Comunidades quilombolas lutam para manter tradições em Bequimão

Apesar das dificuldades, comunidades são muito unidas. Projeto do Unicef tenta garantir melhorias na qualidade de vida.

Do G1 MA, com informações da TV Mirante

O cotidiano dos remanescentes das comunidades quilombolas de Bequimão, município localizado na Baixada Maranhense, foi retratado em detalhes no Repórter Mirante deste sábado (22): o dia a dia nas comunidades; o trabalho na casa de farinha; a tradição das ‘rezadeiras’ e ‘parteiras’; os remédios que nascem nos quintais de cada residência.

Ao longo dos anos os descendentes destas comunidades lutam para preservar a memória de seus ancestrais e rear os mesmo valores para as gerações futuras. Em algumas localidades o trabalho parece ter parado no tempo, mas a sabedoria de seu povo que, de pés no chão, reescreve a própria história.

A maioria destas comunidades enfrenta sérios problemas de infraestrutura, mas nem por isso se deixa abater e aposta em fortes valores como a religião.

O programa também destacou o projeto apoiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), para garantir direitos e melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes quilombolas.

Clique aqui e veja a íntegra do programa.

Incra-MA lança edital para atender famílias quilombolas

De O Imparcial

InacioA Superintendência Regional do Incra no Maranhão publicou na segunda-feira (23), no Diário Oficial da União (D.O.U) o Aviso de Licitação do Pregão nº 08/2013 para contratar pessoas físicas ou jurídicas especializadas para a elaboração de 29 relatórios antropológicos de Comunidades quilombolas maranhenses e beneficiar cerca de 3.000 famílias. Os interessados em participar da licitação poderão visualizar, retirar o edital e enviar suas propostas, por meio do site http://www.comprasnet.gov.br, no horário de 08h00 às 11h59 e das 14h às 17h59. A abertura das propostas será no dia 04 de setembro, às 09h00.

O Aviso de licitação foi lançado na modalidade de pregão eletrônico, do tipo menor preço por lote. Segundo o chefe da Divisão de istração do Incra-MA, Aldemir Carvalho, uma empresa ou organização poderá concorrer a um ou a vários lotes, caso tenha capacidade para execução, o que torna o processo licitatório mais democrático. “Essa medida contribui para que empresas grandes ou pequenas participem do processo”, afirmou.

De acordo com o superintendente regional do Incra-MA, José Inácio Rodrigues, esse pregão eletrônico foi um compromisso firmado com o Movimento para atender reivindicações dos quilombolas. “Essa contratação vai acelerar o processo de regularização de várias comunidades que se encontram em situação de conflitos agrários.”, afirmou. Para esses serviços, o Incra-MA fará um investimento de R$ 1,8 milhão.

José Inácio informou ainda que o Incra-MA está atuando em 38 comunidades quilombolas, que estão com processos em diversas fases de tramitação para regularização como remanescentes de quilombos. Dessas, 27 estão com seus relatórios antropológicos contratados e em execução por meio de um pregão realizado pelo Incra Nacional; Outras 05 Comunidades estão com seus relatórios em andamento sendo executados pelos técnicos do Incra-MA e mais 06 imóveis foram decretados de interesse social para regularização como áreas quilombolas. Agora, com o pregão regional, serão acrescidas mais 29 comunidades, totalizando 67 áreas trabalhadas pela Superintendência para titulação de seus territórios.

Os relatórios

Os serviços a serem contratados caracterizam-se pelo processo de elaboração e fornecimento de 29 relatórios antropológicos, divididos em 08 lotes e vão atender cerca de 3.000 famílias de 107 povoados, em territórios quilombolas, localizados em 19 municípios maranhenses: Grajaú, Colinas, Santa Inês, Matões, São João do Sóter, Codó, Pirapemas, Presidente Vargas, Serrano do Maranhão, Bequimão, Cedral, Central do Maranhão, Turiaçu, Turilândia, Santa Helena, Mirinzal, Pinheiro, Palmeirândia e Perimirim.

Os relatórios são de caracterização histórica, econômica, ambiental e socioambiental de áreas quilombolas e deverão fornecer subsídios para o reconhecimento, a identificação e delimitação das comunidades remanescentes de quilombos. Devem ser feitos por meio de levantamento de campo, pesquisas etnográficas, bibliográficas e documentais, organização e análise das informações levantadas para posterior formatação e apresentação.

QUILOMBOLAS TEM CASA INCENDIADA EM BEQUIMÃO

Do Vias de Fato

abcasaCerca de 200 quilombolas realizaram entre 12 e 15 de março no INCRA de São Luis, o Acampamento Quilombola Negro Flaviano. O acampamento é uma atividade permanente do movimento quilombola do Maranhão – MOQUIBOM, que luta em defesa da garantia e titulação dos territórios tradicionalmente ocupados por centenas de comunidades quilombolas espalhadas no Estado do Maranhão.

Nesta quinta-feira (14), foi realizada uma Coletiva de Imprensa, onde os acampados denunciaram que o acordo celebrado em 2011, pelo presidente nacional do INCRA e o superintendente regional da instituição, nunca foi cumprido. Os quilombolas reclamam também da morosidade do Estado Brasileiro em efetivar o dispositivo constitucional ADCT 68, que determina a titulação das terras remanescentes de quilombos. Devido a morosidade do processo de titulação, a violência praticada contra estas comunidades só tem aumentado a cada dia que a.

A senhora Juranice Martins, da comunidade quilombola Sibéria localizada no município de Bequimão, relatou que no dia 12 de março, policiais incendiaram a casa do seu vizinho de nome Leandro. Segundo Dona Juranice, o fazendeiro Carlos Jorge chegou com 2 camburões da polícia e um outro carro com 2 oficiais de justiça dizendo que tinha uma ordem judicial para destruir tudo.

“Eles não mostraram nenhum papel, o dono da casa estava no trabalho, mesmo assim eles derrubaram a cerca e tocaram fogo na casa queimando seus documentos, seus pertences e um dinheirinho que ele guardava para comprar alimentos. Esse fazendeiro sempre quis tomar essa área, meu avô tem 96 anos, nasceu e se criou aqui e agora ele quer tomar nossa terra”. Denunciou D. Juranice.

Casos como esses são comuns no Maranhão, um Estado onde a impunidade campeia, no início deste ano jagunços queimaram 2 casas de quilombolas na comunidade Santa Maria dos Moreiras, zona rural de Codó a 300 km de São Luis. Segundo boletim de ocorrência registrado na delegacia de Codó os jagunços atearam fogo nas casas dos trabalhadores a mando do líder do Governo de Roseana Sarney, deputado estadual Cesar Pires.

Não disse! O Incra do Maranhão quando não é apanhado em ilícito é acusado de omissão

Do Blog do Kenard

Talvez seja melhor dizer: espertos do Incra são omissos quando não podem tirar vantagem

O Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA) propôs ação civil com pedido de liminar contra o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pela inércia da autarquia diante da comercialização ilícita de lotes do projeto de assentamento Entroncamento, localizado no município de Itapecuru-Mirim (MA). A área é destinada à reforma agrária e parte dela pertence aos remanescentes de quilombos do município.

Parte do projeto Entroncamento foi apropriada por pessoas que não possuem o perfil de clientes da reforma agrária, o que gerou disputas entre moradores e vizinhos da região. O MPF constatou que essas áreas foram adquiridas em compras e vendas de lotes irregulares, gerando concentração fundiária em espaço destinado apenas aos quilombolas, posseiros e assentados.

As irregularidades foram identificadas pelo Incra, mas as providências não foram tomadas. Para resolver a situação, várias reuniões foram realizadas na sede do MPF/MA. No entanto, a autarquia, mesmo oficiada por diversas vezes, permaneceu inerte.

Com o objetivo de resguardar os direitos sociais dos beneficiários da reforma agrária e dos remanescentes de quilombos, o MPF requereu completo levantamento da ocupação irregular de lotes do projeto Entroncamento e a adoção de medidas efetivas para a correção das irregularidades identificadas. Requereu ainda aplicação de multa diária ao Incra, no valor de 10 mil reais, em caso de descumprimento de qualquer das obrigações.

Com informações do MPF-MA.

As últimas Comunidades Quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares na Baixada em 2011

Do Vias de Fato

Quilombolas são descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos. E uma das funções da Fundação Cultural Palmares é formalizar a existência destas comunidades, assessorá-las juridicamente e desenvolver projetos, programas e políticas públicas de o à cidadania. Mais de 1.500 comunidades espalhadas pelo território nacional são certificadas pela Palmares.

Bequimão: ( 22/12/2011)
Comunidade Conceição;
Comunidade Mafra

Cururupu: (01/12/2011)
Ceará;
Fortaleza;
Santa Rita

Santa Helena :(01/12/2011)
Armidios;
Boi do Carro;
Chapadinha;
Faxina e Bom Que Dói;
Povoado de Vivo;
São Raimundo;
São Roque e Santa Severa

Serrano do Maranhão:( 01/12/2011)
Santa Rosa
Mirinzal: (22/12/11)
Achuí;
Santa Tereza;
Ilha

Peri-mirim: (22/12/11)
Pericumã

Porto Rico do Maranhão:( 22/12/11)

Sumaúma

Penalva: (22/12/11)
Gapó

http://www.palmares.gov.br

Carta dos Policiais Militares aos Quilombolas, Indígenas e Sem-Terra do Maranhão: a luta por dignidade nos faz irmãos!

Do Blog Diário de Luta

Carta aberta à população brasileira

Hoje, quando a nossa categoria está em greve em todo o Maranhão, está chegando a São Luís grupos de quilombolas e de lavradores sem terra. Eles, que após sucessivos acampamentos, vem novamente à nossa capital, desta vez para tratar com o presidente nacional do INCRA.

Sabemos que, historicamente, a relação entre a Polícia Militar e as organizações populares em nosso país não é boa. Porém, neste momento importante da história, onde lutamos por dignidade e melhores condições de trabalho, achamos oportuno falar desta outra luta, travada pelos homens e mulheres do campo.

Primeiro, temos que lamentar pela violência, oriunda dos conflitos de terra. Infelizmente ela acontece e nós, ao longo do tempo, tivemos nossa parcela de responsabilidade neste problema. itimos os nossos excessos e, agora, pedimos desculpas por eles.

Por outro lado, agora, quando grande parte da sociedade maranhense está sendo solidária conosco, queremos também deixar clara a nossa solidariedade com a luta dos quilombolas, dos índios, dos sem terra! Somos o mesmo povo, vítimas da mesma opressão, da mesma exploração que se alastras pelos quatro cantos do Maranhão!

É importante, antes de tudo, reconhecer que nós somos todos irmãos!

Hoje, nós estamos acampados na Assembléia Legislativa, querendo condições de trabalho para sustentar nossas famílias, enquanto eles querendo a terra, também para comer e sustentar os seus filhos. É nosso desejo que – nesta circunstância absolutamente atípica – se possa tentar inaugurar um novo momento entre os servidores públicos militares do Maranhão e as organizações sociais do campo e da cidade.

Achamos importante dar este  exemplo para o Brasil, mostrando o verdadeiro valor do nosso povo, a grandeza da nossa gente e gritando bem alto que hoje, no Maranhão, não se consente mais esperar!

São Luís, 29 de novembro de 2011
Associação dos Servidores Públicos Militares do Maranhão

CAMPONESES ASSENTADOS, QUILOMBOLAS E POVOS E INDÍGENAS DO MARANHÃO SÃO DESRESPEITADOS PELO GOVERNO FEDERAL

Do www.viasdefato.jor.br

Por ocasião da última ocupação da sede do INCRA – MA, dos dias 25 de agosto a 01 de setembro deste ano, o presidente do INCRA Nacional, Celso Lacerda, assumiu o compromisso de vir ao Maranhão hoje, dia 30 de setembro, para apresentar um plano de trabalho do órgão no estado.

Infelizmente, na noite de ontem, dia 29 de setembro, segundo o superintendente do órgão no estado José Inácio Sodré Rodrigues, o presidente do INCRA Nacional informou que não viria a audiência no Maranhão, com nós assentados, acampados, quilombolas, indígenas.

Essa atitude do governo federal demonstra seu descaso com a política agrária, com a titulação e a garantia do direito das famílias que atualmente ocupam os territórios de povos indígenas. O fato é, também, mais uma demonstração de submissão deste mesmo governo federal, ao autoritarismo e desmandos da máfia do Sarney, o velho oligarca, recentemente vaiado durante o festival de rock, no Rio de Janeiro.

Como foi dito hoje pela manhã no auditório do INCRA, toda esta situação é uma molecagem e um profundo desrespeito com todos nós por inúmeras pessoas que saíram de suas casas, para um encontro marcado há um mês.  O que também é grave é o fato do superintendente do INCRA, José Inácio, dizer, em alto e bom som, diante de um auditório lotado, que o Maranhão “é discriminado pelo governo federal”. Enquanto o INCRA não se entende (permanecendo sob a pressão da oligarquia local) o povo segue sendo assassinado em diferentes regiões do Maranhão.

Moquibom
MST
Indígenas

Resistência importante e necessária

Do Jornal Vias de Fato

Emilio Azevedo* e Inaldo Serejo**

O ano de 2011 tem sido marcado pela ação política de quilombolas, ribeirinhos, assentados, acampados e indígenas em São Luís do Maranhão. Estes camponeses vêm dos mais diferentes pontos do Estado até a capital denunciar o histórico descaso do governo federal com a titulação dos territórios tradicionais, reforma agrária e a profunda aliança entre o grupo Sarney e o latifúndio assassino.

Nestas mobilizações, do campo para a cidade, foram feitas greves de fome, panfletos/denúncias, manifestações em frente ao Palácio dos Leões e do Tribunal de Justiça, além de ocupações e fechamento de prédios públicos. No mês ado, em agosto, num só dia (30/08), índios, quilombolas e sem terra, fecharam as sedes regionais do INCRA, Embrapa, FUNAI e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Todas estas manifestações têm ocorrido, principalmente, porque no Maranhão houve um crescimento evidente da violência no campo. Isto é publico e notório. Cresceu o número de assassinatos, espancamentos, atentados contra organizações sociais, ameaças, tiros, sangue… O latifúndio avança criando esta situação extrema e os povos da terra resistem.

Ao final do acampamento quilombola no mês de junho o escritório da T-MA foi arrombado e documentos foram revirados. No mês de julho, depois de um importante encontro do Movimento Quilombola da Baixada (MOQUIBOM) o escritório da T de Pinheiro também sofreu um arrombamento e apenas um computador foi levado. Durante o último acampamento na sede do INCRA-MA foi disparado uma série de tiros contra a casa do quilombola Zé da Cruz (Pirapemas), índios Awá Guajá, na região de Bom Jardim, sofreram ameaças de morte por parte de madeireiros e, na região Tocantina, houve uma ameaça de despejo no acampamento Salete Moreno, no município de Ribamar Fiquene, local onde, constantemente, pistoleiros cercam a comunidade e disparam tiros para intimidar os sem terra. No mesmo período uma indígena kanela foi morta, depois de estuprada com requintes de brutalidades, no município de Barra do Corda.

No começo deste mês de setembro, depois de todas as inúmeras denúncias feitas invadiram e tocaram fogo em um dos escritórios do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). E, no município de Estreito, a Polícia Militar do Estado espancou e prendeu quatro assentados do MST.

Está muito claro, portanto, que estas mobilizações que tem a chegado a São Luis em forma de acampamento, nada mais são que um reflexo, uma consequência do clima tenso, e até mesmo trágico, que é vivido hoje em diferentes pontos do Maranhão.  E, ao chegar à capital, eles tem colocado o dedo exatamente em cima da ferida, falando dos motivos que leva ao aumento dos conflitos em nosso estado.

Estes motivos devem ser sempre repetidos e registrados:

1º razão dos conflitos – A opção do Estado brasileiro em favor do latifúndio. A decisão de entregar as terras ao agronegócio, que não respeita (e por isso mata) posseiros, índios, quilombolas e sem terra. A falta de investimento em agricultura familiar camponesa, provocando um drama ainda maior no Maranhão, estado com notória vocação rural e dominado por uma máfia. Hoje as terras do Maranhão estão sendo, cada vez mais, entregues às mineradoras, aos plantadores de soja, eucalipto, cana de açúcar etc. Sendo assim, este estado é o lugar do Brasil onde se tem a estrutura fundiária mais concentrada, por isso injusta e excludente.

2º razão dos conflitos – A presença do crime organizado em todas as esferas de poder no Maranhão. A máfia age nos quatro cantos do estado sob o comando e o apadrinhamento de José Sarney e do governo de Roseana. E toda essa degeneração atinge o sistema de segurança e da justiça, que age sob influência de prefeitos, deputados e outros agentes públicos. O latifúndio é base de apoio da máfia! Por isso, o Maranhão se torna uma terra sem lei. Não se trata apenas de um caso de polícia ou de justiça, mas, principalmente, de política, ou da degeneração total da política. É de interesse do poder local que o aparato de segurança trabalhe a serviço do latifúndio assassino. Uma prova do que estamos dizendo é que muitos casos de violência no Maranhão não se constituem em inquérito policial. Em algumas delegacias sequer as autoridades policias fazem o Boletim de Ocorrência das violências sofridas. A impunidade é premeditada. Em entrevista concedida ao jornal Vias de Fato, em dezembro de 2009, Manoel da Conceição disse que, no final da década de 1960, tentaram matá-lo e “Sarney esteve metido nisso”.  Na época, Manoel escapou. Recentemente, Flaviano Pinto Neto e outros camponeses, não tiveram a mesma sorte.

Diante destes dois motivos citados, não é a toa que tanto no acampamento de agosto, quanto no de junho, os quilombolas, os índios e os sem terra começaram sua ação na Praça Pedro II – onde fica a sede do governo do Maranhão e do Tribunal de Justiça – indo depois para o INCRA, órgão que deveria fazer a reforma agrária e a titulação de território de comunidades tradicionais, mas que, no Maranhão, tem seu comando sempre atrelado à oligarquia local, atuando na prática como um braço do latifúndio.

Ao chegar a São Luís, estas mobilizações têm contado com o apoio muito importante de setores urbanos, ligados à universidade pública (estudantes e professores), ao movimento sindical, à luta por moradia, à defesa dos Direitos Humanos e à comunicação alternativa (incluindo sites, redes sociais, blogs etc.). A repercussão tem sido de tal ordem que até o nefasto Sistema Mirante é obrigado a registrar a mobilização.

Toda esta ação dos camponeses do Maranhão é um processo de resistência visível e crescente. E que se torna importante porque, além de discutir o específico (orçamento, crédito etc.) entra também nas questões de fundo, unindo numa mesma ação política, quilombolas, índios, sem terra e posseiros.

O que para alguns pode parecer radicalização ou loucura, na verdade é uma necessidade, uma questão de sobrevivência. Trata-se de uma situação que, certamente, interessa a diferentes organizações que atuam junto aos camponeses do Maranhão, caso da T, MST, CIMI, FETAEMA, FETRAF, Cáritas Brasileira, Moquibom, Fóruns e Redes de Cidadania, SMDDH, Justiça nos Trilhos, Fórum Carajás, ASP, CNBB, Irmãs de Notre Dame Namur, União por Moradia Popular, Comissão de Direitos Humanos da OAB, Centro de Defesa da Vida de Açailândia, entre outras.

Estamos falando de um problema que existe e tem que ser enfrentado. Os conflitos aumentaram! E nós não podemos deixar que eles – os que exploram e oprimem – banalizem a violência, os assassinatos e os atentados contra as diferentes organizações.  A solução, por mais difícil que pareça, só poderá ser alcançada com a articulação entre os muitos que resistem, com mobilização, pressão da sociedade e a livre informação, tudo associado a um crescente trabalho de educação popular.

Encerramos lembrando que, no Pará, a recente condenação e prisão do fazendeiro que mandou matar a freira Doraty Stang – um homem ligado ao esquema de Jader Barbalho, do PMDB – demonstra, na prática, que pressão social surte efeito. Afinal, nesse tipo de conflito, como diz a sabedoria camponesa, “o risco que corre o pau, corre o machado”.

 *Emilio Azevedo é jornalista e membro da coordenação do projeto Vias de Fato.

**Inaldo Serejo é padre e membro da coordenação da Comissão Pastoral da Terra (T) no Maranhão

Artigo publicado na edição de setembro do jornal Vias de Fato

Acampados fecham INCRA do Maranhão

Do www.viasdefato.jor.br

Nas primeiras horas desta terça feira (30/08) os acampados no INCRA do Maranhão – sem terra, quilombolas e índios – fecharam os dois portões do órgão, não permitindo a entrada de funcionários. A partir de agora, segundo eles, ninguém entra, nem sai do prédio. A pauta de reivindicações inclui a regularização de terras e a solução dos conflitos causados pela ausência destas mesmas regularizações. Hoje, no Maranhão, mais de 80 pessoas que vivem no campo, estão ameaçadas de morte por conta de conflitos fundiários.

Três fatos ocorridos nas últimas horas aumentaram ainda mais a indignação destes camponeses que estão acampados no INCRA do Maranhão, desde o dia 25 de agosto. Enquanto eles estão em São Luís protestando, novos casos de violência e ameaças estão ocorrendo, a cada instante, no interior do estado. Os últimos foram nos municípios de Pirapemas (contra quilombolas), em Bom Jardim (contra índios Awá Guajá) e em Ribamar Fiquene (contra sem terra).

Hoje está previsto uma coletiva dos acampados. No convite encaminhado ontem à imprensa está dito que “o Acampamento Nacional da Via Campesina, instalado em Brasília, chegou ao seu final na última sexta-feira (26 de agosto)”. Porém, no Maranhão, “a sede do INCRA continua ocupada”. Na coletiva, marcada para 9h, os índios, os sem terra e os quilombolas anunciam que vão dizer, em “alto e bom som, os motivos que estão fazendo com que, ao contrário de todo o Brasil, eles continuem acampados por tempo indeterminado”.

PANFLETO ACUSA GOVERNO ROSEANA E O INCRA

Desde ontem a noite circula na mão dos acampados um panfleto que, em um dos lados, inclui o seguinte conteúdo:
“Esta é a foto do enterro de Flaviano Pinto Neto, ocorrido em outubro do ano ado. Ele foi assassinado a mando de latifundiários.

O INCRA e o governo de Roseana Sarney são cúmplices do assassinato de Flaviano Pinto Neto. Eles são responsáveis por omissão diante das ameaças e cumplicidade com o latifundiário.

No ano de 2010, foram assassinados no Maranhão, a mando de latifundiários, os seguintes camponeses: Elias Ferreiras, em São Mateus, Flaviano Pinto Neto, em São Vicente Férrer, Raimundo Pereira, em Codó e Francisco Ribeiro, em Santa Luzia do Tide. Em Centro do Guilherme, madeireiros assam o índio Huninet Ka’apor.

Hoje existe uma lista de cerca de 80 ameaçados. Ela é publica! Já foi divulgada e reada para as ditas autoridades! Neste ano de 2011, nós conseguimos evitar novas mortes à custa de muitas e muitas denúncias, da nossa resistência e mobilização. Porém, os pistoleiros avançam sobre nossas comunidades. O clima em várias regiões é muito tenso.

Por isso, nós estamos aqui, para dizer, em alto e bom som, para o Brasil e para o mundo: NÓS VAMOS RESISTIR E VAMOS DENUNCIAR OS RESPONSÀVEIS POR ESTES CRIMES E POR TODA ESTA SITUAÇÃO!

Reforma agrária já!”

Bira do Pindaré e Inácio Rodrigues discutem questão quilombola

Da Assecom/Gab. do dep. Bira do Pindaré

O deputado Bira do Pindaré (PT) participou na manhã desta segunda-feira (29) de uma reunião com o superintendente do Incra, José Inácio Rodrigues. A conversa aconteceu na sede do instituto e teve como temática principal a questão quilombola.

O superintendente do Incra garantiu que o caderno de pautas dos quilombolas está sendo atendido e que uma possível visita ao Estado do Ministro do Desenvolvimento Agrário está prestes a ser confirmada.

“A pauta pode ser contemplada, em quase todos os pontos, estamos bem encaminhados neste sentido. Precisamos ajustar nosso orçamento e fazer um levantamento dos assentamentos para sabermos onde os recursos serão aplicados”, afirmou Inácio.

De acordo com o superintendente do Incra, dois antropólogos estão no Maranhão fazendo vistorias em algumas áreas emergenciais e outros dois profissionais chegam nos próximos dias ao Estado. “Estamos trabalhando em 34 áreas, são 34 laudos antropológicos em 23 municípios. A presidente Dilma anunciou semana ada o investimento de quase R$ 1 bilhão para obtenção de terras, para resolvermos as pendências no Maranhão precisamos apenas de R$ 50 milhões”, assegurou.

O deputado Bira do Pindaré e Inácio Rodrigues concordaram que a visita dos quilombolas a capital e o acampamento Negro Flaviano são indispensáveis na luta pela titulação de terras. “A conversa com os movimentos populares sempre é benéfica e importante nas negociações, a nossa prioridade é trabalhar em conjunto pela regulamentação fundiária no Maranhão”, destacaram os dois.

Após a reunião, Bira conversou com as lideranças do movimento quilombola e reafirmou seu apoio inconteste as questões sociais.