Palácio dos Leões ou ilha da fantasia?

Por José Reinaldo
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Roseana Sarney nunca soube istrar nada. É fato conhecido. E mais do que comprovado pela simples constatação do descontrole no caótico governo que finge comandar. Creio que ninguém duvida disso. Ela só era razoável como marqueteira de si mesma. Era.

Quando a desordem se instalou no estado, tomado pela insegurança e pela bandidagem, ninguém achava a governadora. Nenhuma palavra, nenhuma ação por parte dela, enquanto a cidade sofria nas mãos dos bandidos. Caos instalado no aparelho policial, tanto na Polícia Militar quanto na Civil. Policiais estão sendo atacados e mortos pelos bandidos. Os dois policiais militares atacados, um deles assassinado, estavam em trailers diferentes, sozinhos. A guarnição policial em um trailer deve ser de três homens, para que possam trabalhar protegidos e com fácil comunicação com patrulhas móveis na área, que permitam imediata mobilização e condições de ação e retaliação. Nada disso existia. Os policiais estavam sozinhos e desamparados e os bandidos vieram por trás. Sem cobertura, se tornaram alvos fáceis, tanto que todos agora se recusam a trabalhar nos trailers. Com toda a razão.

E a tendência é piorar. O presidente da Adepol, sindicato dos delegados, Marconi Lima, informou que 390 policiais, entre eles 60 delegados, estão encaminhando pedidos de aposentadoria. A grande maioria completou 30 anos de serviço e já tem tempo suficiente para o pedido. Eles poderiam continuar na ativa, recebendo um abono de permanência, mas estão preferindo sair por falta de estímulo para permanecer no trabalho. Entre os 60 delegados, 30 já haviam pedido para sair. Hoje as delegacias estão caindo aos pedaços, literalmente. Não existe ambiente de trabalho na maioria delas.

O presidente da Adepol culpa diretamente o governo pelo nível de insatisfação existente na Polícia Civil, corporação sem investimento, planejamento e tampouco gestão.

E o que faz o governo? Nada! Ou melhor, diminui os recursos destinados à segurança no orçamento para 2014.

Já na Polícia Militar, Roseana optou pela prática comum dos clubes de futebol, que, quando não têm resultados positivos, muda o técnico. Assim, para jogar a culpa nos ombros dos comandantes anteriores, tentando mostrar que estão agindo, troca-os por novos. Mas nada indica que mudará alguma coisa, pois não disponibilizaram mais verbas, nem armamentos, tampouco soldados ou apoio. A profissão de policial é uma das mais árduas e perigosas entre todas. O policial e a polícia precisam de apoio, de treinamento constante, de ajuda psicológica, de regras claras no dia a dia, além de melhores salários. E de ter a profissão valorizada. Sem polícia atuante, o caos toma conta. É o que acontece hoje.

E a governadora Roseana, quando resolve falar, sem ter o que dizer, faz a opção pela bravata e diz que não tem medo de bandido, além de outras bobagens mais. Ela, pensando bem, até pode dizer isso, pois tem duzentos policiais e uma guarda muito grande de segurança pessoal ao seu redor, isso sem falar que se desencastela muito pouco por aí. E os outros, governadora?

Nem marketing pessoal sabe fazer mais. Ou ela acha que o que disse tranquilizou alguém? Ao contrário do que pensa, causou mais revolta.

Não bastasse isso, a situação da segurança apenas se repete na educação, na saúde, na infraestrutura, na agricultura familiar, no emprego, no desenvolvimento. Na Pnad de 2012, dados oficiais, o horror está espelhado. Quase um milhão de maranhenses (988.931 habitantes) maiores de 15 anos de idade se declaram analfabetos. São 20,8% da população, a maior concentração de analfabetos de todo o país.

Se juntarmos aos que se classificam como analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem ler e interpretar um texto, esse número esbarra em torno de 60% da população, ou quase 4 milhões de pessoas, que no Maranhão estão figurativamente acorrentadas à baixa renda. E o que faz o governo? Deixa o combate ao analfabetismo sem recursos no orçamento de 2014! E corta 23 milhões do orçamento da educação. Um ataque ao cumprimento da Lei que determina que 25% dos recursos do orçamento sejam aplicados em Educação. Como o orçamento de 2014 é maior do que o de 2013, a educação deveria ter mais e não menos recursos, como quer a governadora.

Não é mesmo a Ilha da Fantasia?

O Maranhão jamais conseguirá se desenvolver, se não quebrar os elos da corrente que o aprisionam. Essa corrente é política e a lógica interna que a domina é a de que a educação é inimiga dessa dominação. Com efeito, os municípios mais atrasados são onde mais amealham votos. De modo que não se interessam minimamente pela mudança desse quadro.

Ademais, o estado precisa resolver seus problemas de logística, se quisermos trazer empresas e crescer, atraindo investimentos. Não temos aqui uma infraestrutura de transportes em demanda ao porto com custos competitivos e que, assim, possa atrair empresários para investirem no Maranhão. Não existe aqui uma malha de transporte que possua uma lógica que evite custos maiores do que em outros estados. São necessários estudos para que possamos ter um plano de logística para ser debatido e aprovado por todos os interessados. A construção dessa malha criaria muitas oportunidades de trabalho.

Outro campo básico da infraestrutura é o da energia, principalmente a oferta do gás combustível. O nosso porto não tem gás combustível para oferecer e isso impede a sua consolidação como grande indutor do nosso desenvolvimento. É preciso ter em conta que o governo atual permitiu que Eike Batista fizesse o que quisesse com o gás do Maranhão.

Mas nem tudo está perdido. Poderemos transformar o lixo produzido na ilha de São Luís, cerca de mil toneladas diariamente, em gás. Hoje o lixo é um grande problema, pois é depositado em um lixão próximo ao aeroporto sem maiores cuidados, causando, como consequência, perigo na aproximação das aeronaves e evidentemente grandes problemas de poluição, tanto no subsolo, contaminando preciosos lençóis freáticos, quanto com a liberação de gases indesejáveis e altamente poluidores na atmosfera.

Usinas de Plasma receberiam esse lixo e o transformariam em gás inerte, que é um combustível barato para a indústria. Esse gás seria disponibilizado no distrito industrial próximo ao porto. Todo o lixo produzido seria entregue à usina, independente de sua origem (domiciliar, industrial, pneus, hospitalar, ou outros) e seria transformado em gás inerte pelo plasma e o gás produzido seria vendido às indústrias a custo compatível e sem subsídios do estado.

A tecnologia existe e o BNDES poderia financiar a instalação da usina que poderia ser explorada pela Gasmar, como manda a lei. A solução é limpa, evita a poluição dos lixões. É uma solução verde e inteligente. Tudo isso seria precedido de estudos de viabilidade técnica e econômica, sem dúvidas. Mas a usina se paga com alguns anos de funcionamento e seria um investimento lucrativo para a Gasmar, que começaria a ter viabilidade.

Precisamos planejar o Maranhão para sairmos do buraco no qual nos encontramos.

Não podemos mais perder tempo.

O engodo do gás

José Reinaldo

Ao contrário da propaganda oficial, a inauguração de uma termoelétrica em Capinzal mostra mais uma vez o grande distanciamento entre o governo e os reais interesses da sociedade maranhense. Esse empreendimento do empresário Eike Batista, grande amigo e financiador das eleições da família Sarney, nunca deveria ter sido aceito, tal como concebido pelo empresário. Mas Batista era muito poderoso e o governo nunca teve política nenhuma de desenvolvimento. O empresário fez o que quis e empurrou garganta abaixo da população da capital uma termoelétrica a carvão, altamente poluidora, em plena São Luís. Uma aberração ecológica.

O Maranhão tem energia elétrica abundante. É servido pelos sistemas de Tucuruí, Chesf, incluindo Boa Esperança, e Estreito. Não precisa de termoelétricas nem a carvão nem a gás nem a óleo. O Maranhão precisa é do gás. Sabem por quê? A energia de Capinzal será vendida para a Eletronorte e incorporada ao sistema energético nacional e então revendida aos consumidores de outros estados pelas tarifas de mercado. Nem o ICMS ficará aqui. Será cobrado no estado em que consumir a energia. E onde está o prejuízo do Maranhão? O nosso estado é um dos poucos que não tem gás disponível para atender o consumo industrial, que é um poderoso atrativo para trazer empresas e criar empregos aqui, pois o custo dessa energia é mais baixo. O porto do Itaqui precisa muito de energia barata para realmente se transformar em um poderosíssimo indutor de desenvolvimento, como já poderia ser.

Quando fui governador, com a ajuda fundamental da ministra Dilma Rousseff, ela reservou recursos para trazer o gasoduto desde Pecém no Ceará até o Itaqui, ando por Teresina. Projeto pronto, não foi executado, porque as termoelétricas já construídas devido ao racionamento ocorrido no governo Fernando Henrique tinham por contrato uma reserva de gás permanentemente disponível para elas, mesmo que não estivessem funcionando naquele momento. Como o gasoduto entre Santos e Salvador ainda não existia, o projeto não pôde ser executado, pois só o gás produzido no nordeste não atenderia a esse acréscimo de consumo. Hoje o gasoduto já existe, mas o governo do Maranhão não tem o menor interesse em sua execução. Abandonou um projeto fundamental ao nosso desenvolvimento.

Naquela ocasião, criamos a Gasmar com o objetivo de distribuir o gás maranhense para as indústrias, para os táxis e para o transporte coletivo. Está na Lei.

Eike Batista e o governo do Estado não deram a menor bola para a Gasmar, não aram o gás para ela e o poderoso empresário usou o gás como se fosse dele e, sem objeções legais do governo, não olhou para os interesses do estado e fez o que era melhor para ele, não para o Maranhão. Transformou em energia elétrica – que não precisamos – para vender a preço alto para o governo federal. Um negócio de grande lucratividade para o empresário queridinho da família.

E o Maranhão? Que se lixe, deve pensar a governadora. Não está nem aí!

Enquanto isso, o Brasil importa gás da Bolívia e da Argentina para as empresas em quase todo o país e leva-o até ao Nordeste, canalizado até Fortaleza. Nesse ínterim, o Maranhão fica de fora e cada vez mais atrasado.

Na inauguração do imbróglio, com pompa e circunstância, vão todos para lá como se estivessem proporcionando um grande benefício ao nosso tão espoliado estado. Um acinte. Viraram as costas para o desenvolvimento do Maranhão.

Pois bem, só para ficar no assunto “desenvolvimento”, Ciro Gomes, que governa o Ceará indiretamente junto com o irmão Cid, e é amigo da presidente Dilma, nem assim se deixa enganar. Respondendo à pergunta feita em uma palestra que proferiu em São Luís sobre a refinaria do Maranhão, e consequentemente sobre a do Ceará, ele não deixou nenhuma dúvida sobre o que pensa, ele que é muito bem informado.

Sobre isso, mais uma vez ficou claro que a refinaria está fora da realidade da Petrobras, aliás, nunca esteve, como falou Sérgio Gabrielle – que então presidia a estatal – na Câmara dos Deputados. Era apenas um factoide político para eleger Roseana Sarney como governadora do Estado e, de quebra, os senadores. Foi fundamental em uma eleição fraudada pelo poder econômico e político, provado que está na ação de perda de diploma interposta por mim contra Roseana Sarney. Mesmo assim, ganhou por escassos 2000 votos, pois com a mentira da refinaria, teve mais de 40% de votos em São Luís, 7% acima da sua média na capital.

Agora, com nova eleição se aproximando, vêm de novo com o mesmo tema. Ciro, embora interessadíssimo, não esconde a verdade. E Roseana? Essa não fala nada e, como sempre, se ausenta da verdade. Quer na verdade é jogar o problema para Edison Lobão, ministro de Minas e Energia.

E para concluir, onde vamos parar com o total descontrole na mais do que sensível área da segurança?

Além da criminalidade desenfreada, com mais de cem assassinatos a cada mês, agora os bandidos extrapolam e atacam os policiais nos trailers que antes asseguravam proteção às famílias, além de atacarem as delegacias. Um policial foi morto e outro foi baleado, ônibus foram saqueados e incendiados, em uma escalada do crime sem precedentes no estado. A governadora, protegida por quase duzentos policiais, nem se importa. Encastelada no Palácio dos Leões, não dá uma palavra.

Será que ela está com problemas nas cordas vocais ou é assim mesmo?

Deus nos proteja!

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Maranhão: caminhão descendo a ladeira e sem freios

José Reinaldo

É muito difícil para qualquer um, por mais experiente que seja, falar de coisas em que não acredita. Acaba por se trair. Foi o que aconteceu com o experiente deputado Sarney Filho, quando tentava mostrar em discurso na Câmara que o Maranhão governado por sua irmã Roseana Sarney estava “bombando” de tanto progresso. No fim de sua fala, contudo, acabou cometendo um sintomático “ato falho”, usando o bom jargão psicanalítico, quando, muito empolgado, comparou o estado a um caminhão descendo uma ladeira. Sem freios, completou a oposição.

Tudo começou com uma palestra do ministro Ricardo Paes de Barros em São Luís, formulada para tentar atender a uma solicitação do senador José Sarney, que busca há tempos uma desculpa para a terrível situação do Maranhão, pior estado da federação em todos os parâmetros sociais. O ministro é persona mui grata, velho colaborador da família, para quem trabalhou como consultor contratado por diversas vezes.

Com efeito, Paes de Barros na verdade fez uma análise de pretensos resultados da Bolsa Família, programa inteiramente do governo federal. E ou por cima de uma polêmica, ao afirmar que uma renda de R$ 70 por mês tira o cidadão da extrema pobreza. Esse dado não é muito bem aceito pelos estudiosos, já que é oriundo de uma leitura ultraada de uma definição dada pela ONU, em que uma renda de 50 dólares por mês separaria a extrema pobreza da pobreza. O problema é que, quando isso foi estabelecido, a quantia de cinquenta dólares equivalia a R$ 70 e nunca mais foi corrigido ou atualizado. Se fosse, esse valor seria de R$ 110, já que o dólar equivale hoje a mais ou menos R$ 2,20.

Resultado disso é que muitas dessas pessoas na verdade continuavam na situação de pobreza absoluta e estariam ganhando com o Bolsa Família menos que o equivalente aos cinquenta dólares, comparados ao paradigma dos R$ 70 que querem ar-nos como verdade.

Apenas marketing. A situação não se alterou em nada porque os indicadores não mudaram. É incrível a falta de seriedade que domina o país. Se não concordar, tente viver com R$ 70 por mês…

Vejam o que disse um grande estudioso do assunto ao tomar conhecimento desse discurso:

“Ricardo Paes, se fez um pronunciamento desses, está muito mais preocupado é em preservar o emprego. Uma pena que use a inteligência para mostrar informações que não encontramos. Não sei de onde saíram essas informações. A Pnad não desce a detalhes assim. Informações de municípios somente são disponíveis nos Censos Demográficos. E lá, mostra a realidade que lhe ei naquele texto que vai ser publicado em livro. O rapaz, deputado, está delirando. O amigo conhece melhor esses números de estradas e de hospitais do que eu e tem mostrado que tudo isso não a de falácia. Dois leitos por mil habitantes é delírio. Até porque os hospitais quando foram construídos, não têm como funcionar.

Ele fala no potencial agrícola do Maranhão, mas a secretaria que trata da agricultura familiar virou penduricalho de uma Secretaria de Ação Social e os agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas am o tempo todo cadastrando pessoas para o Bolsa Família. Assistência técnica inexiste. Produção de alimentos em curva descendente.

Agora os culpados pelo atraso do Maranhão são os cearenses, paraibanos, baianos, potiguares que migraram para aí por causa da seca. Isso aconteceu ainda nos anos 1960 e 70. Agora são os maranhenses que abandonam o estado. Um desfile de fantasias.”

É isso que dar tentar criar factoides e pretensas estatísticas a favor de uma tese. O senador José Sarney luta desesperadamente para conseguir mostrar – na televisão, pelo menos – que o Maranhão está muito bem e que o que é divulgado pelo IBGE, Ipea, Pnad, Enem, Ideb etc. é apenas uma formidável invenção da oposição do Maranhão. Não dá, senador, porque em nenhum dos dados estatísticos disponíveis existe qualquer base para afirmações como essa de Ricardo Paes de Barros! Para isso é preciso trabalhar, ter projetos, planos, desejo de mudar. Coisa inexistente no governo de Roseana.

Na verdade, todos sabem, é apenas mais uma tentativa de mostrar um Maranhão que não existe. E, se não existe, é porque sufocaram o estado trazendo para cá uma política de dominação e medo. Acharam que isso seria suficiente, já que são donos de poderoso sistema de comunicação. E nunca tentaram ao menos conhecer e estudar os nossos problemas, para que pudessem mudar essa realidade.

Enfim, falando da realidade, ela é mesmo tal qual a que o deputado Sarney Filho descreveu no seu ato falho. Estamos cada vez mais descendo a ladeira, cada vez piores e mais pobres. Foi apenas uma coisa ridícula.

E para concluir, denuncio mais uma vez o gravíssimo problema da falência da segurança no Maranhão. Já aconteceu o que todos temiam: no mês de outubro o número de assassinatos na região metropolitana, não só atingiu o número cem, mas ultraou por larga margem, chegando a cento e oito mortes violentas. Uma corrida macabra patrocinada pelo governo do Estado que, para não deixar dúvidas de sua irresponsabilidade, corta profundamente o orçamento da Segurança Pública para 2014. Será que não conseguem enxergar as coisas estapafúrdias que fazem? Se este fosse um governo responsável, veríamos números aumentados e atitudes condizentes.

É caso perdido mesmo.

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Querem de novo manipular a eleição

José Reinaldo

Quem imaginou que o susto ocasionado pela iminência da cassação de Roseana Sarney, devido à aceitação pelo Ministério Público Federal da ação assinada por mim e muito bem trabalhada pelo advogado Rodrigo Lago, poderia fazer com que a oligarquia abdicasse do expediente do uso do dinheiro público para tentar ganhar eleições, apenas perdeu tempo. Isso está profundamente entranhado nas práticas daquele grupo político, não sabem viver sem isso, e novamente se organizam para tentar manipular com recursos públicos o resultado da eleição para governador no ano que vem.

Desta vez, porém, tomarão um caminho diferente da eleição ada. Caminho esse tão nefasto como o antigo procedimento.

Com efeito, não se valerão de convênios, pois chamam muito a atenção e ficam registrados, podendo tornar-se com facilidade provas contra a fraude. Eles sabem que a oposição está atenta e não deixará a prática ar.

Como farão então? A pista mais que evidente desse novo método está contida na proposta da Lei Orçamentária para 2014, sobretudo quando analisada à luz daquela de 2013.

Na comparação entre as duas últimas Leis Orçamentárias, se destaca que o orçamento será bem maior em 2014. Haverá um acréscimo de um bilhão e quarenta e dois milhões de reais. Portanto, teremos mais disponibilidade financeira. O orçamento do estado chegará em 2014 a quatorze bilhões, cento e vinte dois milhões.

Com tal montante, poderíamos resolver o problema da segurança, da educação, do abastecimento de água, do esgotamento sanitário, da poluição, do analfabetismo, dos indicadores sociais, e garantir o funcionamento pelo menos dos hospitais inaugurados e fechados no dia seguinte etc. Todavia, vejam que surpresa! Quase todos esses projetos terão menos recursos em 2014 do que já tiveram em 2013. Mas, como? É eleição, meus amigos, e quem está no governo é Roseana Sarney, que só pensa em como conseguir um mandato de senadora e, caso possível, eleger seu candidato ao governo. Esse último projeto evidentemente com muito menor prioridade, já que seu candidato patina na aprovação.

Então vamos aos números da proposta:

A Caema perde 79 milhões. Perde! A Secretaria da Educação perde 23 milhões e 400 mil; a Erradicação do Analfabetismo, que tinha em 2013 sete milhões e quatrocentos mil, fica com apenas duzentos e cinquenta mil! Educação com ela é mesmo grande prioridade…

O Combate ao Analfabetismo Absoluto, que teve em 2013 novecentos mil, fica só com cem mil. E olhe lá. A Secretaria de Segurança Pública, que tinha trezentos e dez milhões, neste ano vai ter que se virar com míseros cento e trinta e um milhões. Como vai ser? Só Roseana sabe… Que irresponsabilidade!

Já a Secretaria de Comunicação, grande prioridade dos donos da Mirante, essa vai ter mais seis milhões e vinte e três mil no ano que vem.

O Planejamento terá um enorme acréscimo; afinal, é preciso planejar sei lá o quê… Terá mais setecentos e dezenove milhões. ará de duzentos e quatorze milhões para novecentos e trinta e três milhões. Com certeza o que nos parece é que funcionará na verdade como caixa reserva eleitoral…

Continuando, o Turismo perderá três milhões e oitocentos, o Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar perderá nove milhões e trezentos mil, a Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano perderá setenta e um milhões, a Ciência e Tecnologia, seiscentos e vinte mil e Indústria e Comercio perderá um milhão trezentos e cinquenta mil reais. Por fim, a Fapema perderá oito milhões e oitenta mil reais.

Agora pensem comigo: Se praticamente todas as áreas tiveram seu quinhão diminuído e o orçamento é bem maior do que o do ano ado, para onde então vai o dinheiro? Ora, meus amigos, vai para o candidato Luis Fernando. Ou seja, para a Secretaria de Infraestrutura, naturalmente.

Essa secretaria ará de duzentos e cinquenta e nove milhões para seiscentos e noventa e três milhões. Um acréscimo eleitoral de quatrocentos e trinta e três milhões e quinhentos mil reais.

Desta maneira, desenha-se nitidamente como se dará a inevitável tentativa de abuso de poder econômico da oligarquia. Temos que estar muito atentos às licitações que serão feitas para obras, estradas, asfaltos, para que não se embutam nos preços um sobrepreço gigantesco que poderá ir para a eleição. Os parâmetros que nós da oposição utilizaremos serão os preços do DNIT, órgão federal que constrói estradas de classificação de primeira classe, enquanto que aqui são de terceira. O preço por quilometro terá que ser bem menor ou então haverá sobrepreço na contratação. A oposição está preparada e pronta para denunciar qualquer ocorrência nesse sentido e escandalizar nacionalmente a tentativa. Não ficará barato.

Depois não digam que não foram avisados.

O Maranhão precisa fazer eleições limpas. Será que isso só virá quando a oposição eleger Flávio Dino? Vejam que prejuízo para a população, pois esse dinheiro deixará de ser usado em benefício dela…

O dinheiro público não pode ser usado financiar a eleição do candidato da oligarquia! Por essas e por outras posturas que adotam é que a população do Maranhão é a mais pobre e desassistida do país…

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Um triste final

José Reinaldo
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

A permanência demasiado prolongada do senador José Sarney como um dos homens mais influentes do país – em contraste com a situação de pobreza e abandono do Maranhão governado por sua filha – além de sua mais do que criticada agem várias vezes pela presidência do Senado Federal em gestões caracterizadas pelo mandonismo, afilhadismo e gastos sem limites e, por fim, a obsessão desenfreada por cargos, tudo isso culminou em um repúdio quase unânime pela sua figura pública. Uma coisa deplorável que nunca pensou que pudesse acontecer consigo e que não tem como modificar.

Para esse julgamento rigoroso, pesa muito a falta de contribuição à melhoria da situação do país. Naturalmente, já que Sarney sempre preferiu o caminho fácil da politização de qualquer assunto, o que o levou a não tentar resolver nada, lhe bastando atacar e agredir aqueles que ousavam mostrar a verdadeira situação do Maranhão como a resultante dos anos de mandonismo absoluto no estado.

Hoje o senador coleciona dissabores e humilhações. Só para ficar nas mais recentes, o PT nacional e local não quer mais saber dele, muito menos de ter que apoiar um candidato inexplicável como Luís Fernando ao governo estadual. O máximo que item seria uma compensação, apoiando Roseana Sarney ao Senado. Porém, se os maranhenses se perguntarem se o PT apoiará Flávio Dino, direi que não sei, porque resta ao senador um grande trunfo, que é a atenção que Lula tem por ele. Só Lula segura o PT e, como ele é quem diz a última palavra, a promessa para Sarney é manter o partido com ele, mesmo que – segundo foi divulgado – tenha participado da reunião que decidiu pelo desembarque e concordado com essa decisão.

O senador José Sarney sabe disso e, desesperado com essa perspectiva, ataca com virulência Gilberto Carvalho, secretário da Presidência e amigo de Lula, de longas datas, identificando o primeiro como uma das fontes de informação do que se ou na reunião. Quer que ele pare de contar o que se ou no referido encontro e joga nisso todos os seus cartuchos, porque sabe que a essa altura o apoio a Flávio Dino significa para toda a classe política o fim de tanto poder da família Sarney e a vitória antecipada da oposição.

E para seu pesar a nota do palácio do Planalto exigida por ele não fala em momento nenhum que quem representa a presidente da República politicamente aqui no Maranhão é José Sarney. É dúbia, diz apenas que esse assunto não foi tratado, mas ele no momento não consegue nada melhor do que isso. Uma humilhação ao ex-presidente.

Outro dissabor, dessa vez internacional, que atinge profundamente o seu orgulho de escritor, foi a recusa de um editor alemão em publicar um dos seus livros. A embaixada brasileira, segundo relatou o editor, teria se comprometido a comprar quinhentos desses livros em troca da publicação. Quando a parte da embaixada não foi cumprida, o livreiro abriu a boca e falou impropérios do senador, chegando a depreciá-lo e anunciou que estava rasgando toda a edição já pronta.

Esse assunto deprimente traz à tona uma ação inexplicável da embaixada brasileira e suscita uma dúvida para as edições anteriores dos livros dele lançados em outros países. Para que se expor assim? Era de fato necessário? Um membro ilustre da Academia Brasileira de Letras?

A terceira humilhação decorre da sua mania de tentar politizar qualquer ação (ou inação) que envolva o governo de sua filha Roseana Sarney. Na ânsia de defender o governo da filha e premido pela repercussão extremamente negativa – até internacionalmente – do caos instalado no sistema prisional maranhense, o senador (como, aliás, faz com todos os que ousam mostrar a verdade sobre a real situação do estado) resolveu colocar a culpa do que aconteceu nos juízes, contando uma inverdade. Em resumo, o senador divulgou que o governo de Roseana faz tudo corretamente, mas os juízes maranhenses, por meio de sua atuação, desmanchavam tudo o que ela fazia e obrigavam o estado a manter todos os presos juntos (condenados ou não) e que dessa forma seriam os verdadeiros responsáveis pela carnificina ocorrida. Roseana, essa diligentíssima governadora, não teria nenhuma culpa. O seu governo seria uma vítima de tais juízes.

A resposta indignada dos juízes, dura como teria que ser, surpreendeu o senador, tão acostumado a calar a boca de todo mundo. Teve que se desculpar com a severa, verdadeira e humilhante resposta dada pelo presidente da Associação dos Magistrados, juiz Gervásio Júnior, que estabeleceu a verdade dos fatos. Muito ao contrário do que disse o senador, os juízes, como praxe, ordenaram a separação dos presos, mas Roseana não deu a mínima atenção à determinação e contribuiu com a sua irresponsabilidade para a chacina que aconteceu.

O poderoso senador não quer reconhecer que os tempos são outros e que o fim de tanto poder se aproxima… Melhor seria se reconhecesse que o tempo a para todo mundo e está ando para ele e o seu imenso domínio no Maranhão. Chegou ao fim.

Não dá mais.

Ausência+Indiferença=Pânico

José Reinaldo
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

É inexplicável o que acontece com Roseana. Dona de um complexo de comunicação, com jornais, televisões e rádios, ela procura fugir de suas responsabilidades como governadora e, mesmo com o clima de medo e pânico que envolveu a cidade, ela não aparece nem toma nenhuma providência para acalmar a população. Nunca antes neste país aconteceu algo semelhante. Ela comete, no mínimo, crime de responsabilidade!

E olhem que foi avisada do que iria acontecer, porque durante o seu governo em 2010 já havia acontecido a mesma coisa, na mesma gravidade e proporção, inclusive com uma quantidade imensa de decapitados em Pedrinhas. Foi necessário vir um pastor para acalmar a situação, na verdade, apenas um bandido travestido de pastor. O governo, se paralisado estava, paralisado ficou. E pior: nenhuma providência foi tomada, nada. Com efeito, o estopim para o que aconteceu na semana ada já estava aceso há muito tempo. Agora explodiu de novo.

A responsabilidade da governadora é direta e completa. O governo de Jackson Lago estava com projetos prontos para construir algumas novas prisões no interior e, ao ser retirado e substituído por Roseana Sarney, tudo foi paralisado, isso sem contar os diversos colégios, hospitais de referência… Só com Pedrinhas é impossível evitar o que está acontecendo, pois esse é um mundo complexo e reunir quadrilhas rivais, sem critério, no mesmo lugar é convidá-los para grandes conflitos.

Há poucos dias um homem acusado por delitos insignificantes foi colocado junto a assassinos e bandidos de grande periculosidade e acabou degolado. E nada disso fez o governo, indiferente e omisso, se mexer. Nem uma palavra sequer.

Daí decorre a culpa pessoal, direta mesmo, da governadora que vive em campanha, de itinerante em itinerante, como se merecesse um mandato de senadora. Se não dominassem os meios de comunicação, se o fato acontecesse no meu governo ou no de Jackson, por exemplo, estaria armado um alarido ensurdecedor pedindo a saída do governador.

O fato foi tão grave que obrigou o Marafolia, empresa da própria família, a cancelar um show da consagrada Ivete Sangalo, que já estava sendo vendido. Mas Roseana, cercada por duzentos policiais militares no palácio, acha que foram apenas boatos. Um boato com muitos mortos e feridos tão violento que assustou a todos e paralisou a cidade, já muito apavorada com a insegurança pública crescente. Dentro de pouco tempo um recorde será quebrado na Grande São Luís, que terá mais de cem mortes violentas em um mês. Em meados de outubro já ocorreram mais assassinatos do que no ano ado inteiro. E para Roseana Sarney foi apenas um boato…

E qual foi sua resposta ao pânico da população? Assinou um decreto considerando o Maranhão em estado de emergência e o governo federal, apreensivo com a fraqueza do governo estadual, manda, mais uma vez, soldados da Força Nacional. Mas isso é ótimo para eles, pois o governo poderá repetir o que mais gosta de fazer: dispensa de licitações, permitindo aos empreiteiros amigos mais algumas obras (cujos preços não se saberão…).

Mas isso acalmará a população e trará mais segurança aos maranhenses? Como, se nenhuma medida para melhorar a segurança das ruas está sendo providenciada? Nenhum policial a mais, nenhum recurso a mais. Nada. Nenhuma nova estruturação da força policial do estado está sendo providenciada. Como então alguma coisa poderá mudar em curto prazo?

São apenas medidas midiáticas. É novamente o governo se escondendo e tentando enganar a população maranhense, pois nada acontecerá. Falta seriedade a uma gestão que é apenas irresponsável, indiferente e omissa.

Como o governo do Estado ficou inerte, o Tribunal de Justiça, a Assembleia Legislativa, a OAB e outras entidades procuraram dar uma resposta à população, mesmo sem estarem dotados dos meios que só o governo estadual tem. Apenas ocuparam o vácuo de poder devido à omissão do governo, tentando acalmar a população assustada e em pânico. Uma ação sem precedentes na história recente do Maranhão.

Mas esse procedimento não se restringe à segurança pública. Lembrem-se de que ela também já assinou alguns decretos considerando estado de calamidade pública a falta de água na cidade e até marcou data para resolver o problema. O que aconteceu é que agora tudo piorou e já falta água todos os dias em toda a cidade. Na saúde, com dezenas de hospitais construídos por dispensa de licitações, o que se vê é o aumento de sofrimento da população que, para o mínimo de atendimento, tem que viajar para municípios maiores, porque o hospital inaugurado com festas em um dia está fechado no dia seguinte, como mostra a televisão diariamente.

O que se vê ainda é a mentira da despoluição das praias, que teve até banho de mar de autoridades, tudo devidamente registrado pela televisão, mas que continuam poluídas e piores a cada dia, porque nada é feito.

E a educação, que está se tornando uma tragédia de grandes proporções para o desenvolvimento do estado. Os dados do censo de 2010 mostram que em 36 municípios do estado, entre 80% e 89% da população, acima de 25 anos, são analfabetas e não têm o ensino fundamental completo. Logo na idade mais produtiva da vida… E o que faz o governo? Nada.

E para encerrar, Roseana assiste, inerte, ao crack tomar conta de parte expressiva da juventude mais carente sem, também, nada fazer.

Ou seja, não existe governo no Maranhão. Não se trabalha, não se aparece e não se diz a que veio. Mas quem paga é a população maranhense.

Para que serve mesmo?

Oposição forte e unida

José Reinaldo

OposicaoUnidaA oligarquia e seus acólitos aram o ano todo investindo em uma oposição desunida, na verdade um factoide sem base na realidade. Hoje o que podem dizer? Todos os partidos do campo oposicionista estão juntos para mudar o Maranhão. Todos estão com Flávio, apoiando e acreditando no projeto de um Maranhão muito melhor. Eles dirão que falta o PSDB. Puro engano. Dentro de pouco tempo o partido oposicionista estará, em grande festa democrática, se juntando ao PCdoB, PSB-Rede, PP, PDT, PSL, Solidariedade, Pros e PR nessa caminhada histórica. Do campo oposicionista, agora só falta o PPS, partido de Elisiane Gama. Será que ela se obstinará nesse movimento, parecendo-nos a partir de agora uma saga pessoal, já que Marina agora está conosco? Elisiane, você também será muito bem-vinda!

De minha parte, mais uma vez dou minha contribuição com muita humildade, mas muito sereno, pois estou contribuindo para a mudança que todo o povo do Maranhão quer.

Não é a primeira vez. De fato o que o que me motiva são causas importantes para o desenvolvimento do estado, e não meramente pessoais. Todos se lembram de 2006, quando teria garantido, se quisesse, um mandato de senador, mas optei por ficar no governo e possibilitar a primeira derrota do grupo Sarney, que tinha como candidata Roseana Sarney, perdedora do pleito para Jackson Lago. Sacrifício enorme, contrariando o costume do governador de abandonar qualquer causa pelo seu projeto pessoal. Ninguém nunca fez isso, nem antes e nem depois. Contudo, eu sabia que só assim ficaríamos unidos, o que era fundamental para a nossa vitória.

E mesmo tendo sido o mais votado da oposição em 2010, resolvi novamente, para possibilitar a união em torno de Flávio Dino, abrir mão de minha candidatura ao senado, muito provável, se única na oposição e colada a candidatura ao governo de Flávio Dino, como se fosse uma só. Sabia que tinha que dar o bom exemplo, porque o mais importante para a oposição e para o Maranhão não seria a minha candidatura ao senado, mas sim, importante e fundamental mesmo, é a eleição de Flávio ao governo do Estado.

Com efeito, vou disputar uma cadeira de deputado federal, muito importante para o meu partido, PSB-Rede, e para ajudar Flávio, defendendo junto com todos os deputados do estado, os projetos que representem interesses maiores para o Maranhão. Nossa bancada nunca atuou assim e isso me motiva muito.

Dessa maneira, agradeço o apoio de tantos e tantos amigos que queriam, quase exigiam, a minha candidatura ao senado. Espero contar com todos nessa nova direção.

Agora vejam que não bastasse o que temos experimentado, presenciamos ainda ato da maior importância, inesperado, surpreendente e altamente motivador, que foi a filiação de Marina Silva ao PSB, numa aliança programática e emocionante, fruto direto dos movimentos de rua de junho ado.

A grandeza demonstrada por Marina e Eduardo Campos é difícil de encontrar na política. Foi, sem dúvidas o momento mais importante e significativo da política brasileira nesses últimos anos. Sim, porque abre um espaço entre a velha e gasta dicotomia entre PT e PSDB, que já tinha dado o que tinha que dar e apenas se repetia e cansava, ao impor barreiras aos jovens e a todos aqueles que querem participar e querem influir na política brasileira. Mas que, sobretudo, querem melhorá-la. É a melhor resposta à voz das ruas e só duas figuras extraordinárias, como o são Marina e Eduardo, poderiam compreender esse momento e permitir um canal para expressão desse movimento dominador do sentimento nacional.

Eduardo Campos disse a Marina Silva na solenidade de filiação:

‘Quem entendeu o que as ruas do Brasil em alto e bom som disseram, quem entendeu o que aconteceu no Brasil em junho, não tem nenhuma dificuldade de entender o que ocorre aqui hoje. O que ocorre aqui hoje é o desejo de discutir o Brasil. […] Quero melhorar a política, alguém que traga pureza, que traga a voz das ruas. Tenho clareza que nós aqui estamos recebendo a Rede no PSB para fazer aliança programática porque reconhecemos a Rede como algo necessário para melhorar a política no Brasil’, discursou Campos.

E disse em seguida: ‘Essa não é a decisão mais fácil, que preserva a sua persona, a sua relação com milhares de jovens irrequietos no país, de muitos que conviveu ao longo da caminhada. […] Mas essa é a melhor decisão para que a gente possa enterrar a velha política no Brasil.’

Marina, por sua vez, afirmou: ‘Estou aqui não para pleitear candidatura, mas para apresentar junto contigo um programa para sociedade brasileira que seja capaz de alinhamento histórico e sepultar de vez a velha República’.

Esse encontro vai trazer fortes consequências positivas no fortalecimento e consolidação da candidatura de Flávio Dino. A velha política da família Sarney está inteiramente sepultada.

Mesmo porque o Maranhão, a cada dia que a no governo de Roseana Sarney, fica pior. Vejam o que escreveu o Professor José lemos ao conhecer os novos dados da PNAD:

‘A nossa taxa de analfabetismo que em 2001 era de 22,8%, a partir de 2002 entrou em regressão, lenta para o meu gosto, mas sustentada até 2008, ultimo ano de um governo de oposição, em que os analfabetos maranhenses representavam 17,6% da população maior de 15 anos. Em 2009 houve o golpe jurídico que apeou o governador legitimamente eleito. Mas ao golpe jurídico acoplou-se o golpe maior sobre a população maranhense. Além do PIB per capita despencar, a taxa de analfabetismo dos maranhenses, maiores de 15 anos, saltou para 20,8% em 2012. Temos 988.931 maranhenses analfabetos. Notícia ruim sempre vem acompanhada. O total de sobreviventes em domicílios cuja renda total domiciliar varia de zero a dois salários mínimos (os vulneráveis à renda), que em 2008 somavam 55% do total, em 2012 saltaram para 61,2%.’

Ou seja, o maranhense empobreceu e, pior, perdeu renda depois do golpe que colocou Roseana no governo…

Mas isso são favas contadas.

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Voltamos ao vale tudo?

José Reinaldo

Ninguém pode duvidar do imenso poder da família Sarney. Na verdade, do senador José Sarney. Sempre que o poder da família corre riscos, que a lei pode alcançá-los, surgem inesperados juízes salvadores para mudar jurisprudências e inovarem com fantásticas interpretações favoráveis da lei, mesmo que não citem onde a jurisprudência está errada ou mesmo onde a acusação errou. E isso aconteceu novamente no julgamento de um caso envolvendo a cassação de diploma de um deputado federal do Piauí. Esse caso serviu para que o TSE mudasse a jurisprudência aplicada pelo próprio Tribunal ao longo de 42 anos. O que são 42 anos de entendimento pacífico no tribunal, quando o objetivo é atender o poderoso senador? O que são centenas de decisões baseadas nessa mesma jurisprudência que concluíram pela cassação de mandatos de prefeitos, deputados, governadores, entre os quais Jackson Lago?

Este último caso então é um primor, pois em estapafúrdia decisão, não apenas cassou o diploma (e o mandato) do governador, mas deu ao segundo colocado o cargo do cassado sem base em nenhuma lei ou na Constituição. Só numa mais que duvidosa interpretação. Mas Jackson Lago havia cometido um crime hediondo; vencer Roseana Sarney, filha de José Sarney, homem mais poderoso do país. Ou não é?

Que pena que tanto poder nunca tenha sido usado para beneficiar o estado mais pobre e atrasado do país.

O parecer do procurador-geral não deixa dúvidas. Com tantas provas, havendo o julgamento, a cassação seria inevitável. Certo disso, a maneira encontrada, certamente apoiada por expressivas e poderosas personagens da política nacional, foi identificar um processo na pauta de julgamentos que tivesse como objetivo a cassação de diploma, para, a partir dele, mudar a jurisprudência e cometer uma aberração: o Tribunal Superior não pode julgar. Quem pode é o Regional. Isso arquivaria o processo pronto para votar, depois de quase três anos de tramitação, ensejando novo início de todas as etapas.

Com efeito, a acusada terminaria o mandato conspurcado, sem ser julgada.

A própria Roseana Sarney, em sua defesa, já havia apelado para essa argumentação. Foi sua primeira preliminar, prontamente rejeitada pelo relator e pelo procurador-geral eleitoral. Vejam como o tribunal afastou essa preliminar: “Preliminar de Incompetência do Tribunal Superior Eleitoral – A competência do TSE para processar e julgar o recurso contra expedição de diploma não se restringe aos casos de presidente e vice-presidente da República. A jurisprudência é pacífica no sentido de que essa competência se estende aos demais cargos eletivos disputados nas eleições federais e estaduais.

A tese da competência, defendida pelos recorridos, ampara-se em voto vencido no Recurso Contra Expedição de Diploma n° 694-AP, de que foi relator o Ministro Ari Pargendler.

Na apreciação final do caso, entretanto, prevaleceu o voto da maioria, reafirmando a antiga orientação de que o Tribunal é competente para julgamento do recurso nas eleições federais e estaduais. Em trecho do lúcido voto do eminente ministro José Delgado, a questão ficou delineada nos seguintes termos: “(…) o TSE, em quatro décadas, tem sólida e uniforme jurisprudência que é da sua competência o julgamento do recurso contra expedição de diploma expedido em favor de senador, deputado federal, e seus suplentes, governador e vice-governador”.

Decisão confirmada pelo Supremo Tribunal Federal. Mas poderoso é poderoso! Vejam:

“Acresce que, depois de muita discussão nessa Justiça Especializada, o tema da competência para julgamento de recurso foi levada ao Supremo Tribunal Federal, o qual negou referendo à cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n° 167-Brasília-DF, relator Ministro Eros Grau (sempre ele), que fulminou a pretensão. Logo, até o Supremo já havia reforçado essa decisão em oportunidade anterior.

E o procurador-geral conclui:

“A preliminar de incompetência ainda se funda no fato de que não cabe à Justiça Eleitoral julgar eventual prática de ato de improbidade istrativa. Se os convênios foram realizados com irregularidade ou desvio de finalidade, não cumpriria à Justiça Eleitoral decidir.

Com a devida vênia, o recorrente não pretende a análise dos convênios do ponto de vista de sua regularidade istrativa. O que busca comprovar, na verdade, é a interferência dos convênios na regularidade do pleito, do ponto de vista político e econômico, visando beneficiar e fortalecer as candidaturas dos recorridos.

(…) A questão foi retratada, de igual modo, no Recurso Ordinário n° 728 – Palmas-TO, relator Ministro Luiz Carlos Madeira, de cujo acordão se extrai trecho elucidativo: (…) Na ação de impugnação de mandato eletivo, cabe a Justiça Eleitoral analisar se os fatos apontados configuram abuso de poder, corrupção ou fraude e se possuem potencialidade para influir no resultado das eleições.

(…) À vista disso, deve ser afastada a arguição de incompetência”, fulmina o procurador.

O que querem é evitar o julgamento dos atos vergonhosos e fraudulentos daquela eleição, comprovadamente viciada, como bem demonstra o procurador-geral da República, em sua ação contra a governadora Roseana Sarney. Mas isso não poderão evitar. A comprovação dos malfeitos é clara e indiscutível na ação do procurador. Fraudou-se a eleição!

Se o julgamento de Roseana não for feito, o Tribunal terá dado a ela a certeza da impunidade e uma óbvia permissão para tentar influir economicamente na eleição de 2014. E acabará também, por impraticável, a reeleição no país, pois todos os que disputarem no cargo se acharão livres para usar o poder dos seus governos para conseguir um novo mandato.

Essa decisão é um tremendo retrocesso. Ficará livre o uso do poder do dinheiro para ganhar eleições no Brasil.

O prenúncio é de grande sujeira nas próximas eleições.

Tudo isso é fruto do desespero. Eles têm pavor de perder as eleições e o domínio do estado depois de 50 anos de hegemonia irresponsável. Mas eles se enganam, pois isso apenas reforçará no povo o desejo de mudança cada vez mais irreversível e próximo.

O senador José Sarney escreveu em seu jornal que nunca fez mal a ninguém e que não guarda ódio de ninguém, ou seja, nem de mim nem do Jackson, nem de tantos outros adversários.

Repete tanto isso que já virou um mantra. Será que quer que acreditemos?

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Senado: pesquisa aponta vitória de candidatos da oposição

Do Jornal Pequeno

JP24492.1Pesquisa Amostragem/Jornal Pequeno apurou que, se as eleições para o Senado Federal fossem hoje, a oposição venceria contra qualquer um dos pré-candidatos da família Sarney. Na disputa entre Roberto Rocha e Roseana Sarney, o vice-prefeito da capital tem vantagem de 43,69% contra 35,38% da governadora. 13,85% votariam em branco ou nulo e 7,08% não sabem ou não opinam.

A vantagem dos candidatos da oposição é mantida em um cenário em que José Reinaldo Tavares disputa com Roseana Sarney. Segundo a pesquisa, o ex-governador teria 38,15% dos votos dos maranhenses contra 36,23% alcançados por Roseana. Neste cenário, 16,85% disseram que votariam em branco ou nulo e 8,77% não souberam ou preferiram não opinar.

Quando a disputa acontece contra o ministro do Turismo, Gastão Vieira, a vantagem da oposição permanece. Numa possível disputa entre Gastão e Roberto Rocha, o pré-candidato da oposição teria 38,77% dos votos contra 23,77% do pré-candidato do governo. Brancos e nulos somam 19,62% e não sabem ou não opinam, 17,85%.

No cenário em que os pré-candidatos são José Reinaldo Tavares e Gastão Vieira, a oposição também aparece em vantagem. Se as eleições fossem hoje, Tavares teria 32,38% contra 26,54% de Gastão Vieira. Brancos e nulos (19,77%) e não sabem ou não opinam (21,31%).

A pesquisa Amostragem verificou, também, o cenário entre os pré-candidatos do governo contra o deputado federal Domingos Dutra na disputa pelo Senado. No embate contra Roseana Sarney, Domingos Dutra teria 30,92% contra 38,54% de Roseana. Brancos e nulos somam 17,69% e não sabem ou não responderam, 12,85%.

Já na disputa contra Gastão, Dutra teria 19,62% de votos contra 30,54% do ministro do Turismo. Brancos e nulos somam 23,31% e não sabem ou não opinam, 26,54%.

Pesquisa Amostragem – O Jornal Pequeno divulga desde domingo (18) levantamentos feitos pelo Instituto Amostragem dos cenários pré-eleitorais e de avaliação do governo do estado. A pesquisa apontou que o pré-candidato da oposição na disputa pelo governo do Estado também venceria as eleições. Flávio Dino, presidente da Embratur, tem vantagem em todos os cenários e venceria as eleições em primeiro turno.

O Instituto Amostragem entrevistou 1.300 pessoas em 40 municípios maranhenses entre os dias 9 e 11 de agosto. A amostra tem margem de erro de 2,66% para mais ou para menos.

Efeitos de um parecer

José Reinaldo

O parecer do procurador-geral eleitoral, que também é o procurador-geral da República Roberto Gurgel, teve um efeito devastador sobre a família Sarney e seu grupo. Talvez a impunidade permanente, por mais que fossem denunciados por ações de improbidade e enriquecimento ilícito, acabou a acostumá-los a crer que nada ia adiante. Sempre havia alguém disposto para arquivar as acusações e livrá-los da Justiça. Estavam acima da lei, que só funcionava contra seus inimigos e adversários políticos. Essa foi a realidade do estado até há pouco tempo.

Felizmente, as coisas mudam, mesmo no Maranhão. Hoje existe um sentimento de revolta e mudança – muito forte – que anunciam grandes e irreversíveis transformações no estado. E existe ainda a força das ruas que está abalando as velhas e carcomidas estruturas políticas do Maranhão.

A desesperança, a pobreza, a regressão do estado, cada vez ficando mais para trás, enquanto todos os outros estados avançam, deram origem ao sentimento.

Pois bem, acostumados ao status quo, não esperavam que o chefe do Ministério Público ainda desse o parecer ou que, se o proferisse, os livrasse da cassação ou fosse brando. Mas os tempos são outros e a peça inicial que protocolamos é muito competente, rica em provas e documentos, e também baseada na nova jurisprudência deixada no julgamento de Jackson Lago. A ação foi cuidadosamente elaborada por Rodrigo Lago, jovem e hábil advogado.

Surpreendidos com o parecer, ficaram arrasados e perdidos. E muito nervosos com a perspectiva de verem que o fim do domínio está bem próximo. Ficaram revoltados e imagino o que dizem do procurador e também de mim, autor da ação. Não importa.

Isso explica os insultos e a tentativa de vingança. Então me ameaçam com uma Ação Popular, que não é tão popular assim, elaborada por eles mesmos e assinada há muito tempo pelo jornalista do jornal Veja Agora Caio Hostílio. Esse jornal foi criado pelo grupo Sarney durante a época em que governei o Maranhão somente para produzir ofensas, calúnias e difamações contra mim e o meu governo. A Ação Popular é uma colcha de retalhos, sem consistência, mesmo porque, se tivesse alguma, quem teria me processado seria o Ministério Público, muito pressionado na época pelos chefes oligarcas.

O jornalista produziu tanta calúnia que eu o levei as barras da Justiça por danos morais. Os processos estão sendo julgados e ele tem recebido condenações em série, atualmente já são três. Todas elas com multas pecuniárias que já somam quase R$ 30 mil.

Não bastasse isso, citam também insistentemente o processo chamado de “Navalha”, mas esse vou deixar para depois. Foi apenas uma grande armação e um violento desejo de vingança, contra muitos do meu governo, pela derrota de 2006, que nunca engoliram. A base da acusação era uma licitação que eu teria destinado a uma empresa em troca de um carro. Quando fui acusado, a licitação já havia sido realizada e a tal empresa nem participou do certame. Já falei muito sobre isso (vide postagens antigas do blog) e agora deixo para entrar em detalhes em outra ocasião.

Não me perdoam também por termos introduzido no debate maranhense o IDH e os indicadores sociais. Acredito que, se não ássemos a dar grande importância aos indicadores sociais no meu governo, cuja meta básica e aglutinadora era melhorar o IDH do estado para 0,700, estaríamos massacrados pela propaganda avassaladora e mentirosa do governo sem poder mostrar a grande mentira que essa gestão desastrosa queria impor à população, incutindo a ideia de que a oligarquia era uma grande benfeitora do estado, que crescia como nunca. O resultado dessa luta foi uma importantíssima conscientização da pobreza, do abandono e da indiferença que domina o estado.

O último exemplo da mentira que nos queriam impor era que o secretário Luís Fernando, ungido candidato da família ao governo do Estado, teria feito um governo excelente quando prefeito de São José de Ribamar.

No artigo ‘Bia Venâncio X Luís Fernando’, mostrei que dos sete principais indicadores sociais, Paço do Lumiar é melhor em cinco. Mostrei a confirmação do IDHM, em que o município de São José de Ribamar está 474 posições abaixo de Paço. Faltou dizer que o município recebe o dobro da cota do Fundo de Participação que Paço do Lumiar. Este recebeu em julho 3,7 milhões, enquanto o primeiro recebeu 7,1 milhões. Isto sem contar a quantidade enorme de convênios reados pelo governo estadual, enquanto Paço do Lumiar não teve esse mesmo tratamento.

Então inventaram que Luís Fernando havia transformado São José de Ribamar em um modelo de excelência em educação, exemplo a ser seguido, e os prefeitos eram instados a ir conhecer tal excelência. Era um projeto tratado com muita prioridade para transformar o candidato em um grande , capaz de renovar a oligarquia que nunca deu bola para o sistema educacional do estado. Rememore-se – sempre – o caso de Roseana, que quando deixou o governo no início de 2002, se ‘esqueceu’ que o estado tem 217 municípios e só tinha ensino médio em 59 deles.

Então pergunto, mas que excelência é essa na educação, se Paço do Lumiar, tão desprestigiado pelo governo, tem o IDHM Educação muito melhor que o de São José de Ribamar? Pois é, vejam que o de Ribamar é 0,700 e o de Paço é 0,739! Como se não bastasse, também o IDHM Renda de Paço é de 0,646, contra o de Ribamar, que é de 0,642. Por fim, o IDHM longevidade de Paço é de 0,796 e o de Ribamar é de 0,790.

Com efeito, pode-se ver que a grande diferença entre os dois é exatamente na educação. Triste ironia.

Finalizo externando minhas imensas saudades de Rui. Faleceu, na semana ada, um dos maiores heróis maranhenses. Herói verdadeiro, não só do Maranhão, mas do Brasil, uma lenda na aeronáutica, quando na segunda guerra comandou o esquadrão de caças ‘Senta a Pua’ na Itália. Carismático, corajoso, idealista e gentil, Rui vai deixar muitas saudades.

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras