Senado: pesquisa aponta vitória de candidatos da oposição

Do Jornal Pequeno

JP24492.1Pesquisa Amostragem/Jornal Pequeno apurou que, se as eleições para o Senado Federal fossem hoje, a oposição venceria contra qualquer um dos pré-candidatos da família Sarney. Na disputa entre Roberto Rocha e Roseana Sarney, o vice-prefeito da capital tem vantagem de 43,69% contra 35,38% da governadora. 13,85% votariam em branco ou nulo e 7,08% não sabem ou não opinam.

A vantagem dos candidatos da oposição é mantida em um cenário em que José Reinaldo Tavares disputa com Roseana Sarney. Segundo a pesquisa, o ex-governador teria 38,15% dos votos dos maranhenses contra 36,23% alcançados por Roseana. Neste cenário, 16,85% disseram que votariam em branco ou nulo e 8,77% não souberam ou preferiram não opinar.

Quando a disputa acontece contra o ministro do Turismo, Gastão Vieira, a vantagem da oposição permanece. Numa possível disputa entre Gastão e Roberto Rocha, o pré-candidato da oposição teria 38,77% dos votos contra 23,77% do pré-candidato do governo. Brancos e nulos somam 19,62% e não sabem ou não opinam, 17,85%.

No cenário em que os pré-candidatos são José Reinaldo Tavares e Gastão Vieira, a oposição também aparece em vantagem. Se as eleições fossem hoje, Tavares teria 32,38% contra 26,54% de Gastão Vieira. Brancos e nulos (19,77%) e não sabem ou não opinam (21,31%).

A pesquisa Amostragem verificou, também, o cenário entre os pré-candidatos do governo contra o deputado federal Domingos Dutra na disputa pelo Senado. No embate contra Roseana Sarney, Domingos Dutra teria 30,92% contra 38,54% de Roseana. Brancos e nulos somam 17,69% e não sabem ou não responderam, 12,85%.

Já na disputa contra Gastão, Dutra teria 19,62% de votos contra 30,54% do ministro do Turismo. Brancos e nulos somam 23,31% e não sabem ou não opinam, 26,54%.

Pesquisa Amostragem – O Jornal Pequeno divulga desde domingo (18) levantamentos feitos pelo Instituto Amostragem dos cenários pré-eleitorais e de avaliação do governo do estado. A pesquisa apontou que o pré-candidato da oposição na disputa pelo governo do Estado também venceria as eleições. Flávio Dino, presidente da Embratur, tem vantagem em todos os cenários e venceria as eleições em primeiro turno.

O Instituto Amostragem entrevistou 1.300 pessoas em 40 municípios maranhenses entre os dias 9 e 11 de agosto. A amostra tem margem de erro de 2,66% para mais ou para menos.

SARNEY SE IMPÕE AO PT

Por José Reinaldo Tavares

A família Sarney precisa muito ter um de seus membros no senado. Para eles é a coisa mais importante no momento.

As pesquisas não garantem a eleição de Roseana Sarney. Não ando de um terço da intenção de votos e conhecida por quase 100 por cento do eleitorado, ela deixou de encantá-los. Isto justifica a frenética movimentação dos chamados “itinerantes” que antes tinham o objetivo de apoiar Luís Fernando, mas hoje seu foco é Roseana. Se ela já não governava mesmo, agora é que abandonou tudo e só se dedica a própria campanha ao senado. É óbvio que, se puderem manter o governo, ficariam muito satisfeitos, mas existem prioridades e a principal delas agora é o senado. Mesmo porque não há de fato um candidato verdadeiramente competitivo e não existe nenhum outro Sarney em condições de disputar.

Mas não cuidam só da própria candidatura ao senado e não conseguem esconder que tentam repetir o jogo de 2010, incentivando candidaturas ao senado pela oposição. Seu objetivo e sonho é que a oposição tenha dois candidatos e o grupo Sarney apenas ela. Isso lhe garantiria poder de competição.

Dessa maneira, dão destaque a improváveis candidaturas oposicionistas a quem dedicam grandes espaços nos seus meios de comunicação quase todos os dias.

A oposição já ou por isso e aprendeu a lição. E só deverá tratar desse assunto no ano que vem, assim como ela própria também não se lança agora. Mas querem tornar irreversíveis candidaturas na oposição e quanto menos unirem, melhor. Mas acontece que o quadro de apoio partidário para a candidatura de Flávio Dino ainda está muito longe de fechar e candidatos ao senado e a vice-governador terão que forçosamente ar pelo crivo e aprovação de todos os partidos da futura coligação. Essa definição a ocorrer agora só seria boa para o grupo Sarney. Para a oposição, afasta partidos importantes da coligação oposicionista. No ano que vem, com o fechamento das coligações, é que esse assunto deve ser discutido.

Não dá para repetir esse golpe em duas eleições seguidas.

Se ocorrer de ficarem um contra um, a oposição poderá pela primeira vez eleger um senador, o que dará muita estabilidade ao governo da oposição que vem aí.

O atual senador José Sarney tem como único objetivo o poder, todos sabem. Penso que sua aposentadoria é como um pesadelo para ele. Ele sofrerá muito se ficar fora do poder nacional, quando ará a ser mais um. Afinal são muitos anos do exercício de grande poder. É muito difícil para ele e na verdade avalio que seja um grande drama pessoal.

Ademais, ele sabe como é fundamental um Sarney no senado nesse momento de grande instabilidade e mudança. De preferência ele mesmo. E como conhece profundamente o poder e seu uso, ele sabe que não pode jogar todas as fichas em Roseana Sarney (Sarney é Sarney e Roseana é Roseana) e no novo momento eleitoral do Maranhão. Ele sabe que é a cada vez é mais difícil repetir eleições como a de 2010.

O Amapá, estado tem seu domicílio eleitoral, é uma unidade federativa pequena, carente e atrasada. Muito mais fácil de manipular do que o Maranhão, principalmente com esse clima predominante de renovação. Assim, Sarney usa e abusa do governo e do PT onde sabe que Lula nunca lhe faltará. E quem manda no PT é Lula, que tem enorme influência no governo federal. Ninguém se arrisca a contrariá-lo. E Sarney sabe que sempre terá o seu apoio. Lula é sua salvação, tem certeza.

Pois bem, Sarney tem sempre repetido que não vai mais disputar eleições. Mas na realidade está em campanha no Amapá. Muito dessa ariscada decisão vem das dificuldades que Roseana Sarney terá em garantir sua eleição ao Senado no Maranhão, o que não lhe deixa opção. Tem que se arriscar.

Vejamos o que acontece: o programa do PMDB no Amapá foi monopolizado por Sarney, que foi o único a se apresentar e, como sempre, falou que sem ele o Amapá não vai para a frente. O PT nacional ordenou a seção do Amapá que eles não resolvam nada e nem lancem candidato antes da decisão do senador. E o governo, por sua vez, está prometendo ajudar a resolver os problemas do estado, se os Capiberibe votarem Sarney. E ele desenvolveu e se esforça para manter boas relações com o senador Randolfe do PSOL. Mas, enfim, Sarney só será candidato se não tiver que disputar a eleição com ninguém. Se disputar, pode perder a eleição, que provavelmente será a sua última.

O PT está à disposição dele. Quem manda é Sarney.

Se conseguir o seu intento, estará aqui no segundo turno para ajudar o candidato do governo. E vem com uma aura de invencível e com apelos dramáticos para o eleitor. Já sabemos como é.

Uma peça-chave nessa história é o senador João Capiberibe, muito maltratado por Sarney, traído e cassado por ele. Tem tudo para dar o troco. Basta ter candidato e se dedicar à campanha para isso.

Um ponto negativo é que seu filho encontra grandes dificuldades para governar o estado, já que Sarney não deixa o governador ter apoio do governo federal, embora ele seja filiado ao PSB, da base do governo.

E Sarney manda emissários do governo federal dizerem que, se o apoio ao senador se concretizar, tudo será diferente e apoio não lhe faltará, nunca mais.

Será que o senador Capiberibe vai cair no canto da sereia e contradizer tudo o que falava? Não dá para saber. O futuro nos dirá. Sarney sabe armar bem as coisas para o bem ou para o mal.

‘E vai rolando a festa’, por Carlos Brickmann

CARLOS BRICKMANN

governadora-do-maranhao-460x215Roseana Sarney, filha de José Sarney, trabalhou três anos no Senado, entre 1982 e 1985 (aliás, foi nomeada sem concurso). Agora se aposentou, com aposentadoria de R$ 23.800,00 mensais. A isso se soma seu salário como governadora do Maranhão, e há ainda a aposentadoria como senadora. A aposentadoria como senadora é papa fina: a atual ministra Ideli Salvatti, que exerceu o cargo por exatos oito anos, aposentou-se com vencimentos de R$ 6.100,00 mensais – mais, naturalmente, mordomias e salários que recebe como ministra.

Como foi a carreira da primeira-filha de José Sarney no Senado? Foi nomeada em 1974, aos 21 anos de idade, num trem da alegria pilotado pelo senador Jarbas arinho, companheiro de seu pai no partido da ditadura militar, a Arena. Num trem da alegria, os beneficiados recebem emprego provisório, mas são efetivados logo depois, sem concurso — concurso é para quem não tem padrinho, não para Roseana, que tem pai, padrinho e partido – é do PMDB e tem apoio do PT. Ela só começou a trabalhar em 1982. Ficou até 1985, quando o pai chegou à Presidência da República e a levou com ele para o Palácio do Planalto (seu marido, Jorge Murad, foi junto). Não voltou mais, exceto agora para aposentar-se.

O caro leitor é aposentado? Ganha a aposentadoria pela qual pagou? Se contribuiu sobre dez mínimos, é isso que recebe? Mas não reclame só de Roseana e seus padrinhos. O PSDB ocupou a Presidência por oito anos, teve apoio de Sarney e criou o fator previdenciário, que reduz a aposentadoria.

A sua, não a dela.

Roseana Sarney se aposenta pelo Senado e receberá R$ 20,9 mil mensais

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney Arquivo O Globo

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney Arquivo O Globo

Do Jornal Globo

Júnia Gama / Maria Lima

BRASÍLIA – O Senado irá pagar salário vitalício de R$ 20,9 mil mensais à governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), aposentada nesta quinta-feira como servidora da Casa. Roseana ou a integrar os quadros do Senado em um chamado “trem da alegria” – sem ter prestado serviço público -, que durou de 1974 a 1985. Somente em maio de 1986 veio a público a medida que efetivou a filha do então presidente da República, José Sarney (PMDB-AP).

O ato foi publicado nesta quinta-feira no boletim oficial da Casa, assinado pela diretora-geral do Senado, Doris Marize Romariz Peixoto. Doris foi efetivada no Senado pelo mesmo ato que incluiu Roseana no quadro de servidores do Senado.

Os registros indicam que a governadora trabalhou como servidora entre 1982 e 1985, quando o pai era senador. Após esse período, Roseana se licenciou do Senado para acompanhar José Sarney na Presidência da República (1985 a 1990) e iniciar uma carreira política.

Roseana irá acumular a aposentadoria com o salário de R$ 15.409,95 a que tem direito como governadora do Maranhão. O Senado não informou se Roseana também solicitou aposentadoria como senadora. No total, 68 ex-senadores recebem o benefício.

Por meio de nota, Roseana afirma que ou a ser servidora do Senado em 1974, “depois de ingressar por meio de um processo seletivo”, apesar de não ter prestado concurso público. “A aposentadoria ocorre 38 anos depois”, diz o texto. Ainda de acordo com a nota, Roseana irá “devolver aos cofres públicos” o valor que ultraar o teto de R$ 28 mil estabelecido para o servidor público, já que, além da aposentadoria de R$ 20,9 mil, a governadora ainda recebe o salário do estado do Maranhão de R$ 15,4 mil.

Sarney brigou na Justiça para continuar recebendo salários dos cofres públicos acima do teto constitucional. De acordo com o Ministério Público, ele recebe duas aposentadorias, uma como ex-governador do Maranhão e outra como servidor do Tribunal de Justiça do estado, além do salário de senador em Brasília. Em 2007, as duas aposentadorias de Sarney somavam R$ 35,5 mil. Com o salário de senador na faixa dos R$ R$ 26 mil, a remuneração de Sarney seria de cerca de R$ 62 mil.

Houve abertura de inquérito para investigar o governo do Maranhão e o senador Sarney sobre o caso. O MP relatou que ambos se negaram a informar detalhadamente os valores recebidos a título de pensão, mas itiram o recebimento dos pagamentos.
Atualmente, o Senado gasta, por mês, cerca de R$ 100 milhões com o pagamento a servidores aposentados e pensionistas.

AUTOGLORIFICAÇÃO DE SARNEY: Folha faz tiro sair pela culatra

Do Observatório da Imprensa

Por Mauro Malin

José Sarney, um brasileiro consagrado pelo então presidente Lula como cidadão acima de seus compatriotas, mandou montar na Biblioteca do Senado, sob sua presidência pela quarta vez, 76 painéis que glorificam suas agens pelo comando da câmara alta (já foi mais alta). É manchete de política da Folha de S. Paulo de sábado (12/1, “Senado patrocina exposição para exaltar feitos de Sarney”).

Não se sabe quantas pessoas terão frequentado o local entre a inauguração, em 18 de dezembro, e o encerramento da exposição, em 25 de janeiro. Sabe-se que a edição do jornal onde se denuncia o abuso de poder saiu com 320 mil exemplares, número infinitamente maior do que o de frequentadores da Biblioteca. Sem contar a repercussão em outros meios jornalísticos, como televisão e rádio, e a divulgação na internet – aqui, estamos falando de dezenas de milhões de pessoas.

Eis uma singela, mas expressiva, demonstração da importância da liberdade de imprensa. A bem pensar, o senador e ex-presidente da República deu um tiro no pé. Terá imaginado que nenhum jornalista tomaria conhecimento do coronelístico empreendimento?