situação de nosso estado. Como todo o Maranhão sabe, o procurador-geral da República deu parecer pela cassação da governadora Roseana Sarney Murad. Se alguém podia pensar que não há dinheiro público disponível para melhorar as condições de vida dos quase 7 milhões de maranhenses, o procurador-geral da República mostra para onde estão indo os recursos que deveriam estar sendo usados para promover o desenvolvimento econômico e a justiça social: para montar uma máquina que não governa, apenas se empenha em vencer a eleição seguinte para manter sua fortuna e seus privilégios. Com efeito, o Chefe do Ministério Público afirma que, às vésperas da eleição de 2010, os “numerosos convênios chamam a atenção, tanto pela pressa com que eram realizados como pelo volume dos rees”.

“Os convênios eram realizados em tempo recorde: no prazo de dois dias, eles eram assinados, publicados no órgão oficial e o dinheiro creditado na conta do município, cujos saques, de acordo com notícia nos autos, eram feitos em espécie, diretamente na boca do caixa”, diz o procurador-geral da República. “À medida que se aproximava a data da escolha dos candidatos no mês de junho, o governo ampliava a celebração dos convênios e o ree aos municípios, associações e entidades privadas”, alerta o Ministério Público.

O valor total das ilegalidades e imoralidades impressiona qualquer um: 400 MILHÕES DE REAIS.

Por que tantos recursos que faltam à garantia de direitos da população ou que se arrastam meses para chegar a quem realmente precisa, chegaram tão rapidamente aos protegidos da oligarquia, justamente no período da convenção partidária da governadora? Na própria defesa que apresentou, a governadora ite que, ao longo de todo o ano de 2009 não foi firmado nenhum convênio com nenhuma prefeitura! E por que deixar quase todos para serem firmados no mês – e nos dias – da definição dos candidatos? Para o procurador-geral da República, havia um “objetivo claro e imediato: interferir no processo eleitoral em curso e beneficiar as candidaturas” (da oligarquia).

“Pode-se afirmar com segurança que houve abuso do poder econômico e político apto a comprometer a legitimidade da eleição e o equilíbrio da disputa”, diz o Ministério Público. A oligarquia apostou na impunidade. O tempo ou e, agora, vemos que não é possível ocultar para sempre os fatos. O Tribunal Superior Eleitoral julgará os abusos ocorridos naquela eleição. E o povo maranhense, no ano que vem, julgará esses fatos e, principalmente, os resultados terríveis dessa longa noite que se arrasta por 50 anos.

O procurador-geral da República, após um longo relato de um narrador impressionado com os fatos que foram colocados diante de si, conclui: “Na realidade, o ree de recursos dos convênios foi determinante não somente na obtenção de apoio político, mas também na vitória dos recorridos nas urnas” (a governadora Roseana Sarney).

400 MILHÕES DE REAIS… Realmente, fica fácil compreender como um estado tão belo, rico e bom, acaba condenado a ter os piores indicadores sociais do Brasil. Mas isso está perto do fim.

Flávio Dino, 45 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal