Prefeito Edivaldo

Por: Flávio Dino

As cores e os sons da vitória do último domingo ainda estão na minha mente. No dia seguinte à eleição já estava em Brasília, em meu trabalho como presidente da Embratur, mas meu coração não parou de bater no ritmo da campanha e dos jingles. Os 280 mil votos de confiança em Edivaldo para prefeito de nossa capital são uma contundente demonstração da necessidade de mudança que o Maranhão vive hoje.

No último domingo, São Luís integrou-se à rede de capitais que optaram pela mudança, pela inovação, por buscar novas soluções para velhos problemas. Como São Paulo, com o prefeito Haddad (PT) e a vice Nádia (PCdoB), e Recife, com o prefeito Geraldo Júlio (PSB) e o vice Luciano Siqueira (PCdoB). São Luís, assim como dezenas de municípios maranhenses, sintonizou-se ao desejo de mudança e alternância de poder, que marcou os recentes processos de desenvolvimento de Pernambuco, Bahia e Ceará. Não podemos mais ficar para trás, convivendo com a triste assiduidade maranhense entre as últimas colocações dos índices de qualidade de vida no país.

Manifestado o desejo da população de São Luís, começa agora um caminho mais difícil e mais longo. O de, o a o, construir a São Luís que queremos. Da minha parte, pretendo ajudar Edivaldo e Roberto Rocha a conseguirem junto ao governo federal os recursos necessários para cumprirem a missão que receberam.

O PAC das Cidades Históricas é um exemplo. Com ele, podemos garantir as reformas necessárias do Centro Histórico de São Luís para que ele esteja à altura do autêntico Patrimônio Cultural da Humanidade que é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Também iremos batalhar para conseguir os recursos do PAC Saneamento, com o objetivo de garantir os investimentos que faltaram a São Luís nestes anos, fazendo com que chegássemos à triste situação de ver nossas lindas praias interditadas para banho – o que, além da saúde dos cidadãos, ameaça o turismo e o lazer. Também vamos em busca dos recursos para garantir a qualidade no atendimento de saúde que nossa população tanto merece, ampliando-se a rede disponível.

São questões básicas, que clamam por soluções há muito tempo. Além das necessárias parcerias com organismos multilaterais e com outras esferas de governo, São Luís dispõe de recursos próprios suficientes para evitar disparates, como escolas municipais sem aulas no período letivo correto, por erros istrativos da Prefeitura.

Com coragem e competência, tenho certeza de que Edivaldo avançará em territórios novos. O Maranhão, conhecido nacional e internacionalmente por sua criatividade, tem todas as condições de criar uma rede da Economia Criativa consistente, que envolva universidades, escolas, empresas e grupos culturais, capaz de mudar a face de São Luís e melhorar os péssimos indicadores sociais, com os quais não podemos mais conviver.

Na campanha, Edivaldo se comprometeu de que essas novas ações serão construídas a partir de um novo modo de governar. Não um modelo autoritário, que toma decisões de cima para baixo. Mas um novo jeito de istrar, que ouve a todos, porque essa é justamente a melhor forma de encontrar soluções duradouras.

Fiz a campanha de Edivaldo com toda a determinação e energia que consegui reunir em momento tão difícil de minha vida. Confio nele e sei que ele vai reunir uma boa equipe de políticos e técnicos para ajudá-lo a governar bem.

Lembro-me sempre do grande Celso Furtado, já no fim de sua vida, proclamando a necessidade de recuperar o gosto pela imaginação na política. Acredito nisso. E acredito que, nas eleições municipais deste ano, plantamos milhares de sementes que se tornarão milhões de árvores verdes de esperança na alvorada vermelha que já se anuncia.

Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal

Maranhão é o terceiro estado em número de casos de trabalho escravo do país

De O Imparcial

Borges Júnior

No ranking do estados que apresentam maior índice de pratica de trabalho semelhante a escravidão, levando em conta a ocorrência desse crime no período de 2003 a 2011, o Maranhão ocupa o 3º lugar em número de denúncias (casos), sendo 244 no total.

Se considerarmos o número de proprietários na atual lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de 31/07/2012, o nosso estado figura no 4º lugar, com 29 empregadores listados e 555 trabalhadores libertados, ficando atrás de Pará, Mato Grosso e Goiás. A lista é atualizada a cada seis meses.

Entretanto, se levarmos em conta a origem dos trabalhadores libertados dessa situação em todo o Brasil, o Maranhão é disparado o 1º lugar. Informações pautadas em dados do MTE/Seguro Desemprego, mostram que entre 2003 e 2010; 27,6% dos libertados do trabalho escravo no Brasil (6.519 trabalhadores) nasceram no Maranhão.

Para termos uma ideia da importância do que isso representa, a Bahia, 2ª colocada no ranking, teve 1.956 trabalhadores libertados que nasceram lá, representando 8,3% do total. Situação que de acordo com o superintendente regional do Trabalho e Emprego no Maranhão (STRE/MA), Allan Kardec Ayres Ferreira, “envolve a falta de políticas públicas na educação e na geração de emprego e renda na área rural”. Para o superintendente do STRE, “a pobreza absoluta e a falta da educação básica e da qualificação profissional, é que impulsiona o trabalhador para o trabalho análogo ao de escravo”.

“Gatos” em ação

O aliciamento desses trabalhadores vem geralmente por meio dos chamados “gatos” que são pessoas contratadas para convencer o trabalhador a exercer funções em outras localidades, com falsas promessas de excelentes salários e acomodações. Ele funciona como intermédio entre o empregado e o empregador na hora da contratação da mão-de-obra.

“Os trabalhadores recebem uma boa proposta de emprego, feita por um gato (aliciador), pelo gerente ou mesmo pelo proprietário da fazenda. Eles prometem boa remuneração, além de alimentação, ferramentas de trabalho e alojamento bons e gratuitos, porém, ao chegarem à fazenda veem que a situação é completamente diferente”, explica o integrante da T do município de Balsas, João Antônio Moreira França.

Ele esclarece ainda que “sob a condição de escravos, os trabalhadores acabam recebendo salário muito abaixo do prometido ou nem recebem, são aprisionados por dívidas, recebem péssima alimentação, água de má qualidade, além de sofrerem ameaças, vigilância armada (pistoleiros) e estarem geograficamente isolados”.

O mesmo levantamento do MPT que mostra que o Brasil tem pelo menos 20 mil trabalhadores em condição análoga à escravidão sinaliza para (52%) de contratos feitos diretamente pelos gatos. Os escritórios de contabilidade aparecem como responsáveis pela contratação de 15% dos empregados. Das dez fazendas que os pesquisadores acompanharam as fiscalizações, seis não haviam registrado os trabalhadores.

Decadência na Produção de Alimentos no Maranhão*

José Lemos

Entre os dias 22 e 25 de julho, na próxima semana, portanto, acontece em Vitoria, ES o qüinquagésimo Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, istração e Sociologia Rural (SOBER0. Um evento anual que congrega cientistas, pesquisadores, estudantes de Ciências Agrárias do Brasil e do Exterior.

Estarei por lá apresentando um trabalho que venho realizando, já faz alguns anos, que consiste no acompanhamento anual da produção agrícola do Maranhão, notadamente a de alimentos, sobretudo aqueles cultivados pela totalidade dos agricultores familiares maranhenses: arroz, feijão, mandioca e milho.

O IBGE começou a fazer registros da produção agropecuária brasileira em 1933. Naquele ano a área contabilizada no cultivo daqueles quatro itens no Maranhão foi de 46.760 hectares, em que foram produzidas 235.305 toneladas.

O Maranhão prosseguiu produzindo alimentos numa trajetória cíclica (uma das características da produção agrícola), mas com tendência ascendente, até o começo dos anos oitenta. Em 1982 o estado alcançou o pico de 2,28 milhões de hectares colhidos com arroz, feijão, mandioca e milho. A produção foi histórica: 5,43 milhões de toneladas. A produção diária per capita de alimentos também foi a maior, desde que há registros, chegando a 3.584 gramas.

Pode-se falar tudo dos militares no poder, naquele período de exceção entre abril de 1964 e fevereiro de 1985. E há muito o que falar. Mas em sintonia com os fatos históricos, temos que registrar que foi naquele período que o setor agrícola brasileiro iniciou os caminhos que o fariam referencia mundial na produção de alimentos e de agro energia. Em 1974 foram criadas a EMBRAPA e a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER). No Maranhão havia a Empresa Maranhense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) vinculada à EMBRATER.

Em março de 1985 assumiu o primeiro governo civil, após vinte anos de governos militares. Dentre tantas providencias desastradas do novo governo, uma delas foi desmantelar a EMBRATER. Por tabela, as EMATER dos estados entraram em colapso. A EMBRAPA não foi desestruturada porque já tinha prestigio internacional, inclusive porque elaborou o maior programa de treinamento de Profissionais de Ciências Agrárias que se tem noticia neste Brasil. Gerava conhecimentos que revolucionariam a produção do País.

Os estados do Sul e do Sudeste conseguiram manter o seu sistema de assistência técnica, e continuaram produzindo bem. Os do Norte e do Nordeste seguiram no ritmo do que fazia o governo Federal. No Maranhão, cujo Governador estava sintonizado ao então presidente da Republica, o descaso foi evidente. Os resultados vieram logo, numa incrível relação de causa-efeito. Em 1985 o Maranhão colheu apenas 1,8 milhões de toneladas de alimentos em 1,2 milhões de hectares. A produção diária per capita despencou para 1.122 gramas, menos de um terço do valor de 1982, que deve ser a nossa referencia mínima.

A decadência do estado continuou, até que em 1998 a governadora, que assumira o seu segundo mandato, acabou com a Secretaria de Agricultura e com todo o aparato técnico e institucional que viabilizava a produção agrícola de alimentos no Maranhão.

A relação causa-efeito se manifestou novamente de forma cristalina, expondo a incompetência istrativa daquele governo. Em 1998 o Maranhão colheu 924.488 hectares, 40% da área histórica de 1982. Naquele ano (1998) a produção diária per capita de alimentos no estado chegou ao fundo do poço, atingindo 678 gramas, apenas 23 gramas acima das 655 gramas diárias per capita de 1934.

Em abril de 2002 a Secretaria de Agricultura foi recriada, e com ela refez-se o serviço de assistência técnica, através das Casas do Agricultor Familiar (CAF). Com esta medida, o Maranhão retomou a produção de alimentos, inclusive tendo uma postura mais agressiva na captação de recursos do PRONAF, que tinha dificuldade de o por não ter Secretaria de Agricultura. Os resultados vieram num crescendo entre 2003 e 2006. Em 2006 o estado atingiu o recorde na captação de recursos do PRONAF, ficando atrás apenas da Bahia no Nordeste. A produção diária per capita de alimentos ascendeu para 1.282 gramas, ainda distante da marca histórica, mas quase o dobro do desastre de 1998.

Em 2007 as CAF foram desmontadas, e no seu lugar foi colocada uma estrutura de burocracia pesada. Em decorrência o Maranhão voltou a regredir na captação de recursos do PRONAF, caindo para a quinta posição no Nordeste, e na produção de alimentos (1.260 gramas diárias per capita). A queda evoluiu, de modo que a produção diária per capita de alimentos chegou a apenas 911 gramas em 2010. Por estas e outras razões é que o Maranhão segue com a triste marca de ser o estado recordista em carências de toda ordem.

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*Artigo publicado no dia 21-07-2012.

TIM é proibida de vender linhas telefônicas no Maranhão

 Do Blog do Itevaldo

A partir de segunda-feira (dia 23), a TIM está proibida de vender linhas telefônicas no Maranhão. A medida foi tomada pela Anatel, agência que regula o setor de telefonia. A suspensão foi motivada pelo alto índice de reclamações de consumidores.

Para voltar a vender chips à empresa terá que apresentar um plano de ajuste para sanar problemas de atendimento ao consumidor e de qualidade.

É a primeira vez que uma medida desse alcance é tomada. A empresa que não cumprir a decisão será multada em R$ 200 mil ao dia.

Além da Tim, a Oi e Claro estarão proibidas de vender linhas telefônicas em todo o país – em cada unidade federativa, uma operadora terá a venda proibida. Juntas, têm 70% do mercado de telefonia.

Maranhão de excluídos…

Do Blog do Itevaldo

A partir dos microdados do Censo 2010 IBGE, a Fundação Getúlio Vargas, produziu um trabalho que revela a situação atual do o à internet no país. O Maranhão aparece com os piores indicadores.

No Norte e Nordeste há uma exclusão digital nos municípios do interior, com menos de 12,5% de pessoas com o a internet. Em números absolutos, são 2.608 municípios no Brasil com menos de 12,5% de domicílios com o a internet, a maior parte deles localizados no Nordeste.

O Maranhão tem os piores indicadores com apenas 15,16% de domicílios com computador e 10,98% de domicílios com o à internet.

Em tempo de carros-pipas distribuindo água e de um estado forte em ‘produzir’ mão obra de escrava, não teríamos outro caminho…

Um Maranhão Sarney-free

Blog do Zema Ribeiro

O Maranhão tem jeito? Nesse momento de saúde frágil (dele), que pensamentos dedica ao ex-presidente José Sarney?

Anseio muito por uma virada política do Maranhão. É um estado soterrado por corrupção, miséria e usura. Mas é também lindo, rico e culturalmente abençoado. Não posso desejar a morte do Sarney, porque isso contraria meus princípios, afinal fui criado em família católica, não fui ensinado a torcer pela morte de ninguém, nem mesmo do inimigo. Mas a única perspectiva de mudança que vislumbro pro Maranhão depende da morte política de seu legado tirano.

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Zeca Baleiro a Pedro Só na Billboard Brasil nº. 30 [maio/2012, capa: Keith Richards e Mick Jagger]. Sobre seu O disco do ano, um dos temas da entrevista de que catei o trecho acima, escrevo em breve por aqui.

‘Revolução na educação’: Maranhão é o último no número de ingressos no Ensino Superior

Do Blog Marrapá

Os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos ao ingresso no Ensino Superior, não são nada animadores para o estado do Maranhão.

Nos números divulgados pelo IBGE, o estado aparece na última colocação entre as 27 unidades federativas brasileiras. O Censo mostra que apenas 6,13% dos maranhenses frequentavam algum curso de graduação, especialização, mestrado ou doutorado.

Um grande homem

Por: José Reinaldo Tavares 

A idade e suas doenças privaram o Maranhão, em momentos muito importantes, da liderança e lucidez de um homem extraordinário. Falo de Neiva Moreira, que teve participação muito importante na política maranhense e brasileira.

Tinha por ele grande iração. Li tudo que consegui sobre ele, inclusive o livro, quase uma reportagem, “O Pilão da Madrugada”, do escritor José Louzeiro. Li também os “Cadernos do Terceiro Mundo”, trazidos a mim por sua filha, em cujo conteúdo defendia a ferrovia Norte-Sul, naquela época execrada pela mídia sulista.

Pena que ele já não apresentava boa saúde durante a fase que antecedeu a cassação de Jackson Lago, urdida pela oligarquia, querendo tomar de volta o governo do estado que haviam perdido em 2006. Eu me preocupava muito com o desenrolar do processo, pois observava que Jackson não acreditava que pudesse ser tirado do governo e, muitas vezes antes do julgamento, não fazia o que deliberávamos. Eu, ao discutir com ele as providências que eu achava que estavam faltando, via o governador concordar, mas não dava sequência ao que era conversado. Tentei colocar Neiva no processo, mas ele já não possuía o vigor de antes. Creio que se ele estivesse bem, teria convencido Jackson Lago, seu velho amigo, dos perigos que corria.

Tenho com ele uma agem inesquecível para mim. Na ocasião, o presidente do Senado, José Sarney, não colocara na pauta de votação o projeto de financiamento do Banco Mundial para combate à pobreza no estado durante todo o seu mandato como presidente do senado. Tudo isso pode ser bem compreendido pelo simples ato de assistir ao vídeo postado no YouTube, que mostra uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça do Senado presidida pelo senador Antônio Carlos Magalhães, presidente da Comissão. No episódio, este último foi inquirido por um parlamentar, que questionava o porquê do processo do Maranhão não ser colocado na pauta de votação. Magalhães então sussurrou para o parlamentar que o assunto não ia para frente, pois Sarney não deixava.

A audiência estava sendo gravada e tudo isso consta no vídeo que pode ser ado a qualquer hora por qualquer um. O tempo ava, o presidente do senado já era Renan Calheiros e a instituição ameaçava anular a aprovação do empréstimo feita por sua diretoria, que já ia completar dois anos sem a confirmação do senado.

Resolvemos reagir e depois de imensa eata em São Luís, com mais de 20 mil pessoas, formada principalmente de comunidades rurais prejudicadas, fomos a Brasília com audiências marcadas com os presidentes da Câmara e do Senado, Aldo Rebêlo e Renan Calheiros, respectivamente.

Lá encontramos um ambiente hostil por parte dos dois, que não queriam mais nos receber. Aldo conseguiu trazer para a reunião com a delegação em uma sala nas dependências da Câmara, mas Renan não cedia e estava irredutível. Neiva Moreira, embora já enfrentasse dificuldades de saúde, estava lá firme conosco. Sem saída, me sentei ao seu lado e comecei a conversar com ele sobre o que devíamos fazer naquela situação. Quando ele se vira para mim e diz: “Só tem uma solução, invadirmos a sala de Renan, nós dois”.

Compreendi imediatamente o que ele estava propondo. Aceitei a sugestão e marchamos de braços dados para o gabinete do presidente do Senado. Quando chegamos lá, fomos metendo a mão na porta e entrando a despeito dos apelos das secretárias. Quando ela viu que não tinha como barrar um homem com a história de Neiva, no alto de seus quase 90 anos, e um governador, pois a repercussão seria imensa, pediram cinco minutos para que o presidente terminasse uma reunião com a garantia de que nos receberia imediatamente.

Assim foi feito com direito a fotografia e tudo. A repercussão do fato chamou a atenção de todos os senadores e a simpatia imediata pela causa só aumentou quando os mais de 300 agricultores, vestindo camisetas vermelhas e portando faixas exigindo a imediata aprovação do projeto, se instalaram na galeria do plenário da casa.

Naquele clima, com a adesão maciça dos senadores de outros estados, a aprovação se tornou irreversível, o que se deu sob os brados do senador José Sarney, que gritava “Aprova, mas o dinheiro não sai”, também disponível no YouTube.

A bravura e a dedicação de Neiva Moreira permitiram a aprovação do projeto e o dinheiro saiu, o que ajudou a minorar os indicadores de pobreza no estado, uma proeza que meu governo conseguiu e que hoje, infelizmente, regride.

Esse era Neiva Moreira, gigante maranhense, merecedor do carinho e do reconhecimento do povo maranhense.

Amigos, fico em dúvidas se Roseana realmente está por aqui ou tirou férias novamente. Será que ela não sabe que a Escola de Música da capital fechou, causando um grande prejuízo a tantos jovens de talento e futuro promissor que ali recebiam ensinamentos preciosos e onde se aprimoravam no domínio de seus instrumentos, iniciando, a partir dali, uma vida profissional como músicos? Será que também não sabe que as cinco escolas – que foram instaladas no meu governo – também estão fechadas e todos os instrumentos estão se estragando sem uso?

A escola se junta assim à Biblioteca Pública, ao aeroporto, a BR-135, as escolas de ensino médio fechadas ou as que ainda não iniciaram o período letivo deste ano, como, por exemplo, Presidente Dutra, Carolina e Balsas, conforme denúncia do Sinproesemma, por falta de professores, ao prédio do antigo Maristas, ao abandono do Centro Histórico, aos restaurantes populares, ao PAM Diamante, ao Hospital dos Servidores… Enfim, são tantos os prédios e projetos paralisados por Roseana que teríamos que ter mais páginas para enumerá-los todos.

E ela volta a fechar a secretaria de estado que cuidava da agricultura familiar, dos pequenos agricultores, os que mais precisam da mão do Estado. Esses maranhenses precisam de ajuda para adquirir sementes e tecnologia para aumentar a produtividade, assim como ajuda para o ao crédito agrícola, como tinham no meu governo com as Casas da Agricultura Familiar, todas extintas. Roseana ‘não tem parelha’, como diz um grande amigo.

E seguindo adiante, foram 59 assassinados em abril e aconteceram 50 assaltos a bancos neste ano. É o jeito Roseana de governar…

A única ação visível dela é tentar atrapalhar o trabalho de Castelo na prefeitura. Agora divulga boatos sobre o prosseguimento da Av. Litorânea, tentando evitar que o prefeito realize obra tão importante para São Luís.

Ela não trabalha e quer impedir o prefeito de trabalhar. Para ela quanto pior, melhor!

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Maranhão tem 161 escolas com nome dos Sarney

No estado, 61% dos moradores não têm nem ensino básico

De O Globo

CHICO OTAVIO

Nome de Roseana Sarney ainda não cobriu o de Paulo Freire em escola rebatizada, mas já está nos uniformes escolares

No ano em que foi declarado patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997) ficou menor no Maranhão. Por decisão da Secretaria estadual de Educação, o nome do educador será apagado da fachada do prédio anexo de uma escola pública de Turu, bairro de São Luís. Em seu lugar, será pintado o novo nome da escola: Centro de Ensino Roseana Sarney Murad. Os uniformes dos alunos já foram mudados.

No Maranhão, o sobrenome Sarney já está em 161 escolas, mas a mudança em Turu não deve ser interpretada apenas como mais um sinal do culto à família de Roseana. Para a direção da escola, o importante é ter a certeza de que o nome da governadora pintado na fachada atrairá mais recursos e outros paparicos da istração central de um estado onde 61% das pessoas, com 10 anos de idade ou mais, não chegaram a completar a educação básica (de acordo com dados do Censo 2010). Isso é sarneísmo, movimento político liderado pelo senador José Sarney (PMDB), que comanda o Maranhão há quase cinco décadas.

— Sarney nem mora aqui. Seu controle só é ativado em momentos muito específicos — disse o professor Wagner Cabral, do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Sarneísmo, uma história de 47 anos

Reportagem publicada ontem no GLOBO revelou a existência de uma rede de falsas agências de turismo que fornece mão de obra barata, arregimentada no interior do Maranhão, para a lavoura de cana-de-açúcar e para a construção civil do Sudeste e do Centro-Oeste. Para os especialistas ouvidos pelo jornal, o fenômeno é resultado de uma perversa combinação de fatores, da má distribuição da terra à tragédia educacional no estado, todos fortemente associados ao sarneísmo.

Desde 1965, quando José Sarney (PMDB) assumiu o governo maranhense, o grupo do atual presidente do Senado venceu dez eleições para governador, chefiou o Executivo local por 41 anos e só perdeu o controle político do estado em duas ocasiões: quando o aliado e então governador José Reinaldo Tavares rompeu com o sarneísmo, em 2004, e dois anos depois, quando Jackson Lago (PDT) derrotou sua filha e herdeira política, Roseana, que concorria ao terceiro mandato de governadora. Mesmo assim, por pouco tempo: em 2009, Lago teve o mandato cassado por compra de votos.

O sarneísmo é um movimento diferente de outras correntes políticas, como o getulismo ou o brizolismo. Não se sustenta na adoração da figura do líder e nem tem uma base popular. Em lugares como Codó, Timbiras e Coroatá, cidades a 300 quilômetros de São Luís, que formam uma espécie de enclave do trabalhador barato no interior do estado, só se vê o nome Sarney em prédios públicos. Todavia, a cada abertura das urnas eleitorais, a família reafirma um poder que nem a estagnação econômica foi capaz de ameaçar.

— De um lado, Sarney é homem de ligação com o governo federal. Tem poder em Brasília por ser uma peça fundamental no jogo da governabilidade. De outro, mantém as prefeituras de pires na mão — sustenta Wagner Cabral.

— Ele fala por uma questão ideológica e política. Sarney proporcionou um salto de progresso no estado. Os fatos históricos são diferentes — rebate o jornalista Fernando César Mesquita, porta-voz de Sarney.

No Maranhão, a força do sarneísmo está na pequena política. Quando descobriu que a escola Paulo Freire, onde trabalha, seria rebatizada com o nome da governadora, a professora Marivânia Melo Moura começou a ar um abaixo-assinado para resistir à mudança. A retaliação não demorou:
— A direção ameaçou transferir-me — disse a professora, que mora no mesmo bairro da escola e vai de bicicleta ao trabalho.

A Secretaria de estado da Educação alega que o anexo da escola Paulo Freire mudou de nome porque foi incorporado à estrutura, já existente, do Centro de Ensino Roseana Sarney Murad, “devido à necessidade de uma estrutura organizacional, com regimento, gestão e caixa escolar próprios, no referido anexo”.

O Maranhão, onde quase 40% da população é rural, é uma espécie de campeão das estatísticas negativas. Enquanto o Brasil tem 28% de trabalhadores sem carteira assinada, o percentual no estado supera os 50%. Na relação dos 15 municípios brasileiros com as menores rendas, listados pelo IBGE, nada menos do que dez cidades são maranhenses. O chefe do escritório regional do Instituto, Marcelo Melo, acrescenta ainda que apenas 6% dos maranhenses estudam em cursos de graduação, mestrado e doutorado. Separados, os números já assustam. Se combinados, o efeito é devastador.
— O resultado desses índices de qualificação é uma mão de obra de baixa qualidade.

O professor Marcelo Sampaio Carneiro, do Centro de Ciências Sociais da UFMA, explicou que a estrutura do mercado de trabalho no Maranhão possui duas características principais. A primeira é a elevada participação do trabalho agrícola no conjunto das ocupações, com destaque para os postos de trabalho gerados pela agricultura familiar. Por conta de diversos fatores, ele disse que tem havido uma forte destruição de postos de trabalho nesse setor. De acordo com o Censo Agropecuário, em 1996 existiam 1.331.864 pessoas ocupadas no campo maranhense; em 2006 esse número baixou para 994.144 pessoas. Isso explica, por exemplo, o arco de palafitas miseráveis que cerca o centro histórico de São Luís.

A segunda é a inexistência de ramos industriais dinâmicos que consigam absorver essa oferta de mão de obra, já que a principal atividade industrial no Maranhão é o beneficiamento primário de produtos minerais, como a fabricação de alumínio e alumina pela Alumar e a produção de ferro-gusa por pequenas unidades fabris instaladas ao longo da Estrada de Ferro Carajás. Por esse motivo, o estado, que nos anos 50, 60 e 70 do século ado recebia migrantes, ou, a partir dos anos 1980, a exportar mão de obra. E nem mesmo a sistemática transferência de recursos, via programas sociais, foi suficiente para deter esse esvaziamento:

— A transferência de renda pode até livrar as famílias da fome, mas não é capaz de dinamizar a economia da região — disse Carneiro.