Dilma prefere Flávio

Por Zé Reinaldo Tavares

Não resta a menor dúvida sobre isso. O candidato de Dilma é Flávio Dino. Foi o que ela disse na Convenção Nacional do PC do B. Flávio é praticamente unanimidade, pois todos os principais candidatos a presidente o apoiam. Ele também é o candidato de Eduardo Campos e de Aécio Neves. E é isso mesmo, um fato perfeitamente compreensível, pois todos sabem que ele é o candidato do povo maranhense do qual nenhum deles quer ficar longe.

Já pensaram no que aconteceria naquela fajuta pesquisa – que não especifica nem os municípios onde foi feita – se a pergunta maquiavelicamente preparada fosse assim: “você votaria no candidato da Dilma Rousseff, Flávio Dino?’’ Ou então “você votaria no candidato do senador José Sarney e Roseana Sarney, Edinho Lobão?”. Certamente seriam mais de sessenta por cento de diferença. O dobro da diferença real, que é acima de trinta por cento.

E o óbvio aconteceu: José Sarney não é candidato a mais uma reeleição para o senado. Todos sabiam, ele próprio sabia que não tinha mais condições políticas de ser candidato. Sua sede de poder o levou a insistir na candidatura e com isso acabou maltratado pelo próprio PT.

E foi cruel a fala do governador Camilo Capiberibe sobre Sarney. As vaias estrondosas que recebeu na frente de Dilma, então, é preferível nem comentar… Perdeu ali as condições de sair por cima, o que só seria possível se sua saída houvesse sido proclamada muito tempo antes. Mas a perspectiva da perda de poder obliterava seu raciocínio e não o deixava desistir da candidatura. Quando finalmente o fez, foi apenas para evitar a derrota que o apavorava. Foi abandonado pelo PT e, o pior, por Lula. Certamente para alívio de Dilma.

Naturalmente, preocupado com as consequências inevitáveis, apressou-se a dizer que não estava se aposentando e que manteria seu prestígio até morrer. Fato é que Sarney realmente foi um dos políticos mais poderosos do Brasil, em todos os tempos. Nos anos recentes, contudo, muito se deveu ao apoio incondicional de Lula. Quando o ex-presidente cansou, Sarney não teve mais forças para mover a seu favor o quadro político amapaense. E, mais dolorido ainda, ele sabe que o que aconteceu lá teve a concordância do poder central.

Se compararmos Sarney, por exemplo, a Antônio Carlos Magalhães, considerado benfeitor da Bahia, como facilmente se constata naquele estado, obviamente nos vemos que Sarney chegou mais longe em seu poder, pois ocupou o cargo de presidente da República por 5 anos, o que ACM nunca conseguiu. O poder de ACM declinou a partir do tempo de Itamar Franco e o de Sarney só teve um período menor durante o curto governo de Fernando Collor de Melo. Com Lula no poder, ACM viu o seu poder diminuir muito. Em contrapartida, Sarney viu o seu chegar ao máximo. A verdade é que ele foi muito mais poderoso no governo Lula do que em seu próprio governo como presidente.

Ambos, ACM e José Sarney, foram implacáveis com seus adversários e não permitiam sombra ou ameaça ao seu poder. Cruel na vingança, Sarney se divertia com a rendição dos que se amedrontavam. Ele os atraia para liquidá-los politicamente. Aqueles que resistiram, ou o derrotaram politicamente, muito poucos, ele armava para desmoralizá-los, humilhá-los, sem contemplação. Jackson Lago é um exemplo. E, claro, foi o que tentou fazer comigo também.

Mas a maior diferença entre ambos é que ACM amava a Bahia e sempre lutou para fazer desse estado um dos mais fortes do país. E mesmo sem chegar a presidência, conseguiu seu intento. Sarney, o mais poderoso político contemporâneo, não dava a menor importância para os projetos que poderiam ter transformado o nosso estado social e economicamente. E o seu legado, depois de ter exercido tanto poder, é o Maranhão atrasado, pobre, com os piores indicadores sociais do país, como o IDH. Não há como fugir disso, pois o senador teve tanto poder que, se se interessasse pelo Maranhão, teria feito como ACM fez e promoveria a completa transformação do nosso estado. Repito: teve tanto poder que, além de ter exercido a presidência do país, foi por quatro vezes presidente do Senado e sua filha Roseana foi governadora por quatro mandatos.

Essa constatação não pode ser modificada. Está aí nos anais da história do nosso estado. Ninguém poderá mudar.

E o que ficou depois de tanto poder e de tanto domínio sobre o país? Uma realidade implacável e dura de descaso para com o Maranhão e seu povo.

Mesmo assim, Sarney afirma que vai manter o prestígio, mas o poder já não será o mesmo, ele sabe disso. O que talvez não saiba é como conviver com essa verdade. Assim caminha a política…

E para concluir, Roseana Sarney escolheu para a sua despedida um fechamento com chave de ouro que é enganar mais uma vez os prefeitos do Maranhão. Criou o Fundema, a nova arca do tesouro da família, e promete rear uma fortuna para cada prefeito se, evidentemente, votarem em seu candidato. Acontece que o Fundo é ilegal e imoral. O contrato com o BNDES não permite tal uso para essa verba, que, se for aplicado de forma ilegal, permite ao banco receber o dinheiro de volta integralmente. Estão apenas enganando os prefeitos, que acabarão tendo problemas. Não a de mais uma tentativa de usar dinheiro público na eleição.

Ela, que nunca ajudou os municípios e sempre quis transformar os prefeitos municipais em empregados obedientes, tenta enganá-los mais uma vez. É o habito. É da sua natureza.

Pois bem, leitores e amigos, agradecendo ao Jornal Pequeno e a todos vocês que sempre me honraram com sua leitura, despeço-me. Até breve e meu caloroso obrigado!

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social e Eleitoral

Por Zé Reinaldo Tavares

Quando Juscelino Kubitscheck criou o BNDES, ele nunca pensou que o banco viesse a se transformar num artifício para que oligarquias decadentes tentassem utilizá-lo como instrumento para fraudar as eleições e as leis do país.

Pois bem, é exatamente isso que a oligarquia Sarney tenta fazer nestas eleições. O que pretendem é de um absurdo tão grande que só o desprezo pelas leis do país e a certeza da impunidade podem explicar. Vejam que cheguei até a escrever sobre isso, quando o TSE, modificando toda a jurisprudência do tribunal – inclusive usada para cassar Jackson Lago e o governador da Paraíba Cássio Cunha Lima, além de dezenas de prefeitos de todas as regiões brasileiras – resolve que a cassação do diploma de governadora de Roseana Sarney não era mais algo sob sua jurisdição e sim dos TREs e tudo deveria recomeçar a partir do zero pelo tribunal do Maranhão.

E isso foi feito a despeito do arrasador parecer do Procurador Geral da República, que manifestou-se pela cassação do mandato de Roseana Sarney, baseado em grande abundância de provas incontornáveis. O TSE, ao livrá-la da cassação, deu à oligarquia a certeza de que daí para a frente, tudo vale e nada será punido. Assim é que, certos disso, cada vez ousam mais e já não distinguem o que é público do que é privado. Se não fosse assim, jamais teriam coragem de enviar à Assembleia Legislativa uma lei absurda e que tem por finalidade avançar em recursos do BNDES para rear a municípios e financiar a eleição deste ano. Dessa forma, a campanha do candidato da família Sarney seria financiada com recursos de empréstimos do BNDES e pagas por todos os maranhenses em futuro próximo e de perspectiva sombria. Seríamos todos nós uma espécie de escravos da família Sarney. Um escândalo, mais um para o rol de vergonha e absurdos que marca esses anos de dominação da família Sarney no Maranhão.

E o que diz a tal lei aprovada pela Assembleia?

Ela foi sancionada com o número 135/2014 e começa por instituir um fundo denominado ‘Fundo de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios do Maranhão (FUNDEMA)’ – que já foi apelidado pelos deputados de Lei da Corrupção – vinculado à Secretaria de Estado do Planejamento e Orçamento. Os recursos virão do empréstimo feito ao BNDES e contraído pelo Maranhão em 1° de Novembro de 2012. É importante frisar que esse empréstimo, que foi escondido a sete chaves, era para a construção de estradas e os recursos não poderiam ser reados a municípios e teriam que ser única e exclusivamente investidos pelo governo do estado. Com efeito, será que estão fazendo à revelia do Banco ou o Banco está conivente com a mudança no contrato e com o seu uso? Em qualquer caso, esse assunto vai para na justiça, pois aparenta ser mais um caso de uso ilegal de dinheiro público.

Mas continuemos com a análise da Lei 135/14. Então, vejam que, como a eleição está muito próxima e não daria tempo dos prefeitos preparem projetos para serem apresentados ao FUNDEMA (que nome!), eles se precaveram e aceitarão tudo, qualquer pedido, como veremos por meio da redação do Art. 3° da Lei: “Para os efeitos desta Lei entende-se por Plano de Trabalho Municipal o conjunto de ações apresentado pelo Município nas áreas de infraestrutura urbana e rural, educação, saúde, segurança, desenvolvimento social, meio ambiente e sustentabilidade, nos termos definidos em decreto do Poder Executivo.”

Em seguida, o Art. 7° vai ao ponto: “Os recursos do FUNDEMA serão descentralizados para aplicação nos seguintes investimentos: Infraestrutura, construção de prédios, centros integrados de esporte, saneamento básico, equipamentos e veículos, máquinas e equipamentos rodoviário.

E não é só isso, leitores e amigos. O parágrafo 4° do art. 7° estabelece que os recursos do Fundo poderão ser aplicados pelos municípios em projetos e obras que já tenham sido contratados e iniciados antes das transferências desse Fundo e iniciado com financiamento de outras fontes. Como diria Lula, nunca antes na história deste país vimos coisa igual. Ou seja, o fundo não tem regulamento nenhum, é um vale-tudo eleitoral impossível de esconder. Será a primeira vez que vamos ar por cima de toda a regulamentação do BNDES, que jamais permitiu tal liberalidade. O banco tem que vir a público explicar essa baita lambança que está sendo patrocinada com seus recursos. Com a oligarquia maranhense ninguém pode. Parece que nem o BNDES!

Como vemos, será uma festa para empreiteiros e empresários. Quem fiscalizará?

Esse programa nunca existiu e está sendo criado no mês das convenções partidárias em plena vigência do período eleitoral. É obvio que esse é um artifício lançado para financiar a eleição dos candidatos governistas e destinado a evitar a debandada dos prefeitos em direção a campanha de Flávio Dino. Os prefeitos, sempre enganados por promessas nunca cumpridas, agora são levados a acreditar que encherão os cofres municipais em troca de fidelidade política. Mas, fiquem atentos, não há como isso não acabar em grande confusão com a justiça.

Eis que agora ficamos sabendo para que serviu o grande endividamento do estado patrocinado por Roseana. Era dinheiro para a campanha. Essa é a causa maior dos terríveis indicadores sociais do Maranhão. O dinheiro só é aplicado na eleição e não trazem nenhum beneficio nem ao estado e nem a sua população.

Mudando de assunto, o Tribunal Eleitoral teve que impedir pesquisa eleitoral viciada destinada a dar a impressão de que Lobão Filho havia crescido e Flávio Dino caído, comprovando o que eu disse no meu artigo anterior sobre uso de pesquisa como tática eleitoral. A pesquisa era uma palhaçada! E, mais engraçado, nem assim Edinho conseguiu se aproximar de Flávio. Anotem aí: é certo que virão baixarias de todos os níveis em breve. Revoltante é saber que estas, também financiadas com dinheiro público, virão como fatura a ser paga pela população pagar. Muito fácil. Queria ver se a farra seria igual se pagassem essa conta.

Enfim, amigos, esse é o penúltimo artigo que escrevo por ora, já que ficarei afastado durante o período eleitoral. Quero agradecer a família Bogéa, especialmente a Lourival, pelo generoso espaço que me permitiu ocupar e a fidelidade e paciência dos amigos e leitores. Já ouvi pedidos de leitores do interior para que eu continue a escrever no Jornal Pequeno depois das eleições, seja qual for o resultado. Tenho sim esta intenção, se o jornal assim achar que devo e continue a franquear o espaço.

Meu cordial abraço a todos!