Luis Fernando captura prefeitos, mas o povo quer votar na oposição

Do Blog do Ed Wilson 

Alguma coisa parece ter mudado no jogo eleitoral do Maranhão.  Pela primeira vez, um candidato da oposição, Flavio Dino (PCdoB), fora da máquina do governo, lidera com folga as pesquisas e ameaça concretamente derrotar a oligarquia Sarney.

O cenário para 2014 é diferente de 2006. À época, o então governador José Reinaldo Tavares (PSB), dissidente da oligarquia, alimentou três candidaturas contra Roseana Sarney (PMDB): Jackson Lago (PDT), Aderson Lago (PSDB) e Edison Vidigal (PSB).

Jackson Lago venceu a eleição, mas foi cassado.

Em 2013, Flavio Dino segue liderando sem a máquina estadual. O candidato da governadora, Luis Fernando Silva (PMDB), não consegue decolar, mesmo com o apoio de todas as estruturas econômicas, políticas, jurídicas, midiáticas e até sobrenaturais.

No desespero, o governo coage os políticos alinhados à oposição. Ameaçado de cassação, o prefeito de Barreirinhas, Léo Costa (PDT), foi o primeiro a ceder. Em solenidade no Palácio dos Leões, sob pena de perder o mandato, inclinou-se a Roseana Sarney (PMDB).

O prefeito de Cajapió, Nonato Silva (PCdoB), mudou de partido e também declarou apoio a Luis Fernando.

A oscilação dos prefeitos é comum no período pré-eleitoral no Maranhão. Mediante ofertas de convênios e parcerias, ou ameaças de cassação, os gestores municipais aderem sob pressão à candidatura do governo.

Essa movimentação sempre ocorreu nas eleições anteriores; porém, no cenário de vantagem das candidaturas do Palácio dos Leões.

Em 2014 a tendência é de alteração desse panorama. Enquanto Roseana Sarney & Luís Fernando Silva cooptam os prefeitos, o povo segue outro caminho, apontado nas pesquisas favoráveis à oposição.

Flavio Dino continua liderando em todos os cenários, mesmo com a pressão do governo Roseana Sarney sobre os prefeitos.

O desespero diante do fracasso de Luís Fernando alterou também o modus operandi eleitoral da oligarquia Sarney.

Nos pleitos anteriores, Roseana apresentava o candidato da oligarquia Sarney e dava uma ordem aos prefeitos, algo como: “Esse é o nosso nome. Se virem para eleger”

Agora o governo está negociando com prefeitos, grupos de oposição, presidentes de câmaras municipais, vereadores, lideranças comunitárias, sindicais etc.

Na estratégia da campanha de Luís Fernando, há uma diretriz específica para os meios de comunicação nos municípios, que consiste no cerco às rádios locais, jornais regionais e blogueiros.

Mesmo com todo o poderio midiático-econômico-político, Luís Fernando Silva não decola.

Ele vai para um lado e o eleitor para outro.

Novos prefeitos, novos rumos

Flávio Dino

Prefeitas e prefeitos de todo o país se reuniram, em Brasília, esta semana para acompanhar as boas novas trazidas pelo governo federal. Na pauta, anúncio de um pacote de incentivos aos municípios, que vão desde investimentos em infraestrutura e saneamento básico até fortalecimento das redes municipais de ensino. Uma boa oportunidade a ser aproveitada pelas gestões que compartilhem da vontade de trazer benefícios concretos para a população.

Investimentos na ordem de R$ 66,8 bilhões serão feitos em grandes, médias e pequenas cidades de norte a sul do Brasil, distribuindo renda e desenvolvimento pelo país e, desta forma, diminuindo as diferenças socioeconômicas que, há 10 anos, pareciam intransponíveis.

Essa superação de antigos estigmas sociais e que traz avanços para todo o país precisa ser aproveitada, não apenas pelos governos estaduais, como também diretamente pelos municípios, em parceria com o governo federal. Outra excelente oportunidade será a ampliação do projeto Minha Casa, Minha Vida que, nesta etapa, fomentará a construção de mais um milhão de casas às famílias de baixa renda. Lembro, a propósito, o bem-sucedido exemplo da cidade de Caxias, onde o prefeito Humberto construiu mais de seis mil casas para a população.

Todas as oportunidades apresentadas por Dilma e os ministros atenderão a necessidades concretas da população e são investimentos em infraestrutura e políticas sociais com resultados a curto, médio e longo prazo. Em seu discurso de abertura, a presidenta Dilma fez questão de frisar que o investimento acontecerá em cidades de todo o Brasil, sem discriminação de cores partidárias ou lados políticos.

Estive presente em três reuniões com vários gestores municipais recém-eleitos do Maranhão em Brasília, por ocasião do Encontro Nacional de Prefeitas e Prefeitos. Conversamos sobre as oportunidades apresentadas a cada cidade. A abertura do diálogo com o governo federal para o avanço de nosso estado a partir dos municípios é um dos grandes avanços aperfeiçoados pelos governos Lula e Dilma.

Para a cidade de São Luís, por exemplo, apenas na infraestrutura da educação pública municipal, o governo federal contribuirá com a construção de escolas, creches e quadras poliesportivas, prioritariamente nos bairros menos atendidos. Juntando esforços ao ministro da Educação, Aloísio Mercadante, e outros ministros, Edivaldo Holanda Júnior começa a implantar na capital um modelo avançado de istração: com diálogo com as esferas de poder e com a população.

Vejo com satisfação que iniciativas como estas se espalham por diferentes cidades do Maranhão, com prefeitos que buscam em parcerias pautadas no interesse público, deixando para trás a antiga prática de alianças com interesses puramente eleitoreiros, feitos às vésperas do pleito, comum ao modelo oligárquico.

Com prefeitos que olham para frente e que buscam novas fórmulas para vencer o atraso imposto aos maranhenses em mais de 50 anos de coronelismo político, o Maranhão a a conhecer um caminho diferente para resolver antigos problemas. Investimentos feitos de maneira correta, que levem em conta as potencialidades locais e a justiça social.

Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal

Menos Prefeitos e Vereadores. Mais Professores…*

José Lemos

Virou lugar comum nos conformarmos com os desmandos daqueles que dirigem o País. Acostumamo-nos com as noticias de corrupção. Quando as diferentes mídias mostram, por exemplo, que há desvios de recursos no DNOCS, isso soa como natural. O Ministro da pasta, já recheado de outras denuncias, aciona os seus padrinhos políticos para permanecer no cargo. O seu partido, que é donatário do Ministério, ameaça retaliar a Presidente que, para evitar a retaliação, muda alguns nomes, para ficar tudo igual.

As denuncias se juntam a tantas outras que envolvem prefeituras. Eu não teria qualquer receio em dizer que a regra, na grande maioria das 5.564 prefeituras que existem no Brasil, é o uso inadequado dos nossos impostos. Talvez os brasileiros não saibam que os prefeitos são os únicos governantes que podem sacar os recursos das suas prefeituras na boca do caixa do Banco em que o dinheiro estiver depositado. Este é um duto fácil, e tentador, para os desvios de que se tem noticias recorrentemente.

É fato comum, ao assumir as prefeituras, as famílias agraciadas com esse beneplácito logo comprarem e exibirem caminhonetas luxuosas. O público que lhes viabilizou o o ao poder, na maioria dos casos, são brasileiros que, sequer sabem em quem votou, porque lhes foi apresentada uma “cola” com o número do candidato, não sem antes terem recebido alguns desses benefícios paliativos de véspera de eleição.

Nestes dias eu recebi uma mensagem pela internet que é, no mínimo, instigante. Nela é lembrado que, quando o nosso time de futebol faz feio, ficamos furiosos e vamos aos campos de treinamento, ou aos aeroportos, espinafrar. A mensagem lembrava que não fazemos assim com os políticos que elegemos. Seriam manifestações fortes da população descontente com os rumos que estão dando  ao Brasil. Zombando de nós.

Uma das maiores excrescências que os políticos estão sempre ameaçando (e no ado recente conseguiram) é a criação de novos municípios. Esta, pelas razões expostas acima e pelos números que mostrarei a seguir, é uma das maiores fontes de assalto aos impostos que nós temos que bancar para pessoas que, sem qualquer habilidade profissional, buscam no proselitismo da vida política fácil, a fonte inesgotável e imoral de conquistar riqueza material. Sem a contrapartida do trabalho.

O PIB per capita anual do Brasil, em 2009 (último ano para o qual esta informação está disponível) foi de R$16.917,66, ou 3,4 salários mínimos em valores daquele ano. Pois bem, em 4.757 (85,5%) municípios, o PIB per capita é menor do que a média brasileira.  Nesses municípios sobrevivem 63% da população brasileira.

Há 3.921 municípios com população abaixo de vinte mil habitantes, a maioria deles é constituída de municípios recém criados. Aproximadamente 90% desses municípios estão incluídos entre aqueles cujo PIB per capita está abaixo da média brasileira.  Em 1.814 deles a escolaridade média é de no máximo quatro anos (analfabetos funcionais na média). Em 1.915, desses municípios, a população maior de quinze (15) anos tem taxas de analfabetismos que variam de 20% a 44%. Uma tragédia. Ou seja, todos eles são insustentáveis, e servem apenas para enriquecer as famílias agraciadas com cargos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

A população que sobrevive nos municípios menores de vinte mil habitantes é de 33,17 milhões de pessoas. Se esses municípios desaparecessem e fossem incorporados a outros para terem no mínimo vinte mil habitantes,  haveria 2.263 municípios a menos.

Considerando um salário mensal de Prefeito de R$10.000,00 de Vice–Prefeito de R$8.000,00, um mínimo de dez secretários municipais ganhando cada um R$5.000,00 e um mínimo de sete vereadores com salário de R$10.000,00 cada um, seriam poupados mensalmente, por município, pelo menos R$138 mil. Como essa gente, mesmo sem trabalhar em beneficio das populações, recebe treze salários por ano, seriam poupados anualmente R$1.794.000. Que multiplicados pelos 2.263 municípios subtraídos, daria uma economia anual de, ao menos, quatro bilhões de reais. Essa grana toda seria mais bem aplicada contratando professores, profissionais da área de saúde, engenheiros… Estaria criada a condição para mudar o quadro mostrado no texto. Poderíamos iniciar, de imediato, um Projeto de Emenda à Constituição, de base popular, igual àquela que resultou na Emenda da Fixa Limpa, para que conste na Constituição  que não poderá existir no Brasil, já em 2014, um único município com menos de vinte mil habitantes, e que as Câmaras municipais não podem ter mais do que sete (7) vereadores que, na maioria dos casos, não am de cabos eleitorais  pagos por nós que trabalhamos e geramos riquezas. Fica a sugestão e vamos à luta para mudar o Brasil.

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*Artigo publicado em 28/01/2012 no Jornal O Imparcial.