Eles não sabem governar

Editorial do Jornal Pequeno – 11/05/13

Os Sarney governam o Maranhão há mais de 18 mil dias. É tempo demais. É tanto tempo que daria até para fazer alguma coisa, se assim o quisessem. Como de alguma forma ajudar São Luís, em vez de atrapalhar as istrações da cidade.

Não tiveram disposição, por exemplo, para combater o analfabetismo no Maranhão, e, muito especialmente, o analfabetismo funcional. Mas conseguiram instalar aqui o pior Sistema Estadual de Educação do país.

Eles governaram nos tempos da ditadura e estão agora governando a Agiotagem. Eram governantes quando ganhamos o título de campeões de mortalidade infantil, de campeões de corrupção, processos por improbidade e assaltos aos recursos da merenda escolar. Os Sarney governam há tanto tempo que esqueceram o que é governar. Eram governantes quando a falta de estradas inviabilizou o escoamento da produção e eram também quando a maioria das pontes caiu e cidades inteiras ficaram isoladas. Governaram a Indústria da Seca e o Distrito Industrial das Enchentes no Maranhão.

Lemos agora que dizem cobras e lagartos dos 120 dias da istração Holanda Júnior em São Luís. Fizeram o mesmo com Jackson Lago, o mesmo com Tadeu Palácio, o mesmo com João Castelo, com todo mundo que lhes fez oposição, através da imprensa que… também governam. Eles já governaram tanto que cansaram, e só o que sabem agora é vigiar as istrações alheias. Eles eram governantes quando nos tornamos o estado mais pobre da Federação, quando a pistolagem tomou conta do estado, quando a grilagem se apropriou das terras do Maranhão.

Eles governaram e ainda governam crianças sem escolas, lavradores expulsos de suas terras, juventudes sem futuro. Eram governantes quando o aeroporto caiu, as BRsdesminlinguiram e as MAs desapareceram na fumaça da preguiça governamental. Eles governam, ainda hoje, uma estatística de horror nos índices de criminalidade e homicídios de São Luís. Parecem sócios de tudo ou, como já sabe o povo, gostam de misturar o público com o privado.

Eles governam gente que vive com meio salário mínimo e governam também o pior Produto Interno Bruto per capta do Brasil. Eles governam muito. Governam o maior índice de desemprego, governam a maior concentração de pessoas em condições de extrema pobreza e mais os que estão abaixo da linha da miséria.

Eles governam a pior rede de saneamento básico do mundo e deve ser também por isso que, 18 mil dias depois, tanto falam mal do jeito de governar do novo prefeito de São Luís. De apenas 120 dias de istração. Porque até hoje não sabem governar, só sabem pedir empréstimos. E tiveram todo tempo do mundo para aprender. Com apenas 120 dias de istração, Edivaldo Holanda Júnior já começa a assustar os 18 mil dias do grupo Sarney, que se não aprendeu a governar até agora não vai aprender nunca mais.

Calma, papai

Por José Reinaldo Tavares

Eu não escrevo artigos para atacar ninguém pessoalmente. Faço críticas bem fundamentadas a tudo aquilo que contribui para a decadência do Maranhão Apenas. Critico todas as questões que, em minha análise, nos converteu de estado solução para o Nordeste – sem problemas climáticos e outros – no estado mais atrasado, pobre e sem perspectivas do país. E principalmente a farsa representada para a população feita por um sistema de comunicações montado só para isso: para eternizar no poder os enganadores e predadores do estado.

Todas as críticas são fundamentadas nos indicadores sociais e econômicos elaborados pelo IBGE e, por esse motivo mesmo, indiscutíveis.

Como o clã não tem condições de explicar ou justificar esse estado de coisas, porque nada faz para mudar essa realidade, o seu chefe parte para a agressão de maneira torpe, em artigos raivosos e mal elaborados, que buscam apenas o insulto fácil. Nesses artigos tudo vale, até mesmo o insulto as famílias do agredido. O chefe, como sabe que isso contraria a sua imagem de político que chegou a presidência da República (por acaso, é verdade), tenta se esconder. É óbvio que não consegue tal intento, tal o ódio que não pode conter.

O que leva um homem que chegou tão alto na política a agir assim?

Só pode ser o ódio que, aliás, diz não ter. Jura que não sente ódio, mas é um poço de raiva incontida.

Nesse tresloucado artigo – que não assinou e chamou de editorial – e que na verdade não teve nenhuma repercussão, chamado de “Traição, Traidor uma obsessão que tem com adversários que não pode contestar”, ele começa dizendo que eu o chamava de pai. Sobre isso nem entrarei em considerações, tal o absurdo e debito a questão ao começo da ação inclemente da idade. Nunca desejei ter outro pai, pois devo muito ao meu, um homem de bem e amigo da família. É típico desse tipo de agressor. Na verdade a senilidade o faz cometer confusão, pois ele é que dizia publicamente que “José Reinaldo é o melhor de meus filhos”. Uma coisa sem propósito que muita gente ouviu. A confusão vem daí, acredito. O problema era dele e não meu.

Sempre se faz de vítima repetindo sem parar que é um homem sem ódios. Mas na verdade traiu a todos e a mim. Mas antes de entrar diretamente no assunto, lembro-me que, quando jovem, eu e outros daquela geração do Maranhão, acreditamos muito naquele outro jovem que nos parecia brilhante e em quem depositamos a esperança de um Maranhão de progresso e oportunidades. Essa foi a maior das traições a toda uma geração bem preparada do estado, depositada em um homem que veio se revelar o contrário do que pensávamos. Na política, sempre esteve ao lado do governo federal de plantão e chegou até, mesmo que por acaso, a presidente da República. Amealhou uma formidável força, que ele nunca usou para desenvolver o estado, mas apenas para se eternizar no poder. E agredir e amedrontar adversários.

Sua vida, no entanto, foi um rosário de traições. Qual o político importante que não foi traído por ele? Cito os governadores Pedro Neiva de Santana, Luís Rocha, João Castelo, Antônio Dino, Clodomir Millet e tantos outros. E o artigo ignóbil que escreveu e publicou em seu jornal contra Pedro Neiva de Santana?

Pois bem, agora vamos aos fatos que levaram ao rompimento comigo, em que eu de fato fui traído por ele, mas que ele tenta ar, repetindo isso mil vezes, que foi eu quem o traiu. Vejamos:

Em um sábado pela manhã, logo após minha eleição ao governo do estado, em outubro de 2002, fui procurado por ele. Queria falar comigo algo muito importante.

Quando José Sarney chegou, eu disse que estava à disposição. E ele me disse que tinha um grande desejo, um sonho que queria ver realizado. Perguntei o que seria e ele me disse que seu sonho era ter dois filhos eleitos governadores do estado. Perguntei quem seria o filho e ele me disse que era José Sarney Filho, pois Roseana havia deixado o governo naquele ano e havia sido governadora por oito anos.

Pensaram que eu disse não? Errado. Eu disse que tudo bem, que contasse comigo. O problema era o fato dele não ter combinado com ela antes e quando a notícia começou a vazar pelos amigos do deputado, a filha soube, não gostou e começou a mandar ameaças para mim. Mandou o recado de que eu não aguentaria um mês o peso do ataque do Sistema Mirante. E não disse mais nada.
Eu recebi a informação e fiquei sem entender.

Só fui compreender quando me informaram que teria havido uma reunião familiar muito tensa – repleta de gritos e cobranças – e que no final a filha teria perguntado porque ele teria feito isso com ela (escolher o irmão) sem lhe tratar o assunto antes, logo ela que teria mais votos na família. Nervoso, respondeu que não havia sido ele e que o culpado seria eu. A ideia seria minha e não dele. Se ele não dissimulasse tanto, poderia dizer a verdade, que teria sido ele, mas que ele voltaria a falar comigo, dando o dito pelo não dito. Mas não. Disse a ela uma terrível mentira. Que eu seria o autor da ideia. E daí em diante a filha resolveu mandar atacar-me de todas as maneiras e o rompimento foi inevitável.

Sem saber de nada, fui três vezes encontrá-lo em Brasília, levando recortes e gravações de tudo o que acontecia aqui. E ele me dizia sempre que eu voltasse tranquilo, pois tudo ia cessar. Até que, na terceira vez, eu perguntei a ele sobre a candidatura do filho e ele partiu em minha direção perguntando se eu queria causar a cizânia na família dele, se eu queria jogar um filho contra o outro.
Eu, acima do tom, repliquei que parasse com isso, pois ele sabia muito bem que ele é que havia me procurado com essa ideia, que era única e exclusivamente dele. E falei em seguida que daí em diante eu não o procuraria mais e veio o inexorável rompimento, que ele ainda tentou evitar por duas vezes.

Ele já absorvera a mentira que contou para escapar da ira da filha e já ara a agir como se a ideia fosse minha. Estava de cabeça feita no maior cinismo. Seus amigos sabem bem que ele se tornou perito em mudar a história em seu favor…

Mas, vejam, ele publicou o violento artigo (a título de editorial) apenas por um motivo: eles, que tem convívio muito próximo com agiotas, publicaram uma lista difamatória acusando prefeitos de conivência com aqueles. O tiro saiu pela culatra, pois irritou profundamente os prefeitos e os agiotas amigos dele e assim, tenta jogar a culpa em mim, que nunca falei de Décio Sá, nem de agiotas e tampouco de prefeito algum.

A única coisa que fiz foi defender Raimundo Cutrim da sanha de vingança deles, comentando que ninguém do grupo estava livre de alguma coisa parecida, e quem não tem o sobrenome Sarney, é usado e descartado quando acham conveniente.
É só ler o artigo, que foi publicado semana ada no Jornal Pequeno.

E para concluir esse longo, mas necessário artigo, menciono a carta do agiota Glauco Alencar destinada a Roseana Sarney, encontrada em sua cela dentro de uma revista. A carta foi redigida na prisão a próprio punho e nela o agiota fala que logo que começou a “trabalhar”, comprou uma casa vizinha a de Sarney. E fala também que quer realizar o seu sonho, “que é conhecer o presidente Sarney e receber dele um abraço”. E diz ainda que é apaixonado por Sarney e que “vivia dizendo que um dia faria parte do grupo e teria o poder de receber ordens e conselhos do presidente do senado”.

Sem comentários. Está postada no Blog do Luís Pablo. Vejam que tipo de iração ele consegue agora…

Então aí vai um desafio: seria muito importante mostrar claramente para a população quem está e quem não está envolvido com agiotas. Ajude a tornar realidade a I proposta por Raimundo Cutrim e, para que seja isenta e verdadeira e não apenas uma manipulação, permita que a oposição indique o Relator ou o Presidente da Comissão.

Está na hora de saber quem é quem.

Mas desconfio que são mínimas as condições de fazer isso. Não podem permitir…

Falar mal de Sarney

Do Jornal Pequeno

Acordamos descendentes amaldiçoados de Noé e choramos. E enquanto o governo voa em aeronaves alugadas a peso de ouro para todos os lados, chega a informação de que estão querendo proibir falar mal de Sarney. Ora, o único consolo que nos resta na vida é falar mal de Sarney. Sarney parece ser o único personagem brasileiro de quem todo mundo fala mal sem sentimento de culpa.

Mas falar mal de Sarney virou crime, é pecado, inclusive na Bíblia política de grande parte da oposição. Quem fala mal de Sarney, hoje, fala porque não tem o que fazer, não tem projeto, não pensa em melhores dias para o Maranhão e para o Brasil. Ficou difícil, se não há mais ninguém tão bom de se falar mal.

Não podemos mais dizer que a educação do Maranhão é um desastre por culpa de Sarney. Nunca mais poderemos afirmar que ele é o culpado pelo estado permanente de pobreza absoluta dos maranhenses. Se dissermos que os melhores projetos de Sarney & Companhia foram a Kao I, o Salangô e a Refinaria que fez de todos nós refinados imbecis, vamos ser crucificados; se jogarmos nele a culpa por aquele aeroporto de urubus desidratados seremos massacrados à direita e à esquerda do mundo; se o acusarmos pela demora na duplicação da BR-135, vamos acabar num desses helicópteros alugado pelo governo. E aí, é um desastre.

Viver no Maranhão sem falar mal de Sarney é o suprassumo do ostracismo. Aliás, há quem diga que falar mal de Sarney cura stress, nervosismo e depressão, faz bem à saúde. E querem, agora, os ‘oposicionistas’ que antes de falar mal de Sarney se prepare um programa de governo, um projeto para o futuro e uma porção de outras coisas que ninguém sabe fazer. Ficou mais difícil ainda.

Tenha dó, Miosotis! Falar mal de Sarney é a única coisa que dá status aos empobrecidos do Maranhão. Falar mal de Sarney é uma Ciência, talvez a única em que quase todos os maranhenses são pós-graduados. Que saco!

(JM Cunha Santos)

Datena mostra paciente transportado em caçamba de caminhonete em Pinheiro

Da TV Uol

Paciente vai para UTI em caçamba de caminhonete no Maranhão

Cidadãos das cidades do interior do Maranhão sofrem com a negligência da istração pública. Pacientes são levados em caminhotes para o hospital e muitos serviços, como o de Raio-X, não estão disponíveis na rede pública.

Filhos de Sarney

JM Cunha Santos

JP24317_1E de repente começaram a surgir os novos filhos e filhas de Sarney. E por que todo mundo, agora, resolveu que é bom ser filho de Sarney? Ora, filho de Sarney não pode ser investigado, não pode ser cassado, não pode ser julgado e muito menos condenado. Não pode ser preso, pois traz de berço a licença legal da inimputabilidade. É pior que índio brabo, que menor cheio de crack, que alcoólatra com atestado de doido. É intocável.

Filho de Sarney já nasce donatário de capitania, com mandato de deputado garantido, com direito a veto e a muitos votos. Conheço gente que faria qualquer coisa para ser filho de Sarney. E não por que ele foi presidente do Senado quatro vezes; não porque chegou à Presidência da República ou porque é membro da Academia Brasileira de Letras. Não porque seja dono de uma ilha que não afunda nunca. Querem ser filhos de Sarney, ou pelo menos netos, ou pelo menos sobrinhos, ou pelo menos bisnetos, tatatraraataratneto, porque essa é a única forma de ser feliz no Maranhão.

Aquela moça, a Silene Sarney ou Silene Araújo Costa, que nessas coisas de nome próprio ninguém se mete, é corajosa, muito corajosa. Saiu por aí dizendo pra todo mundo, até publicou no Jornal Pequeno, que é filha de Sarney. Essa não tem medo de insulto, de processo, de bala, de faca, nem de assombração.

E já houve quem dissesse que ela é da Terceira Via ou que é uma invenção da Rede do deputado Dutra para enfrentar, como vítima da deserdação política, a candidatura do Luis Fernando. Alguns gritaram: “Isso é coisa de comunista! Foi gerada na União Soviética”! Outros afirmam que é uma alternativa do próprio Sarney diante da incontestável inapetência político-istrativa de Roseana. Sem contar os que falam que é irmã gêmea e também quer governar. Peraí, duas Roseanas ninguém agüenta! Mais uma com o mesmo DNA de Sarney e o Maranhão explode. E vai faltar Maranhão para dividir.

‘Sarney e a fome no Socorrão’, artigo de O Globo

sarney-governador-66-350x23137011“O Maranhão não ava mais nem queria o contraste de suas terras férteis, seus vales úmidos, seus babaçuais ondulantes , de suas fabulosas riquezas (…) com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero…”

Em 1966, o então jovem de 36 anos José Sarney, eleito governador , empolgava o Maranhão com um discurso de posse literariamente contundente, cheio de palavras ásperas, prometendo colocar um fim na miséria e na corrupção que assolavam o Estado.

Ele prometia “mudar a face do Maranhão” e o povo, entusiasmado, aplaudia.

Quem quiser se emocionar com o discurso e com as imagens da pobreza do Estado cuja redenção se iniciava naquela posse, pode entrar no Youtube e digitar:“Maranhão 1966, documentário de Glauber Rocha”, e verá, em pouco mais de 8 minutos, um dos documentos mais chocantes já produzidos sobre a realidade política do País, dirigido pelo talento nascente daquele que viria a ser o mais mítico dos nossos cineastas.

Como poderia imaginar o jovem gênio do cinema que se vivo estivesse, agora, 47 anos depois da posse do governador Sarney, seria possível repetir o documentário com o mesmo roteiro de pobreza e miséria que aquele derramado discurso de posse prometia combater e eliminar.

O Maranhão é hoje, 47 anos depois do início do domínio da oligarquia Sarney, o penúltimo estado no Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, superado apenas pelo tenebroso estado de Alagoas, que já foi comandado também por um ex-presidente da República.

Uma semana atrás, o médico diretor de um hospital público do Maranhão, apelidado de Socorrão I, apareceu num programa de televisão e escreveu no Facebook pedindo à população que doasse alimentos e produtos de limpeza para que o hospital pudesse continuar funcionando.

O hospital é municipal, comporta 128 pacientes mas tem 216 internados, e o descalabro em que está é atribuído ao ex-prefeito João Castelo (PSDB), que acaba de encerrar a sua gestão.

O prefeito que assumiu decretou estado de emergência na saúde pública de São Luis.

O ex-prefeito, cuja maior obra é o estádio de futebol que consagra seu nome no aumentativo-Castelão-apesar de filiado ao PSDB, recebeu o apoio da governadora Roseane Sarney no segundo turno, mas perdeu para um político do obscuro PTC.

O Maranhão definha, e as palavras de José Sarney de 1966 perderam-se no vento, enquanto ele cortava a fita de inauguração da exposição “Modernidade no Senado Federal-Presidência de José Sarney”, paga com dinheiro público, na semana ada,em Brasília.

Dinheiro que poderia comprar comida para os doentes do Socorrão.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: [email protected]

AUTOGLORIFICAÇÃO DE SARNEY: Folha faz tiro sair pela culatra

Do Observatório da Imprensa

Por Mauro Malin

José Sarney, um brasileiro consagrado pelo então presidente Lula como cidadão acima de seus compatriotas, mandou montar na Biblioteca do Senado, sob sua presidência pela quarta vez, 76 painéis que glorificam suas agens pelo comando da câmara alta (já foi mais alta). É manchete de política da Folha de S. Paulo de sábado (12/1, “Senado patrocina exposição para exaltar feitos de Sarney”).

Não se sabe quantas pessoas terão frequentado o local entre a inauguração, em 18 de dezembro, e o encerramento da exposição, em 25 de janeiro. Sabe-se que a edição do jornal onde se denuncia o abuso de poder saiu com 320 mil exemplares, número infinitamente maior do que o de frequentadores da Biblioteca. Sem contar a repercussão em outros meios jornalísticos, como televisão e rádio, e a divulgação na internet – aqui, estamos falando de dezenas de milhões de pessoas.

Eis uma singela, mas expressiva, demonstração da importância da liberdade de imprensa. A bem pensar, o senador e ex-presidente da República deu um tiro no pé. Terá imaginado que nenhum jornalista tomaria conhecimento do coronelístico empreendimento?

Maranhão, ‘O Estado do medo’

Por MARCO ANTONIO VILLA (O Globo)

Em meio ao processo do mensalão, as diversas operações da Polícia Federal ou a turbulenta relação entre os poderes da República, o Brasil esqueceu do Maranhão.

Na fase final da guerra contra Canudos, em 1897, os oficiais militares costumavam dizer que não viam a hora de voltar para o Brasil. Quem hoje visita o Maranhão fica com a mesma impressão.

É um estado onde o medo está em cada esquina, onde as leis da República são desprezadas. Lá tudo depende de um sobrenome: Sarney. Os três poderes são controlados pela família do, como diria Euclides da Cunha, senhor do baraço e do cutelo.

A relação incestuosa dos poderes é considerada como algo absolutamente natural. Tanto que, em 2009, o Tribunal Regional Eleitoral anulou a eleição para o governo estadual. O vencedor foi Jackson Lago, adversário figadal da oligarquia mais nefasta da história do Brasil.

O donatário da capitania – lá ainda se mantém informalmente o regime adotado em 1534 por D. João III – ficou indignado com o resultado das urnas. A eleição acabou anulada pelo TRE, que tinha como vice-presidente (depois assumiu a presidência) a tia da beneficiária, Roseana Sarney.

No estado onde o coronel tudo pode, a Constituição Federal é só um enfeite. Lá, diversos artigos que vigoram em todo o Brasil, são considerados nulos, pela jurisprudência da famiglia.

O artigo 37 da nossa Constituição, tanto no caput como no §1º, é muito claro. Reza que a istração pública “obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” e “a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

Contudo, a Constituição maranhense, no artigo 19, XXI, § 9º determina que “é proibida a denominação de obras e logradouros públicos com o nome de pessoas vivas, excetuando-se da aplicação deste dispositivo as pessoas vivas consagradas notória e internacionalmente como ilustres ou que tenham prestado relevantes serviços à comunidade na qual está localizada a obra ou logradouro”.

Note, leitor, especialmente a seguinte agem: “excetuando-se da aplicação deste dispositivo as pessoas vivas e consagradas notória e internacionalmente como ilustres”.

Nem preciso dizer quem é o “mais ilustre” daquele estado – e que o provincianismo e o mandonismo imaginam que tenha “consagração internacional.”

Contudo, a redação original do artigo era bem outra: “É vedada a alteração dos nomes dos próprios públicos estaduais e municipais que contenham nome de pessoas, fatos históricos ou geográficos, salvo para correção ou adequação nos termos da lei; é vedada também a inscrição de símbolos ou nomes de autoridades ou es em placas indicadores de obras ou em veículos de propriedade ou a serviço da istração pública direta, indireta ou fundacional do Estado e dos Municípios, inclusive a atribuição de nome de pessoa viva a bem público de qualquer natureza pertencente ao Estado e ao Município”.

Quando foi feita a mudança? A 24 de janeiro de 2003, com o apoio decisivo de Roseana Sarney.

Desta forma foi permitido que centenas – centenas, sem exagero – de logradouros e edifícios públicos recebessem, em todo o estado, denominações de familiares, especialmente do chefe.

Para mostrar o desprezo pela ordem legal, em 1997 foi criado o município de Presidente Sarney, isto quando a Constituição Federal proíbe e a estadual ainda proibia.

Quem criou o município? Foi a filha, no exercício do governo. Mas a homenagem ficou somente na denominação do município. Pena. Os pobres sarneyenses – é o gentílico – vivem em condições miseráveis: é um dos municípios que detêm os piores índices de desenvolvimento humano no Brasil.

Como o Brasil esqueceu o Maranhão, a família faz o que bem entende. E isto desde 1965! Sabe que adquiriu impunidade pelo silêncio (cúmplice) dos brasileiros.

Mas, no estado onde a política se confunde com o realismo fantástico, o maior equívoco é imaginar que todas as mazelas já foram feitas. Não, absolutamente não. A governadora resolveu fazer uma lei própria sobre licitação.

Como é sabido, a lei federal 8.666 regulamenta e tenta moralizar as licitações. Mas não no Maranhão. Por medida provisória, Roseana Sarney adotou uma legislação peculiar, que dispensa a “emergência”, substituída pela “urgência”.

Quem determina se é ou não urgente? Bingo, claro, é ela própria.

Não satisfeita resolveu eliminar qualquer restrição ao número de aditivos. Ou seja, uma obra pode custar o dobro do que foi contratada. E é tudo legal.

Não é um chiste. É algo gravíssimo. E se o Brasil fosse um país sério, certamente teria ocorrido, como dispõe a Constituição, uma intervenção federal.

O que lá ocorre horroriza todos aqueles que têm apreço por uma conquista histórica do povo brasileiro: o Estado Democrático de Direito.

O silêncio do Brasil custa caro, muito caro, ao povo do Maranhão. Hoje é o estado mais pobre da Federação. Seus municípios lideram a lista dos que detém os piores índices de desenvolvimento humano.

Muitos dos que lá vivem lutam contra os promotores do Estado do medo. Não é tarefa fácil. Os tentáculos da oligarquia estão presentes em toda a sociedade. É como se apresassem para sempre a sociedade civil.

Sabemos que o país tem inúmeros problemas, mas temos uma tarefa cívica, a de reincorporar o Maranhão ao Brasil.

Marco Antonio Villa é historiador

‘Temos de evitar os 50 anos da oligarquia Sarney no Maranhão’, sentencia Flávio Dino

O presidente da Embratur, Flávio Dino, disse ontem (8), durante seminário promovido pelo PC do B do Maranhão com prefeitos, vice-prefeitos e vereadores eleitos da legenda realizado no Hotel Abbeville (São Luís), que o processo de mudança no estado começa com o novo modelo de gestão pública moderna, séria e eficiente a ser implementada pelos novos gestores a partir de 2013.

‘Não nos interessa o poder pelo poder, interessa-nos o poder pelo serviço e essa é a dimensão ética do fazer político que nós buscamos fazer. Nós estamos numa trajetória de afirmação de um modelo diferente da ação política com o objetivo de fazer a mudança no nosso estado’, afirmou Flávio Dino, para uma plateia de dezenas de prefeitos, vices e legisladores da oposição vitoriosos nas eleições de vários municípios maranhenses.

Ao fazer uma avaliação do crescimento do PC do B no Maranhão, legenda que emergiu nos últimos anos como uma das principais forças políticas do estado, Dino disse que 2012 foi um ano de vitórias do partido.

‘Nós tivemos uma batalha muito dura e difícil em 2012, ano de muitos êxitos, muitas alianças bem-sucedidas em várias cidades, resultando em excelentes resultados eleitorais e precisamos, naturalmente, olhar os desafios que estão à frente’, avaliou o presidente da Embratur.

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Ao lado do prefeito eleito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PTC), e dos deputados Simplício Araújo (PPS), Rubens Júnior (PC do B) e Marcelo Tavares (PSB), que prestigiaram o evento e participaram – num clima muito harmônico, de intensa alegria e emoção – da entrega do Prêmio José Augusto Mochel 2012, que homenageou oito personalidades de lutas de esquerda em todo o Maranhão, Flávio Dino frisou que este desafio deve ser encarado como uma tarefa que pode definir um momento autenticamente novo para a política do estado.

‘Está cantado, decantado e anunciado, nós temos a batalha de evitarmos os 50 anos da oligarquia Sarney no Maranhão. Essa é uma tarefa esperada por todo Brasil. Nesse sentido, a eleição de 2014 é decidida em 2013; se fizermos tudo certo em 2013, em 2014 a única coisa que a gente vai ter que fazer de mais difícil é caminhar muito, contar a verdadeira história do nosso estado, falar das nossas propostas’, afirmou.

Liderando todas as pesquisas de intenção para o governo do Estado a menos de dois anos do pleito, Dino ponderou que o caminho a ser trilhado até 2014 é difícil, duro e repleto de obstáculos.

‘Eleição não se ganha de véspera, e nós sabemos que o outro time, o outro exército é poderoso, e se move de modo ilimitado. A corrupção em nosso estado nunca foi tão alta, coisas escabrosas que estão ocorrendo, portanto vão tentar pela via do poder econômico derrotar o poder popular. Acreditamos que o poder popular vai se afirmar como ocorreu em outros momentos e vai derrotar essa perspectiva construída no nosso estado que é responsável pelas tragédias cotidianas’, asseverou Flávio Dino.

No fim do discurso, o comunista destacou a importância da participação de todos na construção desse processo. ‘Essa batalha não é pessoal minha, é uma batalha de todos nós. E por isso sabemos da importância dos aliados, sem eles nada somos e nada seremos. Dessa forma precisamos de alianças políticas amplas, de forma a construirmos uma candidatura vitoriosa a fim de que, ao iniciarmos a nossa campanha em 2014, confirmemos o que temos hoje, um bom clima de entendimento entre os aliados’, finalizou Flávio Dino.

(Blog do John Cutrim – Portal JP)