Abuso de poder econômico e de autoridade

 

José Reinaldo

O parecer do procurador-geral Eleitoral Roberto Monteiro Gurgel Santos, opinando pela cassação dos diplomas expedidos a Roseana Sarney Murad, governadora do Maranhão, e a Washington Oliveira, vice-governador, por si só já é um avanço extraordinário na Justiça brasileira e uma verdadeira vitória do povo maranhense.

Quando a ação deu entrada no tribunal, comenta-se que o senador José Sarney reuniu os seus amigos do Direito, ex-ministros, e pediu que examinassem o processo, dissessem se ele devia se preocupar com a questão e qual a orientação. Eles teriam dito que, graças ao precedente criado com o julgamento de Jackson Lago e com a densidade e robustez das provas, o único caminho capaz de evitar a cassação seria não deixar que os autos chegassem ao plenário. Se chegassem, seria muito grande a possibilidade de cassação.

Daí em diante, o que se viu foi uma tentativa infindável de atrasar o julgamento. Tentaram de tudo. Foram seis tentativas de atrasar ou paralisar o processo. Usavam preliminares alegando incompetências diversas, todas derrubadas. Mesmo assim, conseguiram atrasar o processo em oito meses com essas chicanas jurídicas.

O pedido de cassação do diploma foi muito bem feito, comprovando cada afirmação com farta documentação. E o abuso de poder econômico pôde então ser facilmente constatado pelo procurador-geral, que diz em seu parecer: “O objetivo era realizar, com a maior rapidez possível, antes do período vedado, o financiamento de obras diversas.” E prossegue: “Chama atenção ainda mais, tanto pela pressa com que eram realizados [os numerosos convênios], como pelo volume dos rees”.

Até o Detran assinou 15 convênios com prefeituras, todos no dia 24 de junho, data da convenção, no valor de R$ 5,4 milhões. Os recursos foram liberados imediatamente. “Convém destacar que os convênios eram realizados em tempo recorde: no prazo de dois dias, eles eram assinados, publicados no órgão oficial e o dinheiro creditado na conta do município, cujos saques eram feitos em espécie, diretamente na boca do caixa”, diz o parecer.

Com isso, Gurgel, após citar dezenas de prefeitos que receberam convênios e o resultado da eleição nesses municípios onde houve derrama de dinheiro público para votarem na governadora, conclui ser “induvidosa, portanto, a intenção de cooptar, com os recursos dos convênios, o apoio dos prefeitos, das lideranças partidárias e comunitárias, não somente dos aliados políticos, mas também daqueles ligados à oposição”.

E completa: “Em suma, a cooptação das lideranças políticas, com os recursos dos convênios, constitui fator determinante ao apoio à candidatura da governadora. A testemunha Hildo Rocha, secretário de assuntos políticos, quando indagado sobre o número de prefeitos que aderiu à candidatura da recorrida, respondeu que ‘(…) acredita que foi um número aproximado a 105 prefeitos dos 217 prefeitos dos municípios do Maranhão. Na realidade, o ree dos recursos dos convênios foi determinante não somente na obtenção de apoio político, mas também na vitória dos recorridos nas urnas”.

E deixa isso claro em outros momentos, como a seguir: “Finalmente, o compromisso de conseguir o maior apoio político possível fez com que várias transferências de recursos aos municípios, em elevadas somas, fossem efetuadas no período vedado.” E demonstra isso na peça acusatória.

Sobre a distribuição gratuita de bens mediante programa social no ano eleitoral o procurador-geral demonstra que o programa recebeu R$ 130 milhões no ano eleitoral e diz que a majoração excessiva de um programa de habitação às vésperas das eleições, o qual, pelas suas características, possui forte apelo popular, configura indubitavelmente abuso de poder político a atrair a sanção do artigo 22 da LC n° 64/90.

Em seguida, examina o abuso de poder econômico e de autoridade, afirmando que: “Não obstante, no ano da eleição, a governadora transferiu recursos elevadíssimos aos municípios, especialmente no mês de junho e nos três dias anteriores a convenção. Para se ter uma ideia mais exata, no mês de junho houve a celebração de 979 convênios envolvendo recursos da ordem de R$ 391.290.207,48 dos quais 670 levados a publicação nos três dias anteriores à convenção, no valor total de R$ 165.094.567,06.

O total das transferências no mês de junho impressiona quando comparado com o total das transferências durante todo o ano de 2010, no valor de R$ 407.996.940,49 (nos outros 11 meses de 2010 foram conveniados somente cerca de R$ 16.000.000,00). E impressiona ainda mais, ao se constatar que no ano de 2011, quando não houve eleição, as transferências aos municípios desceram ao valor de R$ 160.149.888,03”.

Resta mais que comprovado que o interesse era um só: mudar o resultado da eleição ao seu favor.

Continuemos com outros excertos do parecer ministerial: “Nas alegações finais, Roseana Sarney Murad afirma que a celebração de convênios no mês de junho é uma prática permitida, e o fato de ocorrer a convenção nesse período não muda o quadro, uma vez que a lei somente a proíbe nos três meses anteriores ao pleito. A considerar o mês de junho impróprio para celebrar convênios, ‘seria o caso de cassação de todos os governantes do Brasil, pois todos realizam convênios neste mês. E continuarão a realizar, pois a istração pública não pode parar.”

Essa é a desculpa que Roseana está colocando em seus comunicados à imprensa, mas vejam a reposta dura que Gurgel dá a essa alegação: “… há de se coibir o desvio de finalidade, o abuso de poder no processo eleitoral. O ato abusivo, mesmo praticado por todos os governantes, submete-se a reprimenda da Justiça Eleitoral. Também não é possível estabelecer uma data ou período em que a prática de abuso seja permitida, não importando sua natureza, se do poder econômico, político ou do uso dos meios de comunicação […] Essa ação [ de convênios] tinha um objetivo claro e imediato: interferir no processo eleitoral em curso e beneficiar as candidaturas dos recorridos, dando a eles condições diversas dos demais candidatos.”

“E nem mesmo se pode argumentar, no caso, com a ausência de potencialidade de conduta. Pelo elevado número de convênios assinados pelo agente público e o montante de recursos financeiros transferidos a dezenas de municípios, em período tão curto do processo eleitoral, pode-se afirmar com segurança que houve abuso de poder econômico e político apto a comprometer a legitimidade da eleição e o equilíbrio da disputa”.

Sobre a maior quantidade de votos obtida por Roseana na eleição questionada, diz o Tribunal: “Para configuração do abuso de poder, não se exige nexo de causalidade, entendido esse como a comprovação de que o candidato foi eleito efetivamente devido ao ilícito ocorrido, mas que fique demonstrado que as práticas irregulares teriam capacidade ou potencialidade para influenciar o eleitorado, o que torna ilegítimo o resultado do pleito”.

Por fim, Roberto Gurgel, procurador-geral da República, conclui assim o seu parecer: “À vista de todo o exposto, o Ministério Público Eleitoral opina pela rejeição das preliminares e pelo provimento do recurso, a fim de que sejam cassados os diplomas expedidos aos recorridos”.

Ressalte-se que Gurgel reteve o processo por mais de um ano em seu poder, mas o seu parecer é um primor no aspecto jurídico e legal e praticamente fecha todas as portas para a argumentação da defesa de Roseana Sarney. A ministra Eleitoral Luciana Lóssio, relatora do processo, mas que havia atuado no Tribunal como advogada de Roseana no processo de cassação de Jackson Lago, não perdeu tempo e se declarou impedida de relatar o pleito e o devolveu imediatamente à presidente do Tribunal para o sorteio de novo relator. Isso frustrou enormemente a família Sarney, que esperava que ela pudesse levar meses para se declarar impedida. Foi uma atitude digna.

A situação após o parecer é a mesma a que chegaram os advogados do senador José Sarney: só evitam a cassação, se conseguirem evitar que o processo vá a julgamento. Mas na situação atual é praticamente uma missão impossível.

 

De qualquer maneira, o estrago já foi muito grande no prestígio da família e só vai piorar.

 

A mudança está em curso!

 

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

 

Zé Reinaldo: Iremos unidos

Zé Reinaldo ite que pode deixar PSB, mas prega unidade para candidatura de Flávio Dino

Entrevista Exclusiva

Por Waldemar Terr (Repórter de Política) / http://www.waldemarter.com

O ex-governador Zé Reinaldo Tavares ite que pode deixar o PSB, mas prega unidade em torno da candidatura a governador do presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB). O ex-governador diz que “vive-se um momento fantástico em que o sentimento generalizado é de mudança”.

Zé Reinaldo afirma também que “Flávio encarna o avassalador desejo de mudança da maioria do povo maranhense. Ele é um homem preparado para a grande missão que tem pela frente de mudança total na governança e nos seus métodos. O Maranhão anseia por mudar e encontrar o seu destino de ser um grande estado brasileiro e não o produtor de escândalos e de notícias ruins e desalentadoras que é hoje”.

O ex-governador afirma que ainda não decidiu se concorre ao Senado ou à Câmara Federal. “Acredito que para o governo do Estado haverá uma completa união das oposições. Para o Senado pode-se chegar a união desde que o candidato das oposições seja escolhido em consenso por todos os partidos. Se for imposição ou por projeto pessoal poderemos perder esse grande momento e novamente não eleger ninguém para o Senado”, avalia.

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A seguir a entrevista.

Jornal Pequeno – Como o senhor avalia o momento político do Maranhão?

Zé Reinaldo Tavares – Vive-se um momento fantástico em que o sentimento generalizado é de mudança. E o mais importante, pela primeira vez permeia todas as camadas sociais e diferentes níveis de renda. Acredito que seja definitivo.

JP – Como analisa o resultado do último IDH dos municípios, no qual três municípios do Estado lideram o lado negativo da lista?

ZRT – Mesmo com a mudança de metodologia feita pelo PNUD que mudou radicalmente a maneira de apuração do IDH, de uma maneira que agora, com o novo método, apareceu um crescimento do IDH em todo o Brasil que chega a mais de 40% e que se houvesse sido mantida a metodologia anterior haveria, na verdade, uma piora no indicador que seria muito ruim para o governo brasileiro. Assim, o Maranhão, embora continue no penúltimo lugar no Brasil, dá a impressão que experimentou um grande crescimento. Pela antiga metodologia teria piorado. Esse assunto precisa de um esclarecimento.

São Luís é a décima quinta entre as capitais e Imperatriz muito bem. Ambas sempre governadas pela oposição há anos. O Maranhão está em penúltimo entre os estados.

JP – O senhor permanece no PSB e o destino do partido?

ZRT – A princípio permaneço no partido. Tenho recebido o pessoal dos movimentos sociais do partido que está muito preocupado porque não há um interlocutor confiável para tratar do crescimento do partido. O Luciano Leitoa é um dos melhores quadros do partido, mas suas responsabilidades como prefeito de uma cidade grande como Timon não permitem a ele uma presença cotidiana no partido. É preciso resolver essa interlocução e acalmar o partido.

JP – Como avalia o andamento da pré-candidatura do presidente da Embratur, Flávio Dino, a governador?

ZRT – Acho que Flávio encarna o avassalador desejo de mudança da maioria do povo maranhense. Ele é um homem preparado para a grande missão que tem pela frente de mudança total na governança e nos seus métodos. O Maranhão anseia por mudar e encontrar o seu destino de ser um grande estado brasileiro e não o produtor de escândalos e de notícias ruins e desalentadoras que é hoje.

JP – As oposições caminham para a unidade ou mais uma vez vão disputar o governo do Estado e o Senado, dividas?

ZRT – Acredito que para o governo do Estado haverá uma completa união das oposições. Para o Senado pode-se chegar a união desde que o candidato das oposições seja escolhido em consenso por todos os partidos. Se for imposição ou por projeto pessoal poderemos perder esse grande momento e novamente não eleger ninguém para o Senado.

JP – O senhor vai disputar cadeira no Senado ou na Câmara Federal?

ZRT – Ainda não decidi. A escolha do candidato ao senado ainda está envolta em muita nebulosidade política e a Câmara Federal precisa aglutinar a bancada federal para marchar unida nos projetos de grande interesse para o estado. Esse lado me fascina e atrai. De qualquer modo Flávio vai precisar de muito apoio no Congresso para poder governar. E eu pretendo estar lá para ajudar com minha experiência e disposição. Espero então merecer o apoio dos eleitores para ajudar nesse momento importante de mudança no Maranhão.

JP – O senhor acredita que o PSDB terminará se aliando a Flávio Dino ou a Roseana?

ZRT – O PSDB é oposição e pelo conhecimento que tenho do partido e dos seus líderes acredito que o partido estará unido a todos aqueles que querem mudar o Maranhão.

JP – Como o senhor viu a informação de que o senador José Sarney já articula uma aproximação com Aécio Neves, do qual teria ligações históricas?

ZRT – O senador José Sarney nunca aposta todas as fichas em um só. Mas resta saber se Aécio quer ter ao seu lado o senador e toda a carga pessoal de rejeição nacional que tem e se ele tem condições de abandonar Lula depois de tudo que este fez por ele. Não acredito que isso possa levar a alguma coisa.

JP – O senhor defende candidatura única das oposições para o Senado, mas o senhor só ite a unidade se for em torno do seu nome?

ZRT – Não, claro que não. O que me incomoda é o processo de escolha que querem impor. Temos grandes condições se nos unirmos de eleger o senador, mas temo que se a escolha for imposta por desejo pessoal que esse constrangimento leve a derrota mais uma vez.

JP – Por que o senhor resolveu apostar na reeleição de Castelo a apoiar a candidatura de Edivaldo Júnior em 2012? O senhor se arrepende da posição?

ZRT – Não tenho do que me arrepender e hoje me dedico a unir a oposição desunida pela eleição. O problema com o PSDB, partido que dispõe de mais tempo na propaganda eleitoral e tem a maior estrutura montada em todo o estado é decorrente dessa divisão eleitoral na disputa pela Prefeitura de São Luís. Essa divisão, muito recorrente no ado, deu muitas vitórias eleitorais ao grupo Sarney nas eleições estaduais. Isso ajudou muito e explica o longo domínio do grupo Sarney no estado. Creio nas vantagens que teríamos se estivéssemos unidos naquele momento. Mas acredito que o prefeito eleito possa fazer um bom trabalho e na atitude e na aceitação do Flávio pelos eleitores para superar tudo e cicatrizar as feridas abertas. Iremos unidos, não tenho dúvidas.

Um papa ligado ao seu tempo

José Reinaldo

O Papa Francisco é um dos nossos. Da América Latina, nascido na Argentina, conhece nossa realidade de pobreza e iniquidade. Conhece os nossos políticos e o que eles construíram e continuam a construir por aqui. A demagogia, a corrupção, a pobreza de um povo abandonado, das profundas carências da educação ofertada por aqui, do descompromisso com a saúde, com a segurança, com a preparação e a formação dos jovens em meio ao abandono em que vivem. Presas fáceis dos traficantes e das drogas que liquidam com famílias inteiras abandonadas pelo poder público. Do desemprego dos jovens, da falta de esperança que leva às revoltas e ao repudio da classe política. Sabe da pobreza, da desvalia e não esconde a sua preocupação com o mundo que está sendo construído por aqui, das idolatrias fúteis, de falsos e ocos líderes que não levam a nada, da apologia à riqueza e ao egoísmo. Conhece a falsa felicidade decorrente dessas ilusões.

Tudo isso ele conhece muito bem. E como conhece, quer mudar essa realidade. E em decorrência disso, ele prega profundas modificações na atitude de todas as pessoas. E dos padres e bispos também.

E elegeu os jovens como foco dessa mudança, tão ameaçados pelo desemprego, pela descrença em tudo e por não ver nos políticos um discurso e uma prática com a mínima sintonia com a realidade em que está imerso.

Pois bem, em seu discurso logo depois que chegou, ao lado das maiores autoridades políticas do país, Francisco disse que “a juventude está em crise” e corre o risco de “nunca trabalhar”, logo depois de ouvir a presidente fazer um discurso deslocado do momento, porque laudatório de seu próprio governo que sofre no momento grande contestação manifestada nas ruas por tanta gente, em sua maioria jovens. O papa cobrou educação e meios materiais para que os jovens possam se desenvolver. E alertou para o risco de se criar uma geração perdida diante da incapacidade de os jovens encontrarem trabalho. E cobrou dos políticos: “Nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhes espaço: tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento, oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida, garantir-lhes a segurança e educação, para que se torne aquilo que pode ser”. Disse ainda o pontífice: “estamos acostumados com uma cultura descartável. Fazemos isso com frequência com os idosos e, com a crise estamos fazendo o mesmo com os jovens. Precisamos de uma cultura de inclusão”. E completou: “É verdade que os jovens são o futuro do povo, porque tem energia. Mas eles não são os únicos que representam o futuro. Os idosos também, porque tem a sabedoria da vida”.

Miriam Leitão, por sua vez, em sua coluna Panorama Econômico, mostra os dados. Com o título ‘Futuro Ameaçado’, diz que “a juventude está ameaçada em vários aspectos. A morte prematura dos rapazes ronda os jovens no mundo inteiro. O desemprego dos jovens é alto até no Brasil em que a taxa geral está baixa. (A taxa de desemprego global do país é de 5,8% mas a dos jovens entre 18 e 24 anos é de 13,6% e crescente). Na Europa há o risco de uma geração perdida. E há os jovens que não trabalham nem estudam. A juventude sempre esteve exposta a riscos, mas agora eles se agravaram”. A repórter continua dizendo que “a frustação pode causar traumas e inseguranças que a pessoa carregará a vida inteira. As pessoas que tem responsabilidade e poder no mundo, qualquer que seja a sua área de atuação, pode ser formador de opinião, empresário, professor, formulador e executor de política pública precisam entender que estamos errando dramaticamente com a juventude”.

O Papa chama o traficante de “mercador da morte” e critica liberar uso de drogas. “Não é deixando livre o uso de drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química”, disse o Papa. Para ele, a solução não vem de liberar o uso, mas de uma estratégia para “enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Visitando um polo de atendimento integral a dependentes químicos, disse que a função da igreja não é condenar, mas prestar solidariedade que gere esperança e força necessária à superação. Tanto em Aparecida como no Rio, fala da moral católica e de seus valores maiores: solidariedade, fraternidade, amor, alegria, esperança. Não um moralismo de condenação e fechamento, mas uma moral positiva. Uma moral em que os vetos existem, mas ganham seu real sentido de defesa do amor e da realização, afinal, o mal sempre deverá ser condenado, se queremos o bem. Esse é seu maior desafio: mostrar ao mundo a moral católica como amor e esperança.

Em uma favela “pacificada”, ele falou que a UPP não será solução, se os problemas sociais não forem sanados. E convocou os jovens a continuar a protestar contra corrupção. Para ele, “a grandeza de uma nação só pode ser medida a partir de como trata seus pobres”, conclamou.

E olha que o Papa Francisco nem conhece o Maranhão. Mas já deve ter ouvido falar dos nossos “líderes”…

E para concluir, o anúncio da desistência de Lobão, que, como todos sabem, é quem detém mais votos no grupo do governo, só quer dizer uma coisa: experiente como é, chegou a conclusão que a causa está perdida e que seu grupo não tem a menor chance de fazer o governador. Do contrário, não abriria mão da candidatura.

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

NOVOS TEMPOS

José Reinaldo

Impressiona como a governadora Roseana Sarney está alienada das obrigações do cargo que ocupa. Podem quebrar tudo que ela nem se pronuncia, tampouco aparece, nem faz reuniões com seus auxiliares, em suma, não é com ela. Nada lhe diz respeito. Mas com quem é então?

O povo na rua pede transporte, educação, saúde, segurança, mas seu governo só produz escândalos, endivida o estado como nunca, e gasta muito, contudo não gasta em nenhuma das demandas acerca das quais protestam os manifestantes. A esbórnia que é o programa mais conhecido como Bolsa Eleição é um escárnio, um escândalo inexplicável.

A presidente Dilma não para de fazer reuniões, pronunciamentos, encontros com a sua base política na tentativa de estancar a sangria em sua popularidade, consumida nas ruas e nas manifestações. Sabe que não pode se omitir. Mas Roseana deve estar acima da presidente, pois nem se importa. Acha que tudo ará e a sua rede de jornais, rádios e televisões vão tirá-la do aperto. Será? Ela ou não está entendendo nada ou não se importa mais com nada mesmo.

Mas não há como ignorar os novos tempos. E, acuada pela oposição e pela terrível repercussão nacional do novo escândalo, pela ameaça de representação contra ela a ser feita pela OAB, Roseana acabou sucumbindo. É incrível que um governo, no afã de juntar apoio político para as próximas eleições, tenha enveredado por um caminho como esse. Um mensalão!

Seus empregados tentam argumentar que não foi ela quem criou a aberração. Foi sim!

Nos governos anteriores, havia um conselho de gestão formado apenas pelos secretários de estado, que se reuniam para discutir problemas de gestão do governo e tentar melhorar o entrosamento das secretarias na execução dos programas prioritários. Eram do governo e faziam gestão mesmo. Tinham autoridade e responsabilidade.

Entretanto, Roseana Sarney, com um governo sem gestão e que não executa nenhum programa com prioridade real para melhorar o estado, resolveu desmoralizar tudo criando um conselho com pessoas de fora do governo, que são (por coincidência, certamente) políticos que perderam eleições municipais – ex-prefeitos ou suas mulheres. Mas para gerir o que mesmo? Sim, porque não possuem autoridade nenhuma no governo, já que dele não fazem parte.

Se pensarmos bem, o Maranhão possui uma Assembleia Legislativa formada por 42 deputados eleitos pelo povo incumbidos, aí sim, de grandes responsabilidades. Mas parece que esse número é muito pouco para a gestão de Roseana.

No tal conselho, são 206 membros que não tem o que fazer e são regiamente pagos para isso mesmo. Daí o entendimento geral de que isso é apenas cooptação política descarada, na esperança que os agradecidos conselheiros votem nos candidatos do governo no ano que vem.

Quanto aos prefeitos, eles acham que resolvem os problemas com convênios e os perdedores, com a bolsa eleição. E o povo sem saúde, sem segurança sem educação de qualidade, sem transporte, será que concorda com isso? Claro que não, o povo brada é por saúde, educação de qualidade, segurança, emprego. Não por implantação de ditos “Conselho de Gestão”.

Quem será que deu ideia tão brilhante à governadora? Veio dos itinerantes?

Como se não bastasse, em uma nota marota tentando dar seriedade ao que não é sério, o governo informou que cancelara a tal iniciativa porque a governadora está preocupada com o equilíbrio fiscal. Mesmo assim, na semana ada, na véspera do cancelamento, ela ainda nomeava dezenas de conselheiros. É mesmo?

Roseana nunca se preocupou com equilíbrio fiscal. Em 2002, quando saiu do governo, deixou o estado quebrado. Arrecadávamos R$ 65 milhões por mês e, só com dívidas, pagávamos R$ 50 milhões no mesmo período. Equilibrávamo-nos com os fundos federais compulsórios. Mesmo assim, sem tomar empréstimos – a não ser o Prodim de US$ 30 milhões – quando saímos, deixamos o estado totalmente equilibrado, sem dívidas e com quase R$ 400 milhões em caixa. Fomos inclusive elogiados pela Secretaria do Tesouro nacional, tenho os documentos guardados até hoje. E Jackson Lago, quando saiu, também deixou um estado com dinheiro em caixa, equilibrado.

Porém, Roseana Sarney no governo fez o que sabe: gastar desmedidamente e tomar empréstimos, endividando o estado mais uma vez. Gasta por meio de transferências de dinheiro para suspeitas associações, creches, escolas comunitárias fazerem estradas e fazerem poços e sistema de abastecimento, coisas alheias as suas finalidades. Dinheiro a rodo. Chegaram ao cúmulo de mandar construir o que pode ser considerado o banheiro mais caro do país: 300 mil reais, reado a uma entidade semelhante.

Isso sem contar o que se a desapercebidamente, pois não publicam tudo como são obrigados por lei. Tentam esconder…

Há seriedade nesse governo? Fazem tudo sem medo, já que prevalece a impunidade no estado. Nada lhes é cobrado, nada é investigado. O Maranhão, no governo de Roseana, é o reino da impunidade.

Agora, com medo das ruas e porque não dá para controlar a opinião pública nacional, fez um recuo. Mas por ela, seguia em frente. Alguém, contudo, gritou mais forte, ordenou que parasse, pois os tempos são outros.

Até que enfim.

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

LULA NÃO GOSTARIA

Por José Reinaldo Tavares

Em 2006, o presidente Lula foi a Imperatriz inaugurar a expansão do Campus da Ufma. Eu fui convidado, como governador do Estado, assim como o prefeito de Imperatriz, Ildon Marques. Foram muitas as autoridades do Estado convidadas, entre deputados e senadores. Certamente para fugir do clima político extremamente adverso da cidade, ninguém da família Sarney apareceu por lá. O PT estava em peso junto com líderes locais do partido na região, muito fortes na cidade à época. A comitiva presidencial era muito grande.

O horário da reunião foi muito ruim. Comício às 13 horas e 30 minutos, sob o sol escaldante da região, não deveria atrair ninguém. Mas era o Lula e o local estava lotado. Gente por toda a parte e uma plateia muito vibrante e participativa. O prefeito Ildon foi o primeiro a falar. Estava mal no município, uma istração parada e o seu maior adversário na cidade era o PT. Ele foi corajoso e tentou falar, enumerando um grande número de projetos do governo federal, como se fossem dele. Lula não gostou nada da usurpação de seus programas, que foram externados sem agradecer ao governo federal e sem – pior ainda – agradecer ao presidente. A vaia não parava e era muito alta.

Eu, pelo protocolo, me sentava ao lado do presidente e ele estava muito impressionado com a rejeição ao prefeito. Virou-se para mim e me perguntou quem era o prefeito. Eu, me divertindo, disse a ele que o Ildon Marques era do PMDB e prefeito aliado do senador. Lula riu e disse – Puxa, ele está mal! – e em seguida reclamou que na maior parte dos locais para onde iam, os políticos, governadores e prefeitos, proclamavam como suas ações que eram na verdade do governo federal, sem sequer fazer referência a este.

No Maranhão, naquela época, quase não tínhamos ações especiais do governo federal. Só as de uso geral. Eu falei em seguida e, naturalmente, agradeci ao presidente pelo Pronaf, pelas casas populares etc. Na verdade, o Pronaf e as casas populares foram programas em que fizemos grandes parcerias. Para a nossa concepção de governo, que tinha por base a melhoria dos indicadores sociais, o financiamento direto aos pequenos agricultores era fundamental para aumentar a renda dos mais pobres que viviam na área rural. Para dar certo, criamos as Casas da Agricultura Familiar que davam todo o tipo de assistência técnica aos pequenos agricultores. Como uma das primeiras ações, conveniamos com os bancos oficiais de fomento: Nordeste, Brasil e Amazônia. O objetivo maior foi treinar e credenciar os técnicos da Casas de Agricultura para levar o PRONAF até os agricultores, pois estes, muito carentes de educação formal, quase nunca conseguiam financiamentos. O resultado é que avançamos do patamar de R$ 25 milhões anuais que o Maranhão conseguia, último do Nordeste, para R$ 400 milhões em financiamentos, segundo do Nordeste. Um benefício extraordinário que explica o grande aumento de renda per capita, o maior percentual de crescimento em todo o país que o Maranhão teve nesse período.

Sobre a parceria para a construção das casas populares, que fizemos milhares, nosso compromisso foi pagar antecipado a parte que caberia ao morador, que assim recebia a casa de graça.

Contei tudo isso para o Lula no discurso e ele não teve do que reclamar, pois agradeci a ele por nos abrir as portas desses programas.

Hoje tudo voltou ao que era antes, nada disso existe mais, e os números voltaram a cair.

Falo assim, porque vejo Roseana Sarney com seus governos itinerantes entregar, como se fosse dela, máquinas e tratores aos prefeitos, todas compradas pelo governo federal, sem a participação do governo estadual. Dilma nem é citada, a não ser que tenha na ocasião alguém do governo federal. Lula não teria gostado nada dessa postura…

E a desastrada gestão dela está novamente desequilibrando as finanças estaduais, voltando ao que encontrei ao assumir o governo em 2002, quando encontrei o estado quebrado, sem recursos para investimento, mesmo tendo vendido o Banco do Estado, a Cemar e a Telma. O trabalho foi tão bem feito que tivemos dinheiro para investir principalmente na área social, que resultou em um grande avanço nos nossos indicadores, como mostram o IBGE e o IPEA. ei o governo sem dívidas, com quase 400 milhões de reais em caixa. Jackson Lago continuou esse trabalho e, dessa forma, quando Roseana tomou o governo na justiça, encontrou muito dinheiro que prontamente se esmerou em jogar fora, como é do seu feitio.

Agora, a Agencia Moody’s faz um rating emissor atribuído ao Maranhão e diz o seguinte:

“O Maranhão tem uma população de aproximadamente 6,8 milhões de habitantes e é um dos estados mais pobres do Brasil. O Maranhão contribui com apenas 1% do PIB nacional e o PIB per capita do estado é equivalente a 32% do nível nacional.

As receitas próprias representam aproximadamente 42% das receitas operacionais, um nível baixo em comparação com os outros estados brasileiros classificados. Durante o período de 2008 a 2012, as receitas operacionais cresceram com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 9%, e foram ultraadas pelas despesas operacionais que cresceram com uma taxa de 13% durante o mesmo período. Isso levou a uma deterioração significativa do resultado de conta corrente bruto do Maranhão de 15,5% em 2008 para 3,7% das receitas operacionais em 2012.

O desalinhamento do crescimento das receitas e das despesas representa, na visão da Moody’s, um dos desafios mais significativos do Maranhão visto que prejudica a capacidade do estado de cobrir as despesas de capital sem incorrer em dívida adicional”.

A incompetência do governo estadual agora é apontada até internacionalmente. Estamos piores a cada dia.

Pois bem, para encerrar, estão falando que o governo é chamado de itinerante porque ninguém o encontra. Quando se procura, ele não está mais, já foi, está em outro lugar.

E não é só a estrutura do governo. Os instrumentos cirúrgicos dos hospitais inaugurados já não estão lá. Foram para outro município para a próxima inauguração da governadora. É tudo itinerante.

Assim aconteceu em Olho d’Água das Cunhãs, com o recém-inaugurado hospital na cidade. Para ter a concordância do prefeito para o evento, prometeram um convênio de R$ 100 mil mensais que nunca saiu e nem vai sair. Dentro de pouco tempo estará fechado, pois o prefeito não tem recursos para bancar o funcionamento do hospital. A culpa pelo fechamento vai cair nas costas do prefeito.

É lamentável, mas esse programa dificilmente ficará de pé…

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

DR. RUY MESQUITA

Por José Reinaldo Tavares

Em 2006, o paradoxo político maranhense estava mais uma vez no limite máximo. Meu governo havia, por três anos, negociado exitosamente com o Banco Mundial um grande e inovador programa de combate à pobreza que tirava totalmente da classe política, pela primeira vez, a intermediação na aprovação e liberação de recursos. O programa era inovador e contava com o entusiasmo de técnicos do banco, porque delegava aos pobres a escolha dos caminhos locais contra a pobreza, além de entregar o dinheiro em etapas às suas associações, comandadas inteiramente por eles. Cada etapa realizada era fiscalizada por um conselho de cidadãos da sociedade local. A cada etapa concluída, os recursos da próxima eram liberados. Sem intermediários.

Era uma tentativa de evitar desvios, porque os programas anteriores executados em outros governos itiam intermediação e, como consequência, só uma parcela dos rees financeiros chegava até aos pobres e nada era completado ou concluído. Enriqueceu a muitos. Triste memória.

Tudo ia bem, o governo brasileiro apoiava firmemente, mas faltava ainda o cumprimento de uma exigência constitucional. A aprovação pelo Senado, o que normalmente era realizada sem demora.

Mas não no nosso caso. Na ocasião, o Senado era comandado por um maranhense e o projeto, de maneira mesquinha, foi jogado em uma gaveta e só com a intermediação de Eduardo Campos, presidente do PSB e Líder do governo na Câmara, além da pressão direta dos agricultores naquela Casa, é que conseguimos aprovar o projeto com a ajuda inestimável de senadores de outros estados, enquanto os do Maranhão bradavam contra. Uma coisa deprimente e ridícula; mas, sobretudo, esclarecedora.

Nessa época, fiz um esforço extraordinário pela aprovação. Falei com praticamente todos os senadores, procurando-os em seus gabinetes. Munido de vasta documentação, eu procurava mostrar os deploráveis indicadores sociais do estado e como esse projeto era importante para combater a injusta situação e o que esperávamos dele.

Foram três anos perdidos com o projeto guardado em uma gaveta do senado!

Procurei também a grande imprensa brasileira. Agendada por Elsinho Moco, foi marcada uma entrevista com o Dr. Ruy Mesquita, que comandava as páginas de opinião do jornal O Estado de São Paulo, um dos maiores e mais respeitados jornais do país.

Cheguei pontualmente na hora marcada, às 14h, no escritório do Dr. Ruy no jornal. Homem muito experiente, afável, gostava muito de ouvir o interlocutor e deixou-me à vontade. ou-se uma hora e meia de boa conversa. Falei sobre as dificuldades que atravessava no governo totalmente bloqueado pela força do senador junto à esfera federal, sem o aos programas e liberações; falei do esforço que fizemos para alcançarmos o necessário equilíbrio fiscal do estado que encontrei falido, porém com a mídia maranhense quase inteiramente dominada pelo senador, eu não tinha como explicar convenientemente à população o que estava acontecendo. Por fim, falei que corríamos o risco de perder um empréstimo do Banco Mundial porque o senado, por influência do senador, boicotava a aprovação do empréstimo, já aprovado pelo estado, pelo governo federal e pela diretoria do banco. Tudo porque o senador não queria ou não se importava com a pobreza dominante no mais pobre estado do país. Não itia e não ite que adversários façam qualquer coisa.

Ruy Mesquita começou a narrar alguns episódios com o senador e era visível que tinha dele um conceito muito ruim, quase um desprezo. E isso muito antes do episódio da censura ao jornal patrocinado pela família e que já perdura quase quatro anos à revelia da constituição.

No fim da conversa, me perguntou o que eu queria dele. Respondi de imediato que queria fazer um artigo e publicá-lo no jornal o quanto antes, sabendo que a força do jornal paulista iria abrir os olhos do senado e tornar possível a aprovação do empréstimo.

Mesquita concordou de pronto, ligou para o chefe da redação e disse que eu estava indo falar-lhe para combinar um artigo. Pediu que um secretário seu me acompanhasse. Combinamos tudo, ficou tudo acertado, número de palavras etc.

Enviei o artigo, mas não sabia quando seria publicado. Em uma quarta-feira estava em Brasília cumprindo mais um dia de agendas oficiais e, cedo, por volta das nove horas da manhã, eu estava entrando no senado para conversar com alguns senadores, quando já na entrada fui saldado calorosamente por senadores e deputados, elogiando o artigo que estava publicado na edição desse dia do jornal O Estado de São Paulo. Feliz, porque praticamente todas as pessoas que encontrei haviam lido o artigo, fui em seguida para uma reunião agendada com o ministro Márcio Tomás Bastos da Justiça. Ele me recebeu, parabenizando-me pela publicação e em seguida, motivado pelo artigo, levamos algum tempo falando sobre o Maranhão.

Quando sai dali, liguei para o Dr. Ruy para agradecer e testemunhar a força incrível do jornal, descrevendo rapidamente o que havia acontecido. Disse a ele que agora acreditava que o empréstimo seria aprovado e que devíamos muito a ele. Ele me disse que só leu o artigo depois de publicado e que gostou muito e tinha uma surpresa para mim. Perguntei o que seria e ele me informou que havia ordenado que um editorial do jornal repercutisse e comentasse o meu artigo. A única coisa que encontrei para dizer foi que aquilo era a glória para mim e que o interesse do jornal era fundamental para a nossa luta.

Aquele episódio foi inesquecível em minha vida. E foi com pesar que tomei conhecimento da notícia da morte desse grande brasileiro devotado à causa da liberdade, um homem apaixonado pelo jornalismo, um grande brasileiro que mereceu a homenagem dos brasileiros.

E foi marcante que, no dia da sua morte, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal negou provimento ao recurso do Estadão contra a censura imposta a ele para não divulgar nada sobre a Operação inicialmente chamada de Boi Barrica. Com isso será possível seguir em frente com recursos ao STJ e ao STF, onde a Constituição deve prevalecer, derrubando definitivamente decisões como essa, que representam um terrível simbolismo.

Esteja no céu, Dr. Ruy Mesquita!

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Factoides duram pouco

Por José Reinaldo Tavares

A cada dia fica mais claro a quantidade de mentiras usadas por Roseana Sarney e seus marqueteiros para que ela aumentasse as suas chances na eleição para governador em 2010. Cada dia é mais uma mentira que chega ao fim.

Para não cansar muito, vamos ver o que aconteceu com quatro delas, das mais importantes porque serviram para criar um discurso novo de que Roseana teria a confiança e apoio do governo federal e iria transformar o Maranhão em um estado de progresso, desenvolvimento, muito emprego e segurança para todos. Seria o melhor governo da vida dela. Isso, na verdade, não queria dizer nada porque os seus outros governos foram muito ruins. Mas, uma mentira leva a outra.

Como carro-chefe dos factoides, nada melhor do que um projeto gigantesco, capaz de fazer sonhar, pois com ele viriam centenas de milhares de empregos. Nada melhor que a refinaria que a Petrobras faria aqui. A maior do mundo, repetiam sem parar, e essa fantasia acabou por dar a ela a maior votação que ela obteve na capital, perto de 43% da votação, fundamental para a sua vitória. A refinaria, repetiam, daria emprego para todo mundo.

Outro anúncio mistificador e enganador, era a descoberta de gás em Capinzal, um lençol comparável em tamanho aos lençóis de gás da Bolívia, alardeavam e a governadora e o empresário Eike Batista, hoje bastante conhecido, convenciam a todos que com a intermediação de Roseana Sarney, tudo iria mudar.

Esses dois gigantescos projetos levaram ao terceiro factoide eleitoral o de que com Roseana no governo 400 mil empregos seriam criados no estado. Era o paraíso proporcionado pela ação da família benfeitora. E o trabalho insubstituível de Roseana Sarney.

E o quarto foi a promessa de que o crime estava com os dias contados no estado. Roseana Sarney dizia com enorme convicção que a partir de sua posse todos poderiam dormir de janela aberta, seguros e tranquilos, pois Roseana a guardiã, estaria velando pela segurança dos maranhenses.

Quase não dava certo tal o desgaste anterior dela e só não houve o segundo turno, que a derrotaria, por meros 2000 votos. Mas vamos ao que interessa. O que realmente aconteceu?

A refinaria só trouxe prejuízos. Empresários de todos os tamanhos investiram acreditando no projeto. Terrenos foram comprados, apartamentos foram construídos, pedreiras foram adquiridas, hotéis foram construídos em investimentos sem retorno até agora. Hoje as estatísticas de embarques e desembarques do aeroporto de São Luís, comparadas ao mesmo período do ano ado, mostram que houve uma diminuição de 150 mil ageiros. Quanto prejuízo deu a mentira e a irresponsabilidade aos que acreditaram nela. O gás de dimensões bolivianas, por seu turno, também não foi muito diferente. Não era verdade. Havia muito menos gás do que prometia a propaganda. Quem colocou a mentira por terra foi o governo federal que, semana ada, exigiu a conversão do projeto do empresário Eike Batista, em Santo Antônio dos Lopes, de gás natural, para operação com biocombustíveis – com óleo combustível também – após a companhia de Eike Batista ter apresentado, como garantia de suprimento volumes insuficientes de gás. Autoridades brasileiras concluíram que o volume de gás natural apresentado como suprimento da térmica Nova Venécia II em Santo Antônio dos Lopes no Maranhão não garantia o seu funcionamento na hipótese de seu uso integral durante todo o período de contratação da energia. Segundo o Ministério de Minas e Energia a MPX terá de arcar com os custos adicionais da mudança do projeto sem reá-lo ao consumidor final.

A mentira não demorou muito, mais uma vez, mas Roseana se beneficiou dela para se eleger.

O estado prodígio com a criação de tanto emprego – 400 mil era o número prometido – virou uma tragédia, pois nem manter os empregos já criados consegue. A decadência atual em que mergulhou a economia do estado por força de um governo paralisado pela falta de projetos e pela falta de foco na solução dos nossos gargalos socioeconômicos, está conseguindo essa façanha. Isso em um momento em que quase todo o país cria empregos. O Maranhão empacado, paralisado em seu desejo de progresso e desenvolvimento, continua sem criar e, mais grave, perde empregos antes existentes. Só no mês de abril perdemos 736 empregos em relação ao mês anterior, que, por sua vez, também já tinha perdido empregos em relação ao mês anterior, e assim sucessivamente. E isso vem acontecendo mês após mês, desde meados de 2012, há quase um ano. Esses são dados oficiais do governo federal, do CAGED do Ministério do Trabalho. Impossível enganar mais.

E o quarto factoide eleitoral, o da segurança total? Bem esse virou piada. Nunca antes na história deste estado, se matou tanto, se roubou tanto, se traficou tanto como agora.

No Mapa da Violência 2013 publicado pelo jornal O Globo, o estado que apresentou maior variação na taxa de óbitos por arma de fogo a cada 100 mil habitantes, entre 2000 e 2010 foi o Pará, que teve uma taxa de crescimento do crime maior do que a do Maranhão. O campeão Pará teve uma variação 307,2% e o Maranhão aparece em segundo com 282,2%. Ou seja, se nada for feito o Maranhão em pouco tempo será o estado mais violento do Brasil. A realidade é tão diferente das promessas e enganações do governo de Roseana Sarney.

A polícia não tem apoio nenhum, e do orçamento estadual – para investimento e custeio que foi de R$ 2,4 bilhões em 2012 – a segurança pública teve apenas R$ 84 milhões enquanto a segurança privada na Secretaria de Educação gastou R$ 82 milhões. Na verdade, isso é um mistério completo por si só, e, por exemplo, a publicidade, prioridade maior desse governo gastou R$ 60 milhões. É quase mais importante do que a segurança pública. É de observar que a Secretaria de Educação gastou ao todo R$ 170 milhões dos quais R$ 82 milhões foi para “segurança privada”. Não é à toa que a educação está caindo pelas tabelas.

E para concluir, o contingente de policiais no Palácio dos Leões é de 200 policiais. Maior do que o número de policiais em serviço em mais de 97% dos municípios do Maranhão. Por quê?

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

Arrogância e despreparo

Por José Reinaldo Tavares

Roseana ser completamente despreparada para governar o Maranhão não é novidade. Ela é desinformada e nem tem interesse em se informar. Não sabe nada sobre indicadores sociais nem econômicos do estado, muito menos a realidade do estado, nem tem programa de governo ou de ações para enfrentar a terrível decadência que o estado enfrenta. Como poderia ter planos se não conhece, nem quer conhecer a realidade?

Quando se vê apertada por alguém, com qualquer questionamento por mais legítimo que seja, ela parte para a intimidação e para a desqualificação do questionador, visando intimidá-lo. Age com arrogância como se não devesse explicações a ninguém. Se cerca de gente que por esperteza abaixa a cabeça. E pensa que a sua mídia mete medo a qualquer um.

Quando está nervosa e pressionada por pesquisas ruins, como é o caso, então, ela se torna agressiva e destrambelhada. Acho que o termo certo é esse mesmo.

Não é isso o que está acontecendo?

Está tendo atitudes mesquinhas e raivosas em quase todas as viagens dos “itinerantes”.

Em Chapadinha quando soube que a Câmara de Vereadores iria votar uma proposição concedendo o título de cidadão para Flávio Dino tentou intimidar os vereadores para que negassem a honraria a Flávio Dino. O que leva uma governadora se rebaixar tanto? Só a raiva e a impotência. Entretanto, hoje comanda um governo sem credibilidade e, crença geral, deve ser o último da oligarquia. Já não tem o mesmo poder.

No dia seguinte em outro município quando soube que Flávio estaria lá no sábado, chamou a prefeita e a obrigou a antecipar a comemoração do Dia das Mães do domingo, como teria que ser, para sábado na mesma hora da reunião de Flávio tentando esvaziar a reunião do odiado adversário político.

Não adiantou nada, mas deu maior relevância a Flávio e virou o assunto mais comentado da cidade. Arrogância ou desespero?

Os dois!

Mas, o ponto máximo de coisas vexaminosas aconteceu esse final de semana em Edson Lobão. E se ou com um jovem, revoltado, com razão, por se sentir lesado ao ver que se nada mudar sofrerá um tremendo prejuízo em suas oportunidades no futuro, pois quer estudar e o governo lhe sabota. Um rapaz assim não se intimida facilmente, nada deve a Roseana, e sem medo e mantendo o respeito fez Roseana conhecer melhor a grande farsa que é o seu governo, principalmente na área da educação.

Vejam o diálogo entre o aluno e a governadora, transcrito da gravação feita no local: “ A governadora Roseana Sarney ou pelo maior vexame durante a agem do governo itinerante por Governador Edison Lobão. Confrontada sobre a qualidade de ensino por um aluno da escola pública, Roseana se viu encurralada.

– Se as escolas não têm qualidade, você tem que cobrar isso dos professores – respondeu a governadora, se esquivando da responsabilidade.

Esperto, o estudante retrucou:

– Eu estou falando é de infraestrutura da sala de aula, escola com estrutura adequada.

Sem reação, ela tenta desviar do assunto:

– Ei, ei, ei, olha aqui. Eu quero saber qual foi sua nota do Enem.

Nisso o estudante desmascara Roseana mais uma vez e acusa a situação do ensino público oferecido pela rede estadual:

– Eu ainda não fiz o Enem, tô sem aula, e tô correndo risco de não fazer o Enem porque não tem professor na sala de aula.”

Diante da repercussão nacional ela deu uma nota, sem pé nem cabeça, e tenta atribuir o incidente ao tempo de disputa eleitoral, como se um questionamento legítimo pudesse ser confundido com disputa eleitoral. Se não fosse tão arrogante e despreparada poderia ter contornado a situação mandando tomar providencias urgentes. Mas a raiva não deixa. Na verdade ela é que está antecipando a campanha eleitoral.

É até engraçado o pavor que tem da candidatura do Flávio Dino ao governo do estado e querem impedir- ela e seus amigos- que ele venha nos seus finais de semana, quando visita o interior. É muito medo. Inventam umas coisas sem descabidas querendo causar embaraços a ele. Ele está fazendo tudo direito, não comete qualquer desliza ético e usa seus finais de semana como lhe aprouver. Quem abandonou tudo de vez é a governadora Roseana Sarney que em busca de um difícil mandato no senado largou tudo, não procura nem esconder as aparências, e não vai mais ao escritório de despachos do Palácio do Governo.

Acredito que está sendo muito penoso para ela viajar, sem parar, pelo interior e ver que as coisas mudaram. Ela não sente mais que as pessoas ainda se comovem com a sua presença. Na sua perplexidade ela não sente a solidariedade e o calor humano que já desfrutou.

As viagens seguidas a estão deixando frustrada pela falta de resultados. Aí apela para inaugurar tudo que vê pela frente e se especializou em entregar tratores do governo federal, inaugura agencias do INSS e entrega sementes selecionadas para pequenos agricultores fora do período em que podiam plantar e como são cobertas por fertilizantes nem para comer servem, pois se envenenariam com elas.

Chegou até a subir em uma colhedeira de soja de um produtor rural para tentar ar a imagem que tem alguma coisa com aquilo.

A última imagem que tirou em cima de um trator foi na montagem midiática da refinaria da Petrobras, o maior factoide eleitoreiro já produzido no Maranhão.

O truque não empolga mais.

SARNEY SE IMPÕE AO PT

Por José Reinaldo Tavares

A família Sarney precisa muito ter um de seus membros no senado. Para eles é a coisa mais importante no momento.

As pesquisas não garantem a eleição de Roseana Sarney. Não ando de um terço da intenção de votos e conhecida por quase 100 por cento do eleitorado, ela deixou de encantá-los. Isto justifica a frenética movimentação dos chamados “itinerantes” que antes tinham o objetivo de apoiar Luís Fernando, mas hoje seu foco é Roseana. Se ela já não governava mesmo, agora é que abandonou tudo e só se dedica a própria campanha ao senado. É óbvio que, se puderem manter o governo, ficariam muito satisfeitos, mas existem prioridades e a principal delas agora é o senado. Mesmo porque não há de fato um candidato verdadeiramente competitivo e não existe nenhum outro Sarney em condições de disputar.

Mas não cuidam só da própria candidatura ao senado e não conseguem esconder que tentam repetir o jogo de 2010, incentivando candidaturas ao senado pela oposição. Seu objetivo e sonho é que a oposição tenha dois candidatos e o grupo Sarney apenas ela. Isso lhe garantiria poder de competição.

Dessa maneira, dão destaque a improváveis candidaturas oposicionistas a quem dedicam grandes espaços nos seus meios de comunicação quase todos os dias.

A oposição já ou por isso e aprendeu a lição. E só deverá tratar desse assunto no ano que vem, assim como ela própria também não se lança agora. Mas querem tornar irreversíveis candidaturas na oposição e quanto menos unirem, melhor. Mas acontece que o quadro de apoio partidário para a candidatura de Flávio Dino ainda está muito longe de fechar e candidatos ao senado e a vice-governador terão que forçosamente ar pelo crivo e aprovação de todos os partidos da futura coligação. Essa definição a ocorrer agora só seria boa para o grupo Sarney. Para a oposição, afasta partidos importantes da coligação oposicionista. No ano que vem, com o fechamento das coligações, é que esse assunto deve ser discutido.

Não dá para repetir esse golpe em duas eleições seguidas.

Se ocorrer de ficarem um contra um, a oposição poderá pela primeira vez eleger um senador, o que dará muita estabilidade ao governo da oposição que vem aí.

O atual senador José Sarney tem como único objetivo o poder, todos sabem. Penso que sua aposentadoria é como um pesadelo para ele. Ele sofrerá muito se ficar fora do poder nacional, quando ará a ser mais um. Afinal são muitos anos do exercício de grande poder. É muito difícil para ele e na verdade avalio que seja um grande drama pessoal.

Ademais, ele sabe como é fundamental um Sarney no senado nesse momento de grande instabilidade e mudança. De preferência ele mesmo. E como conhece profundamente o poder e seu uso, ele sabe que não pode jogar todas as fichas em Roseana Sarney (Sarney é Sarney e Roseana é Roseana) e no novo momento eleitoral do Maranhão. Ele sabe que é a cada vez é mais difícil repetir eleições como a de 2010.

O Amapá, estado tem seu domicílio eleitoral, é uma unidade federativa pequena, carente e atrasada. Muito mais fácil de manipular do que o Maranhão, principalmente com esse clima predominante de renovação. Assim, Sarney usa e abusa do governo e do PT onde sabe que Lula nunca lhe faltará. E quem manda no PT é Lula, que tem enorme influência no governo federal. Ninguém se arrisca a contrariá-lo. E Sarney sabe que sempre terá o seu apoio. Lula é sua salvação, tem certeza.

Pois bem, Sarney tem sempre repetido que não vai mais disputar eleições. Mas na realidade está em campanha no Amapá. Muito dessa ariscada decisão vem das dificuldades que Roseana Sarney terá em garantir sua eleição ao Senado no Maranhão, o que não lhe deixa opção. Tem que se arriscar.

Vejamos o que acontece: o programa do PMDB no Amapá foi monopolizado por Sarney, que foi o único a se apresentar e, como sempre, falou que sem ele o Amapá não vai para a frente. O PT nacional ordenou a seção do Amapá que eles não resolvam nada e nem lancem candidato antes da decisão do senador. E o governo, por sua vez, está prometendo ajudar a resolver os problemas do estado, se os Capiberibe votarem Sarney. E ele desenvolveu e se esforça para manter boas relações com o senador Randolfe do PSOL. Mas, enfim, Sarney só será candidato se não tiver que disputar a eleição com ninguém. Se disputar, pode perder a eleição, que provavelmente será a sua última.

O PT está à disposição dele. Quem manda é Sarney.

Se conseguir o seu intento, estará aqui no segundo turno para ajudar o candidato do governo. E vem com uma aura de invencível e com apelos dramáticos para o eleitor. Já sabemos como é.

Uma peça-chave nessa história é o senador João Capiberibe, muito maltratado por Sarney, traído e cassado por ele. Tem tudo para dar o troco. Basta ter candidato e se dedicar à campanha para isso.

Um ponto negativo é que seu filho encontra grandes dificuldades para governar o estado, já que Sarney não deixa o governador ter apoio do governo federal, embora ele seja filiado ao PSB, da base do governo.

E Sarney manda emissários do governo federal dizerem que, se o apoio ao senador se concretizar, tudo será diferente e apoio não lhe faltará, nunca mais.

Será que o senador Capiberibe vai cair no canto da sereia e contradizer tudo o que falava? Não dá para saber. O futuro nos dirá. Sarney sabe armar bem as coisas para o bem ou para o mal.

Calma, papai

Por José Reinaldo Tavares

Eu não escrevo artigos para atacar ninguém pessoalmente. Faço críticas bem fundamentadas a tudo aquilo que contribui para a decadência do Maranhão Apenas. Critico todas as questões que, em minha análise, nos converteu de estado solução para o Nordeste – sem problemas climáticos e outros – no estado mais atrasado, pobre e sem perspectivas do país. E principalmente a farsa representada para a população feita por um sistema de comunicações montado só para isso: para eternizar no poder os enganadores e predadores do estado.

Todas as críticas são fundamentadas nos indicadores sociais e econômicos elaborados pelo IBGE e, por esse motivo mesmo, indiscutíveis.

Como o clã não tem condições de explicar ou justificar esse estado de coisas, porque nada faz para mudar essa realidade, o seu chefe parte para a agressão de maneira torpe, em artigos raivosos e mal elaborados, que buscam apenas o insulto fácil. Nesses artigos tudo vale, até mesmo o insulto as famílias do agredido. O chefe, como sabe que isso contraria a sua imagem de político que chegou a presidência da República (por acaso, é verdade), tenta se esconder. É óbvio que não consegue tal intento, tal o ódio que não pode conter.

O que leva um homem que chegou tão alto na política a agir assim?

Só pode ser o ódio que, aliás, diz não ter. Jura que não sente ódio, mas é um poço de raiva incontida.

Nesse tresloucado artigo – que não assinou e chamou de editorial – e que na verdade não teve nenhuma repercussão, chamado de “Traição, Traidor uma obsessão que tem com adversários que não pode contestar”, ele começa dizendo que eu o chamava de pai. Sobre isso nem entrarei em considerações, tal o absurdo e debito a questão ao começo da ação inclemente da idade. Nunca desejei ter outro pai, pois devo muito ao meu, um homem de bem e amigo da família. É típico desse tipo de agressor. Na verdade a senilidade o faz cometer confusão, pois ele é que dizia publicamente que “José Reinaldo é o melhor de meus filhos”. Uma coisa sem propósito que muita gente ouviu. A confusão vem daí, acredito. O problema era dele e não meu.

Sempre se faz de vítima repetindo sem parar que é um homem sem ódios. Mas na verdade traiu a todos e a mim. Mas antes de entrar diretamente no assunto, lembro-me que, quando jovem, eu e outros daquela geração do Maranhão, acreditamos muito naquele outro jovem que nos parecia brilhante e em quem depositamos a esperança de um Maranhão de progresso e oportunidades. Essa foi a maior das traições a toda uma geração bem preparada do estado, depositada em um homem que veio se revelar o contrário do que pensávamos. Na política, sempre esteve ao lado do governo federal de plantão e chegou até, mesmo que por acaso, a presidente da República. Amealhou uma formidável força, que ele nunca usou para desenvolver o estado, mas apenas para se eternizar no poder. E agredir e amedrontar adversários.

Sua vida, no entanto, foi um rosário de traições. Qual o político importante que não foi traído por ele? Cito os governadores Pedro Neiva de Santana, Luís Rocha, João Castelo, Antônio Dino, Clodomir Millet e tantos outros. E o artigo ignóbil que escreveu e publicou em seu jornal contra Pedro Neiva de Santana?

Pois bem, agora vamos aos fatos que levaram ao rompimento comigo, em que eu de fato fui traído por ele, mas que ele tenta ar, repetindo isso mil vezes, que foi eu quem o traiu. Vejamos:

Em um sábado pela manhã, logo após minha eleição ao governo do estado, em outubro de 2002, fui procurado por ele. Queria falar comigo algo muito importante.

Quando José Sarney chegou, eu disse que estava à disposição. E ele me disse que tinha um grande desejo, um sonho que queria ver realizado. Perguntei o que seria e ele me disse que seu sonho era ter dois filhos eleitos governadores do estado. Perguntei quem seria o filho e ele me disse que era José Sarney Filho, pois Roseana havia deixado o governo naquele ano e havia sido governadora por oito anos.

Pensaram que eu disse não? Errado. Eu disse que tudo bem, que contasse comigo. O problema era o fato dele não ter combinado com ela antes e quando a notícia começou a vazar pelos amigos do deputado, a filha soube, não gostou e começou a mandar ameaças para mim. Mandou o recado de que eu não aguentaria um mês o peso do ataque do Sistema Mirante. E não disse mais nada.
Eu recebi a informação e fiquei sem entender.

Só fui compreender quando me informaram que teria havido uma reunião familiar muito tensa – repleta de gritos e cobranças – e que no final a filha teria perguntado porque ele teria feito isso com ela (escolher o irmão) sem lhe tratar o assunto antes, logo ela que teria mais votos na família. Nervoso, respondeu que não havia sido ele e que o culpado seria eu. A ideia seria minha e não dele. Se ele não dissimulasse tanto, poderia dizer a verdade, que teria sido ele, mas que ele voltaria a falar comigo, dando o dito pelo não dito. Mas não. Disse a ela uma terrível mentira. Que eu seria o autor da ideia. E daí em diante a filha resolveu mandar atacar-me de todas as maneiras e o rompimento foi inevitável.

Sem saber de nada, fui três vezes encontrá-lo em Brasília, levando recortes e gravações de tudo o que acontecia aqui. E ele me dizia sempre que eu voltasse tranquilo, pois tudo ia cessar. Até que, na terceira vez, eu perguntei a ele sobre a candidatura do filho e ele partiu em minha direção perguntando se eu queria causar a cizânia na família dele, se eu queria jogar um filho contra o outro.
Eu, acima do tom, repliquei que parasse com isso, pois ele sabia muito bem que ele é que havia me procurado com essa ideia, que era única e exclusivamente dele. E falei em seguida que daí em diante eu não o procuraria mais e veio o inexorável rompimento, que ele ainda tentou evitar por duas vezes.

Ele já absorvera a mentira que contou para escapar da ira da filha e já ara a agir como se a ideia fosse minha. Estava de cabeça feita no maior cinismo. Seus amigos sabem bem que ele se tornou perito em mudar a história em seu favor…

Mas, vejam, ele publicou o violento artigo (a título de editorial) apenas por um motivo: eles, que tem convívio muito próximo com agiotas, publicaram uma lista difamatória acusando prefeitos de conivência com aqueles. O tiro saiu pela culatra, pois irritou profundamente os prefeitos e os agiotas amigos dele e assim, tenta jogar a culpa em mim, que nunca falei de Décio Sá, nem de agiotas e tampouco de prefeito algum.

A única coisa que fiz foi defender Raimundo Cutrim da sanha de vingança deles, comentando que ninguém do grupo estava livre de alguma coisa parecida, e quem não tem o sobrenome Sarney, é usado e descartado quando acham conveniente.
É só ler o artigo, que foi publicado semana ada no Jornal Pequeno.

E para concluir esse longo, mas necessário artigo, menciono a carta do agiota Glauco Alencar destinada a Roseana Sarney, encontrada em sua cela dentro de uma revista. A carta foi redigida na prisão a próprio punho e nela o agiota fala que logo que começou a “trabalhar”, comprou uma casa vizinha a de Sarney. E fala também que quer realizar o seu sonho, “que é conhecer o presidente Sarney e receber dele um abraço”. E diz ainda que é apaixonado por Sarney e que “vivia dizendo que um dia faria parte do grupo e teria o poder de receber ordens e conselhos do presidente do senado”.

Sem comentários. Está postada no Blog do Luís Pablo. Vejam que tipo de iração ele consegue agora…

Então aí vai um desafio: seria muito importante mostrar claramente para a população quem está e quem não está envolvido com agiotas. Ajude a tornar realidade a I proposta por Raimundo Cutrim e, para que seja isenta e verdadeira e não apenas uma manipulação, permita que a oposição indique o Relator ou o Presidente da Comissão.

Está na hora de saber quem é quem.

Mas desconfio que são mínimas as condições de fazer isso. Não podem permitir…